O artigo abaixo foi escrito pelo
colunista israelense Gideon Levy e foi publicado no site do jornal israelense
Haaretz.
O MUNDO ESTÁ CANSADO DAS INSANIDADES DO ESTADO
DE ISRAEL
Israel
começa a descobrir que já não é mais o centro das atenções como estava
acostumado.
Por
Gideon Levy
Mas que
mundo cruel: Três estudantes de uma escola religiosa dedicada ao estudo da Torá
e do Talmude foram sequestrados e o mundo não tem nenhum interesse nisso; três
mães estão chorando e o mundo não responde. Isso acontece porque o mundo
inteiro está contra nós; o mundo é antissemita e odeia Israel. A Liga de
Antidifamação — ADL na sigla em inglês — já está preparando um relatório. Mas a
verdade é que: é assim que as coisas são mesmo, quando você empina seu nariz
para o mundo por anos a fio, eventualmente, o mundo irá empinar seu nariz para
você também.
As três
mães dos jovens sequestrados foram levadas até Genebra. Uma delas estava
viajando para o exterior pela primeira vez em sua vida. Elas fora até o
Conselho para os Direitos Humanos das Nações Unidas. Mas tanto o mundo quanto o
Conselho não deram a mínima importância. Essa é uma ironia do destino: há dois
anos, o Estado de Israel suspendeu, oficialmente, toda cooperação com o tal
Conselho; e junto com as Ilhas Marshall, Palau e os Estados Unidos da América,
se opuseram à própria formação de tal Conselho. Mas agora, na sua hora de
angústia e diante da angústia das mães, Israel se volta para o Conselho para os
Direitos Humanos, o qual é de fato hostil a Israel, e gasta mais tempo tratando
de Israel do que de qualquer outro país. De repente, Israel precisa do mundo.
Precisa até mesmo das Nações Unidas, que de um momento para o outro já não é
mais uma organização inútil, como foi uma vez definida, pelo então primeiro
ministro de Israel Ben Gurion.
É preciso
muito descaramento para exigir que o mundo se interesse pelo destino dos
israelenses sequestrados e considerável ousadia para demonstrar desapontamento
pelo fato do mundo manter-se em silêncio. Temos que admitir que, Israel tentou
mover os céus e a terra, e seu embaixador/propagandista junto as Nações Unidas
fez um discurso bastante emocional num último esforço de arrancar mais alguns
pontos de diplomacia pública contra o Hamas. Mas enquanto estava prestando
atenção, esse mundo bizarro estava mais interessado nas campanhas de punição
coletivas impostas sobre os residentes da Cisjordânia que aconteceram logo
depois dos sequestros.
É assim
que as coisas são com o mundo que está completamente contra nós. O mundo está
mais interessado na ocupação das terras dos palestinos que já dura quase
cinquenta anos; o mundo está mais preocupado com o destino de três milhões de
palestinos do que com o destino de três israelenses. O mundo tem vítimas de
sequestro demais, mas nenhuma delas chegou nem perto da atenção dedicada ao
sequestro do soldado israelense Gilad Shalit. Todavia, com o atual sequestro
dos três israelenses, Israel não teve a menor chance. Durante as duas últimas
semanas em que estive na Suécia, eu não ouvi nenhuma menção sequer do sequestro
dos israelenses nas mídias daquele país. Nenhuma sequer.
É desse
modo que um fruto podre se parece. O mundo não tem nenhuma razão para estar
mais interessado com o que aconteceu com Naftali Fraenkel, Eyal Yifrah and
Gilad Shaar do que com o que aconteceu com outra pessoa da idade deles,
Mohammed Dudin, um menino de 15 anos que foi assassinado por soldados
israelenses em Dura, na última sexta feira.
O mundo
não tem motivos para se espantar pelas palavras de Rachel Fraenkel, que disse
que seu filho Naftali é um bom menino que gosta de tocar a guitarra, jogar
futebol, quando Mohammed também era um bom menino, que ajudava seu pai na
construção da casa em que viviam durante as férias escolares e que vendia doces
para ajudar a sustentar sua família. Rachel deseja abraçar seu filho Naftali?
Jihad, o pai do assassinado Mohammed, também deseja abraçar seu filho. Só para
ficar registrado, ninguém se preocupou em levar Jihad para Genebra. Ele permaneceu
sozinho em seu luto, na casa inacabada, que agora, provavelmente, nunca será
terminada.
O mundo é
uma confusão, costumam dizer. No Iraque, Nigéria, Síria e até mesmo na Ucrânia,
a situação é bem mais cruel. Mas a completa falta de interesse pelos israelenses
sequestrados não é resultado apenas dessa situação. É impossível exigir
simpatia do mundo quando Israel ignora as decisões desse mesmo mundo. É
impossível exigir qualquer ação quando Israel perpetua a ocupação das terras
que pertencem aos palestinos. E, é impossível exigir solidariedade com relação
às vitimas israelenses quando esse mesmo Israel vitimizado continua matando,
ferindo e prendendo pessoas inocentes de forma rotineira.
Agora
Israel está descobrindo que não é mais o centro das atenções como estava
acostumado, e que o destino das vítimas sequestradas não faz o mundo parar de
girar, nem mesmo nos Estados Unidos da América. O mundo está cansado de Israel
e de suas insanidades. Infelizmente, o mundo também perdeu interesse pelo que
está acontecendo aqui. Quando Israel era um país mais justo, o mundo se
identificava com suas vítimas. E assim continuou fazendo mesmo quando Israel
tornou-se menos justo. Mas agora, quando os níveis de rejeição de Israel estão
em níveis altíssimos e a opressão sobre o povo palestino está retornando aos
níveis dos piores períodos anteriores, o
mundo começa a demonstrar cansaço com tudo isso. Até mesmo as meninas
sequestradas na Nigéria atraem mais interesse.
© Haaretz
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FIM DO ARTIGO DO JORNAL HAARETZ
O artigo original do Haaretz
poderá ser visto por meio desse link aqui:
Todos os comentários,
especialmente os que são fruto de ódio, devem ser dirigidos diretamente para o
site do jornal israelense Haaretz por meio do seguinte link:
http://www.haaretz.com/contact-us
O texto diz:
Meu nome é Mohhamed Abu Khdeir.
Hoje eu fui sequestrado e queimado por colonos.
Você não irá ler nada a meu respeito na mídia ocidental, porque eu sou um palestino.
Não Mohammed, sua voz foi ouvida e aqui estamos nós honrando tua memória no ocidente.
O texto diz:
Meu nome é Mohhamed Abu Khdeir.
Hoje eu fui sequestrado e queimado por colonos.
Você não irá ler nada a meu respeito na mídia ocidental, porque eu sou um palestino.
Não Mohammed, sua voz foi ouvida e aqui estamos nós honrando tua memória no ocidente.
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Que Deus abençoe a todos e ajude
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Alexandros Meimaridis
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