Esse artigo é
parte da série "Novidade no Novo Testamento" e é muito recomendável
que o leitor procure conhecer todos os aspectos envolvidos nessa realidade
bíblica. No final do artigo você encontrará um link para os estudos anterior
e/ou posterior.
Introdução
- Como vimos anteriormente, Jesus veio a este mundo para tornar novas todas as coisas. Ver Artigo anterior seguindo esse link:
- A primeira e mais importante coisa que precisava ser mudada eram os conceitos religiosos que existiam em Israel.
Como era a religião em
Israel nos dias de Jesus?
I. A Religião Judaica nos
Dias de Jesus
A. A religião estava centrada
no Templo em Jerusalém para onde todos os Judeus do sexo masculino deveriam
concorrer, obrigatoriamente, três vezes por anos nas festas a seguir: ver Deuteronômio
16:1—17 -
פֶּסַח – Pesach
– Festa da Páscoa
שָׁבֻעֹת – Shabu`ot
– Festa das Semanas ou Pentecostes, no início da colheita dos primeiros frutos.
סֻּכּוֹת – Sucot – Festa dos Tabernáculos no final da colheita.
B. Os maiores grupos religiosos em Israel eram:
1.
Os Escribas — Os γραμματέυς – grammatéus
– chamados comumente de escribas são normalmente mencionados em conjunto com os
fariseus no Novo Testamento. Isto acontece porque a vasta maioria dos escribas
era também do partido dos fariseus. Estes homens eram pessoas versadas na lei
mosaica e nas Sagradas Escrituras. Por este motivo, os escribas, eram também
chamados de “doutores da Lei”. Os escribas examinavam as questões mais difíceis
e delicadas da lei e acrescentavam à lei mosaica decisões de vários tipos, com
a intenção de elucidar seu significado e extensão, e faziam isto em detrimento
da verdadeira religião. Eles eram os indivíduos que também divisavam
implicações adicionais, derivadas a partir da Lei dada por Deus a Moisés.
Consideravam que os 613 mandamentos da Lei de Deus, outorgados através do
legislador Moisés, não eram suficientes e por este motivo haviam inventado
centenas de outras regras ou tradições. Uma vez estabelecidas, estas regras ou
tradições adicionais, esperava-se que todos os fariseus obedecessem às mesmas,
da maneira mais estrita possível. Mas tudo não passava de uma verdadeira
prática de hipocrisia explícita. Jesus os confronta diretamente com respeito a
esta prática com as palavras que encontramos em Mateus 23:4.
A presença de escribas era também da maior importância
no Sinédrio[1]
judaico, pois como homens experimentados na Lei, eles podiam ajudar na solução
de questões difíceis envolvendo a interpretação da Lei de Deus. Os escribas são
também, muitas vezes, mencionados no Novo Testamento, em conexão com os
sacerdotes e os anciãos do povo.
Alguns séculos depois dos dias em que Jesus viveu,
todo o material produzido pelos escribas, foi compilado em uma massiva obra que
ficou conhecida como o Talmud[2],
também se escreve Talmude e, que consistia, em sua grande maioria, em
comentários e opiniões acerca de doutrina e jurisprudência feitos à Lei Mosaica
– ver Apêndice A. O Talmude foi antecedido por outra obra conhecida como Mishná[3],
que também se escreve como Michná – ver descrição na nota de rodapé.
2. Fariseus — Φαρισαῖοι – Farisaîoi — Seita que parece ter
iniciado depois do exílio babilônico, entre os chamados “Hassidim”, que foram
os homens piedosos que se aliaram a Judas Macabeu, para combater os invasores
helenistas representados pela dinastia Selêucida, da Síria. Além dos livros do
Antigo Testamento, os Fariseus reconheciam na tradição oral, um padrão de fé e
vida que deveria ser seguido por todos os judeus. Os Fariseus procuravam
alcançar reconhecimento e mérito através da observância externa dos ritos e formas
de piedade, tais como: lavagens cerimoniais, jejuns, orações, e esmolas.
