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quinta-feira, 28 de maio de 2015

EQUÍVOCOS DOS CRISTÃOS SOBRE OS MUÇULMANOS



O arquivo abaixo é de autoria de J. Grear e foi publicado no site Voltemos ao Evangelho.

Três equívocos dos cristãos sobre os muçulmanos

Em outro post, discuti três equívocos comuns que muçulmanos têm sobre cristãos. Hoje explorarei três equívocos que cristãos muitas vezes têm a respeito dos muçulmanos.

O post anterior poderá ser visto por meio desse link aqui:

http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/05/equivocos-dos-muculmanos-sobre-os.html

Quando o ocidental em geral ouve “muçulmano”, várias imagens vêm à mente — a maior parte negativa. Mas a maioria dos muçulmanos ficariam tão horrorizados quanto nós com o que presumimos a respeito deles. Eis alguns dos equívocos mais comuns que ocidentais têm a respeito de muçulmanos:

Equívoco 1: A maioria dos muçulmanos apoia o terrorismo

Cristãos normalmente não saem dizendo que pensam que todos os muçulmanos são terroristas. Mas muitos presumem que a maioria dos muçulmanos apoia o terrorismo, embora em silêncio. Muito tem sido escrito sobre como o islã foi fundado “pela espada”, ou como muçulmanos que se comprometem com atividades terroristas estão simplesmente obedecendo o que o Corão manda. Certamente é fácil encontrar muçulmanos usando o Corão para justificar a violência. Mesmo quando você dá ao Corão uma leitura indulgente, perguntar “O que Maomé faria?” levará a um lugar muito diferente do que “O que Jesus faria?”

Dito isso, a maioria dos muçulmanos que você encontra — quer seja em países ocidentais ou islâmicos — não são pessoas violentas. São pessoas gentis e pacíficas que, muitas vezes, se envergonham das ações dos muçulmanos ao redor do mundo. Embora haja uma boa chance de elas verem políticas internacionais de forma muito diferente do ocidental em geral, é mais provável que você as ache calorosas, hospitaleiras e gentis.
Sim, muçulmanos sinceros creem que o Islã um dia dominará o mundo, e podemos certamente nos queixar dos muçulmanos não falarem mais contra o terrorismo. Mas não iremos estender muito o diálogo quando presumimos coisas a respeito deles que não são verdades. Assim como nós odiamos ser caluniados, eles também odeiam.

Equívoco 2: Todas as mulheres muçulmanas se sentem oprimidas

Ocidentais muitas vezes pensam na mulher islâmica como gravemente oprimida. Eles têm um retrato mental de uma mulher curvada, caminhando dois metros atrás de seu marido, olhando obedientemente para baixo. Ela mal sabe ler, não sabe escrever e anseia por liberdade do domínio opressor do islã e de seu marido ditador.

Muitas vezes isso está muito longe da verdade. Eis três coisas para se ter em mente com relação às mulheres do islã:

A. Muitos homens e mulheres muçulmanos têm casamentos felizes.

Os casais que conheci quando vivi em um país muçulmano certamente não eram “românticos” como ocidentais estão acostumados. Mas as mulheres também não eram as escravas sexuais humilhadas que muitos ocidentais muitas vezes presumem.

Havia, é claro, algumas exceções. Tive amigos cujas esposas raramente eram permitidas sair dos fundos da casa, menos ainda fora de casa, e há certas culturas (no Afeganistão, por exemplo) nas quais a opressão parece mais a norma do que a exceção. Mas é um exagero dizer que todas as mulheres muçulmanas se veem como oprimidas.

B. Mulheres, muitas vezes, são as mais ardentes defensoras do islã.

É irônico, mas é verdade: apesar do histórico do islã de opressão, mulheres são, muitas vezes, as mais ardentes adeptas. Muitas mulheres islâmicas, especialmente no mundo ocidental, clamam por reforma em como as mulheres são tratadas na cultura islâmica, mas raramente por um fim do próprio islã.

C. Não há como negar, contudo, que o Corão e o Hádice falam de maneira depreciativa sobre as mulheres.

O Hádice diz que 80% das pessoas no inferno são mulheres. Ao explicar o motivo de o testemunho de uma mulher valer apenas metade do testemunho de um homem num tribunal, ele diz: “Por causa da deficiência em seus cérebros”. O Corão diz que as esposas muçulmanas “são como um campo a ser lavrado”, o que é muitas vezes usado para legitimar o patriarcado e o domínio masculino, e nada disso leva em conta práticas que, muitas vezes, excedem o Corão em brutalidade.

Alguns estudiosos islâmicos dirão que estou lendo esses textos de maneira errada, mas o fato permanece: muitos dos piores casos de opressão acontecem em países muçulmanos. O islã carece do ensino robusto judaico-cristão que assevera a igualdade de homens e mulheres como ambos sendo feitos à imagem de Deus. Pode não ser universal, mas muitas mulheres islâmicas se sentem sim aprisionadas. Em contraste, mostrar às mulheres muçulmanas a sua dignidade em Cristo tem, em muitos lugares, provado ser uma estratégia de evangelismo imensamente eficaz.

Equívoco 3: Muçulmanos buscam conhecer um deus diferente do Deus cristão

Isso é controverso, mas deixe-me explicar. Muçulmanos afirmam adorar o Deus de Adão, de Abraão e de Moisés. Assim, muitos missionários acham útil começar a trabalhar os muçulmanos usando o termo árabe para Deus, “Alá” (que significa, literalmente, “a Deidade”) e, a partir daí, explicar que o Deus que os muçulmanos buscam adorar, o Deus dos Profetas, era o Deus presente em forma corpórea em Jesus Cristo, revelado mais plenamente por ele; e Aquele que é adorado pelos cristãos pelos últimos dois milênios. Isso não é o mesmo que dizer que se tornar um muçulmano é como um “primeiro passo para se tornar um cristão”, e certamente não significa que o islã é um caminho alternativo para chegar ao céu. Simplesmente significa que ambos estamos nos referindo a uma única Deidade quando dizemos “Deus”.

Podemos perguntar: “Mas o deus islâmico não é tão diferente do Deus cristão que eles não podem ser, apropriadamente, chamados pelo mesmo nome?” Talvez. A pergunta de se Alá se refere ao deus errado (ou a ideias erradas de Deus) é uma pergunta com muitas nuances, e não existe resposta fácil. Não há dúvidas de que os muçulmanos creem em coisas blasfemas a respeito de Deus, e suas crenças sobre Alá nasceram a partir de uma visão distorcida do cristianismo. O mesmo pode ser dito, embora em grau menor, da visão do deus dos saduceus do primeiro século, assim como o deus da mulher samaritana e, em um grau ainda menor, o deus dos hereges pelagianos do século 5 — sem mencionar vários dos estudiosos medievais.

A pergunta é se a presença dessas crenças heréticas (e qual grau de heresia nelas) exige que digamos:“Você está adorando um deus diferente”. Claramente, os apóstolos não disseram isso a respeito dos judeus do primeiro século que rejeitaram a Trindade (muito embora Jesus tenha dito que o pai deles era o diabo!). E Jesus também não disse à mulher samaritana em sua visão étnica, de justiça pelas obras e distorcida de Deus que ela estava adorando um deus diferente. Ao invés disso, ele insistiu que ela o estava adorando incorretamente e buscando salvação erroneamente. Nunca ouvi ninguém dizer que os hereges Pelagianos adoravam um deus diferente, ainda que eles tenham sido considerados (corretamente) como hereges.

Ao mesmo tempo, Paulo nunca disse: “O nome verdadeiro de Zeus é Jeová”, como se o gregos estivessem adorando o Deus verdadeiro erroneamente. Assim, a pergunta é: a visão muçulmana de Alá é mais como Zeus ou como a concepção herege da mulher samaritana de Deus? Essa é uma pergunta difícil, e uma pergunta que precisamos deixar o contexto determinar. Por exemplo, muitos cristãos acham que o uso de “Alá” gera mais confusão do que ajuda. Para eles, “Alá” cai na categoria de “Zeus”.

