sábado, 31 de maio de 2014

Gênesis Estudo 020 — Gênesis 3:6 — O LIVRE ARBÍTRIO




Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo 

O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas

בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ 
            Eretz   ha  ve-et  Hashamaim  et      Elohim        Bará     Bereshit
            Terra   a      e        céus       os        Deus         criou   princípio No
Gênesis 1:1
VII. Gênesis 3—11 —

B.Pecado e Livre-Arbítrio.

O assim chamado “Livre Arbítrio” — liberum arbitrium — é uma das mais antigas discussões no seio da igreja cristã, apesar de que seu início pode ser traçado diretamente aos dias de Pelágio Brito ou Britannicus[1], que foi um monge — não ordenado — e que viveu entre 354 e 445 a.D.

A.O Pelagianismo é considerado por muitos como a primeira tentativa de reformar a igreja Católica. Pelágio acreditava que os seres humanos podiam satisfazer os mandamentos de Deus sem a ajuda da graça de Deus. Pelágio escreveu inúmeras obras. A grande maioria não existe mais. Entre suas obras nós podemos citar as seguintes:

1. De Fide Trinitatis — perdido.

2. Eclogarum ex Divinis Scripturis líber unus — coletânia de passagens bíblicas comentadas.

3. Commentarii Epistolas S. Paulii — este livro continha muitos dos seus desvios doutrinários e estes foram usados pela igreja para condená-lo tanto no Ocidente — Concílio de Cartago em 418 a.D. — como no Oriente — Concílio de Éfeso em 431 a.D.

B. Em seus escritos, Pelágio negava o estado de inocência de nossos primeiros pais bem como a idéia do primeiro pecado cometido por eles. Pelágio defendia a idéia de que:

1. A concupiscência é algo natural e inerente aos seres humanos.

2. Nossos primeiros pais morreriam como qualquer outro humano mesmo que não tivessem pecado.

3. A atual existência e universalidade do pecado eram fruto do mau exemplo dado por Adão ao pecar pela primeira vez.

C. As idéias de Pelágio estavam profundamente enraizadas, não nas Escrituras, mas em antigas filosofias pagãs, especialmente no popular sistema defendido pelos Estóicos[2]. Pelágio acreditava no livre arbítrio incondicional dos seres humanos.

D. Considerava ainda que a força moral da vontade humana, por ele referida como “liberum arbitrium”— poderia ser fortalecida pelo asceticismo, que é a moral que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem, e isto a ponto de fazê-la desejar e obter os mais elevados ideais de virtude. Para Pelágio o valor do sacrifício de Jesus estava limitado às instruções, referidas como “doctrina”, e ao exemplo, que ele chamava de “exemplum”, e que o Salvador nos deixou como uma contrapartida ao mau exemplo deixado por Adão. Pelágio foi realmente o primeiro indivíduo a idealizar Jesus como um “perfeito rotariano”. Desta maneira, para Pelágio, a natureza, incluindo a raça humana, retém a habilidade de conquistar o pecado e de alcançar a vida eterna sem o auxílio da graça divina. A favor de Pelágio precisamos destacar que ele aceitava o fato de sermos purificados de nossos pecados no processo de justificação mediante a fé. Mas o perdão justificador de Deus não implicava em uma renovação interna ou santificação de nossas almas e/ou espíritos.

E. Os ensinos de Pelágio foram, em grande parte, confrontados por Aurelius Augustinos — 354 — 430 a.D — conhecido como santo Agostinho e que se tornou bispo da cidade portuária de Hipona no norte da África. As obras de Agostinho que trataram destas questões são:

1. De Peccatorum Meritis et Remissione.

2. De Spiritu et Letera.


F. Pelágio provavelmente morreu na Itália entre os anos 441 a 445 a.D., durante o reinado de Valentiniano III.

G. Apesar das idéias acima terem sido condenadas por dois concílios — especialmente ecumênico foi o de Éfeso em 431 a.D. — elas não desapareceram e são sempre recicladas.

H. Somente a ignorância da história e a persistente insensatez humana, manifesta na defesa de interesses outros e não da verdade, continuam mantendo viva esta possibilidade filosófica. Para entendermos melhor esta questão, falemos um pouco sobre o binômio “pecado e liberdade”.

