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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

EDUCAÇÃO CRISTÃ — ESTUDO 025 — DISCIPLINA NA IGREJA — PARTE 003


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I. Termos Chaves Para a Disciplina no Novo Testamento[1]:

B. διδασκαλία didaskalía — Ensino.

Essencial ao discipulado é o ensino ou a doutrina que são  referidos no Novo Testamento pelos termos διδασκαλία didaskalía — e διδαχῆς didachês. Sem a transmissão de conhecimentos sobre quem é Jesus, o Senhor, e quais são suas ordens  como podemos esperaria obediência?

Mateus 28:1820

18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.

19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20nsinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

Filhos abandonados pelos pais, que brincam na rua em vez de frequentar a escola, não prestarão bons serviços à sociedade. Nem prometem muito aqueles membros da igreja que regularmente evitam as fontes de instrução: a leitura e o estudo da palavra de Deus, a Escola Bíblica, os cultos onde a instrução bíblica recebe prioridade, e leitura de livros de boa qualidade, escritos por homens de Deus desejosos de comunicar, de forma sistemática, o conteúdo da Palavra de Deus.

Jesus Cristo gastou horas incontáveis no ensino, instruindo seus discípulos nos princípios da vida abundante — ver Mateus 5—7 — diretamente e por ações — milagres — e parábolas —

Mateus 13:11

Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido

As multidões tiveram de se contentar com instrução relativamente superficial e restrita, mas não os discípulos. O motivo duplo desse procedimento do Senhor nunca deve ficar esquecido:

Os discípulos precisavam aprender e interiorizar tudo que o Senhor era como pessoa e as verdades que Ele ensinava para seu próprio desenvolvimento.

Também como futuros mestres, necessitavam aprender para poder ensinar.

Após a ascensão de Jesus Cristo eles tornar-se-iam os substitutos de Jesus na liderança visível da Igreja. Como eles foram instruídos, passariam a instruir — Atos 2:42 — a palavra, “doutrina”, representada no grego διδαχῆς didachês, quer dizer “ensino” ou “instrução”.

Como Jesus deu urgente e estendida atenção ao ministério de ensinar, os apóstolos rejeitaram o cargo da administração da igreja em favor da evangelização e do ensino —

Atos 6:2b

Não é razoável que nós abandonemos a palavra para servir as mesas.
        
Estudiosos do Novo Testamento creem que homens como João Marcos e Timóteo serviram com os missionários Paulo e Barnabé no cargo de instrutores — ὑπηρέτης uperétes — criado ou remador de baixa categoria ou remador subordinado — ver Atos 13:5. Esses gastariam seu tempo com os novos crentes, passando-lhes informações sobre a vida, a morte, a ressurreição do Senhor, junto com as instruções sobre a vida cristã — tais como as que enchem as páginas finais de Efésios, Colossenses, 1 Pedro, e em escala menor, outros trechos do Novo Testamento. Paulo usa a mesma expressão grega ὑπηρέτης — uperétes —– criado ou remador de baixa categoria ou remador subordinado para referir-se a si mesmo e outros como ele mesmo —

1 Coríntios 4:1

Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.


Paulo mostra a centralidade do ensino na vida cristã. Logo que houve centenas de conversões em Éfeso, Lucas nos informa que Paulo discorreu diariamente na escola de Tirano durante dois anos —

Atos 19:9—10

9 Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano.
10 Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.

Um manuscrito antigo, o código D, acrescenta que Paulo ficava das onze às dezesseis horas neste trabalho. Se há qualquer fidedignidade nesta antiga fonte de informação, teríamos de confessar que Paulo estava muito mais preocupado com o ensino que nós que pastoreamos igrejas locais.


Quando quer garantir a continuação desta ênfase, o apóstolo afirma diante dos seus discípulos, os presbíteros de Éfeso: jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” — ver Atos 20:27. A palavra grega βουλὴν boulén — desígnio, quer dizer: conselho ou propósito. Em certos aspectos a mesma pode ser utilizada para representar os seguintes conceitos adicionais: forte desejo, ou plano —

Efésios 5:26—27

26 Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra,

27 Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.