Por outro lado, contudo, estão muitos cristãos fiéis trabalhando entre muçulmanos que abordam a questão de Alá muito semelhante a como Jesus corrigiu a mulher samaritana. “Vocês buscam adorar o único Deus, mas têm uma visão errônea dele e de como buscam salvação dele. A salvação vem dos judeus”. No meu tempo com os muçulmanos ao longo dos anos, descobri ser esse um ponto inicial mais útil. Isso não vem de um desejo de ser mais politicamente correto, mas de um desejo de começar onde os muçulmanos estão e trazê-los à fé naquele que é o único Filho de Deus, Jesus.

Quando conversamos com muçulmanos sobre o evangelho, precisamos eliminar quaisquer distrações desnecessárias. As necessárias, afinal de contas, serão difíceis o suficiente. Devemos ver os muçulmanos com amor, nos recusando a estereotipá-los. Nós vivemos em um mundo de estereótipos, mas o amor pode conquistar o que o politicamente correto não pode. Ouvir alguém sem preconceito é o primeiro passo para amá-los. Em outras palavras: “Faça ao próximo” se aplica aqui também: vejamos o próximo como ele gostaria de ser visto.

O artigo original poderá ser visto por meio do link abaixo:


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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segunda-feira, 20 de abril de 2015

DEUS E A RAZÃO HUMANA: DEUS É NOSSO CULTO RACIONAL — ROMANOS 12:1


 William Lane Craig: "Sem Deus, não é possível explicar a existência de valores e deveres morais objetivos"
William Lane Craig: "Sem Deus, não é possível explicar a existência de valores e deveres morais objetivos" (Divulgação/VEJA)

O material abaixo foi publicado pelo site da Revista VEJA

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig

O filósofo e teólogo defende o cristianismo, a ressurreição de Jesus e a veracidade da Bíblia a partir de construção lógica e racional, e se destaca em debates com pensadores ateus

Por: Marco Túlio Pires

"Se você acha que a religião é um conto de fadas, não acredite. Mas se o cristianismo é a verdade — como penso que é — temos que acreditar nele independente das consequências. É o que as pessoas racionais fazem, elas acreditam na verdade. A via contrária é o pragmatismo. 'Isso Funciona? Não importa se é verdade, quero saber se funciona'"

William Lane Craig

Quando o escritor britânico Christopher Hitchens, um dos maiores defensores do ateísmo, travou um longo debate nos Estados Unidos, em abril de 2009, com o filósofo e teólogo William Lane Craig sobre a existência de Deus, seus colegas ateus ficaram tensos. Momentos antes de subir ao palco, Hitchens — que morreu em dezembro de 2011 aos 62 anos — falou a jornalistas sobre a expectativa de enfrentar Craig.

"Posso dizer que meus colegas ateus o levam bem a sério", disse. "Ele é considerado um adversário muito duro, rigoroso, culto e formidável", continuou. "Normalmente as pessoas não me dizem 'boa sorte' ou 'não nos decepcione' antes de um debate — mas hoje, é o tipo de coisa que estão me dizendo". Difícil saber se houve um vencedor do debate. O certo é que Craig se destaca pela elegância com que apresenta seus argumentos, mesmo quando submetido ao fogo cerrado.

O teólogo evangélico é considerado um dos maiores defensores da doutrina cristã na atualidade. Craig, que vive em Atlanta (EUA) com a esposa, sustenta que a existência de Deus e a ressurreição de Jesus, por exemplo, não são apenas questões de fé, mas passíveis de prova lógica e racional. Em seu currículo de debates estão o famoso químico e autor britânico Peter Atkins e o neurocientista americano Sam Harris. Basta uma rápida procura no Youtube para encontrar uma vastidão de debates travados entre Craig e diversos estudiosos. Richard Dawkins, um dos maiores críticos do teísmo, ainda se recusa a discutir com Craig sobre a existência de Deus.

Em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, Dawkins afirma que Craig faz apologia ao genocídio, por defender passagens da Bíblia que justificam a morte de homens, mulheres e crianças por meio de ordens divinas. "Vocês apertariam a mão de um homem que escreve esse tipo de coisa? Vocês compartilhariam o mesmo palco que ele? Eu não, eu me recuso", escreveu. Na entrevista abaixo, Craig fala sobre o assunto.

Autor de diversos livros — entre eles Em Guarda — Defenda a fé cristã com razão e precisão (Ed. Vida Nova), lançado no fim de 2011 no Brasil, — Craig é doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia pela Universidade de Munique, Alemanha. O filósofo esteve no Brasil para o 8º Congresso de Teologia da Editora Vida Nova, em Águas de Lindóia, entre 13 e 16 de março. Durante o simpósio, Craig deu palestras e dedicou a última apresentação a atacar, ponto a ponto, os argumentos de Richard Dawkins sobre a inexistência de Deus.

Perfil

Nome: William Lane Craig

Profissão: Filósofo, teólogo e professor universitário na Universidade de Biola, Califórnia

Nascimento: 23 de agosto de 1949

Livros destacados: Apologética Contemporânea — A veracidade da Fé Cristã; Em Guarda, Defenda a fé cristã com razão e precisão; ambos publicados no Brasil pela editora Vida Nova

Principal contribuição para a filosofia: Craig foi responsável por reformular o Argumento Cosmológico Kalam (variação do argumento cosmológico que defende a existência de uma primeira causa para o universo) nos seguintes termos: 1) Tudo que começa a existir tem uma causa de existência. 2) O universo começou a existir. 3) Portanto, o universo tem uma causa para sua existência.

Informações pessoais: William Lane Craig é conhecido pelo trabalho na filosofia do tempo e na filosofia da religião, especificamente sobre a existência de Deus e na defesa do teísmo cristão. Escreveu e editou mais de 30 livros, é doutor em filosofia e teologia em universidades inglesa e alemã e desde 1996 é pesquisador e professor de filosofia na Universidade de Biola, na Califórnia. Atualmente vive em Atlanta, nos EUA, com a esposa. Craig pratica exercícios regularmente como forma de combater a APM (Atrofia Peronial Muscular) uma doença degenerativa do sistema nervoso que lhe causou atrofiamento dos nervos das mãos e pernas. Especialista em debates desde o ensino médio, o filósofo passa a maior parte do tempo estudando.

Por que deveríamos acreditar em Deus?

Porque os argumentos e evidências que apontam para a Sua existência são mais plausíveis do que aqueles que apontam para a negação. Vários argumentos dão força à ideia de que Deus existe. Ele é a melhor explicação para a existência de tudo a partir de um momento no passado finito, e também a para o ajuste preciso do universo, levando ao surgimento de vida inteligente. Deus também é a melhor explicação para a existência de deveres e valores morais objetivos no mundo. Com isso, quero dizer valores e deveres que existem independentemente da opinião humana.

Se Deus é bondade e justiça, por que ele não criou um universo perfeito onde todas as pessoas vivem felizes?

Acho que esse é o desejo de Deus. É o que a Bíblia ensina. O fato de que o desejo de Deus não é realizado implica que os seres humanos possuem livre-arbítrio. Não concordo com os teólogos que dizem que Deus determina quem é salvo ou não. Parece-me que os próprios humanos determinam isso. A única razão pela qual algumas pessoas não são salvas é porque elas próprias rejeitam livremente a vontade de Deus de salvá-las.