Comparativamente, os Fariseus eram negligentes da genuína piedade que consistia
em: justiça, misericórdia, fé e amor de Deus – ver Mateus 6:1—7 e 16—18; ver
também Mateus 23:23 e Lucas 11:42 e, orgulhavam-se em suas boas obras. Eles mantinham, de forma persistente, a fé na
existência de anjos bons e maus, e na vinda do Messias; e tinham esperança de
que os mortos, após uma experiência preliminar de recompensa ou penalidade, no
Hades, seriam novamente chamados à vida pelo Messias, e seriam recompensados,
cada um de acordo com suas obras individuais. Em oposição à dominação da
família de Herodes e do governo romano eles, de forma decisiva, sustentavam a
teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência sobre o povo comum.
Eram inimigos amargos de Jesus e sua causa; e foram, por outro lado, duramente
repreendidos pelo Senhor por causa da sua avareza, ambição, confiança vazia nas
obras externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade. Seus
herdeiros continuam entre nós através dos grupos dos chamados judeus ortodoxos.
Em anos recentes, esses grupos acrescentaram a obrigatoriedade do Messias ser
casado – de acordo com uma interpretação literal do Salmo 89:30 - impedindo com
isso, qualquer possibilidade de aceitarem Jesus como o Messias de Israel, uma
vez que Jesus não se casou nem teve filhos.
3. Os
Saduceus — Partido
religioso judaico que existia nos dias de Cristo e que deriva seu nome da
expressão hebraica צדוק
– zadok – justo. Este grupo era constituído pelos chefes dos
sacerdotes, pelos homens importantes de negócios e pelos proprietários de
terras. Eram aristocratas e entre eles estava o grosso dos chamados “anciãos do
povo”. Os chefes dos sacerdotes representavam uma classe especial de
sacerdotes. Eles eram os responsáveis pela organização e administração do
Templo e estas funções eram, como não poderiam deixar de ser, hereditárias.
Como tais, é a eles que Jesus se refere como tendo transformado a “Casa de Deus”
em “covil de salteadores” – ver Marcos 11:15 – 18. Não é à toa que odiavam a
Jesus e procuravam matá-lo.
Os
saduceus não aceitavam, como os fariseus, que a lei ou a tradição oral fosse
parte da revelação divina ao povo de Israel. Eles criam que somente a lei
escrita, outorgada por Moisés, era obrigatória para a nação israelita. Os
Saduceus tinham posições teológicas bem distintas e negavam, entre outras
coisas, a crença na: 1) ressurreição do corpo; 2) imortalidade da alma; 3)
existência de espíritos e anjos; e 4) predestinação divina, pois afirmavam o
livre arbítrio.
Os
saduceus eram, de todos os grupos religiosos em Israel nos dias de Cristo, o
grupo mais conservador. Eles se aferravam às tradições hebraicas mais antigas e
abominavam toda e qualquer novidade, fosse na crença fosse no ritual. Como a
vida depois da morte e a ressurreição eram consideradas novidades, eram
sumariamente descartadas. Para eles, tanto os castigos quanto as recompensas,
eram recebidos ainda nesta vida. Esta sua crença
respondia pelo senso prático com que tratavam a realidade. Se os romanos eram
todo-poderosos e governavam o país, então era bobagem se opor aos mesmos. O
certo era se unir aos romanos e desfrutar de alguns privilégios que eram
concedidos aos que colaboravam com a dominação.
Entre os saduceus encontravam-se também alguns
escribas e rabinos. Estes eram os que possuíam verdadeiro conhecimento. Eram os
teólogos, advogados e professores simultaneamente. Mas não eram sacerdotes. Por
todos os motivos apresentados os saduceus formavam a classe dominante ou
superior naqueles dias. Este grupo não sobreviveu à destruição de Jerusalém no
ano 70 d.C.
4. Os
Zelotes — Os romanos reagiram com
vigor e, em pouco tempo, liquidaram com a rebelião. Como advertência, contra
eventuais futuras rebeliões, os romanos crucificaram dois mil insurretos. Mesmo
abalado o movimento de resistência prosseguiu. Os judeus chamavam os rebeldes
de “zelotes”. Já para os romanos eles eram “bandidos”. Junto aos zelotes existia outro grupo chamado
“sicários” – são mencionados somente uma vez no NT em Atos 21:38 - que eram
especializados em assassinatos. Estes grupos fustigaram, durante quase 60 anos,
os exércitos de ocupação romanos. Com o passar do tempo, o grupo de rebeldes
acabou por se transformar em um verdadeiro exército revolucionário.
