ESTE ESTUDO É PARTE DE UMA SÉRIE DE ESTUDOS APRESENTADOS EM NOSSA IGREJA ATENDENDO À SOLICITAÇÃO DE UM DOS NOSSOS MEMBROS ACERCA DE “QUEM” PODERIA SER A MULHER MENCIONADA EM APOCALIPSE 12:1? NO FINAL DESSE ESTUDO VOCÊ ENCONTRARÁ OS LINKS PARA OS OUTROS ESTUDOS DESSA SÉRIE.
VI. Uma Interpretação Histórica, Filológica e Teológica de Apocalipse 12.
Dragão com Várias Cabeças
Que
tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas — Apocalipse
12:3.
Já no
Antigo Testamento encontramos citações onde o לִוְיָתָן — liveyatan,
traduzido por “crocodilo” é mencionado como tendo várias cabeças — ver Salmos 74:14. E essa afirmação
bíblica é atestada por textos encontrados em Ugarit[1]. O
numeral sete na literatura apocalíptica joanina tem o sentido de algo completo
e, nesse sentido, é aplicado para representar a dimensão do poder do dragão que
se espalha por toda a terra. Seus diademas ou coroas são apenas uma
manifestação da sua arrogância, pois pretende reivindicar para si uma condição
de poder real que não lhe pertence. Apenas Jesus é chamado de REI DOS REIS E
SENHOR DOS SENHORES E ESTÁ COROADO COM VÁRIOS DIADEMAS – ver Apocalipse 19:12,
16.
Uma vez
que essa imagem do dragão descrito aqui, não é desenvolvida nem ampliada pelo
vidente, podemos concluir que a mesma é uma interpolação da descrição daquela
besta que temos em Apocalipse 17:3, Nesse mesmo capítulo nos encontramos uma
explicação mais ampla do significado das sete cabeças e dos dez chifres — ver
Apocalipse 17:9—14. A expressão grega θηρίον — theríon — usada para caracterizar a besta que
emerge do mar — ver Apocalipse 13:1 — já foi mencionada uma vez antes — ver
Apocalipse 11:7 — mas ela não deve ser confundida com o dragão, pois está
subordinada ao mesmo – ver Apocalipse 13:3—4. Assim temos três bestas
distintas: o dragão, a besta que emerge do mar e a besta que conduz a grande
meretriz. Alguns intérpretes entendem que a referência aos dez chifres dessas
bestas fazem alusão ao que está escrito em Daniel 7:7, 20 e 24, onde os chifres
são visto como uma sequência ininterrupta de dez reis, de um único império
global. A expressão grega κέρατα — kérata — chifre, simboliza poder o que nos leva
a concluir que esse dragão terá completo domínio sobre todo o mundo, algo que
poderá ser alcançado mediante o uso de governantes terrenos
As
“bestas” mencionadas em Apocalipse 13:1 e 17:3 são descritas como tendo sete
cabeças, mas tal quantidade não é explicada na profecia de Daniel, mas apenas
aqui no Apocalipse como acabamos de mencionar logo acima. Mas o profeta Isaías
menciona três répteis distintos que serão destruídos por Deus — ver Isaías 27:1.
De qualquer forma os estudiosos dessas expressões nos dizem o seguinte acerca
delas:
Dragão com sete cabeças
O Significado das Sete Cabeças.
1.
Simbolicamente significa completa sabedoria. Um intelecto tremendamente
poderoso, mas tudo não passará de sagacidade de Satanás que chegará perto de
aniquilar a humanidade, durante o período que a Bíblia chama de “grande
tribulação” — ver Mateus 24:21 — tão grande será a destruição e devastação que
sua ação causará na terra.
2. O
simbolismo também salienta como é terrível esse dragão. Não estamos lidando
como algum tipo de monstro ordinário no sentido de simples ou comum. Ele é
terrível e poderoso da mesma forma que os antigos entediam os monstros
mitológicos com várias cabeças.