Alguns cientistas argumentam que o livre-arbítrio não existe. Se esse for o caso, as pessoas poderiam ser julgadas por Deus? Não, elas não poderiam. Acredito que esses autores estão errados. É difícil entender como a concepção do determinismo pode ser racional. Se acreditarmos que tudo é determinado, então até a crença no determinismo foi determinada. Nesse contexto, não se chega a essa conclusão por reflexão racional. Ela seria tão natural e inevitável como um dente que nasce ou uma árvore que dá galhos. Penso que o determinismo, racionalmente, não passa de absurdo. Não é possível acreditar racionalmente nele. Portanto, a atitude racional é negá-lo e acreditar que existe o livre-arbítrio.

O senhor defende em seu site uma passagem do Velho Testamento em que Deus ordena a destruição da cidade de Canaã, inclusive autorizando o genocídio, argumentando que os inocentes mortos nesse massacre seriam salvos pela graça divina. Esse não é um argumento perigosamente próximo daqueles usados por terroristas motivados pela religião?

A teoria ética desses terroristas não está errada. Isso, contudo, não quer dizer que eles estão certos. O problema é a crença deles no deus errado. O verdadeiro Deus não ordena atos terroristas e, portanto, eles estariam cometendo uma atrocidade moral. Quero dizer que se Deus decide tirar a vida de uma pessoa inocente, especialmente uma criança, a Sua graça se estende a ela.

Se o terrorista é cristão o ato terrorista motivado pela religião é justificável, por ele acreditar no Deus 'certo'?

Não é suficiente acreditar no deus certo. É preciso garantir que os comandos divinos estão sendo corretamente interpretados. Não acho que Deus dê esse tipo de comando hoje em dia. Os casos do Velho Testamento, como a conquista de Canaã, não representam a vontade normal de Deus.

O sr. está querendo dizer que Deus também está sujeito a variações de humor? Não é plausível esperar que pelo menos Ele seja consistente?

Penso que Deus pode fazer exceções aos comandos morais que dá. O principal exemplo no Velho Testamento é a ordem que ele dá a Abraão para sacrificar seu filho Isaque. Se Abraão tivesse feito isso por iniciativa própria, isso seria uma abominação. O deus do Velho Testamento condena o sacrifício infantil. Essa foi uma das razões que o levou a ordenar a destruição das nações pagãs ao redor de Israel. Elas estavam sacrificando crianças aos seus deuses. E, no entanto, Deus dá essa ordem extraordinária a Abraão: sacrificar o próprio filho Isaque. Isso serviu para verificar a obediência e fé dele. Mas isso é a exceção que prova a regra. Não é a forma normal com que Deus conduz os assuntos humanos. Mas porque Deus é Deus, Ele tem a possibilidade de abrir exceções em alguns casos extremos, como esse.

O sr. disse que não é suficiente ter o deus certo, é preciso fazer a interpretação correta dos comandos divinos. Como garantir que a sua interpretação é objetivamente correta?

As coisas que digo são baseadas no que Deus nos deu a conhecer sobre si mesmo e em preceitos registrados na Bíblia, que é a palavra d'Ele. Refiro-me a determinações sobre a vida humana, como "não matarás". Deus condena o sacrifício de crianças, Seu desejo é que amemos uns ao outros. Essa é a Sua moral geral. Seria apenas em casos excepcionalmente extremos, como o de Abraão e Isaque, que Deus mudaria isso. Se eu achar que Deus me comandou a fazer algo que é contra o Seu desejo moral geral, revelado na escritura, o mais provável é que eu tenha entendido errado. Temos a revelação do desejo moral de Deus e é assim que devemos nos comportar.

O sr. deposita grande parte da sua argumentação no conteúdo da Bíblia. Contudo, ela foi escrita por homens em um período restrito, em uma área restrita do mundo, em uma língua restrita, para um grupo específico de pessoas. Que evidência se tem de que a Bíblia é a palavra de um ser sobrenatural?

A razão pela qual acreditamos na Bíblia e sua validade é porque acreditamos em Cristo. Ele considerava as escrituras hebraicas como a palavra de Deus. Seus ensinamentos são extensões do que é ensinado no Velho Testamento. Os ensinamentos de Jesus são direcionados à era da Igreja, que o sucederia. A questão, então, se torna a seguinte: temos boas razões para acreditar em Jesus? Ele é quem ele diz ser, a revelação de Deus? Acredito que sim. A ressurreição dos mortos, por exemplo, mostra que ele era quem afirmava.

Existem provas que confirmem a ressurreição de Jesus?

Temos boas bases históricas. A palavra 'prova' pode ser enganosa porque muitos a associam com matemática. Certamente, não temos prova matemática de qualquer coisa que tenha acontecido na história do homem. Não temos provas, nesse sentido, de que Júlio César foi assassinado no senado romano, por exemplo, mas temos boas bases históricas para isso. Meu argumento é que se você considera os documentos do Novo Testamento como fontes da história antiga, — como os historiadores gregos Tácito, Heródoto ou Tucídides — o evangelho aparece como uma fonte histórica muito confiável para a vida de Jesus de Nazaré. A maioria dos historiadores do Novo Testamento concorda com os fatos fundamentais que balizam a inferência sobre a ressurreição de Cristo. Coisas como a sua execução sob autoridade romana, a descoberta das tumbas vazias por um grupo de mulheres no domingo depois da crucificação e o relato de vários indivíduos e grupos sobre os aparecimentos de Jesus vivo após sua execução. Com isso, nos resta a seguinte pergunta: qual é a melhor explicação para essa sequência de acontecimentos? Penso que a melhor explicação é aquela que os discípulos originais deram — Deus fez Jesus renascer dos mortos. Não podemos falar de uma prova, mas podemos levantar boas bases históricas para dizer que a ressurreição é a melhor explicação para os fatos. E como temos boas razões para acreditar que Cristo era quem dizia ser, portanto temos boas razões para acreditar que seus ensinamentos eram verdade. Sendo assim, podemos ver que a Bíblia não foi criação contingente de um tempo, de um lugar e de certas pessoas, mas é a palavra de Deus para a humanidade.

Os textos da Bíblia passaram por diversas revisões ao longo do tempo. Como podemos ter certeza de que as informações às quais temos acesso hoje são as mesmas escritas há 2.000 anos? Além disso, como lidar com o fato de que informações podem ser perdidas durante a tradução?

Você tem razão quanto a variedade de revisões e traduções. Por isso, é imperativo voltar às línguas originais nas quais esses textos foram escritos. Hoje, os críticos textuais comparam diferentes manuscritos antigos de modo a reconstruir o que os originais diziam. O Novo Testamento é o livro mais atestado da história antiga, seja em termos de manuscritos encontrados ou em termos de quão próximos eles estão da data original de escrita. Os textos já foram reconstruídos com 99% de precisão em relação aos originais. As incertezas que restam são trivialidades. Por exemplo, na Primeira Epístola de João, ele diz: "Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra". Mas alguns manuscritos dizem: "Estas coisas vos escrevemos, para que o nosso gozo se cumpra". Não temos certeza se o texto original diz 'vosso' ou 'nosso'. Isso ilustra como esse 1% de incerteza é trivial. Alguém que realmente queira entender os textos deverá aprender grego, a língua original em que o Novo Testamento foi escrito. Contudo, as pessoas também podem comprar diferentes traduções e compará-las para perceber como o texto se comporta em diferentes versões.

É possível explicar a existência de Deus apenas com a razão? Qual o papel da ciência na explicação das causas do universo?

A razão é muito mais ampla do que a ciência. A ciência é uma exploração do mundo físico e natural. A razão, por outro lado, inclui elementos como a lógica, a matemática, a metafísica, a ética, a psicologia e assim por diante. Parte da cegueira de cientistas naturalistas, como Richard Dawkins, é que eles são culpados de algo chamado 'cientismo'. Como se a ciência fosse a única fonte da verdade. Não acho que podemos explicar Deus em sua plenitude, mas a razão é suficiente para justificar a conclusão de que um criador transcendente do universo existe e é a fonte absoluta de bondade moral.