Este exército revolucionário conseguiu, no ano 66 d.C
– trinta anos depois da morte de Jesus – com grande apoio popular, derrotar os
romanos e assumir o governo do país. Roma não podia aceitar tamanha afronta e
enviou uma enorme expedição militar para enfrentar os judeus. A campanha dos
romanos foi iniciada sob a direção de Vespasiano que comandou o ataque até o
ano 69 d.C. Com a morte do imperador Nero[4],
em 68 d.C., Vespasiano retornou a Roma para ser empossado imperador. Tito,
filho de Vespasiano, levou avante as forças romanas. O que segui foi um
massacre sem piedade.
O último foco da resistência judaica se concentrou em
uma fortaleza, praticamente inexpugnável, localizada no deserto, próximo ao mar
Morto, chamada: Fortaleza de Massada. Ali, cerca de 1.000 judeus, entre homens,
mulheres e crianças resistiram aos romanos durante 3 anos, até que, por fim,
foram derrotados. Às vésperas da invasão da fortaleza pelos romanos, os homens
judeus, mataram seus próprios familiares e em seguida cometeram suicídio.
Quando os romanos, finalmente, arrebentaram com as portas da fortaleza, tudo o
que encontraram foram os corpos ensangüentados e sem vida, dos resistentes. De
qualquer maneira, Roma havia enviado um recado bem claro contra todos os que se
atrevessem a se levantar novamente contra o império.
Uma última palavra acerca dos Zelotes, torna-se
necessária, para enfatizar o fato de que o movimento daqueles homens era essencialmente
religioso, tanto em sua inspiração quanto em seu objetivo. Nos dias que
antecederam o advento dos romanos na Palestina, um sentimento de que Israel
constituía-se em uma Teocracia[5]
estava bastante em voga, especialmente porque membros de uma família sacerdotal
se alternavam no poder. Ou seja, a tribo de Levi, naqueles dias, mandava
tanto na religião quanto no poder político em Israel. Este sentimento, de que
Israel era uma Teocracia, foi muito ampliado e levado a conclusões
catastróficas, a partir da dominação romana sobre a Palestina. Para os judeus
daqueles dias, e especialmente para os Zelotes, ser um estado Teocrático,
significava acreditar que o povo de Israel era a nação escolhida por Deus, que
Deus mesmo era o Rei sobre Israel, governando através dos sacerdotes, que Deus
era o único amo e Senhor do povo de Israel e que a terra de Israel e todos os
seus recursos pertenciam exclusivamente a Deus. Por todos estes motivos,
aceitar e se submeter ao senhorio romano, era considerado um verdadeiro ato de
infidelidade contra Deus. Para os judeus daqueles dias e que viviam imersos
nesta imaginação teocrática, pagar tributo a César era dar a César o que
pertencia exclusivamente a Deus – ver Marcos 12:14 – 17 e refletir sobre as
implicações das palavras de Jesus. Os Zelotes eram, portanto, judeus fiéis,
zelosos da lei, da soberania e realeza de Deus, porém, como diz o apóstolo
Paulo, sem verdadeiro entendimento.
5.
Os Essênios — Este grupo não é mencionado
diretamente no Novo Testamento, mas através de outros registros históricos,
sabemos que eles, estavam presentes nos dias em que nosso Senhor viveu sobre a
terra de Israel.
Os essênios pegaram o conceito de separatismo dos
fariseus e o levaram a maiores extremos. Sua busca por perfeição acabou por
levá-los a um total isolamento no meio da sociedade judaica. Eles entendiam que
o todo da saciedade judaica estava contaminado e para manter-se puro só havia
uma forma aceitável: isolar-se por completo no deserto, vivendo uma vida
ascética e celibatária, esperando a manifestação do Messias. Em outras palavras
não era fácil pertencer a este grupo por causa dos sacrifícios elevados que
eram necessários.
