O material abaixo foi escrito por
Leonardo Dâmaso e publicado originalmente no site “Bereianos”. Nós
acrescentamos algumas fotos com o objetivo de mostrar as faces e os lugares
envolvidos no desenvolvimento dessa falsa doutrina e suas implicações.
O ato de profetizar e determinar: uma análise histórica, teológica e
apologética - [02/03]
2. Análise
teológica
Conforme
esboçamos na introdução, as palavras “profetizar e determinar (ou decretar)”
não são sinônimos, isto é, não possuem o mesmo significado, porém estão ligadas
entre si. Analisarei o ato de “determinar ou decretar bênçãos” na parte
apologética deste ensaio. Desse modo, vejamos, a seguir, as implicações do ato
de profetizar no contexto do Antigo, do Novo Testamento e no tempo
presente.
a) O ato
de Profetizar no Antigo Testamento
A
profecia no Antigo Testamento era dada aos profetas através de palavras
inspiradas vindas diretamente de Deus (Nm 22.35; Is 51.16; 59.21; Ez 2.6-7;
3.4, 10), de teofanias (Êx 3; Nm 20.16, Js 5.13-15, Jz 6.11-24; 13), sonhos (Gn
37.5-11; 1Rs 3.5) e visões (Gn 15.1; Nm 12.6; 1 Sm 3.1-21; Mq 1.1). Um homem
não era profeta necessariamente porque recebia sonhos, visões, por ter
realizado algum milagre, por ter feito predições e as mesmas se cumprirem, nem
tampouco por se auto-intitular profeta. Antes, um homem era profeta porque
recebeu o chamado direto de Deus para esta vocação, como Moisés (Êx 4.10-13),
Jeremias (Jr 1.1-2), Amós (Am 7.14-15), Ezequiel (Ez 2.6-7; 3.26-27), dentre
outros.
Profetizar,
no Antigo Testamento, enfatizava dizer antecipadamente, por inspiração divina,
o que há de suceder no futuro e abarca também expor verbalmente ou pela escrita
eventos profetizados que já haviam se cumprido historicamente (veja, como
exemplo, Dt 9.25-29; 1Cr 16.15-22; Ne 1.8-10; Sl 105.5-45; Jr 32.20-24; Dn
9.13-15). Palmer Robertson diz que profecia não deveria ser definida
principalmente como a predição do futuro. Ao contrário, ela é a transmissão da
revelação de Deus que ocasionalmente pode envolver eventos futuros.9
Entretanto,
hoje não existem mais profetas do calibre dos profetas do Antigo Testamento,
isto é, que recebem, falam e registram palavras inspiradas vindas diretamente
de Deus, que recebem sonhos, visões e que fazem predições (este assunto será
expandido a seguir, no ato de profetizar no Novo Testamento). É importante
destacar que o papel do profeta no Antigo Testamento não consistia em adivinhar
a vida das pessoas. Nenhum profeta do Antigo Testamento manifestou este tipo de
atitude como vemos os “profetas modernos” das igrejas de cunho pentecostal e
neopentecostal fazerem. Pelo contrário, a adivinhação é uma prática comum de
religiões e seitas pagãs como o montanismo, xamanismo, esoterismo, religiões
afro que envolvem o candomblé, umbanda e quimbanda, espiritismo, dentre
outras.
Contudo,
mais do que teofanias, sonhos e visões, profetizar no Antigo Testamento era
comunicar a vontade de Deus ao povo. Os profetas eram os porta-vozes de Deus
que anunciavam “o que Ele haveria de fazer e o comportamento que requeria do seu
povo. Essas coisas foram primeiramente anunciadas verbalmente pelos profetas e,
posteriormente registradas por eles”10, que não eram apenas prognosticadores no
sentido de prever eventos futuros, por exemplo, como o anúncio do cativeiro
babilônico descrito em Jeremias 25.1-13; 29.10, mas, sobretudo, homens
capacitados por Deus para falar a sua Palavra exortando e convocando o povo a
se arrepender de seus pecados e a se voltar para Deus (Jr 1.1-10; Jn 1.1-2;
3.1-10; Ag 1; 2; Zc 1.1-6).