Por que o cristianismo deveria ser mais importante do que outras religiões que ensinam as mesmas questões fundamentais, como o amor e a caridade?

As pessoas não entendem o que é o cristianismo. É por isso que alguns ficam tão ofendidos quando se prega que Jesus é a única forma de salvação. Elas pensam que ser cristão é seguir os ensinamentos éticos de Jesus, como amar ao próximo como a si mesmo. É claro que não é preciso acreditar em Jesus para se fazer isso. Isso não é o cristianismo. O evangelho diz que somos moralmente culpados perante Deus. Espiritualmente, somos separados d'Ele. É por isso que precisamos experimentar Seu perdão e graça. Para isso, é preciso ter um substituto que pague a pena dos nossos pecados. Jesus ofereceu a própria vida como sacrifício por nós. Ao aceitar o que ele fez em nosso nome, podemos ter o perdão de Deus e a limpeza moral. A partir disso, nossa relação com Deus pode ser restaurada. Isso evidencia por que acreditar em Cristo é tão importante. Repudiá-lo é rejeitar a graça de Deus e permanecer espiritualmente separado d'Ele. Se você morre nessa condição você ficará eternamente separado de Deus. Outras religiões não ensinam a mesma coisa.

A crença em Deus é necessária para trazer qualidade de vida e felicidade?

Penso que a crença em Deus ajuda, mas não é necessária. Ela pode lhe dar uma fundação para valores morais, propósito de vida e esperança para o futuro. Contudo, se você quiser viver inconsistentemente, é possível ser um ateu feliz, contanto que não se pense nas implicações do ateísmo. Em última análise, o ateísmo prega que não existem valores morais objetivos, que tudo é uma ilusão, que não há propósito e significado para a vida e que somos um subproduto do acaso.

Por que importa se acreditamos no deus do cristianismo ou na 'mãe natureza' se na prática as pessoas podem seguir, fundamentalmente, os mesmos ensinamentos?

Deveríamos acreditar em uma mentira se isso for bom para a sociedade? As pessoas devem acreditar em uma falsa teoria, só por causa dos benefícios sociais? Eu acho que não. Isso seria uma alucinação. Algumas pessoas passam a acreditar na religião por esse motivo. Já que a religião traz benefícios para a sociedade, mesmo que o indivíduo pense que ela não passa de um 'conto de fadas', ele passa a acreditar. Digo que não. Se você acha que a religião é um conto de fadas, não acredite. Mas se o cristianismo é a verdade — como penso que é — temos que acreditar nele independente das consequências. É o que as pessoas racionais fazem, elas acreditam na verdade. A via contrária é o pragmatismo. "Isso Funciona?", perguntam elas. "Não importa se é verdade, quero saber se funciona". Não estou preocupado se na Suécia alguns são felizes sem acreditar em Deus ou se há alguma vantagem em acreditar n'Ele. Como filósofo, estou interessado no que é verdade e me parece que a existência desse ser transcendente que criou e projetou o universo, fonte dos valores morais, é a verdade.
(Colaborou Gabriel Castro).

O artigo original publicado no site da Revista VEJA poder ser lido por meio desse link aqui:


NOSSO COMENTÁRIO

1. Várias opiniões de W. L. Craig não refletem as opiniões do Blog o Grande Diálogo.

2. Gostaríamos de sugerir a nossos leitores nossa série de artigos sob o título “ELEIÇÃO DIVINA X DETERMINISMO CEGO”, onde tratamos de alguns aspectos apresentados pelo entrevistado. Nosso artigos poderão ser lidos por meio dos seguintes links:




Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PARA ENTENDER O BOKO HARAM E O EXTREMISMO ISLÂMICO


O artigo abaixo foi publicado no site da Revista ÉPOCA e é de autoria de Bruno Calixto com mapas de Giovana Tarakdjian

Boko Haram e um massacre que pode ser visto por satélite

Grupo extremista sequestra meninas, controla vilarejos e promove atentados na Nigéria. Como surgiu e quais são as táticas do Boko Haram, que construiu um "Estado Islâmico" na África?

BRUNO CALIXTO (TEXTO), GIOVANA TARAKDJIAN (MAPA)

Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)
Imagem de satélite divulgada pela Anistia Internacional mostra estruturas queimadas após ataque do Boko Haram a uma base militar em Baga, Nigéria (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Um massacre de proporções ainda não determinadas aconteceu no começo do ano, no dia 3 de janeiro, na Nigéria. O Boko Haram - o mesmo grupo que sequestrou centenas de meninas de uma escola nigeriana - atacou o vilarejo de Baga e pode ter matado de 150 a até 2 mil pessoas, além de atear fogo em toda a cidade. Imagens de satélite divulgadas nesta quinta (15) mostram um quadro de ampla destruição. Com o ataque, o Boko Haram passa a controlar ainda mais território, e mostra estar disposto a táticas cada vez mais brutais. Como surgiu esse grupo e o que ele quer?

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

Área de influência do Boko Haram na Nigéria (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)

O nascimento do Boko Haram

O Boko Haram surgiu em 2002 em Maiduguri, capital do Estado de Borno, na Nigéria. Borno, no nordeste do país, é uma das regiões mais empobrecidas da Nigéria. Além disso, conta com maioria da população muçulmana, enquanto que no restante do país a religião predominante é o cristianismo. O grupo foi criado pelo Mohammed Yusuf, clérigo islamista formado na Árabia Saudita, com o objetivo de transformar a Nigéria em um Estado islâmico que siga as leis da sharia. Inicialmente, o grupo se chamava Jama’a Ahl as-Sunna Li-da’wa wa-al Jihad, que significa "Pessoas comprometidas com a propagação dos ensinamentos do profeta e com a Jihad" em árabe. Com o tempo, ele ficou conhecido pelo apelido na língua local. "Boko" é a palavra usada para se referir às escolas e ao sistema educacional do Ocidente, e "Haram" significa proibido.

Yusuf era um clérigo do islamismo sunita, o maior ramo do Islã – mais de 80% dos muçulmanos no mundo são sunitas. Dentro desse ramo, ele pertencia à escola do salafismo. Os salafistas pregam o retorno das práticas do início do islamismo. A corrente defende posições extremamente conservadoras sobre o papel da mulher na sociedade, sobre a obrigatoriedade de seguir a religião, e proíbe fazer imagens de Maomé ou venerar monumentos de profetas. Muitos grupos terroristas, como a Al Qaeda ou o Taleban, nasceram dessas interpretações extremas.

Nos seus anos iniciais, o Boko Haram não participou de atos violentos nem usou de estratégias terroristas. Yusuf considerava o governo da Nigéria como ilegítimo, mas não se envolveu em ataques diretos até pelo menos 2009.

Uma revolta contra capacetes de motocicletas

Em julho de 2009, o governo da Nigéria aprovou uma lei obrigando todos os motoristas de motocicletas a usar capacetes. A lei não foi aceita pelos seguidores de Yusuf. A polícia agiu com brutalidade contra o grupo, o que resultou em uma revolta armada que se espalhou por quatro Estados do norte da Nigéria. O Exército nigeriano reprimiu o levante, que terminou com 800 mortos. Yusuf foi capturado e executado com transmissão ao vivo pela TV. Na época, grupos de direitos humanos acusaram o Exército de execuções extrajudiciais de clérigos do grupo.

A partir desse incidente, o Boko Haram começou a se radicalizar. Analistas acreditam que, entre 2009 e 2010, muitos de seus membros foram para a região do Sahel, a sul do deserto do Saara, onde foram treinados por grupos jihadistas. Foi provavelmente nessa época que eles fizeram os primeiros laços com a Al Qaeda no Magreb Islâmico, o braço da rede terrorista que atua na África. A primeira grande ação terrorista foi executada em setembro de 2010, quando eles orquestraram uma fuga massiva de uma prisão, libertando centenas de presos.