O motivo principal para o isolamento, mencionado
acima, era garantir uma maior pureza ritual. Achavam que afastando-se do mundo
impuro e perverso conseguiriam manter-se puros. Os Essênios adotaram os rituais
de purificação que eram seguidos pelos sacerdotes judeus quando se preparavam
para ministrar, oferecendo sacrifícios, no Templo em Jerusalém. Eram ritos
complexos e seguidos de forma estrita.
Todos os que não pertenciam ao seu próprio grupo eram
considerados impuros e eram rejeitados. Mesmo o regime sacerdotal que oficiava
no Templo era considerado impuro e corrupto. Estranhos eram odiados e
considerados como pertencendo ao reino das trevas. Amor, respeito e consideração
eram atitudes dedicadas somente aos membros da própria comunidade. Eles eram os
“filhos da Luz” e, somente eles, constituíam-se no verdadeiro Israel de Deus.
Os essênios acreditavam que o fim do mundo estava
realmente muito próximo. Para eles o Messias devia surgir em breve. Na
realidade eles esperavam por dois Messias: o primeiro viria para restaurar a
verdadeira religião e o segundo para tornar-se governador político dos povos.
Quando o Messias viesse aconteceria uma grande batalha entre os filhos das
trevas e os filhos da luz. Os filhos das trevas constituíam os exércitos de
Satanás e seriam totalmente destruídos pelos filhos da luz. Os primeiros filhos
das trevas a serem completamente destruídos seriam os romanos.
Os essênios eram, na realidade, tão belicosos quanto
os Zelotes, mas aguardavam a manifestação do Messias para agir. Eles estavam
aguardando a manifestação daquilo que os profetas do Antigo Testamento chamaram
de “o dia do Senhor”.
No ano 66 d.C., com as primeiras vitórias dos zelotes
sobre os romanos, os essênios acabaram por se unir à revolução para a
libertação do país acreditando que o Messias estava às portas. Por esta
aliança, acabaram sendo também destruídos pelos romanos.
6.
Os Herodianos — Os Ἡρῳδιανοι - herodianoi
- herodianos eram, como o nome já diz, partidários de Herodes, o grande ou da
dinastia herodiana. Eles representavam
um pequeno grupo de pessoas, que acreditavam que o futuro de Israel estava
irremediavelmente atado, à sorte da própria família de Herodes. Isto era devido
ao fato de que eles acreditavam que o messias de Israel surgiria dentre os
descendentes de Herodes, o grande. Eles teriam muitas afinidades com todos os
grupos mencionados anteriormente, mas especialmente no que diz respeito a
desejar um governador local em comparação com o governador romano imposto desde
o ano 16 d.C. e, que era desprezado universalmente pelos judeus. De todos os
grupos que já discutimos neste trabalho, talvez este seja o menos religioso e o
mais político de todos.
Os herodianos aparecem pela primeira vez no Evangelho
de Marcos, na região da Galiléia, ao norte de Israel, onde, juntamente com os
fariseus conspiram para destruir a Jesus – ver Marcos 3:6. A aliança entre os
herodianos e os fariseus visava a manutenção do status quo i.e. conservar o
controle da política judaica nas mãos dos próprios judeus. Durante a última
semana da vida do Senhor, os herodianos conspiraram novamente com os fariseus
na tentativa de pegarem Jesus em algum pronunciamento impróprio com uma
pergunta referente à obrigatoriedade do judeus pagarem tributos a César – ver
Marcos 12:13 e Mateus 22:17.
Os herodianos queriam ver Jesus fora do caminho porque
desejavam ver um descendente de Herodes, o grande, governando a Judéia. Isto
lhes seria extremamente benéfico, ao passo que se Jesus assumisse o governo,
talvez não sobrasse nada para eles.
Herodes Antipas certamente não ignorava o mestre
itinerante, Jesus, e talvez desejasse avaliar seu poder “revolucionário”. Sua
ida a Jerusalém, para a celebração da Páscoa Judaica, explica sua presença e de
seus partidários em Jerusalém naqueles dias – ver Lucas 23:7 - 11. Não tendo se
convencido de que Jesus representava algum tipo de ameaça, Herodes acabou por
fazer as pazes com o governador romano, Pilatos, no mesmo dia em que o Senhor
Jesus era crucificado – ver Lucas 23:12.
