quarta-feira, 20 de novembro de 2013

JUSTIÇA NEGA LIMINAR DA BOLA DE NEVE CHURCH QUE TENTA IMPEDIR LIVRO DE SER COMERCIALIZADO



O material abaixo foi retirado do blog da Jornalista Anna Virginia que é também jornalista formada e articulista da Folha de São Paulo.

Sua notícia nos informa que a Bola de Neve Church(?) entrou com uma ação na justiça contra a distribuição e venda — o livro já está publicado — de uma tese em forma de livro comercial por citar o nome da igreja na Capa. Outras fontes informam que a BDN já perdeu sua ação nas duas primeiras instâncias.

Muito nos admira que um grupo que se diz evangélico e seguidor de Jesus contrate advogados para impedir a liberdade de expressão. Nunca devemos nos esquecer que esses mesmos evangélicos fizeram uma manifestação em Brasília pró liberdade de expressão para terem garantidos seus direitos de expor suas ideias sem constrangimento. Agora, estamos diante de uma condição, que ao que parece, tal liberdade só é boa se for para a gente. Para os outros vale mesmo a boa e velha “CENSURA”.

Liberdade de expressão boa é aquela que só serve para defender a gente. Se for contra a gente não vale!!!

Segue o artigo do Blog da Anna. 

Bola de Neve tenta barrar ‘biografia’ sobre marketing e igreja

A Bola de Neve, igreja evangélica liderada por um pastor surfista que usa pranchas como púlpito, tentou barrar na Justiça o livro “A Grande Onda Vai te Pegar – Marketing, Espetáculo e Ciberespaço na Bola de Neve Church”.

Virou marola a ação apresentada na 2ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Os advogados da igreja tentaram uma liminar para proibir o lançamento da obra, mas tiveram o pedido negado.

O título teoriza sobre supostas estratégias de mercado adotadas pelo apóstolo Rina, que fundou a “church” em 1999.

Popular entre os jovens, formado em marketing e pós-graduado em administração, ele faz o tipo que dispensa gravatas e apresentações. Adota leve topetinho (com cabelo mais tosado nos lados) para combinar com o estilo “mamãe passou Cenoura & Bronze em mim”.

Alguns subcapítulos do livro da discórdia:

Marketing ‘de Jesus’ e teologia da prosperidade

Conhecendo/acessando a lojinha/shopping/Planet Bola

É dando à igreja que se recebe de Deus: preparando davis para as finanças

Nós somos a dobradiça da porta: as mulheres do Bola como costela

 
Em púlpito de prancha, pastor prega na Bola de Neve da Pompeia, em São Paulo (Diego Shuda/Folhapress)

Eduardo Meinberg Maranhão, 40 anos, o “Du”, foi fiel da igreja entre 2005 e 2006. Já ex-“bolado”, defendeu em 2010 uma dissertação de mestrado em história, na Universidade do Estado de Santa Catarina, sobre a instituição. O trabalho acadêmico virou livro, que logo virou dor de cabeça para seu autor.

No último 30 de outubro, durante o lançamento da obra na USP, Du foi interpelado por um advogado da Bola. “Ele tentou me persuadir, dizendo que eu teria problemas caso lançasse o livro.”

Nos autos do processo, o juiz cita o artigo 20 do Código Civil –que veta biografias não autorizadas. Aquele mesmo que Roberto Carlos e Caetano Veloso, antes de procurarem se desentender, lutavam para preservar.

Para o juiz Alexandre Marcondes, a utilização desse dispositivo “apenas será tolerada quando seja possível afastar, de imediato, a presunção constitucional de interesse público”. O que não seria o caso aqui: “O interesse público é inegável”.

Para ele, o trabalho é acadêmico, e a igreja, apesar de ser pessoa jurídica de direito privado, “congrega interesses públicos e privados”.


Bíblia em culto na igreja evangélica em São Paulo (Christian Tragni/Folhapress)

MARCA

Conversei com uma advogada da igreja, Taís Amorim, por telefone e e-mail. Ela defende que o x da questão nada tem a ver com censura prévia, e sim com o uso indevido “da marca”.

“O autor utiliza, sem qualquer autorização, o nome da igreja na capa do livro, induzindo a erro especialmente os milhares de membros da entidade, que poderiam confundir a publicação como sendo da própria igreja (como de fato foi possível constatar no pouco de divulgação via Facebook).”
Taís também diz que, pela sinopse do livro, “foi possível deduzir que o juízo de valor promovido pelo autor não condizia à realidade da entidade”. Enxergar a Bola de Neve como uma “agência mercadológica é uma inverdade e, portanto, uma ofensa à entidade, que tem como único alvo e fomentador de seus trabalhos o Senhor Jesus Cristo”.

