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terça-feira, 22 de março de 2016

O ESTADO ISLÂMICO E USO DE CRIANÇAS PARA FAZER A GUERRA SANTA

Propaganda
Imagens de soldados infantis povoam os vídeos do EI

O artigo abaixo foi escrito por Mark Townsend do jornal britânico The Observer e foi traduzido e publicado em português pelo site da revista Carta Capital.

A doutrina da carnificina do Estado Islâmico
Como o ISIS recruta e treina crianças para a sua jihad
Por Mark Townsend do The Observer

Uma nova geração de recrutas está em treinamento no “califado” do Estado Islâmico, doutrinados com conceitos religiosos desde o nascimento e vistos pelos combatentes como melhores e mais puros do que eles próprios. Eis a conclusão do primeiro estudo sobre a exploração e o abuso de crianças pelo EI.

Pesquisadores do Quilliam, centro de pensadores contra o extremismo em Londres, investigaram o modo como o EI recruta crianças e as treina para a jihad. O relatório, intitulado Crianças do Estado Islâmico, foi endossado pela ONU e compilado em um estudo da propaganda do grupo que mostra menores e ligado a fontes confiáveis no califado. Percebe-se um movimento terrorista ávido para atrair jovens e assim se perpetuar. Muitos são treinados como espiões, pregadores, soldados, “executores” e bombas humanas.

Segundo os autores, “a organização dedica grande parte de seus esforços a doutrinar crianças por meio de um currículo educacional baseado no extremismo e a criá-las para ser futuros terroristas. A geração atual de combatentes as vê como guerreiros melhores e mais letais que eles próprios, pois, em vez de convertidos a ideologias radicais, elas foram doutrinadas nesses valores desde o nascimento ou de uma idade muito precoce”.

Sem terem sido corrompidos pela vida nos padrões seculares, os menores são considerados mais puros do que os combatentes adultos. “Essas crianças são salvas da corrupção”, declara o estudo, tornando-as mais fortes que os atuais mujaheddin pelo fato de terem uma compreensão superior do Islã desde a juventude e pelo currículo escolar, e são lutadores melhores e mais brutais, treinados na violência desde a tenra idade.

Os recrutas estrangeiros representam um reforço potencialmente importante para o grupo de cerca de 80 mil militantes (50 mil na Síria e 30 mil no Iraque). Estima-se que 6 milhões de homens, mulheres e crianças vivam atualmente no autoproclamado Califado. “O objetivo é preparar uma nova geração, mais forte, de mujaheddin, condicionados e ensinados a ser um futuro recurso para o grupo”, acrescenta o relatório.

O enfoque nos jovens tem semelhanças, segundo o estudo, com o recrutamento forçado de crianças-soldados na Libéria nos anos 1990, quando Charles Taylor tomou o poder, em 1997, secundado por um exército rebelde repleto de crianças.

Os autores concluem que o EI também parece ter estudado o regime nazista, que criou a Juventude Hitlerista. A ONU recebeu relatos verossímeis, mas não verificados, sobre uma ala jovem do EI chamada Fityan al-Islam (Meninos do Islã).  Os autores lembram ainda o precedente do regime baathista de Saddam Hussein no Iraque, que no fim dos anos 1970 fundou o movimento Futuwah (Vanguarda Jovem) com as principais unidades de crianças-soldados iraquianas conhecidas como Ashbal Saddam, ou Filhotes de Leão de Saddam, formadas por meninos de 10 a 15 anos.
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Os menores são estimulados a jogar futebol com cabeças decapitadas (Foto: Reprodução)

Os pesquisadores do Quilliam descobriram que menores são usados amplamente na propaganda do EI para dar a impressão de “construção de um Estado”. Entre 1º de agosto de 2015 e 9 de fevereiro passado, eles identificaram ao todo 254 eventos ou declarações que apresentam imagens de crianças.

O EI utiliza os jovens para tentar banalizar a brutalidade. O grupo os incentiva a segurar cabeças decapitadas ou jogar futebol com elas. Nos últimos seis meses, a propaganda do Estado Islâmico mostrou 12 crianças assassinas. Um vídeo macabro recente exibe um menino britânico de 4 anos que aparentemente detona um carro-bomba e mata quatro supostos espiões presos no veículo.

