Este
estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar
todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História
Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções
para outras partes desse estudo
O
Livro do Gênesis
O
Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית
בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz ha
ve-et Hashamaim et
Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os
Deus criou princípio No
Gênesis 1:1
III. A História Primeva e Sua Natureza.
Os israelitas não foram o único povo a formular uma
explicação acerca da origem de todas as coisas em geral e do nosso mundo, em
particular. Nós encontramos peças literárias descrevendo a origem de mundo em
todas as grandes civilizações do Antigo Oriente Próximo. Nesta peças literárias nós nos deparamos com
complexas mitologias[1]
que procuram descrever os mais remotos e obscuros acontecimentos da
pré-história da humanidade. Esta parte da nossa história é chamada de História
Primeva. Em quase todas essas mitologias é fácil perceber a existência de uma
cosmogonia – de cosmos = mundo e gonia = geração ou nascimento – ou seja, uma
descrição de como o mundo foi feito ou criado.
CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO OUTRAS CULTURAS
Quando comparamos a narrativa do Antigo Testamento
com a de outras estórias originadas em outras culturas da História Antiga, a
diferença e a superioridade da revelação bíblica são autoevidentes. O motivo
porque as diferenças que existem são tão importantes se deve ao fato de que
aquilo que temos em nossas Bíblias nos foi revelado por Deus mesmo, enquanto o
que encontramos nas outras culturas não passa de reminiscências de antigas
tradições misturadas à profícua imaginação dos seus autores.
CRIAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA
Aqui,
esse autor, gostaria de oferecer apenas um exemplo, como prova, do que acabou
de afirmar acima: durante muitos milênios os seres humanos adoraram o sol e a
lua como divindades. Há registro deste tipo de adoração em culturas tão
dispares como a egípcia, os habitantes da península de Yucatán no México e
entre os druidas da Grã-Bretanha. Todavia, o autor do Gênesis é bastante claro
ao dizer que a o sol e a lua não são divindades e sim, meros luzeiros criados
por Deus para iluminar o dia e à noite. São tão insignificantes, diante da
grandeza do Deus verdadeiro, que Moisés se recusou, inclusive, fornecer seus
nomes que eram bem conhecidos
Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos
céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais,
para estações, para dias e anos. E sejam para luzeiros no firmamento dos céus,
para alumiar a terra. E assim se fez. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o
maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as
estrelas. E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, para
governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu
Deus que isso era bom. Houve tarde e manhã, o quarto dia – Gênesis 1:14—19.
Existe mais verdadeira ciência nestes poucos versos
de Gênesis 1 do que em toda obra do biólogo-filósofo Richard Dawkins. Da mesma
maneira que a afirmativa bíblica mencionada acima aniquilava com as crenças
tolas que existiam na Antiguidade acerca do sol e da lua, o mesmo é verdadeiro
com todo o conteúdo dos primeiros 11 capítulos do Gênesis. A leitura do
primeiro livro da Bíblia nos revela duas verdades que são absolutamente
devastadoras a dois aspectos que, como humanos, consideramos fundamentais:
- O
primeiro tem a ver com nosso vício de inventarmos “divindades” que nos
consolem e nos supram de conforto. Estas divindades podem ser os baalins
da Antiguidade ou as ciências da modernidade. A Bíblia é bem clara: existe
apenas um Deus.
- O
segundo tem a ver com esta consciência, doentiamente equivocada, de que os
seres humanos sejam algo mais do que mero pó. Richard Dawkins gosta de
apresentar a ciência como “deus” e ele, é claro, como o mais legítimo sumo
sacerdote desta divindade. Sobre ele, todavia, pesa a grave sentença de
Deus: Tu és pó e ao pó tornarás — ver Gênesis 3:19.
