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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PARA ENTENDER O BOKO HARAM E O EXTREMISMO ISLÂMICO


O artigo abaixo foi publicado no site da Revista ÉPOCA e é de autoria de Bruno Calixto com mapas de Giovana Tarakdjian

Boko Haram e um massacre que pode ser visto por satélite

Grupo extremista sequestra meninas, controla vilarejos e promove atentados na Nigéria. Como surgiu e quais são as táticas do Boko Haram, que construiu um "Estado Islâmico" na África?

BRUNO CALIXTO (TEXTO), GIOVANA TARAKDJIAN (MAPA)

Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)
Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Um massacre de proporções ainda não determinadas aconteceu no começo do ano, no dia 3 de janeiro, na Nigéria. O Boko Haram - o mesmo grupo que sequestrou centenas de meninas de uma escola nigeriana - atacou o vilarejo de Baga e pode ter matado de 150 a até 2 mil pessoas, além de atear fogo em toda a cidade. Imagens de satélite divulgadas nesta quinta (15) mostram um quadro de ampla destruição. Com o ataque, o Boko Haram passa a controlar ainda mais território, e mostra estar disposto a táticas cada vez mais brutais. Como surgiu esse grupo e o que ele quer?

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

O nascimento do Boko Haram

O Boko Haram surgiu em 2002 em Maiduguri, capital do Estado de Borno, na Nigéria. Borno, no nordeste do país, é uma das regiões mais empobrecidas da Nigéria. Além disso, conta com maioria da população muçulmana, enquanto que no restante do país a religião predominante é o cristianismo. O grupo foi criado pelo Mohammed Yusuf, clérigo islamista formado na Árabia Saudita, com o objetivo de transformar a Nigéria em um Estado islâmico que siga as leis da sharia. Inicialmente, o grupo se chamava Jama’a Ahl as-Sunna Li-da’wa wa-al Jihad, que significa "Pessoas comprometidas com a propagação dos ensinamentos do profeta e com a Jihad" em árabe. Com o tempo, ele ficou conhecido pelo apelido na língua local. "Boko" é a palavra usada para se referir às escolas e ao sistema educacional do Ocidente, e "Haram" significa proibido.

Yusuf era um clérigo do islamismo sunita, o maior ramo do Islã – mais de 80% dos muçulmanos no mundo são sunitas. Dentro desse ramo, ele pertencia à escola do salafismo. Os salafistas pregam o retorno das práticas do início do islamismo. A corrente defende posições extremamente conservadoras sobre o papel da mulher na sociedade, sobre a obrigatoriedade de seguir a religião, e proíbe fazer imagens de Maomé ou venerar monumentos de profetas. Muitos grupos terroristas, como a Al Qaeda ou o Taleban, nasceram dessas interpretações extremas.

Nos seus anos iniciais, o Boko Haram não participou de atos violentos nem usou de estratégias terroristas. Yusuf considerava o governo da Nigéria como ilegítimo, mas não se envolveu em ataques diretos até pelo menos 2009.

Uma revolta contra capacetes de motocicletas

Em julho de 2009, o governo da Nigéria aprovou uma lei obrigando todos os motoristas de motocicletas a usar capacetes. A lei não foi aceita pelos seguidores de Yusuf. A polícia agiu com brutalidade contra o grupo, o que resultou em uma revolta armada que se espalhou por quatro Estados do norte da Nigéria. O Exército nigeriano reprimiu o levante, que terminou com 800 mortos. Yusuf foi capturado e executado com transmissão ao vivo pela TV. Na época, grupos de direitos humanos acusaram o Exército de execuções extrajudiciais de clérigos do grupo.

A partir desse incidente, o Boko Haram começou a se radicalizar. Analistas acreditam que, entre 2009 e 2010, muitos de seus membros foram para a região do Sahel, a sul do deserto do Saara, onde foram treinados por grupos jihadistas. Foi provavelmente nessa época que eles fizeram os primeiros laços com a Al Qaeda no Magreb Islâmico, o braço da rede terrorista que atua na África. A primeira grande ação terrorista foi executada em setembro de 2010, quando eles orquestraram uma fuga massiva de uma prisão, libertando centenas de presos.