3. As
cabeças, provavelmente, representam governantes terrenos e humanos por meio dos
quais Satanás fará valer sua vontade assassina: João 8:44 — Vocês são filhos do Diabo e querem fazer o que o pai de
vocês quer. Desde a criação do mundo ele foi assassino e nunca esteve do lado
da verdade porque nele não existe verdade. Quando o Diabo mente, está apenas
fazendo o que é o seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras — NTLH. Do ponto de vista histórico, o apóstolo
João já conseguia perceber esse domínio satânico operando através de
governantes humanos, por causa das terríveis perseguições conduzidas contra os
cristãos e a Igreja de Cristo. Nos dias de hoje, como nossa fé nos impõe
diversas limitações que não são consideradas politicamente corretas, começamos
a observar diversos ataques que vão desde a classificação de “pessoas
intolerantes”, passando pela perda do status de “organizações sem fins
lucrativos isentas dos pagamentos de impostos” e chegando até mesmo na
perseguição física.
4. Da
perspectiva metafísica, as “sete cabeças” transcendem a qualquer “poder
terreno”, pois estão diretamente relacionadas a Satanás, o dragão, e fazem
referência ao seu poder em todas as suas dimensões: política, financeira,
social e espiritual. É por meio das lideranças humanas que o poder do Diabo
será manifestado sobre toda a terra.
Dragão com dez chifres
O
Significado dos Dez Chifres.
1.
Biblicamente a expressão chifre sempre foi usada como metáfora para força e
poder.
2. Nesse
caso os mesmo representam o poder de Satanás em todas as suas dimensões.
3. Da
perspectiva da história esses chifres podem muito bem, representar governantes
humanos que, através dos séculos, estão sempre dispostos a fazer a vontade do
diabo em troca de poder humano.
4. Em
nossos dias, ao que tudo indica, o chamado G8 + a Rússia, o Grupo Bildeberg, A
Comissão Trilateral, o Council of Foreign Affairs seriam parte desse esquema,
mas o mesmo é mutante de acordo com a vontade do Dragão que controla esses
líderes como um titeriteiro que manipula as marionetes ou títeres. Os grandes
líderes mundiais estão a serviço do Diabo, especialmente aqueles que se
apresentam como “religiosos”.
5. Da perspectiva mística, os dez chifres de Satanás indicam seu
grande poder cósmico, que transcende a qualquer situação dessa terra.
Todavia, devemos destacar que existem outras interpretações acerca desses chifres, algumas das quais devemos apontar pela possível relevância das mesmas para a nossa discussão.
1. Aqueles que interpretam o Apocalipse de forma histórica, i.e., o Apocalipse é uma narrativa ordenada dos acontecimentos históricos de forma sequencial, acabam por dividir as cabeças e os chifres em períodos históricos e não admitem a possibilidade dos mesmos se manifestarem todos em um mesmo período. Agindo assim, esses autores acabam por anular o conceito bíblico dos “últimos dias” — período que se estende desde a ascensão do Senhor Jesus até sua triunfal segunda vida — transformando o mesmo em um prolongado período histórico que dá margem às mais diversas e até absurdas especulações. Para esses intérpretes as cabeças e os chifres são “reinos” ou “períodos de governo” e não governantes individuais. Como o número 10 é usado no Apocalipse para designar o todo do reino maléfico de Satanás, então as cabeças e os chifres representam a inspiração satânica que domina o mundo através da história da humanidade.
2. Outros intérpretes rejeitam por completo qualquer conexão com o
império romano, com governantes humanos e até mesmo com as bestas controladas
pelo Diabo. Para esses, a descrição é exclusiva do próprio Diabo ou dragão.