O nigeriano Richard Dawkins
É necessário deixar claro que o conteúdo dos
capítulos 1 a 11 do Gênesis acabaram por “avacalhar” com todas as religiões e
crendices existentes e isto nunca foi perdoado pelos mestres, sábios,
sacerdotes e seguidores das religiões pagãs. O mesmo acontece na modernidade
com os cientistas quase-ateus. Eles não perdoam a verdade revelada por Deus
exatamente pelos mesmos motivos que as pessoas da Antiguidade. A Bíblia expõe
de maneira clara a verdadeira condição do ser humano caído.
Existe mesmo um Deus que é criador e pessoal como a
Bíblia afirma? Ou devemos acreditar, como propõe Richard Dawkins, que o Deus da
Bíblia não passa de uma ilusão? Em breve iremos ver o que a verdadeira ciência
tem para nos ensinar.
ENUMA ELISH
Antes de prosseguirmos devemos abrir um parêntesis
para compararmos o conteúdo da narrativa Bíblica com outras narrativas da
Antiguidade. Apesar da literatura do Egito conter diversos paralelos com o
Gênesis, é da Mesopotâmia[2]
que procedem as narrativas mais próximas dos antigos conceitos hebraicos. O
escrito Enuma Elish – título acádico
que significa “quando no alto” – é a narrativa mesopotâmica mais completa sobre
a criação e tem muitas semelhanças interessantes com a história bíblica. Este
material foi escrito em honra ao deus Marduque da Babilônia. A história descreve um conflito cósmico entre
as divindades dominantes. O jovem e corajoso Marduque mata a monstruosa
Tiamate, a deusa mãe personificada no oceano primevo, de onde todos os deuses se
originaram. Esta deusa, Tiamate, se transformaria em tempos modernos na “sopa
biológica” do Evolucionismo ateísta. Como podemos ver, na Evolução como na
televisão, nada se cria, tudo se copia! O conflito cósmico surgiu porque Tiamate
não podia tolerar o barulho que seus filhos, os outros deuses faziam. Marduque
então, tendo matado a perniciosa Tiamate, divide a carcaça dela em duas partes
e destas partes ele cria os céus e a terra. Marduque e seu pai criam a
humanidade para fazer todo o trabalho difícil do universo, libertando assim as
divindades de suas tarefas mais tediosas. Como demonstração de sua gratidão a
Marduque, por salvá-los da maligna Tiamate, os deuses constroem para ele a
cidade da Babilônia, a grande capital – ver Ancient Near East Texts – ANET – 60
– 72, 501 – 503.
DEUS MARDUQUE
A batalha entre os deuses descrita no Enuma Elish
não encontra equivalente no Gênesis bíblico. Na descrição da criação do livro
do Gênesis encontramos a menção de Deus somente. O fato de que o livro do
Gênesis usa a expressão אֱלֹהִים - elohim – que literalmente quer dizer Deuses – não
implica na existência de múltiplas divindades. O uso desta forma plural é
apenas devido à necessidade de se destacar ou dar ênfase à pessoa do Deus
criador. Este tipo de plural é chamado de plural de magnificência ou de grandiosidade e
não implica em multiplicidade de deuses.
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Alfabeto Cuneiforme Acádio
Idéias comuns, como a da criação dos seres humanos,
que podem ser encontradas tanto na narrativa bíblica quanto em outras culturas
da Antiguidade, não refletem necessariamente, uma origem comum. Trata-se de uma
verdadeira fraude o ato de reduzir narrativas diferentes originadas de
diferentes culturas a seus denominadores comuns e declarar que as mais recentes
dependem das mais antigas. Nosso atual nível de conhecimento da História não
nos permite defender, de forma plausível, a idéia de que existe apenas uma e
mesma fonte para todas, ou até mesmo para a maioria, das diferentes narrativas
que encontramos da Antiguidade e que tratam de um mesmo assunto. Aqueles que
tentaram provar tais ideias acabaram enfrentando dificuldades intransponíveis.
