As chamadas doutrina de Balaão – ver Apocalipse 2:14 e a doutrina dos nicolaítas - ver Apocalipse 2:15 - não consistiam de um “corpo” de doutrina formal como por exemplo o “Manual da Doutrina Reformada”. Também não consistiam em doutrinas separadas, mas o texto grego indica, de forma precisa, que tanto uma quanto a outra tinham uma mesma ênfase.
Não temos nenhuma informação acerca dos nicolaítas do primeiro século d.C. Nossas informações mais antigas acerca deles, fora as menções no Apocalipse, nos vêm de Irineu que viveu no século II d.C. Irineu dizia que os nicolaítas eram seguidores de Nicolau, um prosélito, que foi contado entre os primeiros diáconos – ver Atos 6:5 - e que havia se esquecido da verdadeira doutrina cristã – ver “Contra Heresias” Livro I – 26:3. O bispo Hipólito, também do século II d.C., confirma este fato dizendo que Nicolau abandonou a doutrina correta e tinha o hábito de não se importar com o que alguém comia ou como vivia. O livro conhecido por “Constituições Apostólicas” diz que os nicolaítas viviam em extrema imundície - espiritual. Por fim, Clemente de Alexandria, apesar de defender Nicolau, alegando que os seus seguidores deturpavam seus ensinos, diz que eles se entregavam as paixões carnais como um bode solto no campo, ou seja, sem nenhuma restrição. Mas não existem provas concretas que liguem o Nicolau diácono com os nicolaítas
Existe outra explicação possível, desta vez lingüística. Tanto a palavra Balaão quanto nicolaítas podem ser quebradas de maneira tal, que as duas teriam um e o mesmo significado. Vamos ver como isto funciona:
Nicolaítas = Nicos + Laos = Vencedor + Povo
Aquele que derrota o povo
Balaão = Bela + Haám = Vencedor + Povo
Aquele que derrota o povo
De acordo com esta interpretação, os nicolaítas e Balaão seriam as formas grega e hebraica de um mesmo nome.
Conforme mencionamos no princípio, as doutrinas de Balaão e dos nicolaítas eram uma e a mesma. Vimos também que tudo que sabemos acerca dos nicolaítas chegou até nós através de autores que escreveram pelo menos 50 anos depois dos fatos narrados no Apocalipse. Todavia, sabemos muito acerca de Balaão. Desde a antiguidade ele foi visto em Israel como a personificação do mestre mau, que procura conduzir o povo à destruição. Como a doutrina de Balaão e a dos nicolaítas é uma e a mesma, nós podemos dizer que tudo que se aplica a doutrina de Balaão pode também ser aplicado aos nicolaítas.
A doutrina de Balaão tem a ver com o acontecimento descrito em Números 25:1—3, quando os filhos de Israel foram atraídos pelas mulheres moabitas, de uma maneira tal, que puseram em risco a própria existência de Israel como nação! Deus teve que agir de maneira fulminante para impedir um resultado tão desastroso – ver Números 25:4. A história de Balaão termina no capítulo 24 do livro de Números, e apesar do mesmo não ser mencionado no capítulo 25, Moisés nos informa mais adiante – ver Números 31:13—18 - que foi Balaão quem aconselhou as mulheres moabitas que quase causaram a ruína de Israel. Com este fato Balaão entrou para história do povo de Deus como símbolo do homem mau que conduz o povo de Deus aos pecados da idolatria e da imoralidade.
Os judeus passaram a identificar o Senhor Jesus com Balaão. Para eles Jesus e Balaão são a mesma coisa. Nos seus escritos oficiais – Enciclopédias e Talmude, especialmente o Talmude Babilônico – muitas das afrontas feitas a Jesus estão disfarçadas sob o nome de Balaão. Em tempos recentes o leitor pode acreditar que toda a literatura produzida pelos rabinos, especialmente os ortodoxos e ultra ortodoxos, quando menciona Balaão, pretende esconder ofensas e agressões que estão sendo realmente dirigidas ao Senhor Jesus.
Na carta aos cristãos em Pérgamo – ver Apocalipse 2:12—17 - os nicolaítas são acusados de seduzir o povo de Deus a comer carne sacrificada a ídolos e cometer fornicação. Estes dois pecados haviam sido destacados entre as coisas que os cristãos deveriam evitar pela reunião da Igreja em Jerusalém – ver Atos 15:28—29). Os nicolaítas eram pessoas que usavam a liberdade cristã como ocasião para dar lugar a carne – ver Gálatas 5:13. A atração a essas práticas era a própria sociedade na qual os cristãos estavam inseridos. Comer carne sacrificada aos ídolos era algo comum e relações sexuais fora do casamento eram completamente aceitáveis em tal sociedade. Os nicolaítas tentavam, portanto, estabelecer um compromisso entre o cristianismo e a sociedade pagã do mundo greco-romano em que viviam. A palavra do Cristo é objetiva: se os verdadeiros cristãos de Pérgamo não se arrependessem desta tolerância, Cristo viria a eles sem demora e pelejaria contra os seguidores destas falsas doutrinas, com a espada que sai de sua boca – ver Apocalipse 2:16. Isto é uma referência ao poder concedido pelo imperador a todo governador de província que podia ordenar a morte de uma pessoa, independente de qualquer outra coisa, mediante o uso de uma lei chamada “ius gladii”. Cristo quer deixar bem claro, que: o verdadeiro poder de punir encontra-se em suas mãos e não nas mãos dos governadores romanos.
Que Deus abençoe todos.
Alexandros Meimaridis
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