Tudo começou numa noite de sábado em 2001. Recém chegados de 8 anos no exterior, recebemos a visita de um casal conhecido, que trouxe uma fita de vídeo a qual gostariam que assistíssemos. Eles estavam bastante animados com aquele material. Eram duas mensagens pregadas por um pastor brasileiro, se não estou enganado, radicado nos Estados Unidos da América do Norte. As mensagens haviam sido apresentadas na cidade de Belo Horizonte e tratavam da narrativa de alguns detalhes dos desenhos produzidos pelos estúdios do Walt Disney. Segundo aquele pregador, os desenhos da Disney estão cheios de ensinamentos errados e repletos de símbolos imorais. Em meio aos muitos comentários feitos, aquele homem incluiu também uma grande quantidade de histórias, pouco verossímeis, que incluíam uma libertação que o impediu de embarcar em um avião que veio a se acidentar—não consegui confirmar se o acidente por ele mencionado de fato aconteceu—e outra, de um homem que estava para se matar, quando ligou a televisão na cozinha e, bem naquela hora, viu Billy Graham falando, em uma de suas cruzadas, o seguinte: se você está para se matar, por favor, não faça isso....
Uma vez terminadas as duas apresentações começamos a conversar com nossos conhecidos e procuramos mostrar a eles como tudo aquilo não passava de uma manipulação desavergomhada da credulidade do nosso povo. Eram mensagens bem ensaiadas, até mesmo nas coreografias apropriada para cada instante. Cada frase era muito bem esculpida, de modo a causar o maior impacto possível. Como professor e pastor por mais de quarenta anos, aprendi a identificar aqueles que falam de modo espontâneo dos que nos apresentam mensagens ensaiadas. Desnecessário dizer que perdemos nosso relacionamento com aqueles conhecidos ali, naquela noite mesmo, porque eles haviam acreditado em todas as bobagens faladas e não podiam aceitar nenhum tipo de discordância ou análise. Nossa intenção era ajudá-los a enxergar como é fácil, para qualquer um, falando em nome de Deus, enganar pessoas de boa fé como eles mesmos. Mas foi tudo em vão.
Depois que nossos conhecidos saíram e passados mais alguns dias, comecei a me dar conta de quão imenso era o cipoal de falsos ensinamentos no nosso Brasil, especialmente entre as igrejas mais novas, onde nem pastores nem membros possuem formação bíblica e, por este motivo, são presas fáceis de espertalhões de todos os tipos, verdadeiros lobos, sempre dispostos a arrancar o couro das ovelhas e devorar-lhes as carnes. No mundo não evangélico, alguém disse, e já faz muito tempo, o seguinte: não perca tempo com nenhuma bobagem, siga apenas o rastro do dinheiro. E esta mesma frase pode ser sempre aplicada aos evangélicos também. Aliás, creio que o apóstolo Pedro, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, profetizou este tipo de imoralidade muito antes, quando disse:
Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês, contando histórias inventadas – 2 Pedro 3:3 na Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
A partir daquela noite comecei a acompanhar mais de perto o surgimento destas ondas de invencionices, cujo objetivo é, acima de tudo, faturar e enriquecer à custa da ingenuidade dos cristãos, que gostam de consumir tudo o que lhes é oferecido sob o manto sagrado do termo “evangélico”. É óbvio que nossos lobos têm sempre algo bom também para oferecer, mas como sabemos, não podemos aceitar a verdade misturada com a mentira. A mentira é sempre prejudicial e destruidora e não pode ser tolerada em nenhuma hipótese. E é exatamente neste ponto, de aceitar a mentira misturada à verdade, sob as mais variadas alegações, que as pessoas estão se deixando enganar. Um dia, ensinando uma classe, mencionei, pela primeira vez a expressão “besteirol que não tem fim” para me referir a tudo isto que está aí, mas que os cristãos, em sua maioria, fazem questão de não enxergar, por um lado, e de justificar com argumentos casuístas—os fins justificam os meios—pelo outro lado. A frase “besteirol que não tem fim” ficou e resolvi usar a mesma como título para uma série de estudos ocasionais.
Para vingar neste mercado, tenho notado as seguintes duas características presentes em todos estes, assim chamados ministérios:
• Em primeiro lugar aquilo que está sendo proposto precisar “funcionar”. Se está funcionando, especialmente nas terras estadunidenses do norte, então deve ser bom, deve ser de Deus.
• Em segundo lugar é necessário oferecer alguma prova adicional. A prova que se oferece é dupla:
Primeiro, caso estejamos tratando de livros, CD’s, DVD’s, seminários, congressos, cursos, viagens etc, chama-se a atenção para o número de cópias vendidas ou para a quantidade de pessoas que participaram dos eventos mencionados. Dentro do mais puro estilo microeconômico, onde mais representa aquilo que é melhor, e preferível. Desta maneira, a galera é facilmente arrastada.
Em segundo lugar temos a força da propaganda, que no meio evangélico, é sempre chamada de testemunho. Quanto mais exótico for o testemunho e mais inacreditável, melhor. Ajuda a vender, e vender bem. As igrejas estão cheias de pessoas oferecendo os mais variados testemunhos, por um preço é claro. A propaganda, já sabemos, funciona muito bem. Seja no mundo comercial, seja no comércio evangélico, este mecanismo é fundamental.
Esta dobradinha pode ser percebida com clareza: produtos oferecidos + testemunhos. É tiro certo.
Uma terceira característica, muito comum, mas não universal, tem a ver com o uso de métodos. Estes a princípio, não são em si mesmos, nem benéficos nem maléficos. Muitas vezes os mesmos são absolutamente neutros, mas existem muitos casos em que métodos ou técnicas não são neutros e, nestes casos, devemos prestar muita atenção. Nos dias de hoje existem muitos métodos sendo ensinados ao povo de Deus, mas os mesmos não estão, de nenhuma maneira, alinhados com princípios bíblicos. Alguns chegam a ser tão esquisitos que já foram chamados de “vodu ou macumba evangélica”. Seria realmente cômico se não fosse tão trágico.
É nosso propósito, nesses artigos, analisar tantos quantos destes ensinamentos, que desvirtuam a verdade do Evangelho, nos for possível. Hoje, temos muitos motivos para nos envergonhar disso que aí está, mas precisamos reafirmar, de modo urgente, as palavras de Paulo, quando disse:
Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvar todos os que creem, primeiro os judeus e também os não-judeus. – Romanos 1:16a na NTLH.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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