quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ENCONTROS DE PODER — 035 — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003 —OS RUDIMENTOS DO MUNDO



Atenção esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros estudos.

Continuação...

Outra vez nós lemos em —

2 Pedro 3:10—12

10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.

11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,

12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.

onde, novamente o próprio contexto é um guia claro. Quando Pedro diz as palavras acima, é óbvio que ele não está se referindo nem a anjos nem a qualquer um dos espíritos astrais. Esses seres têm bem pouca substância capaz de se dissolver ou de serem abrasados.

Já o uso que Paulo faz desse termo não é tão fácil de ser entendido. A expressão grega — στοιχεῖα τοῦ κόσμου stoicheîa toû kósmou — traduzida por “rudimentos do mundo” é usada por Paulo no meio de uma intensa disputa com judaizantes daqueles dias, que insistiam que para uma pessoa ser um verdadeiro cristão era necessário receber a circuncisão e se submeter a outros requerimentos rituais da Lei de Moisés. Paulo havia acabado de falar da Lei como um aio ou pedagogo que serviu bem até a vinda de Cristo. O verso diz, textualmente —

Gálatas 4:3

Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo — stoicheîa toû kósmou.

Em seguida, Paulo prossegue falando acerca de Cristo, dizendo —

Gálatas 4:4—5

4 Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,

5  Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.

O que escravizava aquelas pessoas? Deve ser claro que a Lei se encontrava no centro de toda a questão, do mesmo modo como acontece com todas as religiões legalistas, especialmente os Adventistas do Sétimo Dia. Assim temos que, de acordo como Paulo, se os crentes são “resgatados” do jugo da Lei é porque os mesmos se encontravam escravizados pela mesma. Mas porque Paulo se refere à Lei como sendo “os rudimentos do mundo”? Alguns comentaristas alegam que Paulo estava se referindo aos anjos que intermediaram a outorga da Lei, conforme lemos em —
Gálatas 3:19

Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

Dessa forma, os que receberam a Lei tornaram-se subjugados pela mesma. Mas mesmo levando em conta que Paulo, eventualmente, considerava a intermediação da Lei por meio de anjos, como um sinal da inferioridade dos mesmos à pessoa do Senhor Jesus Cristo, isso é algo muito diferente de imaginarmos que esses anjos podem também fazer referência a seres espirituais malignos.
Todavia, devemos destacar que o uso de elementos como coisas materiais do Universo, já era algo rotineiro na Septuaginta — LXX — como podemos ver em Sabedoria de Salomão 7:17, 19 e 4 Macabeus 12:13. Na citação de Sabedoria de Salomão os elementos físicos do Universo são claramente distinguidos dos chamados “espíritos poderosos” mencionados no verso 20b. Já o uso que 2 Pedro faz é muito semelhante ao que encontramos nos escritos dos primeiros apologistas da fé cristã, onde o termo στοιχεῖαstoicheîa —, enquanto inclui os corpos celestiais, também engloba o fogo e a terra. E mesmo onde tanto o sol como a lua são chamados de στοιχεῖαstoicheîa —, os mesmos não são percebidos como espíritos astrais, mas apenas como parte da criação física.

Portanto, a preocupação de Paulo está centrada no perigoso fato que os gálatas estavam tentando estabelecer uma justiça própria pela submissão ou utilização da Lei judaica.
A confusão que temos nas igrejas da Galácia é causada pelo fato de que aqueles a quem Paulo se dirige eram, na sua maioria, não judeus, nem tinham sido judeus, como o próprio Paulo uma vez estivera sob o jugo da Lei, e sim pessoas que se encontravam sob o jugo dos deuses do paganismo. Paulo deseja que os gálatas entendam que: a submissão às práticas religiosas judaicas não era muito diferente da vida anterior que tiveram, sob as práticas do paganismo e do politeísmo. As duas realidades estão fundamentadas em elementos básicos da vida humana. As duas envolvem celebrações especiais, calendários sagrados, dias de festa, e até mesmo anos inteiros separados como santo, conforme —

Gálatas 4:10

Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.    

Mesmo que as pessoas não consigam viver sem esses rituais deve ficar bem claro que os mesmos não podem produzi vida —

Gálatas 3:21—22

21 É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei.

22 Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem.