O recrutamento de crianças com frequência envolve coerção, segundo o relatório. O rapto seria o método preferido. A missão de assistência da ONU para o Iraque estima que o EI sequestrou entre 800 e 900 crianças de 9 a 15 anos. De agosto de 2014 a junho de 2015, centenas de meninos, incluídos yazidis e turcomenos, foram arrancados à força de suas famílias em Nínive e mandados para centros de treinamento, onde garotos de apenas 8 anos aprendem o Alcorão, o uso de armas de fogo e táticas de combate.

A organização também recorre ao medo para recrutar. Canais de mídia do Califado emitem declarações que advertem as crianças de que, caso se recusem a obedecer às ordens do EI, serão açoitadas, torturadas ou estupradas.

O grupo extremista rapidamente tomou o controle do sistema educacional na Síria e no Iraque, e a doutrinação começa nas escolas e se intensifica nos campos de treinamento. Nestes, crianças entre 10 e 15 anos são instruídas na sharia, a lei islâmica, expostas à violência e treinadas em técnicas específicas para servir ao Estado e assumir a jihad.

Os meninos aprendem um rígido currículo do EI, do qual foram removidos desenho, filosofia e estudos sociais, descritos como “metodologia do ateísmo”. As crianças decoram versículos do Alcorão e frequentam treinamentos para a jihad, que inclui tiro, manuseio de armas e artes marciais. As meninas, chamadas de “pérolas do califado”, usam véus, são escondidas e confinadas em casa e aprendem a cuidar dos homens.

Os autores do relatório recomendam a criação de uma comissão para proteger as futuras gerações da violência radical e monitorar e reintegrar as crianças que correm risco na União Europeia. Segundo Roméo Dallaire, porta-voz da Iniciativa de Soldados-Crianças que coescreveu o relatório, a vida sob o Estado Islâmico é uma das mais graves situações para menores no planeta. “Espera-se que esse relatório ofereça uma perspectiva crítica sobre a sina desses jovens”, afirma. “Talvez suscite reflexões essenciais para os políticos, órgãos de proteção à infância, governos, organizações multilaterais e os envolvidos em encerrar o conflito no Iraque e na Síria.”

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

*Publicado originalmente na edição 892 de Carta Capital, com o título "A doutrina da carnificina"

O artigo original poder ser visto por meio desse link aqui:


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segunda-feira, 2 de março de 2015

ÁUSTRIA SEGUE NOS PASSOS DA DINAMARCA E IMPÕE SANÇÕES A MUÇULMANOS


 Várias pessoas participam de uma manifestação contra o projeto de lei que proíbe o financiamento estrangeiro de religiosos e mesquitas
Várias pessoas participam de uma manifestação contra o projeto de lei que proíbe o financiamento estrangeiro de religiosos e mesquitas(Herbert Neubauer/EFE)

O taxto abaixo foi publicado no site da revista VEJA

Áustria aprova lei sobre Islã que proíbe financiamento estrangeiro.

Texto também exige que clérigos falem alemão. Para ministro, legislação foi pensada para 'combater' crescente influência de radicais no país

O Parlamento da Áustria aprovou nesta quarta-feira mudanças na lei sobre organizações islâmicas. Entre as alterações está a proibição de financiamento estrangeiro de mesquitas e a exigência de que os imãs falem alemão. O ministro da Integração, Sebastian Kurz, considera que a nova lei vai promover um "Islã de caráter europeu". "Esta lei é um passo muito importante para que o Islã possa se desenvolver na Áustria sem influência externa", afirmou.

O texto atualiza a legislação anterior do país sobre o Islã, elaborada em 1912, depois da anexação da Bósnia-Herzegovina pelo império Áustro-Húngaro. Cerca de meio milhão de muçulmanos vivem hoje na Áustria, a maioria de origem bósnia e turca.