1. Em primeiro lugar precisamos dizer que o conceito de liberdade não explica o pecado. Ou seja, o pecado não existe porque alguém possui liberdade para pecar. Mesmo admitindo que o pecado está relacionado com o conceito de liberdade, esse conceito, ainda assim, não explica como o pecado surgiu. Deus mesmo é o único que possui genuína liberdade e Ele também não pode pecar. Isto deve deixar mais do que evidente que o conceito de liberdade não serve para explicar a existência do pecado.

2. Deus criou o homem — como homem e mulher — com uma liberdade que era moralmente qualificada. Isto quer dizer que ele era livre para obedecer e se submeter voluntariamente a Deus. Quer dizer também que a continuidade daquela liberdade dependia da decisão de evitar o pecado. Esse é o ensino das Escrituras tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. O homem, como originalmente criado por Deus, tinha a habilidade de não pecar, e o homem recriado em Jesus não vive em pecado — ver 1 João 5:18 — e está destinado, a viver por toda eternidade, livre da própria presença do pecado. O que estamos querendo dizer é que a habilidade de pecar não faz parte da essência daquilo que a liberdade representa. A verdadeira liberdade no homem criado por Deus e depois re-criado em Cristo, constitui-se na habilidade, moralmente qualificada, de fazer o bem. E não na capacidade, moralmente não qualificada, de fazer ou o bem ou o mal. Este tipo de dualismo não está presente onde a liberdade existe. A verdadeira liberdade pertence à essência daquilo que o homem é como criado por Deus e como re-criado em Jesus. Em nenhuma destas duas situações anteriores — criação original e re-criação em Jesus — a liberdade é uma instância moralmente neutra e não qualificada da humanidade. De fato, o efeito que o pecado humano produz sobre a liberdade é definido pela Bíblia, não como qualquer outra forma de liberdade, maior, ou melhor, ou mais sofisticada, e sim, como pura e simples ESCRAVIDÃO.

3. É importante entendermos que o homem, como criado por Deus, não tinha mais liberdade para pecar, da mesma maneira que, uma vez tendo pecado e caído em escravidão moral, ele não é livre para voltar e tornar a ser o que ele era antes. Para tal, o mesmo está sujeito à graça de Deus, para restaurá-lo, mediante a recriação em Cristo, à liberdade que foi perdida por causa da transgressão do pecado. O pecado, como vimos na análise de Gênesis 3:1—6 acima,  constitui uma perda mesmo quando aparenta ser uma ganho. Por este motivo o pecado não pode nunca ser considerado como consequência do exercício da liberdade. Infelizmente, para aqueles que querem ver no pecado o resultado do exercício da liberdade humana, temos a dizer apenas que: o pecado é realmente um mistério; como tal, o mesmo é tanto imoral como irracional. Todas as vezes que se tentou usar o conceito de liberdade para se explicar o pecado, o resultado foi sempre um desvio da sã doutrina como manifestado no “Pelagianismo”, e nas suas formas posteriores do “Semi-Pelagianismo” e “Arminianismo”. Os maiores representantes dessas escolas de pensamento nestes primeiros anos do século XXI são a Igreja Católica Apostólica Romana e a grande maioria das igrejas Pentecostais, Neo Pentecostais, da Terceira, Quarta e Quinta onda Pentecostais. Estas igrejas, apesar de se chamarem de cristãs, possuem em comum a crença de que a salvação pode ser perdida, pois depende da própria pessoa e não de Deus exclusivamente.

Agora, de acordo com o relato bíblico da queda, o homem, ao transgredir, além de perder o seu direito de viver no Jardim do Éden, pois foi expulso de lá; perdeu também seu direito a vida e o direito de ser ele mesmo: nu e não envergonhado. Com isto, a partir da queda, no relato bíblico, o homem, como pecador, é mostrado como não sendo livre. Pelo contrário, ele é um escravo do pecado e está sob o poder da morte. Uma das mais dramáticas consequências desta falta de liberdade é que o homem caído é devotado aos ídolos. E nesta devoção aos ídolos, ele acaba por se transformar em um ser subumano e igual aos ídolos aos quais ele se devota — ver Salmos 115:1— 8.

