domingo, 10 de março de 2013

DIVÓRCIO, NOVO CASAMENTO E πορνείαν — porneían



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Ontem recebi a seguinte solicitação:

Desculpe usar um tópico não pertinente, contudo não achei endereço de email que pudesse endereçar minha dúvida. Tomei contato com seu site lendo sobre a polêmica do Dep. Fed. Marcos Feliciano e li mais muitos outros tópicos. Seu vasto curriculum me encorajou a lhe pedir um estudo (se não há neste extenso blog) sobre divórcio e recasamento à luz da Bíblia. Li um estudo em um site e achei muito profundo e bem diferente daquilo que é pregado. Assim, peço que o senhor esclareça aos irmãos o significado da palavra grega "pornea" que é traduzido na maioria das Bíblias por "imoralidade sexual" ou "adultério".
Abaixo, o link do estudo que li:
http://familiasparacristo.com.br/evangelho-de-mateus-capitulo-19-sob-duas-traducoes-diferentes
Agradeço desde já.

Aqui vai a resposta para o benefício de todos:

Caro irmão,

Não há nada para desculpar, pois todos os tópicos são pertinentes a nós como crentes. Lamento que o blog não tenha meu e-mail, mas você pode me escrever no seguinte endereço, se precisar alguma outra vez:


Infelizmente ainda não transformei em artigo(s) os ensinamentos bíblicos acerca de divórcio e novo casamento.

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Quanto a expressão “porneían”, com base em Colossenses 3:5 podemos dizer:


  •  πορνείανporneíanPode ser traduzida de forma geral como : “relação sexual ilícita” o que pode incluir: “adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo, relação sexual com animais etc”. Ver Strong, J., & Sociedade Bíblica do Brasil. (2002; 2005). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (H8679). Sociedade Bíblica do Brasil. Traduzida por “fornicação” é o sexo entre pessoas não casadas ou solteiras. Isto inclui o sexo entre namorados ou com uma mulher ou homem que vive da prostituição — venda de serviços sexuais. Quando envolve a participação de alguma pessoa casada, a mesma reflete o conceito de adultério. A cultura daqueles dias aceitava a relação sexual fora do casamento, o que é aqui condenado por Deus. A prostituição procede do coração humano — Marcos 7:21 — e é definida como uma das obras da carne que milita contra o espírito — Gálatas 5:19. Sua prática, muito comum entre nós, é frontalmente contrária à vontade explícita de Deus para nós — 1 Tessalonicenses 4:3. Ver também 1 Coríntios 6:19.

Quanto à questão do divórcio e novo casamento, apesar de ter uma posição bem firmada em minha vida e meu ministério pastoral, que está para completar 36 anos, eu posso oferecer as seguintes breves idéias:

1. O divórcio era uma instituição bastante sólida no Oriente Próximo, quando Deus tirou o povo de Israel do Egito. O mesmo acontecia também, por exemplo, com o “vingador de sangue”. Então Deus tolerou, por um tempo essas e outras práticas. Todavia impôs limites às mesmas.

2. Quando ao vingador de sangue, Deus passou a proteger aqueles que tinham cometido um assassinato não intencional criando as chamadas cidades de refúgio —

Números 35:13 

As cidades que derdes serão seis cidades de refúgio para vós outros.

Três dessas cidades ficavam além do Jordão — na Transjordânia e três do lado de cá do Jordão — na Cisjordânia.

3. Quanto ao divórcio, apesar de Deus ser contra ele aceitou o mesmo pela dureza do coração do povo, por um tempo —

Mateus 19:8 

Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.

4. Mas Deus também impôs limites ao divórcio ainda nos dias da antiga aliança —

Deuteronômio 24:1—4

1 Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa;

2 e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem;

3 e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,

4 então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o SENHOR; assim, não farás pecar a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança.

Note bem: o homem — macho — poderia divorciar sua mulher por qualquer motivo, mas:

A. Era obrigado a fornecer uma carta de divórcio explicando o motivo — algo muito humilhante para os machões da época.

B. No caso do homem que divorciou sua mulher e se casou com outra e descobriu, tardiamente que tinha feito um péssimo negócio, ele podia se divorciar da segunda mulher, também fornecendo uma carta de divórcio, mas não podia, em nenhuma hipótese, voltar a se casar com a primeira mulher.

5. Esses dois impedimentos agravaram bastante a liberdade desfrutada pelos machos israelenses com relações às suas mulheres.

6. Mais adiante já mais perto do advento do Messias Jesus, Deus abriu o jogo quanto ao divórcio com palavras firmes e inequívocas:

Malaquias 2:16 na Nova Tradução na Linguagem de Hoje: 

Pois o SENHOR Todo-Poderoso de Israel diz: — Eu odeio o divórcio; eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim. Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher.

7. Ainda nos dias da Antiga Aliança que durou até a ressurreição de Jesus quando entramos, de fato na nova aliança, o Senhor Jesus endureceu também o jogo admitindo o divórcio apenas em caso de infidelidade conjugal. Já não era possível se divorciar por qualquer motivo. Os próprios discípulos reclamaram desse ensinamento:

Mateus 5:32 

Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.

