O material abaixo foi publicado
pelo site da revista superinteressante.
Fraudes:
Me engana que eu gosto
Alguns casos célebres de suposta
paranormalidade não passaram de truques de ilusionismo. O pior é que muita
gente ainda acredita na farsa
por Redação Super
Maurício Oliveira
A suspeita de fraude sempre
rondou os fenômenos ditos paranormais. Algumas histórias causaram comoção em
suas épocas, antes de serem desmascaradas. Um dos episódios mais célebres foi
um verdadeiro ou melhor, um
fictício conto de fadas e envolveu duas meninas inglesas, Elsie
Wright, de 16 anos, e sua prima Frances Griffiths, de 10. Em 1917, elas
garantiram ter visto pequenas fadas, com 10 centímetros de altura, em um
lugarejo chamado Cottingley Glen, pequeno pântano cercado de árvores, onde
costumavam brincar. Contaram a história ao pai de Elsie, que não acreditou. As
meninas resolveram, então, pegar emprestada a câmera fotográfica dele e provarcom fotografias.
Elas obtiveram duas imagens. A
primeira mostrava um grupo de pequenas mulheres com asas de borboleta dançando
à frente de Frances. Na outra, era Elsie quem brincava com um gnomo. A história
correu o país e ganhou um defensor famoso: o escritor Arthur Conan Doyle,
criador de Sherlock Holmes. Espiritualista fanático, ele não hesitou em tratar as aparições das
fadas como autênticas, ignorando falhas evidentes nas imagens. A primeira foto,
por exemplo, mostra quatro fadas dançando e tocando flautas. No fundo aparece
uma cachoeira borrada, indício de que a foto foi feita com uma velocidade lenta
do obturador. Se estivessem em movimento, as fadas também deveriam aparecer
borradas na foto, certo?
Ao longo das décadas seguintes,
as protagonistas da história deram explicações evasivas sobre as curiosas
imagens. Até que Elsie, já idosa, admitiu ter desenhado as fadas inspirada nas
ilustrações de um livro infantil. Assim como a prima, no entanto, ela continuou
afirmando que ambas realmente viram fadas, só não tinham como provar daí a idéia de forjar as imagens.
Ruídos do outro mundo
Em 1848, duas irmãs que viviam em
um lugarejo próximo a Nova York
Kate, de 11 anos, e Margareth, de 13 começaram a relatar a ocorrência de
barulhos estranhos no quarto delas. E o mais incrível é que ambas conseguiam se
comunicar com os ruídos, atribuídos ao fantasma de um comerciante que
vivera na mesma casa, para a qual a família Fox havia se mudado no ano
anterior. Era assim: as meninas batiam palmas e o espírito respondiacom estalos. A história
se espalhou rapidamente e logo atraiu todo tipo de curiosos. O caso foi investigado
sem que ninguém pudesse classificá-lo como fraude: os ruídos pareciam mesmo vir
do além.
Quatro décadas se passaram até
que Margareth decidiu confessar a fraude e o fez em uma demonstração pública, presenciada por dezenas de
espectadores, em 1888. Ela revelou que os ruídos eram resultado de uma
estranha habilidade das irmãs: estalar as juntas dos dedões dos pés, que se
mexiam quase imperceptivelmente.
Truques do homem do rá!
O mineiro Thomaz Green Morton, o
homem do rá! (seu grito energizante), ficou famoso nos anos 80 como um
paranormal capaz de produzir luzes, entortar talheres e fazer perfume brotar
das mãos, poderes que teria desenvolvido aos 12 anos, depois de ser atingido
por um raio enquanto pescava. Aclamado por alguns como o maior
paranormal do mundo, ele
atraiu uma legião de personalidades para o seu sítio em Pouso Alegre (MG). Gal
Costa, Elba Ramalho, Ivo Pitanguy, Baby Consuelo e Sérgio Reis estavam entre os
que não hesitavam em testemunhar sobre as façanhas do guru. No auge da
fama, consta que ele chegou a cobrar 20 mil dólares por cinco dias no seu sítio
para tratamento de
energização.
Hoje, estudiosos de fenômenos
paranormais não têm dúvida de que Morton não passa de um ilusionista e nem é dos melhores. Ele é uma
farsa, afirma o psicólogo Wellington Zangari, coordenador do Inter Psi
(Grupo de Estudo de Semiótica, Interconectividade e Consciência), ligado à PUC
de São Paulo. Morton diz ter
todos esse poderes, mas jamais conseguiu demonstrá-los a pesquisadores com
conhecimento de ilusionismo e prestidigitação, diz Zangari.
Morton já foi flagrado diversas
vezes, inclusive em frente às câmeras. Uma das imagens o mostrou em volta de
uma mesa com amigos, segurando um garfo quebrado. Enquanto pedia aos presentes
que dissessem um número de 0 a 100, ele buscou embaixo da mesa um talher já
colado em câmera lenta, o
movimento era claro. De repente, gritou o famoso rá! e deu o garfo colado a
quem supostamente teria acertado o número.