A passagem acima especifica qual seja o desejo primordial de Deus para sua Igreja. Ela deve ser santificada e lavada pela palavra, para tornar-se uma noiva digna de se casar com o perfeito Filho de Deus. É por isso, que Paulo afirma que a intenção de tudo o que Cristo fez foi para poder apresentar a “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem defeito” — Efésios 5:26—27. Paulo, despedindo-se dos líderes da Igreja de Éfeso, os encomendou “ao Senhor e à palavra de sua graça, que tem poder para edificar e dar herança entre todos os que são santificados” — Atos 20:32. O desconhecimento da Palavra de Deus, portanto, é o principal motivo pela fraqueza e pelo estado atual de confusão em que a Igreja se encontra e, como sempre, os pastores e líderes são os últimos responsáveis por esse estado de coisas — ver Isaías 56:11; Jeremias 10:21; 12:10; Ezequiel 34:2; Atos 20:29—30; 2 Pedro 2:1—3; Judas 1:1—13.

Novamente com Paulo na prisão em Roma surge outra ocasião de despedida. Paulo estava pronto para deixar esta vida pelo caminho do martírio, e escreve a Timóteo para que viesse logo à Roma para atender algumas necessidades do veterano batalhador. Mas antes de Timóteo deixar a igreja — seria Éfeso ou Listra, ou outra, não sabemos — ele deveria, diligentemente, procurar homens fiéis e idôneos para instruir a outros —


2 Timóteo 2:2
E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.

O ensino tinha importância singular para o apóstolo Paulo. A igreja perecerá sem a devida instrução, ou mudará para abraçar uma falsa doutrina ou ensinamento — como podemos constatar com facilidade olhando ao nosso redor — tornando-se igreja inimiga do Senhor que a comprou com o sangue do Seu próprio Filho —

Atos 20:28

28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.

A história da Igreja durante quase dois milênios confirma o receio de Jesus e dos apóstolos. Não vale nada discutir a disciplina da igreja se a ela não for comunicado o desígnio de Deus. O que a igreja sabe, crê e vive fornecerá um quadro essencial para contrastar com aquele membro que não sabe, não crê e não vive o acordo com a vontade do seu Mestre.


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022 — OS MINISTÉRIOS DO ESPÍRITO SANTO — PARTE 001

023 — OS MINISTÉRIOS DO ESPÍRITO SANTO — PARTE 002
024 — A DISCIPLINA DA IGREJA — PARTE 001 — O DISCIPULADO
025 — A DISCIPLINA DA IGREJA — PARTE 002 — O ENSINO

Que deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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Os comentários não representam a opinião do Blog O Grande Diálogo; a responsabilidade é do autor da mensagem, sujeito à legislação brasileira.


[1] O material contido nessa apostila foi adaptado e ampliado do livro escrito pelo Dr. Russell Shedd – A Disciplina da Igreja. O livro foi originalmente publicado pelas Edições Vida Nova, e não encontra-se atualmente, no catálogo, da editora. 

domingo, 23 de julho de 2017

EDUCAÇÃO CRISTÃ — ESTUDO 024 — DISCIPLINA NA IGREJA — PARTE 001 - DISCIPULADO


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I. Termos Chaves Para a Disciplina no Novo Testamento[1]:

A. μαθητεύσατε matheteúsate — fazei discípulos.

A disciplina, como os vocábulos cognatos “discípulo” e “fazer discípulos, tem sua idéia original, como a raiz no grego indica, na prática da antiguidade de um aluno seguir um mestre ou pensador. Um sábio ou um rabino atraía jovens adeptos que admiravam o seu mestre e ficavam convictos da veracidade de suas idéias. Estavam dispostos a serem moldados, tanto pelo seu pensamento, como pelas suas ações. Nos evangelhos, “Os Doze” seguiram a Jesus com esse intuito. No livro de Atos, os crentes são chamados μαθηταὶ — mathetaì —discípulos, alunos, não numa escola, mas leais seguidores que procuravam conhecer e praticar os ensinamentos de vida de Jesus. O vocábulo μαθητεύσατε — matheteúsate — fazei discípulos em Mateus 28:20, deve ser comparado com Διδάσκαλος  — didáskalos — mestre e com διδάσκω — didásko — ensino, que aparecem em outras referências do Novo Testamento. O discípulo almeja aprender fatos, entender idéias, ganhar uma nova cosmovisão como qualquer aluno. Mas apenas quando tem um compromisso de vida com o mestre, num sentido global, é que o estudante passa a ser um discípulo —

Lucas 14:26—33

26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.