O líder que volta dos mortos

O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)
O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, que atua na Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Com a morte Yusuf, a liderança foi assumida por Abubakar Shekau, um nigeriano que ora é classificado como um teólogo islâmico poliglota, ora como "comandante louco". A vida de Shekau é cercada de mistérios. Ninguém sabe quando ele nasceu, e ninguém sabe sequer se ele continua vivo. O Exército nigeriano já anunciou a morte do comandante em pelo menos três ocasiões, mas depois ele sempre volta a aparecer em vídeos, renovando as ameaças. Uma das aparições recentes foi quando ele assumiu a autoria do sequestro de centenas de estudantes em Chibok.

Sob seu comando, o Boko Haram se tornou mais cruel. O grupo fez seu primeiro atentado internacional, desenvolveu táticas de carros-bomba e passou a controlar grande número de vilarejos no nordeste da Nigéria.

Ainda assim, para algumas autoridades nigerianas, Shekau simplesmente não existe. Eles acreditam que o nome se tornou uma "marca" ou "título", adotado por diferentes lideranças de grupos internos do Boko Haram, como uma forma de criar um mito em torno do líder. Segundo essa tese, o homem que aparece nos vídeos é um sósia.

O sequestro das alunas de Chibok

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

Reprodução de vídeo feito pelo grupo terrorista Boko Haram mostra mais de 100 meninas que, segundo o grupo, fazem parte das meninas sequestradas em Chibok, norte da Nigéria (Foto: Reprodução/AP)

A partir de 2012, o grupo passou a se concentrar em ataques a escolas. Novamente, o nível de brutalidade foi crescendo com o passar do tempo. No começo, integrantes do Boko Haram focavam na destruição das propriedades de universidades e escolas. Os ataques ocorriam sempre à noite, quando não havia alunos ou professores. No ano seguinte, Shekau anunciou que as universidades participavam de um "complô contra o Islã" e ameaçou matar alunos e professores. A partir daí, os níveis de presença nas escolas do interior caíram de forma gigantesca.

Em abril de 2014, o sequestro de mais de 200 alunas que se preparavam para fazer uma prova em uma escola em Chibok foi uma das operações mais ousadas do grupo. O caso atraiu a atenção do mundo, com dezenas de manifestações e cobertura da imprensa. Ainda assim, o governo da Nigéria foi incapaz de libertar as meninas. A incompetência das autoridades nigerianas foi provavelmente um sinal verde para o Boko Haram se tornar ainda mais ousado.

Um massacre visto por satélite

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Imagem divulgada pela Anistia Internacional mostra o antes e o depois do Boko Haram a Baga, Nigéria. Na imagem de baixo, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

A primeira imagem mostra a cidade no dia 2 de janeiro. Na de baixo, do dia 7 de janeiro, é possível observar estruturas queimadas pelo grupo terrorista. A foto foi tirada por um satélite que usa cor infravermelho. As figuras em vermelho indicam árvores e vegetação (Foto: DigitalGlobe/Anistia Internacional)

Em agosto do ano passado, Shekau deu um passo decisivo em busca de controle territorial. Ele anunciou o estabelecimento de um "Califado Islâmico" na região de Borno e no norte da Nigéria, similar ao que o Estado Islâmico fez na Síria e no Iraque. A partir de então, os ataques a vilarejos e confrontos com as forças armadas começaram a se tornar mais frequentes. Um dos poucos vilarejos que não caíram foi Baga, que abrigava uma base militar multinacional com tropas da Nigéria, Niger e Chad.

Isso mudou na manhã do dia 3 de janeiro. A BBC e o Guardian escutaram testemunhas do ataque. Os homens do Boko Haram chegaram em caminhões, vindo de todas as direções. Logo começaram a atirar. Os soldados da base em Baga reagiram. Foram cerca de nove horas de confronto, quando enfim os soldados, vendo que estavam perdendo a batalha, jogaram suas armas no chão e bateram em retirada. Nenhum reforço do Exército nigeriano chegou ao local.  "Quando você vê soldados fugindo da cidade, o que você pode fazer além de fugir também?", disse uma testemunha à BBC.

Quando o Boko Haram tomou o vilarejo, começou a barbárie. Os sobreviventes que fugiram da cidade disseram ver pilhas e mais pilhas de corpos nas ruas. Segundo os relatos, os terroristas atiraram em civis indiscriminadamente – incluindo mulheres e crianças, cristãos e muçulmanos. Depois, saquearam as casas e mercados e atearam fogo em todo o vilarejo. Segundo a Anistia Internacional, o número de mortos pode chegar a 2 mil pessoas. Já o governo nigeriano fala em "cerca de 150 de vítimas". O número não pode ser confirmado porque o Estado nigeriano simplesmente não tem condições de chegar ao local para contar os corpos.

Nesta quinta (15), a Anistia publicou fotos de satélites mostrando o que sobrou de Baga e de outro vilarejo atacado, Doron Baga. Segundo a organização, é possível identificar um total de 3.700 estruturas destruídas. "De todos os assaltos do Boko Haram que analisamos, esse foi o maior e o mais destrutivo. Representa um ataque deliberado a civis. Suas casas, clínicas e escolas agora estão em ruína", disse Daniel Eyre, da Anistia Internacional.

E agora?

O massacre demorou a chegar aos jornais, mas quando veio a público, causou incômodo. Mais de um milhão de pessoas se manifestaram contra a violência no caso dos atentados terroristas da França, que mataram 17 pessoas, e a morte de centenas de nigerianos não estava atraindo a atenção. Organizações como a ONU e até celebridades pediram mais atenção ao caso. Críticas pesadas caem sobre o governo do presidente Goodluck Jonathan. Ele é acusado de não agir de forma convincente contra o Boko Haram, já que os extremistas atuam em áreas em que os políticos de oposição ao seu governo são mais fortes. Autoridades nigerianas disseram que as Forças Armadas do país serão mobilizadas para enfrentar os insurgentes. Enquanto isso, Jonathan anuncia sua candidatura à reeleição. No anúncio, ele não falou uma palavra sobre o Boko Haram, o massacre de Baga ou sobre as meninas sequestradas no ano passado.
O artigo original da revista Época poderá ser visto por meio do link abaixo:


OUTROS ARTIGOS ACERCA DO O ISLÃ E DO ESTREMISMO ISLÂMICO















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sábado, 24 de janeiro de 2015

ARTICULISTA SE APROVEITA DO TERROR RELIGIOSO EM PARIS PARA ATACAR A BÍBLIA


 

Uma das questões mais comuns com a qual estamos acostumados a lidar é a mais absoluta falta de entendimento do que as Escrituras Sagradas ensinam acerca de Deus, especialmente o Antigo Testamento.

ALGUNS ANTECEDENTES

A vasta maioria das informações que vemos hoje sendo publicadas não tiveram início em tempos recentes e nem mesmo no século passado. Esses ataques, frutos da ignorância das pessoas, tiveram início nos séculos XVIII e XIX e, de lá prá cá, o que temos visto são apenas repetições e variações sobre os escritos produzidos naqueles séculos. É provável que o agressor de plantão mais vocal em nossos dias, seja o biólogo nigeriano Richard Dawkins que escreveu o patético livro Deus, Um Delírio. Seu material apenas reproduz as idéias dos seguintes escritores do passado:

1. Paul-Henri Dietrich, barão d’Holbach enciclopedista — contribui com nada menos do que 376 artigos para a grande enciclopédia publicada por Diderot — e filósofo alemão naturalizado francês. Holbach nasceu em Dezembro de 1723 em Edesheim, próximo a Landau e faleceu em Paris em 21 de Julho de 1789. Suas duas obras mais importantes com relação à crítica da Cristandade[1] são: 1)”O Sistema da Natureza” publicada em 1770 sob o pseudônimo de J. B. Mirabaud e; 2) “Le Christianisme Dévoilé” de 1761 publicado sob o nome de um amigo já falecido, N. A. Boulanger. Nas duas obras d’Holbach ataca a Cristandade como sendo contrária tanto à natureza quanto à razão. Em tempos mais recentes um inglês chamado M. D. Magee tem publicado um site na Internet com o título “Christianity Revealed”, o que é uma inegável cópia da obra do barão d’Holbach.