Quando o
profeta transmitia a mensagem inspirada da parte de Deus verbalmente ou pela
escrita, ele não o fazia como alguém que simplesmente reproduzia palavra por
palavra que Deus havia lhe dito nem, tampouco, num estado de êxtase frenético
(pulando, rodopiando, gritando), que é o comportamento usual que pessoas
adeptas das seitas e religiões sincréticas, como o Neo Pentecostalismo
manifestam em seus cultos. O profeta era um agente de Deus que falava as suas
palavras, porém suas características pessoais não eram suprimidas. Ele
transparecia sua formação acadêmica, social e, até, econômica na transmissão
verbal ou pela escrita. Assim, Deus usava o profeta de acordo com a sua
capacidade e estilo. Ele transmitia a mensagem divinamente inspirada sem,
contudo, anular suas próprias características e sem deixar de ser infiel às
palavras que ouviu.
b) O ato de
profetizar no Novo Testamento
A
profecia no Novo Testamento foi tão importante e necessária quanto à profecia
no Antigo Testamento. Ainda estavam presentes no começo do período do Novo
Testamento profetas com as características dos profetas do Antigo Testamento.
Alguns falavam da parte de Deus mais no anonimato, haja vista que a ênfase no
Novo Testamento não era mais revelatória como no Antigo Testamento, pois o Novo
Testamento complementa e elucida o Antigo; ou seja, o Antigo Testamento é a
promessa; o Novo Testamento é o cumprimento”11, especialmente o cumprimento das
promessas e profecias da redenção.
Um
profeta que esteve interposto entre o período do Antigo e do Novo Testamento
foi João Batista. Ele saia pelas ruas e lugares ermos proclamando a plenos
pulmões a vontade de Deus. Anunciou a vinda do reino de Deus (Mt 3.1-2),
profetizou a vinda de Jesus Cristo e o pentecostes (Mt 3.3, 11-12), pregou
sobre a redenção (Jo 1.29) e, também, uma mensagem ética instando o povo a se
arrepender de seus pecados (Mt 3.5-10). Por outro lado, no Novo Testamento,
ainda houve profetas como Ágabo, por exemplo, que fez predições ou profetizou
acerca da fome que haveria de acontecer em Jerusalém no tempo do governo de
Cláudio (At 11.28) e que Paulo seria preso (At 21.10-11).
No Novo
Testamento, profetizar se refere mais especificamente a descrever verbalmente
através da pregação do evangelho ou pela escrita fatos profetizados que já
haviam ocorrido historicamente (veja, como exemplo, as pregações de Pedro em At
2.14-36; 3.12-26; 4.8-12, a pregação de Estevão em At 7.1-50 e a pregação de
Paulo em Atenas, na Grécia, em At 17.22-34).
Com tudo
isso, não estou dizendo que não havia um número significativo de profecias de
natureza escatológica no Novo Testamento. Pelo contrário, Mateus, Pedro, João,
Lucas, Paulo, dentre outros, falaram e escreveram inspirados pelo Espírito
Santo acerca de eventos que se cumpriram historicamente no passado (veja Mt 24.19-20;
At 2.16-18; Jo 21.15-23; Lc 21.20-23; At 20.29-32) e sobre eventos que ainda
vão se cumprir historicamente no futuro (veja Mt 24.29-31; At 2.19-21; Ap 8; 9;
11.3-19; 18; 20.11-15; 21; Lc 21.25-27; 1Ts 5.1-3; 2Ts 2.1-12). Feita esta
observação, entendemos a importância que o mistério profético teve no período
apostólico, uma vez que o cânon das Escrituras do Novo Testamento estava sendo
composto.
Heber
Carlos de Campos afirma que o dom de profecia era absolutamente importante para
a vida da igreja neotestamentária. Sem a manifestação deste dom a igreja
haveria de padecer, pois os profetas eram a vida da igreja, as molas mestras
que empurravam a igreja para frente, fazendo com que ela seguisse os caminhos
indicados pelo Senhor.12 Devido a sua importância, Paulo fez questão de
mencionar o dom de profecia nas quatro listas de dons apresentadas por ele em
Romanos 12; 1 Coríntios 12; 14 e Efésios 4). Augustus Nicodemus Lopes corrobora
que a profecia neotestamentária não é o descobrimento e revelação, em público,
de pecados ocultos de pessoas presentes, mas mensagens exortativas na forma de
instrução bíblica, baseadas em interpretações ex-tempore das Escrituras.13
Assim
como o profeta no Antigo Testamento, o profeta no Novo Testamento também não
adivinhava fatos que estavam ocorrendo no presente na vida das pessoas, como
doenças, problemas conjugais, financeiros e nem pressupunha fatos futuros
incertos de acontecer como os “profetas pentecostais e neopentecostais” fazem.