27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.

28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?

29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele,

30 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.

31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?

32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.

33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.

Nesse círculo de ideias, a disciplina dá a impressão de formar uma pessoa em conformidade com o caráter e mente do mestre. Paulo diz aos efésios: “Não foi assim que ἐμάθετε  emáthete — aprendestes a Cristo — literalmente, “fostes feitos discípulos de Cristo” — , se é que de fato o tendes ἠκούσατε  ekoúsate — ouvido, e nele fostes ἐδιδάχθητε  edidáschthete — instruídos —

Efésios 4:20—21

20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,

21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus.

Como em Mateus 28:19—20, primeiro o neófito se torna discípulo, entregando-se de corpo e alma ao Senhor. Depois recebe a instrução necessária para observar o que o Mestre manda. Se um discípulo sabe o que seu Senhor e mestre quer, mas não o faz, põe em dúvida a submissão assumida com o senhor, ao qual prometeu seguir —

Mateus 21:28—32

28 E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje trabalhar na vinha.

29 Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi.

30 Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido, foi.

31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus.

32 Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele.

O discipulado cristão requer a tomada do ζυγόν  Zugón — jugo de Cristo. Isso que dizer que se  requer que o discípulo aprenda os ensinamentos de Jesus e compartilhe seu caráter πραΰς εἰμι καὶ ταπεινὸς — praús eimi kaì tapeivòs  — manso e humilde,  de coração — ver Mateus 11:28—30. Tanto a instrução como os valores do Mestre devem ser transmitidos aos que creem n’Ele, por intermédio da igreja até a consumação dos séculos — ver Mateus 28:18—20; Atos 2:41—47.

A instrução necessária par cristão que segue a Cristo deve ser recebida pelo ensino e pelo exemplo da Igreja. Ela não é recebida através de nenhum tipo de revelação mística. Pelo ministério da palavra lida, pregada e ensinada, e pela exortação e exemplo daqueles que têm a responsabilidade de ensinar na igreja local. Entre esses estão incluídos os presbíteros, bispos ou pastores, os dirigentes e professores da escola bíblica, e os membros destacados que lideram qualquer ministério de ensino – crianças, adolescentes, jovens, casais, etc. – e que acabam influenciando mais os pensamento e práticas cristãs dos recém-convertidos, levando-os a adotar os hábitos tradicionais de sua comunidade. Paulo falou deste processo da seguinte forma: “Revistam-se do Senhor Jesus Cristo” — Romanos 13:14 — quando essa influência é, exatamente, a que deveria ser — ver Romanos 15:14.

Evidentemente há grande variedade entre as distintas denominações e grupos evangélicos quanto ao estilo de vida que o “vestir-se de Cristo” representa. Entre essas variedades temos: o comprimento do cabelo, deixar ou não crescer a barba, as mulheres vestirem ou não calças compridas, frequentar ou não o cinema e ter ou não uma televisão, entre muitos outras. Elas fornecem claros reflexos da maneira como cada igreja impõe sua interpretação do que significa ser um bom discípulo de Jesus Cristo. Outros grupos enfatizam a transformação ganhando novas atitudes de coração — ver Romanos 12:1—2 — deixando cada membro escolher como deve se vestir ou que lugares deve frequentar como embaixador do Senhor — ver Gálatas 5:1, 13; 2 Coríntios 5:20.

As escolhas feitas pelo novo cristão podem ser erradas porque ele não conhece ainda os princípios bíblicos em que deve basear seus novos valores. Mas nunca tal discípulo deve pensar, que as opções são apenas suas. Jesus Cristo sendo Senhor da vida tem “toda autoridade” — ver Mateus 28:18 — de escolher para nós, seus seguidores o que Ele mesmo achar necessário e conveniente —

1 Pedro 2:21
Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos.

Os apóstolos foram escolhidos como mestres insubstituíveis dos que viriam a crer no Senhor: “ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado” — ver Mateus 28:20a. Com essa finalidade produziram os evangelhos e epístolas. A legitimidade das regras impostas sobre os membros de qualquer igreja deve ser mantida unicamente se seu ensino e prática têm base no fundamento dos apóstolos e profetas — Atos 2;42; Efésios 2:20. Por esse motivo, não aceitamos os falsos ensinamentos como os que querem promover uma sucessão apostólica espúria, nem aqueles movimentos que se baseiam em profetas e profetisas e que ensinam coisas contrárias ao que nos é apresentado nas Escrituras Sagradas.