É possível que os leitores estejam mais familiarizados com os festivais judaicos como o Dia do Sábado, o calendário judaico, as estações — marcadas por celebrações como a páscoa e a festa dos tabernáculos — e os anos “sabáticos” e o ano do “Jubileu”. Mas é importante saber que o paganismo têm celebrações compatíveis, indo mai além, entretanto, pois atribuem aspectos divinos a essas ocasiões. Segundo Cícero, Zeus “concedia poderes divinos” — vis divina — às estrelas, mas também aos anos, meses e para as estações do ano”. Já Proclus, filósofo Neo Platônico e o homem que mais influenciou a verdadeira forma do mundo pensar, afirma que a opinião geral das pessoas “faz da Horas deusas e do Mês um deus, e a adoração dos mesmos tem sido passada para todos nós; nós mesmos dizemos que o Dia e a Noite são divindades, e que os próprios deuses nos ensinaram a clamar por eles. Sendo assim, não é apenas óbvio que o próprio Tempo seja também um deus, uma vez que o mesmo inclui as horas, os meses, os dias e as noites?[1]
A única opção do gálatas é se alegrarem pelo fato de terem recebido um dom da parte de Deus —

Gálatas 2:20—21

20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.

CONTINUA...

LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER

001 — Introdução =

002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas

003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.

004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.

005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.

006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.

007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.

008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.

009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.

010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônioπνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito malignoἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.

011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.

012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.

013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.

014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução

015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1

016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2

017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3

018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39

019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1

020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2

021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1

022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2

023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1

024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2

025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3

026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4

027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5

028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6

029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS

030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO

031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES

032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002

033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001

034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002

035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003

036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004

037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005

038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006

039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007

040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008

041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009

042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010

043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html



044 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 28 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 012 — AS FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL — PARTE 001

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis.

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Desde já agradecemos a todos.  



[1] Cumont, Franz. Astrology and Religion Among the Greeks and Romans — Astologia e Religião Entre os Gregos e os Romanos. G. P. Putnam & Sons, New York, 1912.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

ANDRÉ VALADÃO E SEU CACHÊ PESSOAL DE R$ 200 MIL



A notícia abaixo foi publicada pelo site Gnotícias e é de autoria de Tiago Chagas.

Cachê de R$ 200 mil para André Valadão gravar DVD em cidade pobre gera polêmica.

Publicado por Tiago Chagas

A gravação de um DVD em uma cidade que atravessa problemas financeiros gerou uma enorme polêmica e críticas ao cantor André Valadão. O evento, que será realizado no próximo sábado, rendeu ao artista um cachê de R$ 200 mil.

A cidade de Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco, como todo o país, atravessa um momento delicado financeiramente, com anúncios de medidas de contenção de gastos, corte no salário dos funcionários comissionados e outras ações.

De acordo com informações do Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco, a negociação entre André Valadão e a prefeitura da cidade foi intermediada pela produtora Amando Vidas, sediada em Londrina (PR) e que deverá ficar com parte do valor acertado em contrato.

O DVD que será gravado no próximo sábado, 26 de setembro, vai ser lançado com o título “Crer Para Ver”. No site oficial de André Valadão, há a confirmação do evento na agenda do cantor.

“A contratação gerou controvérsias, não só pelo exorbitante valor pago ao cantor, mas pela atual situação da cidade. Cabo de Santo Agostinho passa por uma crise financeira […] No entanto, a contratação de André Valadão foi divulgada no Diário Oficial, e foi feita em regime de inexigibilidade de licitação, ou seja, não passou por licitação pública”, informou Mariana Gouveia, do site Consciência Cristã.
O presidente da Câmara Municipal de Santo Agostinho, vereador Mário Anderson da Silva Barreto (PSD), criticou a decisão tomada pelo prefeito Vado da Farmácia (PTB), afirmando que houve incoerência: “Na verdade, o prefeito exonerou alguns cargos comissionados de baixo escalão, porém nomeou outros em níveis mais altos e promoveu alguns, fazendo com que tais medidas se tornassem inócuas. O pior é que o prefeito demitiu mais de quarenta médicos e dentistas, debilitando ainda mais o sistema de saúde do município, que é tocado por um professor e agente de polícia, que nada entende da pasta”, disparou, segundo informações do Blog do Janildo, do portal UOL.