Ídolos, neste conceito, não são apenas as imagens de escultura e sim tudo aquilo que seduz e engana o homem, a fim de transformá-lo e reduzi-lo a ser menos do que Deus intencionava. É de fato curioso que o resultado direto da transgressão, que visava levar o homem a ser mais do que Deus intencionava, acabou por levá-lo a ser exatamente o oposto. Mas nem tudo está perdido, porque o Deus Criador continua firme no controle de todas as coisas. Desta maneira, o homem como escravo do pecado, pode se tornar cativo da graça de Deus e, através dessa mesma graça, receber de volta sua verdadeira liberdade como um dom de Deus. Essa nova liberdade, concedida pela graça divina, permite ao homem experimentar tanto a libertação do poder do pecado como o perdão do seu passado pecaminoso através do dom da graça de Deus, que justifica o direito humano de viver de uma maneira aberta um futuro eterno — ver Efésios 1:3—14.

OUTROS ARTIGOS ACERCA DO LIVRO DE GÊNESIS

001 — Introdução e Esboço

002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação

003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza

004 — Introdução ao Gênesis — Parte 4 — A Preparação para a Vida Na Terra

005 — Introdução ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida

006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR

007 — Introdução ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA

008 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 1

009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 2

010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Segundo e o Terceiro Dia

011 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quarto Dia

012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia

013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1

013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2

014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas

015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A

016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B

017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A

018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B

019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C

020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19

021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20

022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21

023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22

024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23

025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24

026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25

027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26

028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A

029 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes — Parte 27B

030 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Maldade do Coração Humano— Parte 27C.

031 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Corrupção Humana Sobre a Face da Terra e Deus Pode se Arrepender? — Parte 27D.

032 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28A.

033 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28B.

034 — Estudo de Gênesis — Gênesis 7 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?

035 — Estudo de Gênesis — Gênesis 8 — A promessa que Deus Fez a Noé e seus descendentes — Parte 30 — Nunca Mais Destruirei a Terra Pela Água

036 — Estudo de Gênesis —  O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 001

037 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 002

038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001

039 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 002

040 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 003

041 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 004 — A NATUREZA DA ALIANÇA ENTRE DEUS E NOÉ

042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001

043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?

044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE

045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
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Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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[1] Pelágio Brito ou Britannicus - sabemos muito pouco acerca do início da sua vida e o mesmo ocorre com o final da mesma. Acredita-se que fosse nascido na Inglaterra, apesar de alguns escritores da época tentarem denegrir sua imagem dizendo que ele era escocês. Para complicar ainda mais esta questão, hoje sabemos que entre os séculos IV e V a.D. as pessoas, no mundo romano, costumavam chamar de escoceses aqueles nascidos na Irlanda. Ou seja, a única coisa que o vincula às ilhas britânicas era seu epíteto de Brito ou Britannicus. Talvez tenha mesmo emigrado para Roma partindo do sul da Grã Bretanha.
[2] Os Estóicos ensinavam que o homem torna-se virtuoso através do conhecimento, que o capacita a viver em harmonia com a natureza e, assim, conseguir um senso profundo de felicidade – chamada eudamonia em grego - e a libertação da emoção – apatheia - que o isola das vicissitudes da vida.

APOCALIPSE 12:15—18 — O DRAGÃO PERSEGUE O POVO DE DEUS — ESTUDO 018 — FINAL


Resultado de imagem para dragão persegue o povo de deus

ESTE ESTUDO É PARTE DE UMA SÉRIE DE ESTUdOS APRESENTADOS EM NOSSA IGREJA ATENDENDO À SOLICITAÇÃO DE UM DOS NOSSOS MEMBROS ACERCA DE “QUEM” PODERIA SER A MULHER MENCIONADA EM APOCALIPSE 12:1? nO FINAL DESSE ESTUDO VOCÊ ENCONTRARÁ OS LINKS PARA OS OUTROS ESTUDOS DESSA SÉRIE.

Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio — Apocalipse 12:15.

Essa passagem, apesar de nos lembrar de outras passagens bíblicas, é difícil provarmos que a mesma possui qualquer relação direta com:

A. Deus fazendo desabar seu furor sobre o povo incrédulo como uma inundação —

Oséias 5:10

Os príncipes de Judá são como os que mudam os marcos; derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água.

B. Quando as águas da impiedade tentam afogar os justo —

Salmos 32:6

Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão.

Salmos124:4

As águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente;

Isaías 43:2

Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.