Há uma necessidade incessante de cada crente avaliar, à luz das Escrituras se é realmente a vontade de Deus, o Pai da família, conformar-se à “lei” da igreja a qual pertence. Os cristãos neófitos de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica, pois receberam a Palavra com avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim — ver Atos 17:11. Essa também deve ser nossa atitude básica.
        
Foi a falta desse autoexame de si mesma que permitiu a Igreja, a partir do século quarto em diante, afastar-se para muito longe da verdade e práticas bíblicas. Lutero foi um dos reformadores que reconheceu que todo cristão compartilha o direito de exercer seu ministério, porque pertence ao sacerdócio universal. A hierarquia não tem exclusiva autorização divina para interpretar as Escrituras. A Igreja também necessita reformar-se constantemente — Ecclesia reformata, semper reformanda. Mas essa incumbência só é possível se os membros seguem a disciplina da Palavra que Deus inspirou para ser “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”— ver 2 Timóteo 3: 16—17. A leitura alternativa da Nova Tradução na Linguagem de Hoje enriquece e facilita muito nossa compreensão desse texto, ela diz:

16 Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.

17 E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações.

Quando percebermos que o alvo principal da pregação, o ensino e a leitura da Bíblia é de conduzir “discípulos” à perfeição — ver Colossenses 1:28 — e habilitá-los para fazer boas obras — inclusive testemunhar efetivamente conforme Efésios 2:10e Tito 2:14 — entenderemos por que casos de disciplina drástica — aquela que acaba destruindo a pessoa — na igreja são um sinal de fracasso, pelo menos parcial, por parte da mesma.

Quem estará disposto a arrancar o olho que nos faz tropeçar antes de primeiro tentar disciplinar o olho errante a ver só o que deve — Mateus 5:29? Cortaria alguém pode cortar um braço antes de fazer o máximo para dominá-lo para fins úteis?

A igreja, mais do que um hospital onde se realizam chocantes amputações de membros externos ou remoção cirúrgica de órgãos cancerosos que ameaçam a vida do corpo, deve ser um lar de médico que ensina seus filhos os segredos da medicina preventiva. Saúde e vitalidade serão mais preciosas para este cirurgião que diariamente está em contato com os que não valorizaram as leis do bem-estar do corpo. Cuidará que seus amados escapem da faca até não haver outro remédio, mesmo no caso dele ser o melhor cirurgião do mundo.

A palavra disciplina pinta o quadro de um mestre seguido por seus discípulos que prestam atenção muito séria às suas palavras, mas almejam imitá-lo também —

1 Coríntios 11:1

Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

Filipenses 3:12—14

12 Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.

13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,

14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Tudo que seu Senhor é, eles procuram ser. É a disciplina que os ensina e corrige os conceitos errados que os discípulos imaginam caracterizar seu mestre.

A igreja que é capaz de suprir um quadro fiel de Jesus Cristo, no ensino e ação, é uma igreja bem disciplinada. A igreja de Jerusalém descrita com traços tão bem escolhidos por Lucas, revela exatamente o que queremos dizer com disciplina positiva.

Atos 2:42—47

E perseveravam na doutrina dos apóstolos — i.e., o que Jesus ensinara e comissionara para eles transmitirem conforme Mateus 28:20 — e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor: e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos... tinham tudo em comum.....
A excelente qualidade do ensino e vida prática na fé não conseguiram evitar a disciplina negativa que Lucas narra em Atos 5 a respeito de Ananias e Safira. Mesmo assim, a igreja de Jerusalém praticou um alto padrão de disciplina positiva primeiro, não oferecendo qualquer motivo de desculpa aos membros tão drasticamente eliminados.


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Que deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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Os comentários não representam a opinião do Blog O Grande Diálogo; a responsabilidade é do autor da mensagem, sujeito à legislação brasileira.


[1] O material contido nessa artigo e nos seguintes foi adaptado e ampliado do livro escrito pelo Dr. Russell Shedd – A Disciplina da Igreja. O livro foi originalmente publicado pelas Edições Vida Nova, e não encontra-se atualmente, no catálogo, da editora.