O vereador acrescentou ainda que as despesas da prefeitura não se resumem ao pagamento do alto cachê ao cantor: “Para contrastar ainda mais e provar que não há crise, é que o prefeito está gastando mais de R$ 400 mil para que o cantor gospel André Valadão grave o seu DVD em nossa cidade, sendo R$ 200 mil só de cachê”, criticou.

Há a promessa, por parte de Barreto, de que a polêmica se estenda ainda mais, pois ele irá pedir que o Ministério Público (MP) de Pernambuco e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) investiguem o contrato e a origem das verbas.

A prefeitura afirmou em nota que a contratação de André Valadão para a gravação de um DVD na cidade desempenha papel importante no “aquecimento do comércio local, da rede hoteleira e da potencialização do turismo, além de divulgar o município dentro e fora do país”, acrescentando que a expectativa é que a cidade receba em torno de 40 mil visitantes no dia do evento.

Confira o anúncio da contratação de André Valadão no Diário Oficial:

diario oficial cabo de santo agostinho - andre valadao

Diário Oficial cabo de Santo Agostinho - Andre Valadão

Na agenda do site oficial do cantor, também há confirmação de participação no evento:

O artigo original poderá ser visto por meio do link abaixo:


NOSSO COMENTÁRIO

A produtora chama-se “Amando Vidas”, mas cobrando R$ 400 mil pelo evento, nos dá toda a impressão que “Ama Mesmo é o Dinheiro”.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.      

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 15 — UMA EXEGESE ACERCA DA CONDIÇÃO DA PERDIÇÃO DA RAÇA HUMANA — O AMBIENTE E O ARRANJO DE LUCAS 15 — SERMÃO 035




Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

As três parábolas que encontramos em Lucas 15 estão intimamente relacionadas. As três nos falam de algo que se perdeu e foi encontrado. As mesmas foram ensinadas por Jesus para mostrar a condição de perdição da raça humana e como a mesma pode ser redimida por Deus. As três parábolas são:

1. A Parábola da Ovelha Perdida.

2. A Parábola da Moeda — dracma — Perdida.

3. A Parábola do Pai e de Seus Dois Filhos Perdidos.

Nessas parábolas nós vemos Jesus lançando mão de um tema específico pra nos falar acerca da presença do Reino de Deus e da enorme compaixão de Deus. Desse modo essas três parábolas devem ser vistas, em primeiro lugar, como parábolas que enfatizam a graça e a responsabilidade, por causa daquilo que elas nos revelam acerca de Deus. Depois as mesmas devem sempre ser entendidas com relação ao próprio Reino de Deus.

O ARRANJO OU O AMBIENTE DE LUCAS 15

O ARRANJO QUE Lucas deu ao capítulo 15 do seu Evangelho tem a clara intenção de causar um efeito retórico em todos os que o leem. Quando entendemos isso, já demos um passo importante na interpretação de cada uma das parábolas. O fluxo do capítulo não é difícil de ser entendido:

1. Lucas 15:1—3 — Dá início a uma descrição editorial da razão porque essas parábolas foram proferidas. O motivo é a murmuração dos fariseus e dos escribas pelo fato do Senhor receber e sentar-se para comer com pecadores — devemos apenas notar que em Lucas 15:3 a expressão “parábola” está no singular.

2. Lucas 15:4—7 — Apresenta a Parábola da Ovelha Perdida.

3. Lucas 15:8—10 — Apresenta a Parábola da Moeda ou Dracma Perdida.

4. Lucas 15:11—32 — Apresenta a Parábola do Pai e de Seus Dois Filhos Perdidos.

Mateus coloca a Parábola da Ovelha Perdida num contexto completamente diferente e o pseudoepigráfico Evangelho de Tomé, também tem essa mesma parábola. As outras duas são exclusivas do Evangelho de Lucas.

Virtualmente todas as explicações da origem dessa coleção tem algum representante ou defensor —

1. Alguns argumentam que a tradição usada por Lucas já tinha reunido essas três parábolas numa única perícope[1].

2. Outros defendem a ideia que foi o próprio Lucas quem juntou as mesmas numa única passagem.

3. Outros acham que as parábolas da Ovelha e da Dracma foram reunidas por terceiros, antes de Lucas lançar mão das mesmas.

4. Outros discordam da opinião acima.

5. Outros ainda argumentam que as duas parábolas estavam no documento Q[2] e que Mateus teria omitido a parábola da Dracma Perdida.