A nova legislação foi debatida antes dos recentes ataques de terroristas islâmicos na Europa, mas obviamente ganhou peso depois dos atentados e seus efeitos serão acompanhados com atenção por outros países da região. O ministro Kurz afirmou que as alterações foram pensadas "claramente para combater" a crescente influência de radicais islâmicos. Estimativas indicam que cerca de 200 pessoas da Áustria foram recentemente para a Síria e Iraque para se juntar a facções jihadistas.

Pelas novas determinações, as cerca de 450 organizações muçulmanas do país devem demonstrar uma "abordagem positiva da sociedade e do Estado" para que continuem recebendo licença, informou o jornal britânico Daily Telegraph. A obrigação para os imãs serem capazes de se expressar em alemão tem como objetivo tornar seus comentários mais acessíveis e transparentes, e ao mesmo tempo facilitar uma integração maior do Islã na sociedade.

"Queremos um futuro no qual um número maior de imãs tenha nascido na Áustria falando alemão e, desta forma, sejam exemplos positivos para os jovens muçulmanos", defendeu Kurz antes da votação.

A legislação também garante o direito a alimentos halal - preparados de acordo com as regras islâmicas - em hospitais, asilos, prisões, escolas públicas e no Exército. Os muçulmanos também poderão ser dispensados do trabalho em feriados islâmicos.

Críticas - A iniciativa contou com o apoio de deputados da coalizão formada por social-democratas e democratas-cristãos. Mas foi criticada pelo Partido Liberdade, que a considerou insuficiente para enfrentar uma ameaça crescente.

O principal grupo islâmico do país, a Autoridade Religiosa Islâmica da Áustria, aprovou o texto, mas outras organizações condenaram as mudanças por considerá-las discriminatórias. A Comunidade Religiosa Islâmica na Áustria já havia advertido que poderia levar o caso ao Tribunal Constitucional com o argumento de que a proibição para receber financiamento estrangeiro não se aplica aos demais credos.

A porta-voz Carla Amina Baghajati afirmou que o impedimento pode representar o fechamento de algumas mesquitas, além de prejudicar centenas de religiosos que recebem seus salários da Turquia, Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico. Entre as mesquitas ameaçadas estaria a maior mesquita da Áustria, situada em Viena, e cujo funcionamento é bancado, principalmente, pela Arábia Saudita.
(Da redação de VEJA.com)

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PARA ENTENDER O BOKO HARAM E O EXTREMISMO ISLÂMICO


O artigo abaixo foi publicado no site da Revista ÉPOCA e é de autoria de Bruno Calixto com mapas de Giovana Tarakdjian

Boko Haram e um massacre que pode ser visto por satélite

Grupo extremista sequestra meninas, controla vilarejos e promove atentados na Nigéria. Como surgiu e quais são as táticas do Boko Haram, que construiu um "Estado Islâmico" na África?

BRUNO CALIXTO (TEXTO), GIOVANA TARAKDJIAN (MAPA)

Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)
Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Um massacre de proporções ainda não determinadas aconteceu no começo do ano, no dia 3 de janeiro, na Nigéria. O Boko Haram - o mesmo grupo que sequestrou centenas de meninas de uma escola nigeriana - atacou o vilarejo de Baga e pode ter matado de 150 a até 2 mil pessoas, além de atear fogo em toda a cidade. Imagens de satélite divulgadas nesta quinta (15) mostram um quadro de ampla destruição. Com o ataque, o Boko Haram passa a controlar ainda mais território, e mostra estar disposto a táticas cada vez mais brutais. Como surgiu esse grupo e o que ele quer?

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

O nascimento do Boko Haram

O Boko Haram surgiu em 2002 em Maiduguri, capital do Estado de Borno, na Nigéria. Borno, no nordeste do país, é uma das regiões mais empobrecidas da Nigéria. Além disso, conta com maioria da população muçulmana, enquanto que no restante do país a religião predominante é o cristianismo. O grupo foi criado pelo Mohammed Yusuf, clérigo islamista formado na Árabia Saudita, com o objetivo de transformar a Nigéria em um Estado islâmico que siga as leis da sharia. Inicialmente, o grupo se chamava Jama’a Ahl as-Sunna Li-da’wa wa-al Jihad, que significa "Pessoas comprometidas com a propagação dos ensinamentos do profeta e com a Jihad" em árabe. Com o tempo, ele ficou conhecido pelo apelido na língua local. "Boko" é a palavra usada para se referir às escolas e ao sistema educacional do Ocidente, e "Haram" significa proibido.