Em outra ocasião, um flash de
máquina fotográfica escondido embaixo da mesa disparou antes da hora, revelando
o truque usado para produzir os fenômenos luminosos. Morton ficou visivelmente
desconcertado e tentou atrair a atenção dos presentes para outro ponto,
afirmando que a luz havia vindo de lá. Houve também a cena em que ele passou um
punhado de moedas de uma mão para a outra e exibiu, ao final, uma das moedas
dobradas o problema é que
na mão de origem havia oito moedas e na mão de destino apareceram nove.
Apesar das evidências, ainda há
quem consiga encontrar fatos inexplicáveis relacionados aos supostos poderes de
Morton, como, por exemplo, a protuberância na testa que parece se inchar de vez
em quando. Isso pode ser
feito com um sistema simples de sucção, como aquelas bombas usadas para extrair
leite materno, ou pela utilização de alguma substância química que produza
reação alérgica, diz
Zangari. Para dar uma última oportunidade a Thomaz Green Morton que anda um
tanto recluso já faz algum tempo , Zangari lança um desafio público: que ele
se submeta a testes na sede do Inter Psi, com a presença de jornalistas e de
equipes de TV.
Dois nomes, duas
fraudes
A francesa Marthe Béraud iniciou
sua carreira de médium em
1906, aos 19 anos. Após a morte do noivo, filho de um influente general, ela
foi viver com os ex-futuros sogros na Argélia. Lá começou a se dizer capaz de
materializar um fantasma. Nas apresentações, que atraíam representantes da alta
sociedade, a figura de um homem com uma densa barba negra e ostentando um turbante surgia
entre as cortinas que separavam Marthe da platéia. A aparição dizia se
chamar Bien Boa, um hindu que teria vivido mais de 300 anos antes. Apesar dos
detalhes quase cômicos (certa ocasião, a longa salva de palmas acompanhada de
gritos de bravo! fez Bien Boa
reaparecer de trás das cortinas para reverenciar o público), a credibilidade
das apresentações só ruiu quando um cocheiro árabe chamado Areski revelou que
era ele quem fazia o papel do hindu. Um alçapão oculto seria o truque para
entrar em cena. Os defensores de Marthe alegaram que Areski estava mentindo
para se vingar por ter sido demitido. De qualquer forma, a denúncia obrigou
Marthe a sair temporariamente de cena.
Alguns anos depois, Marthe
reapareceu em Paris, ostentando então o nome Eva Carrière ou, como gostava de ser
chamada, Eva C. As aparições de Bien Boa deram lugar a uma nova habilidade:
materializar imagens de rostos humanos. Em processos novamente realizados em
ambientes escondidos por cortinas, as imagens surgiam grudadas no pescoço ou no
cabelo de Marthe. As fotografias das sessões de Eva C. causaram sensação no
período entre 1909 e 1913. Aos olhos de hoje, contudo, soam até ingênuas as materializações eram
visivelmente feitas de papel amassado.
A fraude de Eva C. começou a ser
desmascarada quando alguém notou que os rostos eram muito parecidos com os de
fotos publicadas na revista Le Miroir, grosseiramente retocadas. Mesmo com
todas as evidências, seus defensores ensaiaram uma explicação: ela era leitora
assídua da revista e isso teria influenciado o seu dom paranormal.
O fantasma de Columbus
Em 1984, alguns fenômenos
estranhos ruídos
inexplicáveis, objetos que caíam sozinhos, móveis que se arrastavam pelo chão
começaram a ocorrer na casa de Tina Resch, uma adolescente de 14 anos de
Columbus, no estado americano de Ohio. A imprensa passou a cobrir o caso, logo
chamado de O poltergeist de Columbus,
em alusão ao filme Poltergeist, que fizera sucesso dois anos antes. Com a casa
dos Resch cercada por jornalistas, a câmera de uma equipe de TV captou
por acaso uma cena em que Tina gritava com horror ao ver um abajur se espatifar
no chão. Parecia que o objeto tinha caído sozinho, mas a imagem mostrava que,
na realidade, a garota havia discretamente puxado o fio do abajur.
A descoberta da fraude revelou um
drama familiar. Tina era adotada pelo casal John e Joan Resch e quis chamar a
atenção da mídia para encontrar seus pais verdadeiros. A história teve um final
triste. Os verdadeiros pais de Tina nunca apareceram. Antes de fazer 20 anos, ela
se envolveu com um rapaz e engravidou. Em 1992, a pequena Amber, de 3 anos, foi
encontrada morta com vários ferimentos na cabeça. As investigações incriminaram
Tina e, em 1994, ela foi condenada à prisão perpétua.
O artigo original poderá ser
visto por meio do link abaixo:
Que Deus abençoe a todos e nos
livre de tais enganos.
Alexandros Meimaridis
PS.
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