O material que reproduzimos
abaixo nos foi sugerido por um irmão e achamos que o mesmo deve ser lido por
todos os verdadeiros cristãos, especialmente nesses dias de tanta mentira e
tanta pouca vergonha sendo praticada por falsos mestres e falsos profetas, os
quais são ardorosamente defendidos por seguidores loucamente apaixonados pelos
mesmos. O texto foi escrito por Pablo Massolar e publicado no blog “Ovelha
Magra” — http://ovelhamagra.blogspot.com.br/
Segue o texto do Pablo para o
qual pedimos uma leitura atenciosa:
Vergonha
alheia...
Já faz
algum tempo que tenho vontade de escrever sobre esse assunto, mas não me sentia
suficientemente motivado para depositar aqui estas poucas palavras sobre algo
tão incompreendido.
Nasci e
cresci num ambiente onde a experiência da fé sempre foi muito importante, porém
contundente. Dos dois lados da minha família a religiosidade sempre esteve no
meu cotidiano e eu me via entre dois polos constantemente. A família do meu pai
sempre foi muito católica. Minha avó paterna era bem engajada nas questões da
paróquia católica na pequena cidade onde morava. Quando eu passava minhas
férias na casa dela, sempre a via lendo a Bíblia com o terço ao lado, antes de
dormir. Meu avô, por parte de mãe, era pastor evangélico. Converteu-se ainda
jovem e aceitou o chamado pastoral já depois de casado. Ele visitava as igrejas
que pastoreava a cavalo ou de bicicleta porque não tinha dinheiro para comprar
um carro. Tempos difíceis aqueles!
O
casamento dos meus pais levou um tempo para ser aceito pelas duas famílias.
Havia meio que um ar de Montecchio e Capuleto na história deles. A cerimônia
foi realizada por um padre e um pastor (meu avô) ao mesmo tempo. Desde muito
novinho sempre passeei nos dois ambientes: católico e evangélico sem qualquer
problema. Às vezes ouvia tanto um lado como o outro apontarem os motivos da fé
que os movia.
Aprendi a
respeitar e ouvir pacientemente os pontos de vista que eram diferentes do meu e
responder com sinceridade às perguntas que me faziam e fazem sobre a fé que
professo. De lá pra cá, sou a terceira geração nesta família protestante (e de
pastores)...
Meu avô
foi pastor em Anta, uma cidade bem pequena que fica na divisa entre o Rio de
Janeiro e Minas Gerais, onde a briga entre protestantes e católicos era sempre
muito acirrada. Em 1960, quando ele chegou nessa cidade, foi até o padre e se
apresentou como o novo pastor designado para a cidade. O nível de amizade entre
os dois cresceu e chegou a um ponto surpreendente quando o alto-falante da
igreja católica queimou e meu avô, contrariando o clima de embate entre as
igrejas, emprestou o alto-falante da igreja onde era pastor para o padre
anunciar as programações da igreja católica.
Naquela
época os alto-falantes eram grandes cornetas, ficavam presos nas torres dos
templos e não tinham como ser removidos facilmente. Emprestar o alto-falante
significava anunciar a programação da igreja católica com o alto-falante da
igreja evangélica, na própria igreja evangélica.
Não
preciso dizer que, se naquela época isso já foi muito ousado, imagino que ainda
hoje muita gente, dos dois lados, vai mandar alguma pedrada. Mas eu aguento.
Na
faculdade de teologia vi esse tipo de pensamento convergente, declarado e
explicado de um outro jeito: "quando a gente entra para a igreja
evangélica, nos ensinam que os católicos não vão para o céu. É verdade! Muitos
católicos não vão para o céu. Mas, por outro lado, é verdade que muitos
evangélicos também não vão para o céu." Eu vou além... Na palavrinha "católicos", sem
ofensa, e sem comparação entre as palavras em si, mas só para ampliar o
pensamento, eu vou acrescentar: ateus, espíritas, desviados, pagãos,
prostitutas, gays e todo tipo de gente que nós (evangélicos) consideramos
"pecadores"...