2. Andréas Lwdwig Feuerbach, filósofo e humanista alemão que exerceu enorme influência sobre Karl Marx com suas idéias teológicas centradas no homem e não em Deus. Feuerbach abandonou os estudos teológicos e tornou-se discípulo de G. W. F. Hegel durante dois anos em Berlim. Publicou seu primeiro livro acerca da morte e da imortalidade — Gedanken über Tod und Unsterblichkeit em 1832 — de forma anônima. Em 1839 publica “Über Philosophie und Christentum” onde defende a idéia de que a Cristandade já havia desaparecido não somente da razão, mas da própria existência humana e que não passava de uma idéia fixa somente. Sua obra mais importante, todavia, “Das Wesen des Christentums” foi publicada em 1841. Feuerbach, mesmo negando ser ateísta, defendia a idéia de que o “deus” da Cristandade não passava de uma ilusão — Alô? Dr. Dawkins? — risos. Ele exerceu profunda influência sobre o editor anticristão David Friedrich Strauss, que escreveu um dos livros mais controvertidos dos quais se tem notícia “Das Leben Jesu Kritisch Bearbeitet” entre 1835-36, bem como sobre Bruno Bauer, outro severo crítico da Cristandade.

2. EM NOSSOS DIAS

Uma leitura atenta dos parágrafos acima nos mostra com clareza que as tolices escritas por Richard Dawkins ou pelo falecido Christopher Hitchens — Deus não é Grande — Como a Religião Envenena Tudo — estão amplamente amparadas nos escritos do Barão de Holbach, de Lwdwing Feuerbach, Strauss, Renan, Nietzsche e outros autores todos mortos há mais de dois séculos ou algo próximo disso.

Tudo isso para dizer que ficamos deveras surpresos com um artigo publicado pelo site da revista Carta Capital e assinado pelo Sr. Wálter Maierovitch, no qual o mesmo, infelizmente, faz afirmações estapafúrdias e sem fundamento sólido por desconhecer, de forma absoluta, o verdadeiro conteúdo da revelação divina contida na Bíblia. Mesmo não crendo que a Bíblia seja a Palavra verdadeira do Deus Vivo, qualquer pessoa que deseja expressar suas opiniões acerca da mesma tem a obrigação de conhecer bem o texto sagrado e de ser, no mínimo, honesto, intelectualmente falando.

Bem, vamos ao texto da Carta Capital e faremos alguns outros comentários no final do mesmo com o objetivo de esclarecer os equívocos do Sr. Wálter Maierovitch.  

Internacional — França

Além do Charlie Hebdo

Não é o Alcorão, mas a Bíblia, o livro sagrado que recomenda a pena de morte aos blasfemos. Está no Levítico (24:16).

Por Wálter Maierovitch - Juiz de Direito Aponsentado

Bíblia
Mark Wilson / AFP — Bíblia - "Quem blasfema o nome do Senhor deve ser morto"

A tragédia no semanário Charlie Hebdo acirrou na Europa o conflito político-ideológico entre a direita radical difusora da islamofobia e a esquerda, com a sua bandeira de integração centrada na formação de uma igualitária sociedade multiétnica.

À frente dessa direita populista na França está Marine Le Pen, da Frente Nacional, na Itália Matteo Salvini, da Liga Norte. Ambos com posições xenófobas e favoráveis à revogação do Tratado de Schegen, a cidade luxemburguesa onde foi celebrado, em 1985 (seria aperfeiçoado em 1995), ao estabelecer a livre circulação de cidadãos pela União Europeia.

Essa dupla não distingue a presença majoritária de islamitas pacíficos e minorias reunidas em associações terroristas salafistas financiadas, muitas vezes, como foi o caso de Osama bin Laden, por uma elite endinheirada, encastelada nas petromonarquias da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes e do Catar.

Melhor: trata-se de associações terroristas com atuação em rede planetária e adesão a um integralismo de matriz político-religiosa. Essas organizações não aceitam o pluralismo de ideias e de programas, a laicidade do Estado, a liberdade de opinião e de imprensa, a democracia. Abraçam o totalitarismo religioso. Seus integrantes estão sempre prontos a matar aos gritos de Allahu akbar (Alá é grande) ou de invocar, para justificar os bárbaros crimes, o nome do profeta Maomé, em equivocada interpretação do Alcorão. A propósito das charges do semanário, não é o Alcorão, mas a Bíblia, no Levítico (24:16), o único livro sagrado a sancionar a blasfêmia com pena de morte: “Quem blasfema o nome do Senhor deve ser morto”.

Para Marine Le Pen, as mortes no Charlie Hebdo revelaram “não ser a Europa capaz de defender seus cidadãos contra o terrorismo”. Le Pen não atentou a dois fatos significativos que envolvem, no caso da integração étnica, islamitas praticantes. O policial de origem árabe e religião islâmica Ahmed Merabet enfrentou até a morte, na calçada defronte à sede do semanário, os dois irmãos Kouachi. Seus familiares, em entrevista coletiva que Le Pen prefere ignorar, ressaltaram: “Ahmed era de fé islâmica e os seus assassinos uns falsos islamitas, pois o Islã é uma religião de paz”.

Na tragédia do dia seguinte, o malinês Lassana Bathily, funcionário do armazém de produtos kosher onde quatro reféns foram assassinados, salvou mais de uma dezena de hebreus. Bathily escondeu em uma câmara frigorífica, depois de desligar o sistema refrigerador, diversos judeus em compras no mercado. Salvou-os da ira e das balas do fanático Amedy Coulibaly. Na véspera, Coulibaly havia matado uma policial estagiária desarmada em um parque da comuna de Montrouge.

Na seara policial e de inteligência, muitos pontos precisam ser esclarecidos. A Al-Qaeda da Península Arábica, sediada no Iêmen, reivindicou, após autorização de Ayman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden e chefe da Al-Qaeda central, a autoria do atentado no Charlie Hebdo, conforme um vídeo de 11 minutos.

Pelos sinais, tudo pode ter nascido de iniciativa escoteira de uma célula doméstica e autônoma fundada em 2005 pelos irmãos Kouachi, com adesão de Coulibaly e predicações de Djamel Beghal. Essa célula chegou, no parque francês de Buttes Charmont, a atuar na arregimentação de jihadistas para o Iraque e, posteriormente, à Síria.

Chérif Kouachi e Coulibaly foram condenados, com penas de 3 e 5 anos, por tentativa de tirar da penitenciária o terrorista Ali Belkacem, autor de um atentado no metrô em 1995. Chérif ficou sete meses preso e recebeu livramento condicional, enquanto Coulibaly deixou a cadeia em julho de 2014. Até então, a célula atuava com autonomia, por sua conta e risco. A Al-Qaeda central, desde Bin Laden, pregava, via ciberterror, a ordem do “faça você mesmo a sua parte sem precisar consultar, salvo em questões religiosas”.

Interessa à Al-Qaeda colocar no currículo um segundo 11 de Setembro, desta vez na França. Ainda mais por estar em conflito com o Estado Islâmico, que logrou ocupar um território, enquanto seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou-se califa Ibrahim, o que deve ter levado Bin Laden a se remexer de inveja no fundo do mar. O sonho não realizado de Bin Laden era ter um califado. Registre-se: os irmãos Kouachi avisaram pertencer à Al-Qaeda. Não esclareceram, no entanto, se estavam sob ordens alqaedistas.

Pergunta: a versão oficial a ser apresentada vai ou não coincidir com a verdade real?