O líder que volta dos mortos

O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)
O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Com a morte Yusuf, a liderança foi assumida por Abubakar Shekau, um nigeriano que ora é classificado como um teólogo islâmico poliglota, ora como "comandante louco". A vida de Shekau é cercada de mistérios. Ninguém sabe quando ele nasceu, e ninguém sabe sequer se ele continua vivo. O Exército nigeriano já anunciou a morte do comandante em pelo menos três ocasiões, mas depois ele sempre volta a aparecer em vídeos, renovando as ameaças. Uma das aparições recentes foi quando ele assumiu a autoria do sequestro de centenas de estudantes em Chibok.

Sob seu comando, o Boko Haram se tornou mais cruel. O grupo fez seu primeiro atentado internacional, desenvolveu táticas de carros-bomba e passou a controlar grande número de vilarejos no nordeste da Nigéria.

Ainda assim, para algumas autoridades nigerianas, Shekau simplesmente não existe. Eles acreditam que o nome se tornou uma "marca" ou "título", adotado por diferentes lideranças de grupos internos do Boko Haram, como uma forma de criar um mito em torno do líder. Segundo essa tese, o homem que aparece nos vídeos é um sósia.

O sequestro das alunas de Chibok

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

A partir de 2012, o grupo passou a se concentrar em ataques a escolas. Novamente, o nível de brutalidade foi crescendo com o passar do tempo. No começo, integrantes do Boko Haram focavam na destruição das propriedades de universidades e escolas. Os ataques ocorriam sempre à noite, quando não havia alunos ou professores. No ano seguinte, Shekau anunciou que as universidades participavam de um "complô contra o Islã" e ameaçou matar alunos e professores. A partir daí, os níveis de presença nas escolas do interior caíram de forma gigantesca.

Em abril de 2014, o sequestro de mais de 200 alunas que se preparavam para fazer uma prova em uma escola em Chibok foi uma das operações mais ousadas do grupo. O caso atraiu a atenção do mundo, com dezenas de manifestações e cobertura da imprensa. Ainda assim, o governo da Nigéria foi incapaz de libertar as meninas. A incompetência das autoridades nigerianas foi provavelmente um sinal verde para o Boko Haram se tornar ainda mais ousado.

Um massacre visto por satélite

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

A primeira imagem mostra a cidade no dia 2 de janeiro. Na de baixo, do dia 7 de janeiro, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista. A foto foi tirada por um satélite que usa cor infravermelho. As figuras em vermelho indicam árvores e vegetação (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Em agosto do ano passado, Shekau deu um passo decisivo em busca de controle territorial. Ele anunciou o estabelecimento de um "Califado Islâmico" na região de Borno e no norte da Nigéria, similar ao que o Estado Islâmico fez na Síria e no Iraque. A partir de então, os ataques a vilarejos e confrontos com as forças armadas começaram a se tornar mais frequentes. Um dos poucos vilarejos que não caíram foi Baga, que abrigava uma base militar multinacional com tropas da Nigéria, Niger e Chad.

Isso mudou na manhã do dia 3 de janeiro. A BBC e o Guardian escutaram testemunhas do ataque. Os homens do Boko Haram chegaram em caminhões, vindo de todas as direções. Logo começaram a atirar. Os soldados da base em Baga reagiram. Foram cerca de nove horas de confronto, quando enfim os soldados, vendo que estavam perdendo a batalha, jogaram suas armas no chão e bateram em retirada. Nenhum reforço do Exército nigeriano chegou ao local.  "Quando você vê soldados fugindo da cidade, o que você pode fazer além de fugir também?", disse uma testemunha à BBC.