C. A prática religiosa em
Israel nos dias de Cristo consistia, basicamente, na observação de mandamentos
e ordenanças que eram repetidos mecanicamente - Isaías 29:13—14:
13 O Senhor disse: Visto
que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me
honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste
só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,
14 continuarei a fazer obra
maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira
que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se
esconderá.
D. Não havia consistência
entre a prática religiosa e a vida do dia a dia – Isaías 29:15—16:
15 Ai dos que escondem
profundamente o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às
escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?
16 Que perversidade a
vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu
artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe.
Comparar ainda com as duras
palavras do profeta em Isaías 1:1—17.
II. Jesus entra em cena
para confrontar todo este estado de coisas.
A. Por duas vezes Jesus
expulsa os vendilhões do Templo.
- João 2:13—16 - Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
- Marcos 11:15—18 - E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; também os ensinava e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina.
B. Jesus também se
apresentou como alguém que era maior ou mais importante que o Templo – Mateus
12:6 – “Aqui está quem é maior que o templo”.
C. Jesus criticou duramente
a hipocrisia e a ignorância dos líderes religiosos de Israel.
1. Os saduceus – Marcos
12:18—17.
2. Os escribas e os
fariseus – Mateus 23:1—36.
D. As conseqüências da
confrontação entre Jesus e os líderes religiosos dos seus dias nós conhecemos
muito bem.
1. Jesus foi preso e
julgado nas altas horas da madrugada, em um julgamento anormal e imoral – ver
Mateus 26:1—5; 47—68.
2. Jesus foi entregue às
autoridades romanas para ser crucificado – ver Mateus 27:1—2; 11—31.
3. Jesus foi crucificado e
morto – ver Mateus 27:45—56.
4. Jesus foi sepultado com
todas as garantias e segurança – ver Mateus 27:57—66.
E. Após sua ressurreição
Jesus revela aos discípulos a dimensão do Seu plano e é elevado de volta para o
Pai – Atos 1:8—9.
III – A transição entre a
religião centrada no Templo em Jerusalém a nova comunidade dos seguidores de
Jesus.
A – Jesus foi o primeiro a
chamar sua nova comunidade de Igreja – Mateus 16:18.
B – A palavra grega usada
para designar a comunidade de Jesus que é traduzida por igreja é ἐκκλησία – ekklesía – cujo significado, entre outros é: 1) grupo de
cristãos, ou daqueles que, na esperança da salvação eterna em Jesus Cristo,
observam seus próprios ritos religiosos, mantêm seus próprios encontros
espirituais, e administram seus próprios assuntos, de acordo com os
regulamentos prescritos para o corpo por amor à ordem; 2) a totalidade dos cristãos dispersos por todo o mundo; 3)
assembléia dos cristãos fieis já falecidos e recebidos no céu.
- Esta é uma palavra composta resultante da preposição ἐκ – ek - para fora de, e do verbo καλέω - kaléo – chamar.
- Neste sentido a comunidade de Jesus é composta por pessoas que são chamados para fora do mundo. Unidas por esse chamado umas às outras, elas compõe, aquilo que o apóstolo Paulo chama de corpo de Cristo.
- A palavra ἐκκλησία – ekklesía aparece 118 vezes no Novo Testamento inteiro. Nenhuma destas 118 vezes a palavra é usada para e referir a uma construção ou a um prédio. Este conceito não existia nos dias da igreja primitiva, que vai dos dias de Cristo até o ano 100 desta nossa era cristã. Nem nos dias dos “pais de Igreja” que vai do ano 101 até o ano 200 d.C.
C. O ensino do Novo
Testamento é claro acerca do fato que a igreja são pessoas e nunca edifícios e
muito menos instituições humanas.
- 1 Coríntios 3:16.
- 1 Coríntios 6:19.
- 1 Coríntios 12:27.
- 2 Coríntios 6:16.
- Efésios 2:19 – 22.
- Hebreus 3:5 – 6.
- 1 Pedro 2:4 – 5
IV. Porque não praticamos a
transição entre o Templo de Jerusalém e a Igreja de Deus?
- Porque se exige pouco de nós cuidarmos da igreja como prédio ou como instituição.