O artigo original da Revista Carta Capital poderá ser lido por meio desse link aqui:


NOSSO COMENTÁRIO ACERCA DA AFIRMAÇÃO DO AUTOR ENVOLVENDO A CITAÇÃO DE LEVÍTICO 24:16

1. Um dos grandes equívocos cometidos pelas pessoas em geral quando o assunto é aquilo que está escrito na Bíblia é não entender que a mesma é uma revelação progressiva e que é necessário entender cada tipo de literatura contido na Bíblia à luz de sua própria história, geografia, sociologia, economia e etc.

2. Quanto ao versículo de Levítico 24:16 devemos sempre nos lembrar que muitas coisas escritas, especialmente no Antigo Testamento, estão culturalmente condicionadas a diversos fatores. Por exemplo, o mandamento contido em Levítico 24:16 estava culturalmente condicionado e só poderia ser aplicado dentro do contexto do povo hebreu — os hebreus não podiam, por exemplo irem para outros países matarem pessoas que blasfemassem contra o seu Deus. E mesmo isso, só poderia ser feito enquanto durasse a Antiga Aliança que foi totalmente abolida com a vinda de Jesus Cristo.

3. Além do mais a blasfêmia envolvida em Levítico 24:16 diz respeito à blasfêmia contra o nome inefável de Deus — יהוה  — YHWH — traduzido com SENHOR nesse e em todos os outros contextos em que o mesmo aparece no original hebraico. O contexto de Levítico 24 nos fala de um jovem, filho de uma israelita com um egípcio, que teria então cometido essa blasfêmia específica, mas o texto não nos diz exatamente o que ele disse. Diz apenas que foi entendido dessa maneira. A sentença proferida pelo próprio Deus foi de que o mesmo deveria ser apedrejado, o que aconteceu na sequência da narrativa. Todavia, os judeus desde muito tempo passaram a evitar o uso do nome inefável יהוה — YHWH — traduzido com SENHOR preferindo os termos אדני `Adony — Meu Senhor ou  השׁם hashem — O Nome. Dessa forma os judeus passaram a evitar tanto pronunciar o nome inefável de Deus em vão — conforme a proibição de Êxodo 20:7 — como evitar blasfemar o nome de Deus, conforme o verso que estamos discutindo aqui.

4. De acordo com a narrativa Bíblica existem apenas dois outros momentos em que tal mandamento foi colocado em prática — ou seja, o ofensor pagou com a própria vida pela blasfêmia proferida —, mas nos dois casos é transparente a ma fé com que os casos foram conduzidos motivados por outros interesses.

a. O primeiro caso está registrado em 1 Reis 21:13 onde lemos:

1 Reis 21:13

Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu.

O contexto deixa claro que tudo não passou de uma armação e não da aplicação justa do mandamento divino.

b. O segundo caso é mais gritante ainda, porque envolve a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo, vítima de um julgamento imoral no meio da madrugada que culminou com sua condenação à morte pelas autoridades judaicas com base no verso que estamos discutindo. A passagem da condenação do Senhor Jesus é esta:

Mateus 26:65—66

65 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!

66 Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.

5. Portanto de acordo com a narrativa Bíblica não temos a aplicação de tal lei, nem de forma comum, nem desproporcional — aliás, como vimos temos apenas 3 casos em toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento, sendo que em dois deles, a lei foi aplicada de forma injusta e parcial para atender a outros interesses.

6. Agora, a forma como o autor do artigo cita o verso de Levítico 24:16 dá a nítida impressão para o leitor mal informado ou pouco instruído nas Escrituras Sagradas cristãs que tal mandamento é válido até os dias de hoje e vai lá saber quantos não foram executados em obediência ao mesmo, o que é uma evidente prova tanto do desconhecimento das Escrituras Sagradas bíblicas,  como uma falta absoluta de honestidade intelectual por parte do autor do artigo.

Independentemente de tudo isso, continuamos admirando o equilibrio demonstrado pela Revista Carta Capital e seu editor, o Sr. Mino Carta, admiração essa que nos acompanha desde a nossa adolescência quando o mesmo lançou a revista VEJA da Editora Abril, curiosamente, no dia 11 de setembro de 1968.

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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[1] O autor chamará de “Cristandade” esta religião falsa, espalhada pelo mundo, que se auto-intitula de cristã. Mesmo não gostando do termo “Cristianismo”, pelo reducionismo ideológico que ele causa, o mesmo será usado para se referir à verdadeira igreja cristã espalhada pelo mundo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

RELIGIÕES E OS SERES HUMANOS


O jornalista Lawrence Wright. Depois do fanatismo da al-Qaeda, seu alvo é a cientologia (Foto: Orjan F. Ellingvag/Dagbladet/Corbis)

A primeira vez que entrei em contato com Lawrence Wright foi quando ele veio a New York para o lançamento de seu livro Saints and Sinners – Santos e Pecadores. Desde então tenho acompanhado sua produção literária e foi com grande surpresa que me deparei com essa entrevista que ele concedeu para Rodrigo Turrer da Revista ÉPOCA. O material publicado pela revista segue abaixo:

Lawrence Wright: "A religião muda pessoas para o bem e para o mal"

O premiado jornalista americano mostra, em seu novo livro, como a cientologia se aproveitou da fama de astros de Hollywood para se popularizar entre os americanos

RODRIGO TURRER

QUESTIONADOR

O jornalista Lawrence Wright. Depois do fanatismo da al-Qaeda, seu alvo é a cientologia (Foto: Orjan F. Ellingvag/Dagbladet/Corbis)

O jornalista americano Lawrence Wright sempre se interessou pelo papel da religião na história do mundo. Em seu mais famoso livro, O vulto das torres, de 2006, ganhador do Prêmio Pulitzer, ele fez uma detalhada investigação da rede terrorista al-Qaeda e das raízes do fundamentalismo islâmico pregado pelo saudita Osama bin Laden. Em seu novo livro, A prisão da fé – Cientologia, celebridades e Hollywood (Cia. das Letras, 600 páginas, R$ 54), Wright se dedica a investigar os fundamentalistas da cientologia. “Sempre fui fascinado pelo poder que a religião tem de mudar o comportamento das pessoas e da sociedade”, afirmou Wright, de 66 anos, em entrevista a ÉPOCA.

ÉPOCA – O que levou o senhor a escrever sobre cientologia?

Lawrence Wright – A religião muda pessoas para o bem e para o mal. Sempre fui fascinado pelo poder que a religião tem de mudar o comportamento das pessoas e da sociedade. Um de meus objetivos em meus livros é analisar o processo da crença: o que leva alguém a acreditar numa religião. No caso da cientologia, não é uma conversão, uma iluminação, como ocorre na maioria das religiões. É uma espécie de lavagem cerebral, uma passagem em que pessoas instruídas, inteligentes e céticas se tornam crentes.

ÉPOCA – Foi o que aconteceu com o personagem central de seu livro, o roteirista Paul Haggis?

Wright – Sim. Como muitas pessoas, quando Haggis se envolveu com a cientologia, ele imaginou que aquilo fosse ajudá-lo. Ele estava à beira de um divórcio quando um conhecido lhe entregou um livro e disse: “Você tem uma consciência – esse é o manual de instruções”. Era um livro sobre a Igreja da Cientologia, e Haggis quis ir atrás. Ele achou que aquilo poderia ajudá-lo e começou a frequentar cursos ministrados por líderes cientologistas. Aquilo de fato o ajudou por algum tempo. Ele se mudou para Los Angeles, sua mulher entrou para a igreja, seus filhos se tornaram cientologistas. Muitos de seus amigos eram cientologistas. Ele se tornou parte de uma comunidade, e aquilo era muito significativo para ele. Haggis cresceu na igreja e achou alguns de seus preceitos insanos e sem sentido. Mas, como tudo aquilo era importante, ele insistiu, até chegar a um momento em que percebeu que nada daquilo fazia sentido. Demorou 20 anos para ele largar a igreja.

