Ilustração de Jesus dialogando com discípulos
Esse artigo é parte da
série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor
procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com
aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para
os outros artigos dessa série.
Sermão 025
A
PARÁBOLA DO DISCÍPULO QUE DESEJAVA SEPULTAR O PRÓPRIO PAI
AS
PARÁBOLAS DE JESUS
A Parábola do Discípulo
que Queria Sepultar o Próprio Pai – Lucas 9:57—62.
57 Indo eles caminho
fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
58 Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça.
59 A outro disse Jesus:
Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
60 Mas Jesus insistiu:
Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o
reino de Deus.
61 Outro lhe disse:
Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa.
62 Mas Jesus lhe
replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o
reino de Deus.
Introdução
A. Existem
39 parábolas contadas por Jesus registradas nos Evangelhos.
B. Essa
pequena passagem não é tratada como parte das parábolas, no entanto nós
encontramos nela duas comparações concretas entre o simbólico e o real como é
característico das parábolas — ver versos 58 e 62.
C.
No terceiro caso, a segunda história — versos 59—60 — nos apresenta um aspecto
cultural importante e é esse motivo que nos inspira a escrever, pelo menos um
pouco, acerca da mesma.
D. Os
três pequenos diálogos precisam ser considerados juntamente, mesmo que o
segundo não apresente nenhuma parábola porque os três formam uma unidade e o
assunto do qual tratam é similar.
E. É
importante destacarmos as pequenas, mas importantes similaridades e
dissimilaridades que existem entre esses três pequenos diálogos:
1. No
primeiro e no terceiro diálogo a pessoa envolvida é um voluntário — ver versos
57 e 61.
2. A
pessoa envolvida no segundo diálogo é um recruta — ver verso 59.
3. No
primeiro e no terceiro diálogo Jesus responde usando parábolas — ver versos 58
e 62.
4. No
segundo diálogo não temos uma parábola e sim um mandamento direto.
5. O
segundo e o terceiro diálogos estão unidos pela referência ao Reino de Deus —
ver versos 60 e 62.
E. Hoje
iremos nos ocupar somente do segundo diálogo e do costume cultural da época,
que dura, na realidade até os dias de hoje.
I. O Segundo Diálogo
59 A outro disse Jesus:
Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
60 Mas Jesus insistiu:
Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o
reino de Deus.
A. Como
mencionamos, essa segunda história não nos apresenta alguém voluntário e sim
alguém que o próprio Jesus chama, ou seja, um recruta.
B. Jesus
o chama dizendo: Segue-me!
1. Esse
segundo discípulo representa a força centrífuga da missão.
2. O
verbo que Jesus usa ἀκολούθει μοι — akoloúthei moi — Segue-me é um aoristo imperativo que indica uma
ordem para começar algo novo. Tal ação iniciada deve continuar de modo
permanente.
3.
Pelo tipo de mandamento e pelo tempo verbal podemos deduzir que esse indivíduo
não tem seguido a Jesus e, por isso, recebe a ordem para iniciar a fazê-lo.
II. A Resposta do
Discípulo
A. a
resposta do discípulo que diz: Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai,
tem sido muito mal entendida muitas vezes e essa má compreensão pode ser vista,
inclusive em comentários nobres como os que foram escritos por Alfred Plummer[1]
e I. Howard Marshal[2].
B. A ideia assumida pelos autores citados acima é de que o pai desse recruta havia
acabado de falecer ou estava próximo disso. Mas tal interpretação é
completamente estranha aos costumes do Oriente Médio.
C.
De acordo com comentaristas árabes cristãos, a frase: Permite-me ir primeiro
sepultar meu pai, tem o seguinte significado: Deixa-me ir e servir
ao meu pai enquanto ele ainda está vivo e depois que ele tiver falecido e eu o
tiver sepultado, então estarei pronto para te seguir.
D.
Outro comentarista local pergunta de modo perspicaz: Se o pai dele tinha
morrido, porque o mesmo não estava naquela mesma hora velando o corpo de seu
pai? Sua verdadeira intenção é adiar a questão de “seguir a Jesus”, para um
futuro distante quando seu pai morrer como um homem já com bastante idade. O
discípulo não se dá conta que o próprio Jesus em pouco tempo estará morto.
E.
