quarta-feira, 12 de março de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 9:57—62 — A PARÁBOLA DO DISCÍPULO QUE DESEJAVA SEPULTAR O PRÓPRIO PAI — SERMÃO 025

The disciples had come to connect Jesus' hours of prayer with the power of His words and works. Now, with a conviction of their own deep need, they exclaimed, "Lord, teach us to pray."
Ilustração de Jesus dialogando com discípulos

Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.


Sermão 025

A PARÁBOLA DO DISCÍPULO QUE DESEJAVA SEPULTAR O PRÓPRIO PAI

AS PARÁBOLAS DE JESUS

A Parábola do Discípulo que Queria Sepultar o Próprio Pai – Lucas 9:57—62.

57 Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.

58 Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.

59 A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.

60 Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus.

61 Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa.

62 Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.

Introdução

A. Existem 39 parábolas contadas por Jesus registradas nos Evangelhos.

B. Essa pequena passagem não é tratada como parte das parábolas, no entanto nós encontramos nela duas comparações concretas entre o simbólico e o real como é característico das parábolas — ver versos 58 e 62.

C. No terceiro caso, a segunda história — versos 59—60 — nos apresenta um aspecto cultural importante e é esse motivo que nos inspira a escrever, pelo menos um pouco, acerca da mesma.

D. Os três pequenos diálogos precisam ser considerados juntamente, mesmo que o segundo não apresente nenhuma parábola porque os três formam uma unidade e o assunto do qual tratam é similar.

E. É importante destacarmos as pequenas, mas importantes similaridades e dissimilaridades que existem entre esses três pequenos diálogos:

1. No primeiro e no terceiro diálogo a pessoa envolvida é um voluntário — ver versos 57 e 61.

2. A pessoa envolvida no segundo diálogo é um recruta — ver verso 59.

3. No primeiro e no terceiro diálogo Jesus responde usando parábolas — ver versos 58 e 62.

4. No segundo diálogo não temos uma parábola e sim um mandamento direto.

5. O segundo e o terceiro diálogos estão unidos pela referência ao Reino de Deus — ver versos 60 e 62.

E. Hoje iremos nos ocupar somente do segundo diálogo e do costume cultural da época, que dura, na realidade até os dias de hoje.

I. O Segundo Diálogo

59 A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.

60 Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus.

A. Como mencionamos, essa segunda história não nos apresenta alguém voluntário e sim alguém que o próprio Jesus chama, ou seja, um recruta.  

B. Jesus o chama dizendo: Segue-me!

1. Esse segundo discípulo representa a força centrífuga da missão.

2. O verbo que Jesus usa ἀκολούθει μοι akoloúthei moi — Segue-me é um aoristo imperativo que indica uma ordem para começar algo novo. Tal ação iniciada deve continuar de modo permanente.

3. Pelo tipo de mandamento e pelo tempo verbal podemos deduzir que esse indivíduo não tem seguido a Jesus e, por isso, recebe a ordem para iniciar a fazê-lo.

II. A Resposta do Discípulo   

A. a resposta do discípulo que diz: Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai, tem sido muito mal entendida muitas vezes e essa má compreensão pode ser vista, inclusive em comentários nobres como os que foram escritos por Alfred Plummer[1] e I. Howard Marshal[2].

B. A ideia assumida pelos autores citados acima é de que o pai desse recruta havia acabado de falecer ou estava próximo disso. Mas tal interpretação é completamente estranha aos costumes do Oriente Médio.

C. De acordo com comentaristas árabes cristãos, a frase: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai, tem o seguinte significado: Deixa-me ir e servir ao meu pai enquanto ele ainda está vivo e depois que ele tiver falecido e eu o tiver sepultado, então estarei pronto para te seguir.

D. Outro comentarista local pergunta de modo perspicaz: Se o pai dele tinha morrido, porque o mesmo não estava naquela mesma hora velando o corpo de seu pai? Sua verdadeira intenção é adiar a questão de “seguir a Jesus”, para um futuro distante quando seu pai morrer como um homem já com bastante idade. O discípulo não se dá conta que o próprio Jesus em pouco tempo estará morto.

E. Assim temos que a expressão “sepultar meu pai” trata-se de uma forma idiomática que diz respeito, especificamente, ao dever do filho de ficar em casa cuidando de seus pais até que os mesmos venham a falecer e sejam colocados para descansar da forma mais apropriada possível.

F. O recruta está, na realidade, dizendo para Jesus: Eu só posso me comprometer com o Senhor depois que eu cumprir minhas obrigações como filho para com meus pais.

G. O discípulo reage ao chamado de Jesus, amparado pelos costumes da época e pela pressão que, certamente, seria exercida pela sociedade caso ele resolvesse seguir outro caminho que não fosse se manter leal ao dever que tinha.

H. Em palavra não ditas o recruta está dizendo para Jesus o seguinte: “Minha comunidade exige certas coisas de mim e a pressão que sofro não é pequena. Certamente o Senhor não deseja que eu viole meus costumes tradicionais e vá contra a ordem social estabelecida”. No entanto, isso é, exatamente, o que Jesus espera e requer do recruta.

III. A Proclamação do Evangelho  

1. A expressão “Tu, porém, vai e prega o reino de Deus” significa ir e anunciar o Reino de deus como uma realidade presente.

2. Jesus ao dizer “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos”, está afirmando que os mortos espiritualmente são bastante capazes de cuidar das tradições da comunidade local à qual o recruta pertence.

3. Enquanto isso o grego usa um “TU” bem enfático para indicar o que o recruta deve começar a fazer, imediatamente.


Conclusão:

A. O recruta do segundo diálogo é confrontado com a seguinte verdade:

1. A LEALDADE A JESUS E AO REINO QUE ELE INAUGUROU SÃO MAIS IMPORTANTES DO QUE QUAISQUER NORMAS OU REGRAS SOCIAIS.

B. As implicações Teológicas são as seguintes:

1. Jesus não aceita nenhuma autoridade que seja maior que a Sua própria.

2. As exigências culturais de qualquer comunidade, seja ela qual for, não são aceitas como desculpas válidas para não seguir a Cristo como discípulo. Pouco importa quão antigas ou até mesmo sagradas tais exigências possam ser.

3. O “SEGUE-ME” de Jesus é um mandamento que engloba o seguinte: “Participe na proclamação do Reino de Deus”. Dessa forma, Jesus se apresenta como o agente exclusivo de Deus, por meio do qual, a obediência ao reino de Deus pode ser expressada.

4. Existe uma força centrífuga com relação à missão nesse caso. O candidato é um recruta e não um voluntário. Jesus estende a esse indivíduo um convite para segui-lo.

Na próxima parábola falaremos acerca do “Terceiro diálogo”.



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Plummer, Alfred.  St. Luke no The International Critical Comentary. T. & T Clak Ltd, Edimburgh, 1977.
[2] Marshall, I. Howard. Commentary on Luke na The New International Greek Testament Commentary. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1980.

3 comentários:

  1. Edificou muito minha fé com este esclarecimento.

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    1. Caro Toni,

      Deus continue te abençoando e te dando discernimento nesses tempos tão difíceis. Essa é a nossa oração por você.

      Abraço,

      irmão Alex

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