Quando o Boko Haram tomou o vilarejo, começou a barbárie. Os sobreviventes que fugiram da cidade disseram ver pilhas e mais pilhas de corpos nas ruas. Segundo os relatos, os terroristas atiraram em civis indiscriminadamente – incluindo mulheres e crianças, cristãos e muçulmanos. Depois, saquearam as casas e mercados e atearam fogo em todo o vilarejo. Segundo a Anistia Internacional, o número de mortos pode chegar a 2 mil pessoas. Já o governo nigeriano fala em "cerca de 150 de vítimas". O número não pode ser confirmado porque o Estado nigeriano simplesmente não tem condições de chegar ao local para contar os corpos.

Nesta quinta (15), a Anistia publicou fotos de satélites mostrando o que sobrou de Baga e de outro vilarejo atacado, Doron Baga. Segundo a organização, é possível identificar um total de 3.700 estruturas destruídas. "De todos os assaltos do Boko Haram que analisamos, esse foi o maior e o mais destrutivo. Representa um ataque deliberado a civis. Suas casas, clínicas e escolas agora estão em ruína", disse Daniel Eyre, da Anistia Internacional.

E agora?

O massacre demorou a chegar aos jornais, mas quando veio a público, causou incômodo. Mais de um milhão de pessoas se manifestaram contra a violência no caso dos atentados terroristas da França, que mataram 17 pessoas, e a morte de centenas de nigerianos não estava atraindo a atenção. Organizações como a ONU e até celebridades pediram mais atenção ao caso. Críticas pesadas caem sobre o governo do presidente Goodluck Jonathan. Ele é acusado de não agir de forma convincente contra o Boko Haram, já que os extremistas atuam em áreas em que os políticos de oposição ao seu governo são mais fortes. Autoridades nigerianas disseram que as Forças Armadas do país serão mobilizadas para enfrentar os insurgentes. Enquanto isso, Jonathan anuncia sua candidatura à reeleição. No anúncio, ele não falou uma palavra sobre o Boko Haram, o massacre de Baga ou sobre as meninas sequestradas no ano passado.
O artigo original da revista Época poderá ser visto por meio do link abaixo:


OUTROS ARTIGOS ACERCA DO O ISLÃ E DO ESTREMISMO ISLÂMICO















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Alexandros Meimaridis

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sábado, 24 de janeiro de 2015

ARTICULISTA SE APROVEITA DO TERROR RELIGIOSO EM PARIS PARA ATACAR A BÍBLIA


 

Uma das questões mais comuns com a qual estamos acostumados a lidar é a mais absoluta falta de entendimento do que as Escrituras Sagradas ensinam acerca de Deus, especialmente o Antigo Testamento.

ALGUNS ANTECEDENTES

A vasta maioria das informações que vemos hoje sendo publicadas não tiveram início em tempos recentes e nem mesmo no século passado. Esses ataques, frutos da ignorância das pessoas, tiveram início nos séculos XVIII e XIX e, de lá prá cá, o que temos visto são apenas repetições e variações sobre os escritos produzidos naqueles séculos. É provável que o agressor de plantão mais vocal em nossos dias, seja o biólogo nigeriano Richard Dawkins que escreveu o patético livro Deus, Um Delírio. Seu material apenas reproduz as idéias dos seguintes escritores do passado:

1. Paul-Henri Dietrich, barão d’Holbach enciclopedista — contribui com nada menos do que 376 artigos para a grande enciclopédia publicada por Diderot — e filósofo alemão naturalizado francês. Holbach nasceu em Dezembro de 1723 em Edesheim, próximo a Landau e faleceu em Paris em 21 de Julho de 1789. Suas duas obras mais importantes com relação à crítica da Cristandade[1] são: 1)”O Sistema da Natureza” publicada em 1770 sob o pseudônimo de J. B. Mirabaud e; 2) “Le Christianisme Dévoilé” de 1761 publicado sob o nome de um amigo já falecido, N. A. Boulanger. Nas duas obras d’Holbach ataca a Cristandade como sendo contrária tanto à natureza quanto à razão. Em tempos mais recentes um inglês chamado M. D. Magee tem publicado um site na Internet com o título “Christianity Revealed”, o que é uma inegável cópia da obra do barão d’Holbach.