Mateus 19:3—12 — Jesus resume a Criação, a concessão do divórcio no Antigo Testamento, mas já introduz, como legislador que era, novas regras:

3 Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?

4 Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher

5 e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?

6 De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

7 Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?

8 Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.

9 Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério.

10 Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.

11 Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado.

12 Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita.

8. Mais adiante já com a Nova Aliança em plena atividade o adultério é visto como pecado capaz de fazer um indivíduo não herdar o reino dos céus. Não são apenas a práticas homossexuais que são condenadas como certos pastores midiáticos e políticos gostam de pensar.

1 Coríntios 6:9—10

9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas,

10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.

9. Por fim mais uma grave advertência:

Hebreus 13:4 

Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Palavras claras e inequívocas, mas a imoralidade corre solta dentro das igrejas chamadas evangélicas.
Da perspectiva pastoral, todavia, existem problemas práticos e aqui está o que tenho adotado com o passar dos anos procurando ser compassivo com os transgressores, mas sem abrir mão dos ensinamentos bíblicos.

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1. Divórcio não tendo como motivo a infidelidade é PECADO. Nesse caso deve ser tratado como tal, pouco importa quem seja o homem ou a mulher que praticaram o mesmo. Mas temos que nos lembrar que todos os pecados podem ser perdoados, havendo arrependimento verdadeiro, com exceção do pecado imperdoável. Mas mesmo que o pecado seja perdoado aquele que se divorciou, não está livre para casar novamente, sob a pena de cometer adultério, que é outro pecado sério.

Mateus 12:32 

Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.

Marcos 3:29 
Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.

Lucas 12:10 
Todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do Homem, isso lhe será perdoado; mas, para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão.

2. Em caso de divórcio pecaminoso, por outro motivo que não seja infidelidade, nós adotamos em nossa igreja o princípio de admitir pessoas que estão num segundo casamento. Mas se houver novo divórcio nossa posição é bem clara: se quiser continuar em nossa igreja como divorciado pode, mas não pode se casar uma terceira vez, pois já está mais que provado que a pessoa não tem o dom para viver casado. Além disso precisa haver profundo arrependimento e confissão de pecado diante de Deus.

3. Quando alguém vem para nossa igreja e já está no segundo, terceiro ou quarto casamento, nós os recebemos de modo normal fazendo apenas questão de garantir que o casal entenda a gravidade dos pecados cometidos no passado, dos quais eles precisam de arrependimento profundo. Caso esse casal venha a se divorciar passam a valer as regras apontadas no item 2 acima.

4. Em caso de divórcio por abandono, onde o incrédulo abandona o crente, mesmo não tendo acontecido infidelidade, tal divórcio é considerado não pecaminoso, e o crente está totalmente livre daquele relacionamento, mas não está livre para se casar novamente. 

1 Coríntios 7:12—15

12 Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta 
consente em morar com ele, não a abandone;

13 e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido.

14 Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.

15 Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz. 

5. Um novo casamento só é completamente aceitável diante de Deus em caso da morte de um dos cônjuges conforme a instrução que temos em -

1 Coríntios 7:39

A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor.

Quanto aos ensinamentos contidos no site indicado por você:


Seguem algumas ponderações sobre o que lá está escrito.

1. Em primeiro lugar ele não diz que ele tem uma agenda e que por causa dessa mesma agenda sua visão será sempre distorcida em um ou outro ponto, porque ele deseja, acima de tudo, provar que seu entendimento está certo.

2. Depois ele não diz que o adultério, a fornicação, a prostituição, a homossexualidade e etc., são todos PECADOS e, como pecados, estão sujeitos ao perdão divino mediante arrependimento profundo e confissão sincera e ninguém pode julgar o coração de outra pessoa, apenas Deus.

3. O longo artigo ignora um fato gritante em toda a passagem de Mateus 19. Se Jesus está falando de intercurso sexual onde uma das partes — homem ou mulher — é CASADO, que diferença realmente faz chamar isso de fornicação ou de “imoralidade sexual” como o faz a Almeida Revista e Atualizada, ou de “adultério” como faz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje? Todas essas são traduções válidas para a expressão grega πορνείανporneían. Como a relação envolve uma pessoa CASADA não é mesmo um caso de ADULTÉRIO? Não é exatamente essa conclusão a que o próprio Jesus chega no final do versículo 9 quando usa a expressão “adultério”? Não existe saída: infidelidade conjugal, independente do nome que se queira chamar é sempre ADULTÉRIO, em última instância. Agora não querer conceder perdão a algum adúltero é concordar com a Congregação Cristã do Brasil que considera o adultério como sendo o pecado imperdoável.

4. O autor do artigo citado trata Mateus 19:9 como se o mesmo não estivesse tratando de uma cláusula de exceção. Mas em nenhum momento tem coragem de citar outro verso que trata do mesmo assunto que é

Mateus 5:32

Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.

Nesse versículo a cláusula de exceção fica transparente pelo uso que Jesus faz da expressão grega παρεκτὸςparektòs — cujo significado é: exceto; com a exceção de.

Todavia, como falamos acima, mesmo em caso de adultério, a parte inocente que se divorcia não tem liberdade para casar novamente

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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