ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE
VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA, A IMPORTANTE QUESTÃO
RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS
E HERMAN RIDDERBOS. NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE
CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA
SOTERIOLOGIA DE PAULO
Colossenses 1:15—20
15 Este é a imagem do
Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
16 pois, nele, foram
criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi
criado por meio dele e para ele.
17 Ele é antes de todas
as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a
cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os
mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a
Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito
a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas
as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
Como vimos no estudo anterior,
Jesus é considerado com relação à ressurreição como os primeiros frutos e nós representamos a totalidade da colheita
futura. Essa mesma realidade nos é apresentada nos versos acima, onde Cristo é
referido como sendo o primogênito dos
mortos. Nesse caso, nós somos os outros irmãos daquele que é o filho
primogênito. A mesma verdade é referida por Paulo em —
Romanos 1:4
E foi designado Filho
de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos
mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor.
No entanto, nessa passagem de
Colossenses acima, o verso 15 usa a mesma expressão πρωτότοκος — protótokos — primogênito, para se referir a Cristo como o primogênito de toda a criação. Existem duas qualificações
atreladas à interpretação dessa frase, independentemente de como a mesma deve
ser interpretada de forma correta. A primeira é que a expressão πρωτότοκος — protótokos — primogênito no verso 15 está focada no
relacionamento de Cristo com a criação. A segunda é que Jesus não pode ser, em
nenhuma hipótese, o primeiro ser a ter sido criado. Dizemos em nenhuma
hipótese, pois tal afirmação é duramente negada pelo restante do texto. Cristo
é o primogênito exatamente porque
todas as coisas foram criadas por ele, conforme o verso 16.
Mantendo esses limites bem
estabelecidos devemos entender a expressão primogênito
em Colossenses 1:15 como derivada do uso que o Antigo Testamento faz dos termos
primeiro e nascido que, na expressão
primogênito, são usados no sentido de indicar a singularidade, o status
especial e a dignidade de alguém, fazendo-o por esses motivos, recipiente de
favores e bênção excepcionais. Tal uso é claramente demonstrado em —
Êxodo 4:22
Dirás a Faraó: Assim
diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito.
No verso acima a expressão primogênito indica que Israel, enquanto
nação, pertence ao SENHOR no sentido de ser seu primogênito. O mesmo é
verdadeiro acerca da afirmação do SENHOR que irá tornar Davi em Seu primogênito
—
Salmos 89:27
Fá-lo-ei, por isso, meu
primogênito, o mais elevado entre os reis da terra.
Esse aspecto da expressão
primogênito explica bem o contexto imediato de Colossenses 1:15, pois coloca a
ênfase sobre a atividade criadora de Cristo e Sua consequente exaltação sobre
toda a Criação. Também serve bem ao propósito geral da epístola no sentido em
que destaca a singularidade de Cristo, seja na redenção, seja na Criação[1].
Num primeiro momento, todavia,
alguns argumentam que a expressão primogênito
do verso 18 deve ser interpretada à luz de seu uso no verso 15. Argumentam que
isso deve ser assim, não apenas pela proximidade dos dois usos, mas também pela
estrutura paralela da passagem onde o primogênito de toda a criação
corresponde a o primogênito de entre os mortos.
Dessa forma, o verso 18 destaca a autoridade de Cristo sobre os mortos que
serão ressuscitados.
Todavia, existem diferenças
notáveis nos dois versos onde as expressões estão inseridas. O paralelismo
mencionado também precisa ser melhor observado. De modo específico, devemos
notar, no verso 18, a existência da preposição grega ἐκ — ek —
traduzida por de, como uma
identificação que não encontramos no verso 15. Tal expressão aponta tanto para
uma identificação, quanto para uma solidariedade. Essas realidades existem
apenas porque o próprio Jesus vem, ele mesmo, dentre os mortos, dos quais é o
primogênito. Jesus experimenta essa condição elevada, porque ele mesmo procede
dentre os mortos. Desse modo, é fácil perceber a relação de primogênito com
primeiros frutos.
As outras expressões que
encontramos no verso 18 confirmam esse entendimento de primogênito, ao mesmo
tempo em que aprofundam sua ênfase principal. A expressão grega ἀρχή — arché —
princípio, que precede, imediatamente a expressão πρωτότοκος — protótokos — primogênito, funciona como algo que vai muito
além duma mera indicação de prioridade. A mesma possui grande força, no sentido
de indicar cabeça e primado. Isso é especialmente verdadeiro quando a expressão
princípio está relacionada com a
expressão primogênito e as duas fazem
referência à ressurreição de Cristo: Ele é o princípio desse gigantesco evento,
a ressurreição de todos os mortos. Por isso, ele recebe a primazia e é o cabeça
de todos os que serão resuscitados. Consequentemente, a proposta apresentada na
clausula seguinte que diz ἐν πᾶσιν
αὐτὸς πρωτεύων — pâsin autòs proteúon — para em todas as coisas ter a
primazia, significa, literalmente, ser o
primeiro e ocupar o primeiro lugar.
Essas duas implicações, dificilmente, fariam referência a algo meramente
temporal. Aqui estamos diante, na verdade, duma noção plena de preeminência e
duma situação especial e extraordinária.
Finalmente, as perspectivas
eclesiológicas e cósmicas, as quais governam o pensamento de Paulo nessa
passagem, devem ser reconhecidas. Cristo é o princípio e o primogênito
dentre os mortos e tem, em tudo, a
preeminência. Essas ideias estão, solidamente, conectadas ao fato que
Cristo é o cabeça do corpo, a igreja.
CONCLUSÃO: Colossenses 1:8,
especialmente na parte em que designa Cristo como primogênito dentre os mortos, contém o mesmo pensamento básico que
encontramos na expressão sendo ele as
primícias dos que dormem. Ou seja, a união que existe entre Cristo e os
crentes está representada pela ressurreição, da qual os dois participam. Além
disso, aqui em Colossenses temos uma afirmação mais definida do que aquela que
encontramos em 1 Coríntios 15:20—23, acerca da singularidade, da preeminência e
do fato de Cristo ser o cabeça do corpo, com o qual está, solidariamente,
vinculado.
Vista em conjunto, essas duas passagens, nos ensinam que:
1. As primícias dos que dormem.
2. O primogênito dentre os
mortos.
3. O princípio.
4. Aquele que é o primeiro.
5. O cabeça.
Se referem à pessoa de Cristo,
como o segundo Adão, ressuscitado.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-ressurreicao-de-cristo-dentre-os.html
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 015 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 003
Que Deus Abençoe a Todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1]
Ver o comentário de F. F Bruce Commentary
on Ephesians and Colossians na série
New International Commentary of the New Testament publicado por Eerdmans
Publishing House de Grande Rapids.
Nenhum comentário:
Postar um comentário