6. Por fim existem aqueles que acreditam que as versões de Mateus e Lucas estavam contidas nos chamados documentos M e L[3], respectivamente.

7. Nenhuma dessas teorias nos oferece qualquer contribuição prática em nosso trabalho de interpretação das três parábolas.

O que podemos demonstrar é como essa seção do Evangelho de Lucas consegue atingir o propósito retórico intencionado por seu autor. Podemos afirmar, com toda certeza, que Lucas 15, para não dizer Lucas 14:1 — 17:10 está centrado na pregação do Evangelho para os párias da sociedade[4]. Lucas 15 é o coração da chamada “Narrativa da Última Viagem de Jesus Até Jerusalém”, na qual o autor do Evangelho nos apresenta a “espinha dorsal” dos ensinamentos de Jesus, bem como de todo o Evangelho do Senhor. O agrupamento de três e até mesmo de quatro parábolas é algo comum nos escritos rabínicos e até mesmo nos escritos sacerdotais entre os gregos. Sem diminuir a importância das duas primeiras parábolas, Lucas faz com que as mesma funcionem como um prelúdio, mais do que adequado, para a terceira e mais longa parábola que trata do Pai e de Seus Dois Filhos Perdidos. O movimento que passa de 100 ovelhas para 10 dracmas e para dois filhos perdidos, dá o suporte necessário para a natureza dramática de toda a estrutura.

Lucas 15 possui conexões com Lucas 14 no que diz respeito às atitudes dos fariseus que eram antagônicas ao que Jesus ensinava e fazia. Comparar —

Lucas 14:1—6

1 Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando.

2 Ora, diante dele se achava um homem hidrópico.

3 Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado?

4 Eles, porém, nada disseram. E, tomando-o, o curou e o despediu.

5 A seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?

6 A isto nada puderam responder.

Lucas 15:1—2

1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.

2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.

Comparar também Lucas 14:23, 33 com Lucas 15:1—2 acima —

Lucas 14:23, 33

23 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa.

33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.    

As três parábolas que encontramos em Lucas 15, convidam a todos que têm ouvidos para ouvir, para se reunirem e se alegrarem com as Boas Novas.

Lucas 15 também mantém relações com Lucas 16 já que as parábolas de Lucas 15:11 e Lucas 16:1 têm inícios semelhantes —

Lucas 15:11

Continuou: Certo homem tinha dois filhos.

Lucas 16:1

Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.

As duas parábolas nos falam de “certo homem” e também que os bens de alguém foram desperdiçados, e de um personagem que tem que enfrentar uma grave crise financeira, conforme –

Lucas 15:14—16

14 Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.

15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.

16 Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.

Lucas 16:3

Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha.

Mesmo assim, essas conexões não servem como chaves para interpretar as parábolas de forma correta, mas serviram para ajudar os ouvintes a processarem o material que estavam ouvindo.

CONTINUA...



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/11/parabolas-de-jesus-mateus-181214-e.html

037G — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 007 — O que essa parábola nos ensina.

037H — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 008 — Conclusão.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/05/parabolas-de-jesus-sermao-037h-parabola.html

037 — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html



038A — PARÁBOLAS DE JESUS — A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA — LUCAS 15:8—10 —— PARTE 001

Que Deus Abençoe a todos. 

Alexandros Meimaridis 

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Desde já agradecemos a todos.   



[1] Perícope — subs. Fem. — do latim pericope. Seção ou parágrafo falando de livros sagrados.

[2] Documento Q – do alemão Quelle ou fonte — que alguns estudiosos acreditam antecedeu a a confecção do Evangelho de Marcos, mas acerca do qual não existe nenhuma evidência concreta. Trata-se de mera especulação da parte daqueles que não acreditam na inspiração das Escrituras Sagradas.

[3] Esses documentos chamados M e L seriam os protótipos nos quais Mateus e Lucas teriam baseado a confecção de seus próprios Evangelhos. Tudo não passa de outra especulação vazia daqueles que não acreditam na inspiração das Sagradas Escrituras.

[4] Ver as obras de Major, H. D. A., Manson, T. W. e Wright, C. J. The Mission and Message of Jesus — A Missão e a Mensagem de Jesus. E.P. Dutton and Co., Inc., New York, 1938. Fitzmayer, J. The Gospel According to Luke – Volume 2 – X—XXIV in The Anchor Bible Series. Double Day and Co. Inc., New York, Seventh Printing, 1991.