2. Andréas Lwdwig Feuerbach, filósofo e humanista alemão que exerceu enorme influência sobre Karl Marx com suas idéias teológicas centradas no homem e não em Deus. Feuerbach abandonou os estudos teológicos e tornou-se discípulo de G. W. F. Hegel durante dois anos em Berlim. Publicou seu primeiro livro acerca da morte e da imortalidade — Gedanken über Tod und Unsterblichkeit em 1832 — de forma anônima. Em 1839 publica “Über Philosophie und Christentum” onde defende a idéia de que a Cristandade já havia desaparecido não somente da razão, mas da própria existência humana e que não passava de uma idéia fixa somente. Sua obra mais importante, todavia, “Das Wesen des Christentums” foi publicada em 1841. Feuerbach, mesmo negando ser ateísta, defendia a idéia de que o “deus” da Cristandade não passava de uma ilusão — Alô? Dr. Dawkins? — risos. Ele exerceu profunda influência sobre o editor anticristão David Friedrich Strauss, que escreveu um dos livros mais controvertidos dos quais se tem notícia “Das Leben Jesu Kritisch Bearbeitet” entre 1835-36, bem como sobre Bruno Bauer, outro severo crítico da Cristandade.

2. EM NOSSOS DIAS

Uma leitura atenta dos parágrafos acima nos mostra com clareza que as tolices escritas por Richard Dawkins ou pelo falecido Christopher Hitchens — Deus não é Grande — Como a Religião Envenena Tudo — estão amplamente amparadas nos escritos do Barão de Holbach, de Lwdwing Feuerbach, Strauss, Renan, Nietzsche e outros autores todos mortos há mais de dois séculos ou algo próximo disso.

Tudo isso para dizer que ficamos deveras surpresos com um artigo publicado pelo site da revista Carta Capital e assinado pelo Sr. Wálter Maierovitch, no qual o mesmo, infelizmente, faz afirmações estapafúrdias e sem fundamento sólido por desconhecer, de forma absoluta, o verdadeiro conteúdo da revelação divina contida na Bíblia. Mesmo não crendo que a Bíblia seja a Palavra verdadeira do Deus Vivo, qualquer pessoa que deseja expressar suas opiniões acerca da mesma tem a obrigação de conhecer bem o texto sagrado e de ser, no mínimo, honesto, intelectualmente falando.

Bem, vamos ao texto da Carta Capital e faremos alguns outros comentários no final do mesmo com o objetivo de esclarecer os equívocos do Sr. Wálter Maierovitch.  

Internacional — França

Além do Charlie Hebdo

Não é o Alcorão, mas a Bíblia, o livro sagrado que recomenda a pena de morte aos blasfemos. Está no Levítico (24:16).

Por Wálter Maierovitch - Juiz de Direito Aponsentado

Bíblia
Mark Wilson / AFP — Bíblia - "Quem blasfema o nome do Senhor deve ser morto"

A tragédia no semanário Charlie Hebdo acirrou na Europa o conflito político-ideológico entre a direita radical difusora da islamofobia e a esquerda, com a sua bandeira de integração centrada na formação de uma igualitária sociedade multiétnica.

À frente dessa direita populista na França está Marine Le Pen, da Frente Nacional, na Itália Matteo Salvini, da Liga Norte. Ambos com posições xenófobas e favoráveis à revogação do Tratado de Schegen, a cidade luxemburguesa onde foi celebrado, em 1985 (seria aperfeiçoado em 1995), ao estabelecer a livre circulação de cidadãos pela União Europeia.

Essa dupla não distingue a presença majoritária de islamitas pacíficos e minorias reunidas em associações terroristas salafistas financiadas, muitas vezes, como foi o caso de Osama bin Laden, por uma elite endinheirada, encastelada nas petromonarquias da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes e do Catar.