C. Ou a marcha dos israelitas a pé seco cruzando o Mar Vermelho.

Por outro lado o dragão é mencionado como monstros marinhos diversos, como vemos em:

Ezequiel 29:3

Fala e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, crocodilo enorme, que te deitas no meio dos seus rios e que dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim mesmo.

Ezequiel32:2—3

2 Filho do homem, levanta uma lamentação contra Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Foste comparado a um filho de leão entre as nações, mas não passas de um crocodilo nas águas; agitavas as águas, turvando-as com os pés, sujando os rios.

3 Assim diz o SENHOR Deus: Estenderei sobre ti a minha rede no meio de muitos povos, que te puxarão para fora na minha rede.

Salmos 74:13

Tu, com o teu poder, dividiste o mar; esmagaste sobre as águas a cabeça dos monstros marinhos.

O termo  ὄφις ófis — cobra ou serpente aparece pela segunda vez nesse capítulo — a primeira foi  no verso 14. Nos textos de combate que encontramos no Antigo Testamento o inimigo do ETERNO não é apenas o mar[1], mas também suas águas —

Salmos 29:3

Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas; troveja o Deus da glória; o SENHOR está sobre as muitas águas.

Salmos 66:6

Converteu o mar em terra seca; atravessaram o rio a pé; ali, nos alegramos nele.

Salmos74:15

Tu abriste fontes e ribeiros; secaste rios caudalosos.

Salmos77:16

Viram-te as águas, ó Deus; as águas te viram e temeram, até os abismos se abalaram.

bem como rios ou inundações נהרות nĕhār̂t  ou נהרים nĕhārı̂m

Salmos 93:3

Levantam os rios, ó SENHOR, levantam os rios o seu bramido; levantam os rios o seu fragor.

Naum 1:4

Ele repreende o mar, e o faz secar, e míngua todos os rios; desfalecem Basã e o Carmelo, e a flor do Líbano se murcha.

Habacuque 3:8—9

8 Acaso, é contra os rios, SENHOR, que estás irado? É contra os ribeiros a tua ira ou contra o mar, o teu furor, já que andas montado nos teus cavalos, nos teus carros de vitória?

9 Tiras a descoberto o teu arco, e farta está a tua aljava de flechas. Tu fendes a terra com rios.

O autor dum livro encontrado em Qumran — 1QH 3:29, 32 — chamado de H/odayot usa a metáfora “torrentes de Belial — נחלי ליעל —  naḥălê bĕliyya˓al — para descrever o massacre dos inimigos de Deus instigados por Satanás. Em algumas passagens as águas do caos elementar podem ser identificadas com as nações hostis a Israel — não confundir com o Israel moderno, pois essas passagens não se aplicam ao mesmo — Salmos 18:5—18, 46:3—4, 144:5—7, Habacuque 3:15. A tentativa da serpente de arrebatar a mulher é uma metáfora óbvia que a serpente deseja destruir a mesma.

Uma passagem Bíblica que pode ter algo a ver com o verso que estamos estudando, talvez seja a do Salmos 124.

Água como um rio — é uma metáfora comum no Antigo Testamento para qualquer espécie de mal avassalador —

Salmos 18:4

Laços de morte me cercaram, torrentes de impiedade me impuseram terror.

Mas como já falamos acima, a literatura judaica tem pouco ou mesmo nada para nos oferecer que seja algo pertinente ou paralelo ao que temos aqui no verso 15. Alguns estudiosos acreditam que essas palavras tenham alguma relação com os eventos da guerra judaico-romana entre os anos 66—73 a.D., que chegou, inclusive, a ameaçar a fuga da igreja de Jerusalém ou ainda, algo menos provável, como a inundação que impediu que os judeus de Gadarra atravessassem o rio Jordão, para fugirem do cerco dos romanos, em março do ano 68 a.D. Essa última passagem ficou conhecida como o massacre das águas transbordantes nos escritos do historiador judaico Flávio Josefo.

Do ponto de vista histórico, muitos estudiosos entendem essas águas, que tinham o objetivo de afogar e destruir a Igreja, como a tentativa dos judeus de Jerusalém de levantar uma grande perseguição contra a Igreja com o intuito de acabar com a mesma —

Atos 8:1—3

1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria.

2 Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.

3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.