Para alguns desses estudiosos a descrição está diretamente relacionada com o
poder cósmico do Diabo e não passa nem de perto da terra. Esses são os que
acreditam que a descrição que temos diante de nós faz referência aos
principados e potestades que existem nas regiões celestiais — ver Efésios 3:10
e 6:12. Todavia, é impossível dissociar o dragão das bestas mencionadas no
Apocalipse, especialmente por causa da descrição que encontramos em Apocalipse
13:2—4. O dragão manifestará seu poder por meio da besta e será adorado como se
fosse o próprio Deus, através da besta, já que o dragão é o deus desse mundo — conforme 2 Coríntios 4:3—4: Porque, se o evangelho
que anunciamos está escondido, está escondido somente para os que estão se
perdendo. Eles não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles
na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem
da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus
realmente é — NTLH. João
evita repetir a blasfêmia dizendo: Quem
é semelhante à besta? Em vez de dizer o que os adoradores da besta
realmente afirmam: QUEM É SEMELHANTE A deus? Essa besta de apocalipse 13 é o
personagem humano no qual o próprio Diabo irá se encarnar — imitando o Verbo
Eterno de Deus que se encarnou no homem que conhecemos como Jesus.
O dragão com todo seu imenso poder e com toda sua sabedoria está
totalmente dedicado ao mal e deseja destruir não apenas a Igreja, mas o próprio
Jesus. Por isso, Paulo nos adverte com palavras tão sérias acerca da verdadeira
batalha espiritual que é contra esses inimigos espirituais que estão, na
realidade, por trás das aparências humanas. Apesar dos seres humanos não serem
isentados da responsabilidade, a última causa do mal se encontra no diabo e
seus demônios que controlam os seres humanos com grande facilidade, explorando
a vaidade, o orgulho, a ganância e tantas outras fraquezas do caráter humano —
ver Efésios 6:11.
Se perdermos essa compreensão, então nunca poderemos, de fato,
entender o Apocalipse.
Dragão com sete coroas
O
Significado dos Sete Diademas.
A palavra
grega διαδήμα — diadéma — que originalmente se referia a fita ou
faixa azul que era marcada com branco, usada pelos reis da Pérsia para prender
o turbante ou a tiara, em tempos posteriores veio a significar: ornamento real
para a cabeça ou coroa. Essa expressão ocorre duas outras vezes no livro do
Apocalipse — ver 13:1 e 19:12. Independente de sua aparência física o diadema
sempre foi reconhecido como “coroa real”. Na LXX em Isaías 62:3 encontramos
essa expressão: διάδημα βασιλείας — diadema
basileías — coroa
real com relação ao próprio Deus.
Outra
expressão grega também mencionada no Novo Testamento é στέφανον — stéfanov —
coroa ou grinalda ou guirlanda que era dada como prêmio aos vencedores nos
jogos públicos. Podia ser confeccionadas de folhas, de frutos ou outros
materiais da natureza. A expressão também era usada como nome próprio como
temos em Atos 6:8 onde lemos Στέφανος — Estêvão — cujo significado preciso é:
coroado. Sacerdotes também usavam coroas — geralmente chamadas de mitras — como
era costume na antiguidade entre os persas, os assírios e os egípcios. As
mitras usadas pelos dignitários da Igreja Católica Apostólica Romana são
copiadas desses povos e não tem nada a ver nem com o judaísmo — os sacerdotes
judeus usavam turbantes — nem com o verdadeiro cristianismo onde tal uso foi
completamente abolido.
A
interpretação desses diademas na cabeça do dragão não muito difícil. Do mesmo
jeito que o Senhor Jesus tem muitos diademas em sua cabeça — conforme Apocalipse
19:12 — o invejoso dragão também se ornamenta com vários diademas. A diferença
é que, no caso dele, os mesmos não valem nada. Os diademas do dragão estão,
provavelmente, relacionados com os reis da terra que ele domina e que estão
dispostos a tudo para fazer a vontade de Satanás. Os números sete e dez são
referência ao fato que o governo satânico será “completo e perfeito” enquanto
assim Deus permitir. Os
alicerces do domínio satânico são a maldade e a perversão — oposto aos de
Cristo que são retidão e justiça. Tudo isso serve apenas para nos indicar que durante os últimos
dias, a grande perseguição não será apenas orquestrada pelo Diabo, mas será,
diretamente, controlada por ele através desses reinos tirânicos por excelência.