Melhor: trata-se de associações terroristas com atuação em rede planetária e adesão a um integralismo de matriz político-religiosa. Essas organizações não aceitam o pluralismo de ideias e de programas, a laicidade do Estado, a liberdade de opinião e de imprensa, a democracia. Abraçam o totalitarismo religioso. Seus integrantes estão sempre prontos a matar aos gritos de Allahu akbar (Alá é grande) ou de invocar, para justificar os bárbaros crimes, o nome do profeta Maomé, em equivocada interpretação do Alcorão. A propósito das charges do semanário, não é o Alcorão, mas a Bíblia, no Levítico (24:16), o único livro sagrado a sancionar a blasfêmia com pena de morte: “Quem blasfema o nome do Senhor deve ser morto”.

Para Marine Le Pen, as mortes no Charlie Hebdo revelaram “não ser a Europa capaz de defender seus cidadãos contra o terrorismo”. Le Pen não atentou a dois fatos significativos que envolvem, no caso da integração étnica, islamitas praticantes. O policial de origem árabe e religião islâmica Ahmed Merabet enfrentou até a morte, na calçada defronte à sede do semanário, os dois irmãos Kouachi. Seus familiares, em entrevista coletiva que Le Pen prefere ignorar, ressaltaram: “Ahmed era de fé islâmica e os seus assassinos uns falsos islamitas, pois o Islã é uma religião de paz”.

Na tragédia do dia seguinte, o malinês Lassana Bathily, funcionário do armazém de produtos kosher onde quatro reféns foram assassinados, salvou mais de uma dezena de hebreus. Bathily escondeu em uma câmara frigorífica, depois de desligar o sistema refrigerador, diversos judeus em compras no mercado. Salvou-os da ira e das balas do fanático Amedy Coulibaly. Na véspera, Coulibaly havia matado uma policial estagiária desarmada em um parque da comuna de Montrouge.

Na seara policial e de inteligência, muitos pontos precisam ser esclarecidos. A Al-Qaeda da Península Arábica, sediada no Iêmen, reivindicou, após autorização de Ayman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden e chefe da Al-Qaeda central, a autoria do atentado no Charlie Hebdo, conforme um vídeo de 11 minutos.

Pelos sinais, tudo pode ter nascido de iniciativa escoteira de uma célula doméstica e autônoma fundada em 2005 pelos irmãos Kouachi, com adesão de Coulibaly e predicações de Djamel Beghal. Essa célula chegou, no parque francês de Buttes Charmont, a atuar na arregimentação de jihadistas para o Iraque e, posteriormente, à Síria.

Chérif Kouachi e Coulibaly foram condenados, com penas de 3 e 5 anos, por tentativa de tirar da penitenciária o terrorista Ali Belkacem, autor de um atentado no metrô em 1995. Chérif ficou sete meses preso e recebeu livramento condicional, enquanto Coulibaly deixou a cadeia em julho de 2014. Até então, a célula atuava com autonomia, por sua conta e risco. A Al-Qaeda central, desde Bin Laden, pregava, via ciberterror, a ordem do “faça você mesmo a sua parte sem precisar consultar, salvo em questões religiosas”.

Interessa à Al-Qaeda colocar no currículo um segundo 11 de Setembro, desta vez na França. Ainda mais por estar em conflito com o Estado Islâmico, que logrou ocupar um território, enquanto seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou-se califa Ibrahim, o que deve ter levado Bin Laden a se remexer de inveja no fundo do mar. O sonho não realizado de Bin Laden era ter um califado. Registre-se: os irmãos Kouachi avisaram pertencer à Al-Qaeda. Não esclareceram, no entanto, se estavam sob ordens alqaedistas.

Pergunta: a versão oficial a ser apresentada vai ou não coincidir com a verdade real?

O artigo original da Revista Carta Capital poderá ser lido por meio desse link aqui:


NOSSO COMENTÁRIO ACERCA DA AFIRMAÇÃO DO AUTOR ENVOLVENDO A CITAÇÃO DE LEVÍTICO 24:16

1. Um dos grandes equívocos cometidos pelas pessoas em geral quando o assunto é aquilo que está escrito na Bíblia é não entender que a mesma é uma revelação progressiva e que é necessário entender cada tipo de literatura contido na Bíblia à luz de sua própria história, geografia, sociologia, economia e etc.