Outros ainda acreditam que se trata de uma metáfora acerca do “rio de mentiras” que chegaria a ameaçar, até mesmo, os próprios escolhidos — ver 2 Tessalonicenses 2:9—12; Apocalipse 13:14; Mateus 24:24 — nos últimos dias. Esse “rio do engano” — conforme Apocalipse 2:9 e 3:9 — encontra sua contra partida no “o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” — Apocalipse 22:1

A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca — Apocalipse 12:16

A abertura da terra para engolir as famílias de Corá, Datã e Abirão — ver Números 16:28—33 — pode ter suprido a ideia que encontramos aqui no verso de 16. Além disso, a história de Números lança certa luz sobre o que temos descrito diante de nossos olhos. Não é algo incomum a existência de rios subterrâneos. Na Antiguidade o historiador grego Heródoto afirma que o rio Licos corria por debaixo da terra, próximo da cidade de Colossos. Toda essa cena serve como uma excelente ilustração para as palavras de Jesus contidas em

Mateus 16:18

Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Mesmo sabendo que a natureza está, de certa forma, envolvida com as consequências do pecado humano —

Romanos 8:19—22

19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.

20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,

21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.

22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.

é pouco provável que esse versículo esteja indicando que a natureza está do lado de Deus na batalha moral entre o bem e o mal.

Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar — Apocalipse 12:17—18.   

Irado por não ter conseguido ferir a mulher o dragão se volta, agora, contra o restante da descendência da mesma. Para aqueles que entendem a perseguição da mulher como uma tentativa do dragão de destruir a Igreja localizada na Palestina — igreja composta em sua maioria de judeus cristãos — fica fácil identificar “os restantes” mencionado como sendo a igreja espalhada pela bacia do Mar Mediterrâneo e composta, em sua maioria, por cristãos não judeus ou gentios. Mas nossa convicção pessoal é que esses restantes dizem respeito aos crentes em geral — tanto judeus como gentios — que são colocados aqui em contraste com o filho mencionado em Apocalipse 12:5 e 13. Esses crentes são os irmãos de Jesus —

Romanos 8:29

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

Hebreus 2:11

Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos.

Esses fiéis são descritos como sendo aqueles que: “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”. A expressão “o testemunho de Jesus” não se refere ao fato dos crentes darem testemunho de Jesus, mas descreve o próprio testemunho que Jesus deu acerca de si mesmo — ver Apocalipse 1:2, 9 ; 19:10; 20:4. A afirmação de João tem a intenção de tornar ainda mais explícita a ideia contida na expressão “mandamentos de Deus” conforme o uso que Paulo faz da mesma em 1 Coríntios 7:19.

OUTROS ESTUDOS EM APOCALIPSE 12

001 — INTRODUÇÃO – Literatura Apocalíptica e o Conceito de Quiasmo

002 — INTRODUÇÃO – Tema Central e Significado Perene

003 — Apocalipse 12:1a — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU — UMA MULHER — PARTE 1 

004 — Apocalipse 12:1b — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU  — UMA MULHER  — PARTE 2

005 — Apocalipse 12:2—3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 1

006 — Apocalipse 12:3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 2

007 — Apocalipse 12:4 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 3

008 — Apocalipse 12:5 — A MULHER E O FILHO QUE ELA DEU À LUZ

009 — Apocalipse 12:6 — A FUGA DA MULHER e a provisão divina

010 — APOCALIPSE 12:7 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 1

011 — APOCALIPSE 12:8 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 2

012 — Apocalipse 12:9 — o dragão, a antiga serpente, satanás e o diabo

013 — Apocalipse 12:10 — O DRAGÃO FOI EXPULSO DO CÉU

014 — Apocalipse 12:11 — vencedores por causa do sangue do cordeiro e porque não amaram mais aprópria vida

015 — APOCALIPSE 12:12 — FESTA NOS CÉUS E DORES NA TERRA

016 — APOCALIPSE 12:13 — O DRAÇÃO FOI ATIRADO PARA A TERRA

017 — APOCALIPSES 12:14 — A MULHER FOGE PARA O DESERTO

018 — APOCALIPSES 12:15—18 — O DRAGÃO DESISTE DA MULHER E VAI PERSEGUIR O RESTANTE DO POVO DE DEUS — FINAL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2014/05/apocalipse-121517-o-dragao-persegue-o.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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[1] No Novo Testamento a expressão “mar”, geralmente é usada para representar uma multidão de pessoas pela metáfora que deve ser evidente: “mundo de água”; “mundo de gente”.