ÉPOCA – Como a Igreja da Cientologia se tornou um sucesso entre celebridades americanas?

Wright – Isso é obra de L. Ron Hubbard, o fundador da Igreja da Cientologia. Hubbard era um gênio em muitos aspectos. Uma prova de sua genialidade foi entender que, nos Estados Unidos do pós-guerra, celebridades eram adoradas – e o centro mundial das celebridades é Hollywood. Hubbard estabeleceu como meta cortejar e atrair gente famosa para sua igreja. De um ponto de vista publicitário, ele percebeu antes de todos que os famosos vendem produtos. No caso de Hubbard, o produto que ele tinha para vender era a cientologia.

ÉPOCA – A Igreja da Cientologia ainda faz isso quando usa astros como John Travolta ou Tom Cruise para se promover?

Wright – Sim. Note como cada um desses atores esteve no topo das bilheterias mundiais mais de uma vez em sua carreira. Eles são figuras centrais, símbolos poderosos da cientologia e do sucesso que a igreja afirma trazer para quem aderir a ela. Cruise se tornou o mais importante, mas Travolta foi um dos pioneiros na promoção da cientologia e, por um longo tempo, foi o mais notável dos cientologistas. Por causa dos dois, uma incalculável quantidade de pessoas se juntou à cientologia, principalmente do entretenimento.

ÉPOCA – Seu livro anterior, O vulto das torres, explora a história da al-Qaeda – movimento também de inspiração religiosa. Nele, o senhor questiona até onde a al-Qaeda teria ido sem Osama bin Laden. Ele foi morto. E agora, até onde a al-Qaeda pode ir?

Wright – Não teríamos de lidar com o terrorismo islâmico no nível em que lidamos se não fosse por Osama bin Laden. Sem Bin Laden, eles ficaram muito enfraquecidos. Ninguém será capaz de substituir Bin Laden. Na verdade, eles já estavam enfraquecidos antes de sua morte. Não há ninguém tão significativo e carismático como ele. Isso não quer dizer que eles não sejam capazes de fazer mal. Enquanto Bin Laden estava vivo, a al-Qaeda era um símbolo da inabilidade do Ocidente em se livrar dele. Agora que morreu, o senso de invulnerabilidade da al-Qaeda se foi. Além disso, a al-Qaeda se tornou uma organização dividida, voltada para questões nacionais.

ÉPOCA – Matar Osama bin Laden era a única opção americana?

Wright – Não. Os Estados Unidos deveriam ter prendido Bin Laden, não tê-lo matado. Os EUA não poderiam levá-lo para Guantánamo, mas poderiam levá-lo para o Quênia, onde, em 1998, um atentado da al-Qaeda na embaixada americana matou 213 pessoas. Os Estados Unidos poderiam fazê-lo ser julgado em Nairóbi. Gostaria de ver Bin Laden dizer diante de 150 quenianos cegados pelo atentado que se tratava de um ataque a um símbolo do poder americano. Ele poderia ser julgado em cada um dos países onde a al-Qaeda cometeu assassinatos (Sudão, Iêmen, Somália), para que se explicasse.

ÉPOCA – A morte de Bin Laden pôs fim à Guerra ao Terrorismo?

Wright – Nem todo grupo terrorista é a al-Qaeda, e é difícil sustentar que tenhamos de jogar as regras da guerra para sempre. O terrorismo nunca acabará. Se sempre teremos uma Guerra ao Terror, é outra história. Não temos de viver num mundo em guerra eterna. Em algum ponto, a al-Qaeda desaparecerá, e a Guerra ao Terror terá de acabar. Mas o exemplo da al-Qaeda será perene: um pequeno grupo, com um profundo comprometimento por uma causa e técnicas sofisticadas de terror. Muitos grupos, com diferentes causas, seguirão esse exemplo. Por isso, é impossível acreditar no fim do terrorismo.

ÉPOCA – O senhor morou no Egito por muitos anos. Como encara o golpe militar no país e a atual perseguição à Irmandade Muçulmana?

Wright – Era inevitável que a Irmandade Muçulmana chegasse ao poder. Eles sempre foram o único grupo político organizado do país. O insucesso da Irmandade no poder também era inevitável, porque eles sempre foram um grupo pouco sofisticado na hora de lidar com problemas reais. A Irmandade sempre teve duas preocupações: cobrir a cabeça das mulheres e impor a sharia (lei islâmica). Mas os problemas do Egito são muito maiores e têm a ver com desemprego, analfabetismo, igualdade de gêneros, inflação. São problemas profundos, e a Irmandade nunca soube lidar com eles.

ÉPOCA – O massacre de apoiadores da Irmandade Muçulmana pelo Exército egípcio, há duas semanas, significa um revés para a democracia?

Wright – Ainda acredito na democracia egípcia, mesmo com toda a violência e o massacre conduzido pelos militares. O risco é que o regime atual se desqualifique completamente para conduzir qualquer processo democrático. Antes, havia a esperança e a promessa de que os militares não estariam interessados em se prolongar no poder. Por isso, eles até formaram um governo com civis, com (Mohamed El) Baradei como vice-presidente. Com o massacre, isso terminou. Não sei o que acontecerá agora, mas o Exército precisa deixar o poder o quanto antes. Há dois elementos que nunca se misturam com democracia: Forças Armadas e religião. Essas são as duas principais forças disputando espaço na política egípcia neste momento.

ÉPOCA – Esse cenário pode levar a uma guerra civil nos moldes da Guerra da Argélia, nos anos 1990?

Wright – Esse é meu maior pesadelo. Não acredito que seja possível, porque os egípcios são mais moderados. Mas estamos falando do Oriente Médio. Não dá para saber até onde isso irá, se a Irmandade responderá à altura. A reação do Exército foi desproporcional, selvagem e sem justificativa – e pode dar margem a uma reação mais extrema dos islamitas. Nesse caso, o pesadelo pode virar realidade.

ÉPOCA – No caso da Síria, o senhor acredita que algum tipo de intervenção ocidental possa pôr fim ao conflito?

Wright – Podemos defender uma intervenção moral na Síria, mas não vejo como o Ocidente possa resolver o conflito. Os americanos não estão preparados para assumir esse compromisso. Os grupos radicais têm um grande papel na luta dos rebeldes, e não vejo como eles possam participar numa futura democracia. Qualquer intervenção é um erro. Os Estados Unidos estão armando rebeldes sunitas ligados à al-Qaeda, é um erro que já cometeram no passado. É muito importante que os Estados Unidos não escolham lados numa guerra como essa, que envolve questões locais, mas também faz parte de uma guerra civil dentro do islã, entre sunitas e xiitas.

A entrevista original concedida à ÉPOCA poderá ser vista por meio desse link aqui:


NOSSO COMENTÁRIO.

Como podemos perceber pelas próprias palavras do escritor Lawrence Wright, religião e política não devem se misturar.

Nossa convicção, exposta e argumentada em diversos dos nossos artigos é que é, exatamente, nesse quesito, RELIGIÃO, que a FÉ CRISTA é algo completamente diferente. A fé cristã não trata de uma série de obrigações que as pessoas envolvidas precisam praticar, mas está concentrada em um RELACIONAMENTO vivo com Deus e com o Senhor Jesus Cristo por meio da ação do Espírito Santo.

É esse RELACIONAMENTO que faz toda diferença do mundo entre as religiões, o fundamentalismo e a verdadeira fé cristã.

Jesus deixou bem claro a situação que se seguiria ao dizer as seguintes palavras:

Mateus 7:13—14

13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela),

14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.

De fato são pouco os que acertam com a porta estreita, mas não devemos temer, pois Jesus também nos prometeu o seguinte:

Lucas 12:32

Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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