2. Quanto ao versículo de Levítico 24:16 devemos sempre nos lembrar que muitas coisas escritas, especialmente no Antigo Testamento, estão culturalmente condicionadas a diversos fatores. Por exemplo, o mandamento contido em Levítico 24:16 estava culturalmente condicionado e só poderia ser aplicado dentro do contexto do povo hebreu — os hebreus não podiam, por exemplo irem para outros países matarem pessoas que blasfemassem contra o seu Deus. E mesmo isso, só poderia ser feito enquanto durasse a Antiga Aliança que foi totalmente abolida com a vinda de Jesus Cristo.

3. Além do mais a blasfêmia envolvida em Levítico 24:16 diz respeito à blasfêmia contra o nome inefável de Deus — יהוה  — YHWH — traduzido com SENHOR nesse e em todos os outros contextos em que o mesmo aparece no original hebraico. O contexto de Levítico 24 nos fala de um jovem, filho de uma israelita com um egípcio, que teria então cometido essa blasfêmia específica, mas o texto não nos diz exatamente o que ele disse. Diz apenas que foi entendido dessa maneira. A sentença proferida pelo próprio Deus foi de que o mesmo deveria ser apedrejado, o que aconteceu na sequência da narrativa. Todavia, os judeus desde muito tempo passaram a evitar o uso do nome inefável יהוה — YHWH — traduzido com SENHOR preferindo os termos אדני `Adony — Meu Senhor ou  השׁם hashem — O Nome. Dessa forma os judeus passaram a evitar tanto pronunciar o nome inefável de Deus em vão — conforme a proibição de Êxodo 20:7 — como evitar blasfemar o nome de Deus, conforme o verso que estamos discutindo aqui.

4. De acordo com a narrativa Bíblica existem apenas dois outros momentos em que tal mandamento foi colocado em prática — ou seja, o ofensor pagou com a própria vida pela blasfêmia proferida —, mas nos dois casos é transparente a ma fé com que os casos foram conduzidos motivados por outros interesses.

a. O primeiro caso está registrado em 1 Reis 21:13 onde lemos:

1 Reis 21:13

Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu.

O contexto deixa claro que tudo não passou de uma armação e não da aplicação justa do mandamento divino.

b. O segundo caso é mais gritante ainda, porque envolve a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo, vítima de um julgamento imoral no meio da madrugada que culminou com sua condenação à morte pelas autoridades judaicas com base no verso que estamos discutindo. A passagem da condenação do Senhor Jesus é esta:

Mateus 26:65—66

65 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!

66 Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.

5. Portanto de acordo com a narrativa Bíblica não temos a aplicação de tal lei, nem de forma comum, nem desproporcional — aliás, como vimos temos apenas 3 casos em toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento, sendo que em dois deles, a lei foi aplicada de forma injusta e parcial para atender a outros interesses.

6. Agora, a forma como o autor do artigo cita o verso de Levítico 24:16 dá a nítida impressão para o leitor mal informado ou pouco instruído nas Escrituras Sagradas cristãs que tal mandamento é válido até os dias de hoje e vai lá saber quantos não foram executados em obediência ao mesmo, o que é uma evidente prova tanto do desconhecimento das Escrituras Sagradas bíblicas,  como uma falta absoluta de honestidade intelectual por parte do autor do artigo.

Independentemente de tudo isso, continuamos admirando o equilibrio demonstrado pela Revista Carta Capital e seu editor, o Sr. Mino Carta, admiração essa que nos acompanha desde a nossa adolescência quando o mesmo lançou a revista VEJA da Editora Abril, curiosamente, no dia 11 de setembro de 1968.

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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[1] O autor chamará de “Cristandade” esta religião falsa, espalhada pelo mundo, que se auto-intitula de cristã. Mesmo não gostando do termo “Cristianismo”, pelo reducionismo ideológico que ele causa, o mesmo será usado para se referir à verdadeira igreja cristã espalhada pelo mundo.