A atitude que estes “profetas modernos” demonstram para com os crentes a fim de
terem credibilidade é, indubitavelmente, manipulação psicológica, hipnose e
manifestações espetaculares (Jr 14.14). A Adivinhação é um pecado condenado por
Deus nas Escrituras (Lv 19.26c; Dt 18.10-14). Desse modo, profetizar não é
adivinhar, antes, é edificar, exortar e consolar as pessoas [a igreja] através
da pregação do evangelho (1Cor 14.3).
c) Distinção
dos profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas
locais
Para que
possamos compreender plenamente a questão do ato de profetizar no contexto do
Antigo e Novo Testamento, é necessário delinearmos a diferença que existe entre
os profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas
locais. Portanto, uma das melhores formas de compreender os apóstolos e os
profetas do Novo Testamento é compará-los com os profetas do Antigo. Senão
vejamos:
i. Os
profetas do Antigo Testamento
1. Eles foram
chamados
Neste
período, homens como Moisés, Jeremias, Isaías, Ezequiel, Amós, dentre outros,
foram chamados diretamente por Deus para exercerem o ofício profético. O
profeta do Antigo Testamento era uma autoridade oficial, isto é, um
representante de Deus entre o povo. Sua autoridade adivinha da vocação divina,
que também era passada publicamente a ele pelo ministério de outro profeta,
como no caso de Eliseu, que foi o substituto do profeta Elias (veja 1Rs 19.6).
2. Eles foram
revestidos de autoridade
Na lei de
Moisés há um preceito estabelecido por Deus onde os profetas que se levantassem
de modo repentino entre o povo deveriam ser julgados. Suas palavras deveriam
ser examinadas para ver se, de fato, procedia de Deus ou não. Entretanto,
também foi estabelecido por Deus na lei de Moisés que as palavras dos profetas
reconhecidos como o próprio Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós e Ageu,
por exemplo, fosse recebida pelo povo sem questionamento algum como sendo a
Palavra de Deus falada e escrita por eles. Era como se fosse o próprio Deus
falando pessoalmente por meio deles! Se houvesse questionamento por parte de
alguém acerca da autoridade do profeta e de sua palavra, tal pessoa era punida
por Deus, como foi o caso da sedição de Miriã e Arão contra Moisés (Nm 12.1-15),
e a rebelião de Corá, Datã e Abirão, que resultou na morte deles e de seus
seguidores (Nm 16.1-40).
3. Eles foram
infalíveis na transmissão da profecia
A
mensagem que os profetas do Antigo Testamento transmitiram era impassível de
qualquer erro. Eles foram os receptores, transmissores e registradores da
revelação inspirada por Deus ao seu povo.
4. Eles
atuaram num âmbito universal
O
ministério dos profetas do Antigo Testamento teve uma ampla extensão. Eles não
falaram e escreveram somente para o povo de Israel, mas para toda a igreja de
todas as épocas. A mensagem dos profetas abrange todos.
ii. Os
apóstolos
1. Eles
também foram chamados
A
semelhança dos profetas do Antigo Testamento, os apóstolos também foram chamados,
porém, de forma pessoal por Jesus Cristo. Diferente do modo de Deus se revelar
aos profetas, que era por meio de palavras diretas, sonhos e visões, a
revelação de Deus aos apóstolos foi através da pessoa de Jesus Cristo. Os doze
apóstolos, e de modo igual Paulo, foram comissionados como os profetas do
Antigo Testamento para este ofício singular na história.
2. Eles
também foram revestidos de autoridade
O
preceito estabelecido por Deus na lei de Moisés de que o profeta e sua palavra
não poderiam ser questionados se aplica também as palavras faladas ou escritas
dos apóstolos. Até mesmo o conselho ou a opinião pessoal de um apóstolo que não
recorria as palavras do próprio Jesus, como no caso de Paulo e suas respostas
em 1 Coríntios 7.6, 8, 10, 12, 25, 32, 35, 40 às perguntas feitas pela a igreja
acerca do casamento, não podiam ser questionadas. As palavras dos apóstolos
tinham a mesma autoridade que as palavras de Jesus.
3. Eles
também foram infalíveis na transmissão da profecia
A
mensagem que os apóstolos ou pessoas associadas a eles [como Marcos e Lucas]
transmitiram no Novo Testamento era impassível de qualquer erro, pois também
foram receptores, transmissores e registradores da revelação inspirada por Deus
à igreja.
4. Eles também
atuaram num âmbito universal
De modo
similar ao ministério dos profetas do Antigo Testamento, o ministério dos
apóstolos alcançou não somente o povo de Israel, mas também os gentios e
cristãos de todas as épocas.
Feitas as
distinções entre os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos, fica claro
que eles foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento. Mesmo assim, é
importante observar que existem algumas pequenas distinções de caráter
funcional entre o ministério dos profetas e o ministério dos apóstolos que não
vejo a necessidade de esboçá-las aqui.
