quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 10:25—37 — A PARÁBOLA DO SAMARITANO — SERMÃO 027G — PARTE 007 — O PAGAMENTO FINAL


Réplicas de moedas da época de Cristo 

Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

As partes anteriores da Parábola do Samaritano poderão ser encontradas por meio dos links abaixo:

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O Transporte Até a Hospedaria


027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final


Sermão 027G

A PARÁBOLA DO SAMARITANO — PARTE 7 — o pagamento final

lUCAS 10:25—37

25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

27 E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

32 E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.

33 Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.

34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

35 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

Continuação

7. O Pagamento Final

 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar — verso 35.

E assim a história se completa. É a inversão de temas nas estrofes dessa balada parabólica que deixa bem clara a razão e a intenção de Jesus nessa última cena. Como história, a parábola poderia muito bem ter terminado quando o homem ferido foi levado para um local seguro. Mas não é isso o que acontece. Depois de ter compensado as atitudes pecaminosas e criminosas — omissão de socorro — do levita e também do sacerdote, o samaritano, por fim, oferece uma compensação inclusive pelo que os ladrões haviam levado! A forma como o samaritano reverte o dano causado pelos ladrões pode ser visto no quadro abaixo:

Os Ladrões
O Samaritano
Roubam o homem
Paga pelas despesas do homem
Deixam o homem como morto
Cuida do homem e toma providências para que o cuidado continue
Abandonam o homem
Promete retornar

Essa comparação revela toda a beleza da forma como Jesus construiu a parábola e a transmitiu a seus ouvintes. O local mais óbvio para levar o homem ferido seria a casa de algum conhecido ou até mesmo à sua própria casa. Mas a forma como a parábola é desenvolvida é que cria a possibilidade para o surgimento dessa última cena. É óbvio que o samaritano não poderia pagar nem aos parentes nem aos amigos do homem para que cuidassem dele. E também não faria nenhum sentido ele prometer que voltaria, caso a história tivesse terminado com o homem ferido em segurança.

Todavia, não devemos entender a narrativa de Jesus aqui como alguém que deseja apenas preencher um espaço vazio. Todos os fatos narrados por Jesus são retirados da vida real da Palestina do primeiro século. O homem ferido não tem dinheiro — foi roubado. Se ele não puder pagar sua conta na estalagem quando sair da mesma, ele poderá ser denunciado e até mesmo preso. Estalajadeiros do primeiro século tinham uma fama muito ruim. Dessa forma, o homem ferido não pode esperar que lhe seja estendido qualquer favor, como um ato de nobreza, vindo do dono do local onde ele estava hospedado. De outra parábola de Jesus não sabemos de pessoas que são lançadas na prisão por não conseguirem pagar suas dívidas — ver Mateus 18:23—35.

É claro que o homem roubado e ferido não tinha nenhum recurso que pudesse usar para pagar pela sua dívida. Dessa forma, se o samaritano não assumisse o compromisso de saldar a dívida total do homem ferido, ele não teria condições de sair da hospedaria até alguém aparecer para quitar sua dívida. A atitude do samaritano supre a verdadeira condição de liberdade para o homem ferido. E mais, se a relação fosse entre judeus, o que ajudou poderia cobrar o valor da ajuda daquele que foi ajudado. Mas sendo o ajudador um samaritano, e o ajudado, provavelmente um judeu, tal opção estava completamente descartada. O samaritano não tem nenhuma forma legal de exigir ser reembolsado por quem quer que seja. O samaritano é apenas um desconhecido estranho. Independentemente, do tempo gasto, do empenho e do esforço físico, do dinheiro gasto e do risco que assumiu, ainda assim, o samaritano demonstrou amor para um desconhecido em necessidade. Não é exatamente esse o mesmo tipo de amor que Deus nos oferece graciosamente em Jesus?

A exegese dos primeiros séculos identificou o samaritano com a própria pessoa de Jesus. De fato, em João 8:48, nós podemos ler as seguintes palavras proferidas contra Jesus pelos judeus com os quais debatia um assunto:

João 8:48

Responderam, pois, os judeus e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano e que tens demônio?

Mas o que deve nos chamar mais a atenção é o fato da custosa demonstração de amor demonstrada de forma totalmente inesperada. O samaritano surge na cena de forma totalmente surpreendente e inesperada, vindo de fora para agir de modo a salvar o perdido. Os líderes tradicionais da comunidade judaica são um fracasso vergonhoso, mas o agente enviado por Deus entra na cena, para trazer o socorro necessário.  

Comentando sobre essa entrada súbita do samaritano na cena, Karl Barth diz o seguinte:

O bom samaritano... não está muito distante do próprio doutor da lei. A exegese primitiva do texto estava, fundamentalmente, correta. O doutor da lei encontra-se presente diante daquele que se encarnou em forma humana; apesar de estar oculto aos olhos do doutor da Lei, na forma de alguém a quem ele acha que deveria odiar, como os judeus odiavam os samaritanos”.[1]

Em outras parábolas já tivemos a oportunidade de notar cerca cristologia funcional — ver, por exemplo, Lucas 7:36—50. Nessa parábola, todavia, os tons marcantes da cristologia encontram-se na própria parábola, e não na estrutura da mesma suprida pelo evangelista ou pela fonte que ele tenha usado. Aqui, com certeza podemos entrar em contato e até mesmo tocar o entendimento que o Senhor Jesus tinha acerca da exclusividade do ministério que Deus lhe havia atribuído como servo sofredor.
De que maneira essa parábola funciona no diálogo entre Jesus e o mestre da Lei? O texto final será analisado no próximo estudo.  

CONTINUA...  



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Barth, Karl.  The Doctrine of the Word of God. Volume i Parte II em Churrch Dogmatics. Nova Edição por  Hendrikson Publishing Company, Peabody, 2012.

2 comentários:

  1. quero aqui expressar minhas sinceras desculpa ao irmão alex,
    por minhas criticas sobre suas criticas a falsos profetas ex: akiva
    irmão alex desculpa espero que me perdoe e fica na paz.

    13/07/2015 18:00 ezequiel

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    Respostas
    1. Caro Ezequiel,

      Não há nada para perdoar.

      Que Deus te abençoe e continue te dando o discernimento necessário.

      Abraço,

      irmão Alex.

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