ÉPICO DE ATRAHASIS
Independente destas dificuldades, o Enuma Elish
babilônico foi apontado, desde a sua tradução para o inglês, como a origem ou
fonte das narrativas acerca da criação que encontramos no livro do Gênesis.
Todavia, em tempos mais recentes, a descoberta de novos manuscritos antigos e
uma nova apreciação dos manuscritos já de posse dos estudiosos, tem demonstrado
que muitas das similaridades aceitas, entre as diversas histórias acerca da
criação, são de fato ilusórias. Hoje sabemos que o Enuma Elish não é tão antigo
quanto se pensava a princípio. De fato ele foi produzido no final do segundo
milênio a.C., provavelmente, depois de Moisés já ter escrito o Livro do
Gênesis! Também sabemos que o Enuma Elish não era a história mais popular
acerca da criação. Outra produção babilônica conhecida como o Épico de Atrahasis é que ocupava o
lugar de favorito entre os babilônios. Como esta obra trata mais
especificamente da criação do homem e dos eventos narrados entre os capítulos 2
– 8 do livro do Gênesis iremos nos ocupar dele mais adiante.
OUTROS ARTIGOS ACERCA DA INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO
A. O Texto do Antigo Testamento
001 – O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
002 – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
003 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético — TM
004 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o Pentateuco Samaritano
005 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os Fragmentos da Guenizá do Cairo
006 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX
007 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a Bíblia
B. A Geografia do Antigo Testamento
001 – INTRODUÇÃO E MESOPOTÂMIA
002 – O EGITO
003 – A SÍRIA—PALESTINA
C. A História do Antigo Testamento
001 — OS PATRIARCAS DA NAÇÃO DE ISRAEL
002 — NASCE A NAÇÃO DE ISRAEL
003 — A NAÇÃO DE ISRAEL: O REINO UNIDO
004 — O REINO DIVIDIDO E O CATIVEIRO BABILÔNICO
D. A Introdução ao Pentateuco
001 — O PENTATEUCO — PARTE 1 — O QUE É E DO QUE TRATA O PENTATEUCO
002 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 1
003 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 2
004 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 1
005 — O PENTATEUCO — PARTE 3 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 2
006 — O PENTATEUCO — PARTE 3 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 3
OUTROS ARTIGOS ACERCA DO LIVRO DE GÊNESIS
001 — Introdução e Esboço
002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação
003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza
004 — Introdução ao Gênesis — Parte 4 — A Preparação para a Vida Na Terra
005 — Introdução ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida
006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR
007 — Introdução ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA
008 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 1
009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 2
010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Segundo e o Terceiro Dia
011 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quarto Dia
012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1
013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas
015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A
016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B
017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A
018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B
019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C
020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19
021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20
022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21
023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22
024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23
025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24
026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25
027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26
028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A
029 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes — Parte 27B
030 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Maldade do Coração Humano— Parte 27C.
031 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Corrupção Humana Sobre a Face da Terra e Deus Pode se Arrepender? — Parte 27D.
032 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28A.
033 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28B.
034 — Estudo de Gênesis — Gênesis 7 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?
035 — Estudo de Gênesis — Gênesis 8 — A promessa que Deus Fez a Noé e seus descendentes — Parte 30 — Nunca Mais Destruirei a Terra Pela Água
036 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 001
037 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 002
038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001
039 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 002
040 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 003
041 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 004 — A NATUREZA DA ALIANÇA ENTRE DEUS E NOÉ
042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001
043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?
044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE
045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.htmlQue Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Mitologia pode ser definida de
forma geral como o conjunto dos mitos próprios de um povo, de uma civilização,
de uma religião. De forma mais específica a mitologia se refere à história
fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade greco-romana – ver
Dicionário Aurélio Século XXI in loco.
[2] Mesopotâmia – do grego mesos - mésos – no meio, entre e potamos - potamós – rio que significa
entre-rios e que designava a extensão de terra contida entre os rios Eufrates e
Tigre.