Abraham
Kuyper assevera que o apostolado é portador do caráter de uma manifestação
extraordinária, não vista nem antes nem depois, na qual nós descobrimos uma
obra própria do Espírito Santo. Os apóstolos foram embaixadores especiais –
diferentes dos profetas e dos atuais ministros da Palavra. Na história da
Igreja e do mundo, eles ocupam uma posição única e têm uma importância
peculiar.14 Por outro lado, torna-se necessário compreender, agora, o caráter
do ministério dos profetas nas igrejas locais no Novo Testamento.
iii. Os
profetas das igrejas locais no Novo Testamento
Estes
homens não foram vocacionados por Deus como os profetas do Antigo Testamento e
os apóstolos. Eles não possuíam a mesma autoridade e não eram reconhecidos como
homens que falavam inspirados como os profetas, os apóstolos e também não
recebiam revelações através de palavras proferidas diretamente por Deus, sonhos
e visões como eles. Antes, os profetas das igrejas locais no Novo Testamento
recebiam o dom da profecia no momento que eram inseridos na igreja de Cristo
pela conversão. Este dom era e é uma capacitação que Deus concede aos profetas
para que estes exponham oralmente a Palavra de Deus já revelada às pessoas.
Desse modo, a função deles não era comunicar novas revelações, mas simplesmente
interpretar corretamente as profecias já estabelecidas pelos antigos profetas e
pelos apóstolos; ou seja, profetizar não é decretar que algo aconteça, como uma
benção, por exemplo, mas pronunciar uma mensagem que esteja em consonância com
o escopo da revelação divina registrada.
A
mensagem dos profetas [profecia], que é a exposição da Palavra de Deus
revelada, não deveria ser desprezada pela igreja (1Ts 5.20), porém julgada e,
se não fosse fiel, deveria ser rejeitada (1Cor 14.29). A igreja só deveria obedecer a mensagem de um profeta se a
mesma estivesse em conformidade com os escritos dos profetas do Antigo
Testamento e dos apóstolos. Essa regra vale para os profetas e a igreja de
todas as épocas.
Tudo o
que os profetas e os apóstolos fizeram está terminado. Já não há mais
fundamento a ser lançado. Não há mais o ofício profético do Antigo Testamento
nem o apostólico do Novo Testamento. O que Deus continua a fazer nos dias de
hoje é iluminar os que são membros do seu povo para que entendam a revelação
registrada na Escritura. Deus ainda opera sinais e milagres como nos tempos
bíblicos, como obra de sua providência ["através da oração", ênfase
minha], mas não pode ser dito que ele faz essas coisas “pelas mãos dos
ministros, pastores e missionários da sua igreja hoje”, como foi dito em Atos
que ele fazia os prodígios e sinais “pelas mãos dos apóstolos”. O ofício
profético do Antigo Testamento e o ofício apostólico do Novo Testamento não
existe mais porque já acabou a sua função dentro do plano da redenção histórica
de Deus.15
d) A
necessidade do ato de profetizar no tempo presente
Estamos
vivendo uma época em que o equívoco teológico e as heresias prevalecem no
cenário evangélico brasileiro. As Escrituras
nos alertam que nos últimos
dias haveria muitos falsos profetas (Mt 24.11, 24,
2Pe 2.1; 1Jo 4.1); de fato, estamos vivendo os últimos dias. Todavia, além das
antigas heresias estarem patentes hoje, porém com uma nova roupagem contextualizada,
existem também novas heresias que estão sendo disseminadas. Por essa razão, a
profecia é oportuna e, sobretudo, urgente. Acredito, pessoalmente, que a igreja
evangélica brasileira nunca precisou tanto de profetas comprometidos e
submetidos às Escrituras como nos dias atuais. A função primordial do profeta,
além de ensinar, é manter a ética, ou seja, ele é responsável por apontar o
erro moral, espiritual e teológico existente no meio do povo de Deus e
convocá-los ao arrependimento e a se voltarem para Deus. Os profetas são o
norte da igreja que, sem eles, fenece. Sendo assim, os profetas são
indispensáveis para esta magna função de profetizar [pregar, ensinar, exortar]
o caminho certo a igreja de Cristo em meio a uma geração religiosa que impera a
corrupção, a perversão moral, espiritual e teológica (1Cor 14.22b-25, 39a).
Continua
nos próximos dias...
____________
Por
Leonardo Dâmaso
Notas:
[09]
Palmer Robertson. The Final World, Edimburgo: The Banner of Truth Trust, pág 4.
[10]
Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 95.
[11] John
MacArthur. Hebrews (Chicago: Moody Press, 1983), pág 4.
[12]
Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 96.
[13]
Augustus Nicodemus Lopes. O Culto Espiritual, pág 188.
[14]
Abraham kuyper. A obra do Espírito Santo, pág 168.
[15]
Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 83-84.
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Alexandros Meimaridis
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