Assim podemos resumir o que temos dito da seguinte maneira:
1.
Satanás é apresentado como um dragão para representá-lo como inimigo terrível e
furioso. Sua sabedoria se consuma na prática do mal e ele sempre irá encontrar
seu “homem” ou “homens” dispostos a fazer sua vontade de perversão e injustiça.
2. O
contexto geral imediato, todavia, nos mostra que no final Jesus irá triunfar
sobre Satanás e nós, os crentes, porque estamos em Cristo também iremos
triunfar sobre esse nosso adversário. Já nos dias de hoje, nenhum mal — definitivo
— pode atingir o crente verdadeiro.
3. O que
João entende e deseja nos transmitir é que o coração do mal é a “vontade
maligna”. Quando um coração se entrega ao maligno — à prática do mal — atinge o
ponto mais profundo que o ser humano pode atingir. Esse é o ponto em que o mal
é praticado com devoção. Trata-se de se dedicar ao mal de forma apaixonada. É o
desejo de participar até mesmo de coisas que não se pode participar. É o desejo
de se apossar do trono de Deus, como se isso fosse possível. É o delírio último
do ser caído, seja humano ou não humano!
OUTROS ESTUDOS EM APOCALIPSE 12
001 — INTRODUÇÃO – Literatura Apocalíptica e o Conceito de Quiasmo
002 — INTRODUÇÃO – Tema Central e Significado Perene
003 — APOCALIPSE 12:1A — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU — UMA MULHER — PARTE 1
004 — APOCALIPSE 12:1B — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU — UMA MULHER — PARTE 2
005 — APOCALIPSE 12:2—3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 1
006 — APOCALIPSE 12:3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 2
007 — APOCALIPSE 12:4 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 3
008 — APOCALIPSE 12:5 — A MULHER E O FILHO QUE ELA DEU À LUZ
009 — APOCALIPSE 12:6 — A FUGA DA MULHER E A PROVISÃO DIVINA
010 — APOCALIPSE 12:7 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 1
011 — APOCALIPSE 12:8 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 2
012 — APOCALIPSE 12:9 — O DRAGÃO, A ANTIGA SERPENTE, SATANÁS E O DIABO
013 — APOCALIPSE 12:10 — O DRAGÃO FOI EXPULSO DO CÉU
014 — APOCALIPSE 12:11 — VENCEDORES POR CAUSA DO SANGUE DO CORDEIRO E PORQUE NÃO AMARAM MAIS APRÓPRIA VIDA
015 — APOCALIPSE 12:12 — FESTA NOS CÉUS E DORES NA TERRA
016 — APOCALIPSE 12:13 — O DRAÇÃO FOI ATIRADO PARA A TERRA
017 — APOCALIPSES 12:14 — A MULHER FOGE PARA O DESERTO
018 — APOCALIPSES 12:15—18 — O DRAGÃO DESISTE DA MULHER E VAI PERSEGUIR O RESTANTE DO POVO DE DEUS — FINAL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2014/05/apocalipse-121517-o-dragao-persegue-o.htmlQue Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Ugarit (atual Ras Shamra, em árabe: رأس شمرة, significando
"topo/cabeça/capa do funcho selvagem") foi uma antiga e cosmopolita cidade portuária, situada na costa mediterrânea do norte da Síria, alguns quilômetros ao
norte da cidade moderna de Latakia. Ugarit enviava tributo
ao Egito e mantinha vínculos
diplomáticos e comerciais com o antigo Chipre (chamado então de Alashiya), documentados nos arquivos recuperados do sítio
arqueológico e corroborados pela cerâmica cipriota e micênica descoberta
ali. O apogeu da cidade ocorreu de cerca de 1450 a.C. até 1200 a.C — extraído da Wikipádia.
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