- Ao enfatizarmos o prédio descuidamos do corpo, tanto do nosso próprio quanto do corpo de Cristo que é a união de todos nós uns aos outros e com o Senhor.
- Afrontamos a Deus todas as vezes que chamamos um edifício ou uma instituição de “igreja”.
- Precisamos nos arrepender da desvirtuação em que nos encontramos e ajustarmos nossas vidas à novidade que Jesus veio trazer no lugar de desenvolvermos uma espécie de judaísmo cristianizado com templo, sacerdotes e toda a legislação que acompanham estas coisas.
O primeiro estudo dessa
série pode ser encontrado através desse link:
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/05/o-conceito-de-novidade-no-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2013/10/biblioteca-digital-de-manuscritos-em.html
ARTIGOS SOBRE ISRAEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2013/10/biblioteca-digital-de-manuscritos-em.html
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os
nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do
seguinte link:
Desde já agradecemos a
todos.
[1] Sinédrio – Palavra derivada do
grego συνέδριον – sinédrio – que é a composição de συν –
sun = com + έδρα – édra = assento. Daí procede a idéia
de “sentar junto” para entrar em conselho. Como usada nos Evangelhos e em Atos
a palavra significa “conselho” e representava o “Conselho dos Anciãos”, que se
reunia em Jerusalém. O Sinédrio era um corpo aristocrático, muito provavelmente
controlado pelos Saduceus, mas que incluía outros anciãos e homens experientes
e no qual, o sumo sacerdote, atuava como espécie de moderador ou presidente.
Era a mais alta corte entre os Judeus e tinha autonomia para julgar todas as
questões pertinentes à Lei de Deus. Jesus e seus seguidores sofreram ferrenha
oposição deste corpo administrativo.
[2] Talmud - consiste de vastas
anotações e comentários feitos ao Mishná – ver definição logo abaixo. Os
estudiosos que produziram estes materiais são chamados de “amoraim”. Existem duas tradições: 1) A primeira produziu
o que ficou conhecido como o Talmud Palestino – Talmud Yerushalami – por volta
do ano 400 d.C.; 2) A segunda tradição produziu o massivo Talmud Babilônico –
Talmud Bavli – por volta do ano 500 d.C. As tradições são completamente
independentes e por ter demorado mais para ser escrito e por ser bem mais
extenso, o Talmud Babilônico é mais estimado, que o Talmud Palestino.
[3] Mishná que também pode ser
escrito como Michná, significa em hebraico “estudo repetido” e cujo plural é
Mishnayot. O Mishná é a mais antiga e autoritativa coleção e codificação da
legislação judaica, pós Antigo Testamento. Esta coleção foi sistematizada por
inúmeros estudiosos, chamados de “tannanim”, durante um período superior
a duzentos anos. Esta codificação assumiu sua forma definitiva no início do
século III d.C., pelas mãos do estudioso conhecido como Judah ha-Nasi. O
objetivo da coleção encontrada no Mishná era suplementar as leis escritas
que estão registradas no Pentateuco. Ou seja, não satisfeitos com os 613
mandamentos encontrados na lei de Moisés, estes homens inventavam inúmeros
outros para, literalmente, infernizar a vida das pessoas. No Mishná podemos
encontrar, na forma escrita, a interpretação seletiva de inúmeras tradições que
haviam sido preservadas na forma oral, com algumas destas tradições sendo
bastante antigas e datando dos dias de Esdras c. 450 a.C.
[4] O imperador Nero Claudius
Caesar Augustus Germanicus era também conhecido como Nero Claudius Drusus
Germanicus, nasceu em 15 de Dezembro do ano 37 d.C. em Antium na região de
Latium – centro-oeste da Itália moderna – e veio a falecer aos 9 de Junho de 68
a.D., aos trinta anos de idade, na cidade de Roma. Seu nome era, originalmente,
Lucius Domitius Ahenobarbus, e ele foi o quinto imperador romano de 54 a 68
d.C. Nero era filho adotivo e tornou-se herdeiro do imperador Cláudio –
Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus. Nero tornou-se notório por sua
vida devassa e extravagante. Estudos recentes laçam profundas dúvidas sobre sua
fama, tanto como incendiário como quanto perseguidor dos cristãos.
[5] Forma de governo em que a
autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes
na Terra
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