Yusuf era um clérigo do islamismo sunita, o maior ramo do Islã – mais de 80% dos muçulmanos no mundo são sunitas. Dentro desse ramo, ele pertencia à escola do salafismo. Os salafistas pregam o retorno das práticas do início do islamismo. A corrente defende posições extremamente conservadoras sobre o papel da mulher na sociedade, sobre a obrigatoriedade de seguir a religião, e proíbe fazer imagens de Maomé ou venerar monumentos de profetas. Muitos grupos terroristas, como a Al Qaeda ou o Taleban, nasceram dessas interpretações extremas.

Nos seus anos iniciais, o Boko Haram não participou de atos violentos nem usou de estratégias terroristas. Yusuf considerava o governo da Nigéria como ilegítimo, mas não se envolveu em ataques diretos até pelo menos 2009.

Uma revolta contra capacetes de motocicletas

Em julho de 2009, o governo da Nigéria aprovou uma lei obrigando todos os motoristas de motocicletas a usar capacetes. A lei não foi aceita pelos seguidores de Yusuf. A polícia agiu com brutalidade contra o grupo, o que resultou em uma revolta armada que se espalhou por quatro Estados do norte da Nigéria. O Exército nigeriano reprimiu o levante, que terminou com 800 mortos. Yusuf foi capturado e executado com transmissão ao vivo pela TV. Na época, grupos de direitos humanos acusaram o Exército de execuções extrajudiciais de clérigos do grupo.

A partir desse incidente, o Boko Haram começou a se radicalizar. Analistas acreditam que, entre 2009 e 2010, muitos de seus membros foram para a região do Sahel, a sul do deserto do Saara, onde foram treinados por grupos jihadistas. Foi provavelmente nessa época que eles fizeram os primeiros laços com a Al Qaeda no Magreb Islâmico, o braço da rede terrorista que atua na África. A primeira grande ação terrorista foi executada em setembro de 2010, quando eles orquestraram uma fuga massiva de uma prisão, libertando centenas de presos.

O líder que volta dos mortos

O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)
O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Com a morte Yusuf, a liderança foi assumida por Abubakar Shekau, um nigeriano que ora é classificado como um teólogo islâmico poliglota, ora como "comandante louco". A vida de Shekau é cercada de mistérios. Ninguém sabe quando ele nasceu, e ninguém sabe sequer se ele continua vivo. O Exército nigeriano já anunciou a morte do comandante em pelo menos três ocasiões, mas depois ele sempre volta a aparecer em vídeos, renovando as ameaças. Uma das aparições recentes foi quando ele assumiu a autoria do sequestro de centenas de estudantes em Chibok.

Sob seu comando, o Boko Haram se tornou mais cruel. O grupo fez seu primeiro atentado internacional, desenvolveu táticas de carros-bomba e passou a controlar grande número de vilarejos no nordeste da Nigéria.

Ainda assim, para algumas autoridades nigerianas, Shekau simplesmente não existe. Eles acreditam que o nome se tornou uma "marca" ou "título", adotado por diferentes lideranças de grupos internos do Boko Haram, como uma forma de criar um mito em torno do líder. Segundo essa tese, o homem que aparece nos vídeos é um sósia.

O sequestro das alunas de Chibok

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

A partir de 2012, o grupo passou a se concentrar em ataques a escolas. Novamente, o nível de brutalidade foi crescendo com o passar do tempo. No começo, integrantes do Boko Haram focavam na destruição das propriedades de universidades e escolas. Os ataques ocorriam sempre à noite, quando não havia alunos ou professores. No ano seguinte, Shekau anunciou que as universidades participavam de um "complô contra o Islã" e ameaçou matar alunos e professores. A partir daí, os níveis de presença nas escolas do interior caíram de forma gigantesca.