A advogada foi a primeira a me ressaltar a formação em marketing do apóstolo. Ela diz que Du procurou Rina com algumas perguntas sobre a igreja – mas decidiu ignorar suas respostas. Como aquela em que líder religioso teria dito: “Rasguei e joguei fora todos os livros e aprendizado que obtive na faculdade, pois quem dá o crescimento à igreja é Deus”.

O autor afirma que conversou com Rina pelo Facebook, em setembro. As respostas só teriam chegado cinco dias antes do lançamento, sem tempo hábil para inseri-las no livro, que a essa altura já estava na gráfica.


NO PRINCÍPIO ERA…

Janeiro de 2005. Du, cantor de rock nas noites paulistanas, havia se mudado para Florianópolis no dia 31 de dezembro, “atrás de vida nova”. Já conhecia wicca, bruxaria, kardecismo, “mil igrejas evangélicas” – com direito a “heavy metal gospel”.

Até que uma amiga chegou com a proposta:

- E aí, Du, você já foi à Bola de Neve?

Ele perguntou se era o nome de uma sorveteria local.

“Rindo de mim, ela me explicou que se tratava de uma igreja evangélica de surfistas, que tocava reggae e rock e tinha a fama de ser liberal em relação a muitos costumes, inclusive permitindo que os fiéis ‘ficassem’ durante o culto e que fumassem maconha na igreja”, escreve.

Ao longo do livro, ele diz que não presenciou consumo de drogas ou álcool na Bola.

Nota rápida da blogueira: em 2011, visitei dois cultos da Bola de Neve no templo da Pompéia, zona oeste de São Paulo, e não vi nada disso: o que testemunhei de mais radical foi uma adolescente de bandana na cabeça, estilo Axl Rose, e uma camisa do Bob Esponja que dizia algo mais ou menos por aí: “Nada de amarelar: chega de absorver pecados!”

Em 266 páginas, o autor intercala análises acadêmicas com sua experiência na Bola de Neve. Narra um evento em que foi com a namorada: “Nos sentamos próximos ao altar-palco e exatamente à nossa frente estavam Monique Evans e Cida Marques, [...] as duas vestidas de minissaia e blusa (bem) decotada”.

Diz ele: “Em minha dissertação, termos como agência religiosa, marketing, espetáculo e midiatização são entendidos de forma diferente do senso comum, que trata e tende a ver os mesmos do lado oposto da dimensão do sagrado. Tais termos não têm sentido negativo nem positivo, na minha opinião são categorias de análises – rasuráveis, como proponho”.

Responsável pela publicação, a Fonte Editorial espera a entrega da primeiro tiragem comercial do livro, de até 1.000 exemplares, segundo o editor Eduardo de Proença (o autor calcula que cada um custará em torno de R$ 40).

Em seu catálogo, “A Grande Onda Vai te Pegar” se somará a títulos como “O Evangelho Segundo os Simpsons”, “O Lado Bom do Calvinismo” e “Deus, Diabo e Dilma: Messianismo Evangélico nas Eleições 2010”.

O artigo original da Anna poderá ser visto por meio desse link aqui:


Já a blogueira Vera Siqueira opina de mondo bastante pontual, ao dizer:

Sobre liberdade de expressão, Vera Siqueira discorreu sobre o tema de uma perspectiva mais ampla, e citou bandeiras hasteadas por líderes evangélicos nacionais, inclusive o apóstolo Rina: “É muito bonito ouvir essa expressão nas Marchas para Jesus, quando os líderes gospel e os políticos em cima do palco principal a bradam e fazem a plateia repetir, em referência à liberdade que querem para denunciar o homossexualismo. Porém, a tal ‘liberdade de expressão’ só vale quando é favorável ao líder gospel. Esse negócio de ‘liberdade de expressão’ para homossexuais, críticos e autores de livros acadêmicos tem que ser reprimida a qualquer custo”, criticou.

Como podemos notar é mesmo lamentável que as lideranças midiáticas lancem mãos de atos de cerceamento da liberdade alheia apenas porque discordam das idéias de alguém. Conforme já dissemos antes, quando faltam argumentos, o jeito é apelar para a força. Em vez disso, sugerimos que a Bola de Neve Chuch(?) deixe o livro seguir o seu caminho e responda linha à linha, página à pagina do mesmo, com argumentos sólidos provando o eventual erro do autor ou, reconhecendo que o mesmo ter razão, possa emendar seus caminhos para o bem de todos.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.

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