Assim temos que a expressão “sepultar meu pai” trata-se de uma forma idiomática
que diz respeito, especificamente, ao dever do filho de ficar em casa cuidando
de seus pais até que os mesmos venham a falecer e sejam colocados para
descansar da forma mais apropriada possível.
F. O
recruta está, na realidade, dizendo para Jesus: Eu só posso me comprometer com
o Senhor depois que eu cumprir minhas obrigações como filho para com meus pais.
G. O
discípulo reage ao chamado de Jesus, amparado pelos costumes da época e pela
pressão que, certamente, seria exercida pela sociedade caso ele resolvesse
seguir outro caminho que não fosse se manter leal ao dever que tinha.
H.
Em palavra não ditas o recruta está dizendo para Jesus o seguinte: “Minha
comunidade exige certas coisas de mim e a pressão que sofro não é pequena.
Certamente o Senhor não deseja que eu viole meus costumes tradicionais e vá
contra a ordem social estabelecida”. No entanto, isso é, exatamente, o que
Jesus espera e requer do recruta.
III. A Proclamação do
Evangelho
1. A
expressão “Tu, porém, vai e prega o reino de Deus” significa ir e
anunciar o Reino de deus como uma realidade presente.
2. Jesus
ao dizer “Deixa
aos mortos o sepultar os seus próprios mortos”, está afirmando que
os mortos espiritualmente são bastante capazes de cuidar das tradições da
comunidade local à qual o recruta pertence.
3. Enquanto
isso o grego usa um “TU” bem enfático para indicar o que o recruta deve começar
a fazer, imediatamente.
Conclusão:
A. O
recruta do segundo diálogo é confrontado com a seguinte verdade:
1. A
LEALDADE A JESUS E AO REINO QUE ELE INAUGUROU SÃO MAIS IMPORTANTES DO QUE
QUAISQUER NORMAS OU REGRAS SOCIAIS.
B.
As implicações Teológicas são as seguintes:
1. Jesus
não aceita nenhuma autoridade que seja maior que a Sua própria.
2. As
exigências culturais de qualquer comunidade, seja ela qual for, não são aceitas
como desculpas válidas para não seguir a Cristo como discípulo. Pouco importa
quão antigas ou até mesmo sagradas tais exigências possam ser.
3. O
“SEGUE-ME” de Jesus é um mandamento que engloba o seguinte: “Participe na
proclamação do Reino de Deus”. Dessa forma, Jesus se apresenta como o agente
exclusivo de Deus, por meio do qual, a obediência ao reino de Deus pode ser
expressada.
4. Existe
uma força centrífuga com relação à missão nesse caso. O candidato é um recruta
e não um voluntário. Jesus estende a esse indivíduo um convite para segui-lo.
Na
próxima parábola falaremos acerca do “Terceiro diálogo”.
OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:
001 – O Sal
002 – Os Dois Fundamentos
003 – O Semeador
004 – O Joio e o Trigo =
005 – O Credor Incompassivo
006 — O Grão de Mostarda e o Fermento
007 — Os Meninos Brincando na Praça
008 — A Semente Germinando Secretamente
009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor
011 — A Eterna Fornalha de Fogo
012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha
013 — A Parábola dos Dois Irmãos
014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1
014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2
015 — A Parábola das Bodas —
016 — A Parábola da Figueira
017 — A Parábola do Servo Vigilante
018 — A Parábola do Ladrão
019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente
020 — A Parábola das Dez Virgens
021 — A Parábola dos Talentos
022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos
023 — A Parábola dos Dois Devedores
024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa
025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai
026 — A Parábola da Mão no Arado
027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo
027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita
027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano
027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro
027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria
027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei
028 — A Parábola do Rico Tolo —
029 — A Parábola do Amigo Importuno —
030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé
031 — A Parábola da Figueira Estéril
032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares
033 — A Parábola do Grande Banquete
034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro
035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001
036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002
037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001
037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002
037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003
037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento
037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida
037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que
Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
PS.
Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde
já agradecemos a todos.
mto bom
ResponderExcluirEdificou muito minha fé com este esclarecimento.
ResponderExcluirCaro Toni,
ExcluirDeus continue te abençoando e te dando discernimento nesses tempos tão difíceis. Essa é a nossa oração por você.
Abraço,
irmão Alex