Em abril de 2014, o sequestro de mais de 200 alunas que se preparavam para fazer uma prova em uma escola em Chibok foi uma das operações mais ousadas do grupo. O caso atraiu a atenção do mundo, com dezenas de manifestações e cobertura da imprensa. Ainda assim, o governo da Nigéria foi incapaz de libertar as meninas. A incompetência das autoridades nigerianas foi provavelmente um sinal verde para o Boko Haram se tornar ainda mais ousado.

Um massacre visto por satélite

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

A primeira imagem mostra a cidade no dia 2 de janeiro. Na de baixo, do dia 7 de janeiro, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista. A foto foi tirada por um satélite que usa cor infravermelho. As figuras em vermelho indicam árvores e vegetação (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Em agosto do ano passado, Shekau deu um passo decisivo em busca de controle territorial. Ele anunciou o estabelecimento de um "Califado Islâmico" na região de Borno e no norte da Nigéria, similar ao que o Estado Islâmico fez na Síria e no Iraque. A partir de então, os ataques a vilarejos e confrontos com as forças armadas começaram a se tornar mais frequentes. Um dos poucos vilarejos que não caíram foi Baga, que abrigava uma base militar multinacional com tropas da Nigéria, Niger e Chad.

Isso mudou na manhã do dia 3 de janeiro. A BBC e o Guardian escutaram testemunhas do ataque. Os homens do Boko Haram chegaram em caminhões, vindo de todas as direções. Logo começaram a atirar. Os soldados da base em Baga reagiram. Foram cerca de nove horas de confronto, quando enfim os soldados, vendo que estavam perdendo a batalha, jogaram suas armas no chão e bateram em retirada. Nenhum reforço do Exército nigeriano chegou ao local.  "Quando você vê soldados fugindo da cidade, o que você pode fazer além de fugir também?", disse uma testemunha à BBC.

Quando o Boko Haram tomou o vilarejo, começou a barbárie. Os sobreviventes que fugiram da cidade disseram ver pilhas e mais pilhas de corpos nas ruas. Segundo os relatos, os terroristas atiraram em civis indiscriminadamente – incluindo mulheres e crianças, cristãos e muçulmanos. Depois, saquearam as casas e mercados e atearam fogo em todo o vilarejo. Segundo a Anistia Internacional, o número de mortos pode chegar a 2 mil pessoas. Já o governo nigeriano fala em "cerca de 150 de vítimas". O número não pode ser confirmado porque o Estado nigeriano simplesmente não tem condições de chegar ao local para contar os corpos.

Nesta quinta (15), a Anistia publicou fotos de satélites mostrando o que sobrou de Baga e de outro vilarejo atacado, Doron Baga. Segundo a organização, é possível identificar um total de 3.700 estruturas destruídas. "De todos os assaltos do Boko Haram que analisamos, esse foi o maior e o mais destrutivo. Representa um ataque deliberado a civis. Suas casas, clínicas e escolas agora estão em ruína", disse Daniel Eyre, da Anistia Internacional.

E agora?

O massacre demorou a chegar aos jornais, mas quando veio a público, causou incômodo. Mais de um milhão de pessoas se manifestaram contra a violência no caso dos atentados terroristas da França, que mataram 17 pessoas, e a morte de centenas de nigerianos não estava atraindo a atenção. Organizações como a ONU e até celebridades pediram mais atenção ao caso. Críticas pesadas caem sobre o governo do presidente Goodluck Jonathan. Ele é acusado de não agir de forma convincente contra o Boko Haram, já que os extremistas atuam em áreas em que os políticos de oposição ao seu governo são mais fortes. Autoridades nigerianas disseram que as Forças Armadas do país serão mobilizadas para enfrentar os insurgentes. Enquanto isso, Jonathan anuncia sua candidatura à reeleição. No anúncio, ele não falou uma palavra sobre o Boko Haram, o massacre de Baga ou sobre as meninas sequestradas no ano passado.
O artigo original da revista Época poderá ser visto por meio do link abaixo:


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