Bem, fiz
esse preâmbulo todo para dizer que: dar voz a quem pensa diferente de mim não
demonstra que estou em cima do muro ou que mudei de opinião, muito menos que
minha fé não esteja firmada na Rocha. Demonstra respeito, vontade de aprender e
dar atenção ao outro. Simplesmente ouço todas as coisas, opiniões e maneiras de
enxergar a vida, tento me colocar no lugar do outro e absorvo somente aquilo
que realmente é bom. O que não é bom deixo pra lá e se, de alguma forma, eu puder contribuir para a outra pessoa
crescer e aperfeiçoar sua visão, farei com todo amor e respeito até que ela
mesma perceba o equívoco. Desse jeito vou
ganhando muitos irmãos de caminhada na fé.
Mas às
vezes chega o momento de virar a mesa, como fez Jesus no templo ao expulsar os
vendedores e ladrões que se utilizavam da fé do povo para enganar, explorar e
enriquecer do ouro do templo. Nem Jesus nem Paulo pegavam
leve com os que se diziam religiosos e ofendiam a Deus com sua prepotência,
arrogância e autossuficiência ainda que fossem grandes e respeitados líderes
religiosos.
Paulo e Jesus
davam nomes, sim! Nomes! O que para muitos evangélicos atualmente seria uma
afronta pelo que se diz "não toque no ungido" ou "não julgue
para não ser julgado". Denunciavam, expunham as feridas da religião, não
pela vontade de ganhar exposição, mas por amor ao Evangelho. O verdadeiro
Evangelho. Havia grandes líderes que o povo cultuava como representantes e
arautos da mensagem de Deus, mas eram apenas lobos em pele de ovelha, raça de
víboras e sepulcros caiados. Jesus dizia: "façam o que eles dizem, mas não
imitem os seus atos!".
O grande
problema hoje é que a maioria do povo está cego, seduzido, entorpecido pela
mensagem dos falsos profetas e não consegue discernir este tempo. O evangélico
é conhecido hoje muito mais pelo show, pelo mercado, pelo colégio eleitoral,
pela força da mídia e da pressão, sem amor e sem reflexão profunda, do que a
mudança de vida exigida pelo Evangelho.
Sinto
verdadeira vergonha alheia quando vejo um auto proclamado representante
evangélico ganhar mídia e projeção muito mais pela polêmica que consegue gerar
do que pelo anúncio: "vinde a mim, todos os que estão cansados e
sobrecarregados...".
Arrepia-me o
fato do povo evangélico e muitos outros simpatizantes defendê-lo e acharem que
está se pregando o Evangelho, que o pecado está sendo desmascarado. Pois eu
digo que o pecado está sendo desmascarado, sim, muito mais pela
"trave" que está no olho do povo evangélico do que pelo cisco no olho
de quem está apenas batendo no peito da própria existência, se dizendo um
pecador e sem coragem de olhar para o deus (com letra minúscula mesmo)
vingativo, negociador e charlatão anunciado nas telas das nossas TVs.
O Jesus da
Bíblia não se parece nem um pouco com o Jesus da televisão e dos grandes
templos. Só quem está cego e enfadado da religião que se "auto salva"
não consegue perceber. Para nossa tristeza e vergonha...
Não se faça
de sábio aos seus próprios olhos! No Reino por vir, os últimos, os esquecidos,
abandonados, pequeninos e menos proeminentes é que serão os primeiros.
O Deus
que se revela aos simples e pequeninos o abençoe rica, poderosa e
sobrenaturalmente!
Creio que o texto do Pablo diz
muito acerca do que todo verdadeiro cristão pensa acerca desses que se
apresentam como mega pastores, arrastando multidões com seu evangelho de
barganhas com Deus e, totalmente, desprovido da verdadeira graça salvadora do
Senhor Jesus Cristo.
Obrigado, Paulo e que Deus te
abençoe em teu ministério.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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