O artigo abaixo foi publicado
no site da Revista Época e é de autoria de Ivan Martins e André Negri.
"Aparecida", de
Rodrigo Alvarez: o milagre da santa quebrada
Ao contar a história de
Aparecida, a obra revela que a estátua de 300 anos quase foi destruída – além
de ser usada e abusada por políticos
IVAN MARTINS E ANDRÉ NEGRI
SANTA PARTIDA
A estátua de Nossa Senhora hoje
acima – e da forma como chegou para restauração, em 1978. Foi quase um milagre;
Era noite de terça-feira, 16 de
maio de 1978. No interior da Basílica de Aparecida, a missa das 8 horas estava
em curso. Quando o padre Antônio Lino começou a distribuir as hóstias, acabou a
luz. Na confusão que se seguiu, um vulto correu na direção do altar, onde
estava a imagem religiosa mais importante da história do Brasil, Nossa Senhora
Aparecida. Entre gritos do padre, que percebeu o movimento, o invasor saltou 2
metros e 20 centímetros de altura e tentou arrancar a santa do cofre de ouro
onde ela estava, de porta aberta. Foi barrado por três folhas de vidro, que a
protegiam. Pulou de novo e esmurrou a proteção. Na terceira vez, Rogério Marcos
de Oliveira, de 19 anos, conseguiu arrancar do oratório a estátua de 36
centímetros de altura. A cabeça da santa saiu voando e se espatifou no chão. A
luz voltou subitamente, como partira. O assaltante, dias depois posto num
hospício, saiu caminhando lentamente para a saída da igreja. Levava na mão
ensanguentada a santa de barro sem cabeça. Quando um guarda tentou detê-lo, a
estátua caiu e se rompeu em vários pedaços.
Assim começa uma sequência
eletrizante de capítulos do livro Aparecida (Globo Livros, 239 páginas), de
Rodrigo Alvarez, que conta a história da padroeira do Brasil. Uma imagem de
Nossa Senhora da Imaculada Conceição foi encontrada por três pescadores no
fundo do Rio Paraíba do Sul, perto da vila de Guaratinguetá, em 1717. Assim
surgiu Nossa Senhora Aparecida. Desde então, a devoção por ela cresceu, em
paralelo à formação do Brasil. “Nossa Senhora é parte da identidade
brasileira”, afirma Alvarez, de 40 anos, correspondente da TV Globo no Oriente
Médio. “Aparecida foi um símbolo do Brasil muito antes do samba, do futebol, da
bandeira e mesmo da palavra brasileiro, que não existia quando ela foi descoberta.
Tem uma legitimidade de 300 anos, que nenhum outro símbolo nacional tem.”
Lançado há quatro semanas,
Aparecida já vendeu mais de 100 mil exemplares. Lidera as listas de mais
vendidos na categoria de não ficção. O livro começou a nascer há quatro anos,
depois de uma longa temporada de Alvarez
nos Estados Unidos. Ele queria escrever sobre religião, buscava um tema
relevante ao Brasil, se interessou por Aparecida. “Descobri que não havia um
livro bom que contasse os 300 anos de história da imagem”, afirma. Ao mergulhar
no assunto, percebeu que a história da santa se misturava à própria história do
Brasil. Fora abusada no Império, ignorada nos primeiros anos da República,
usada por Getúlio Vargas para unir o país, nos anos 1930, e pela ditadura militar
para se legitimar, nos anos 1960. Dessa mistura de história religiosa e
política nasceu o livro.
Enquanto ele era escrito,
Alvarez, num golpe do destino, foi convidado a trabalhar em Jerusalém. Desde
2013, vive com a mulher e os três filhos a 1 quilômetro e meio do local onde a
tradição diz que Cristo foi crucificado. De manhã, leva os bebês para passear
no Santo Sepulcro, como se estivesse num parquinho. “Hoje, me emociono mais com
a religião”, diz ele. “Aqui, está tudo vivo. É como se tivesse acontecido
ontem.”
O livro de Alvarez ganha tons de
thriller policial ao narrar o ataque à imagem e sua dramática reconstrução, em
1978 – assim como o sequestro que se seguiu. Depois de dizer ao público que a
santa seria restaurada por especialistas do Vaticano, os padres do santuário de
Aparecida levaram a estátua às escondidas ao Museu de Arte de São Paulo, o
Masp. Lá, sob intenso sigilo, os 2 quilos e 550 gramas de material consagrado
foram entregues aos cuidados de uma jovem artista plástica chamada Maria Helena
Chartuni, a restauradora. Mais de 30 anos depois, ela contou a Alvarez que
quase teve um ataque de pânico quando viu o que lhe cabia fazer. Numa caixa
forrada de pano branco, jaziam dezenas de pedaços do que antes fora a imagem. A
cabeça, praticamente só lascas e pó, estava numa caixinha ainda menor, para
além de qualquer possibilidade de restauração. A situação exigia um milagre.
FÉ E HISTÓRIA
O Santuário de Aparecida e, no alto, o escritor Alvarez com seu livro. A santa é o símbolo mais antigo do Brasil (Foto: Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens e divulgação)
Cinquenta dias depois, quando o
trabalho de restauro terminou, com o auxílio inesperado de uma cola argentina,
a cabeça da santa fora inteiramente refeita por Maria Helena, com base em duas
cópias entregues a ela pelos padres. No finalzinho, um deles, Izidro de
Oliveira Santos, insistiu que a santa fosse pintada em cor mais clara. Maria
Helena se recusou, bateu o pé, e a santa continuou marrom-escura, quase preta,
cor que ganhara no lodo do Rio Paraíba do Sul havia 300 anos. A história não
acaba por aí. Quando a estátua foi devolvida à basílica, o padre Izidro a
sequestrou do altar e tentou pintá-la da cor que julgava apropriada, no fundo
de sua casa. Quase estragou a relíquia. Maria Helena teve de ser chamada
novamente a dar outra demão de tinta na imagem, com a cor “terra de siena
queimada”. Desde então, não se discute mais a morenice da santa.
O sucesso de Aparecida é
impulsionado por um fenômeno editorial que sacode o país faz algum tempo, os livros
religiosos. É o segmento do mercado editorial cujas vendas mais crescem. Entre
2012 e 2013, elas cresceram 17% e passaram de 72 milhões de exemplares. O
antropólogo Bernardo Lewgoy, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz
que a literatura religiosa é o gênero preferido por 54% dos brasileiros nas
classes E e D e por 21% das classes A e B. “Os que menos leem têm começado a
ler mais, privilegiam gêneros religiosos”, diz ele. A estabilidade financeira e
a expansão da classe média ajudam e provocam outras mudanças no mercado. Se, há
cinco anos, os livros espíritas eram os mais vendidos, hoje, outras religiões
crescem em ritmo acelerado. O caso mais evidente é o padre Marcelo Rossi, cujos
últimos lançamentos – Ágape e Kairós, lançados pela Globo Livros – venderam,
juntos, 12 milhões de exemplares. Agora é a vez de Aparecida. “Acho positivo
que busquem a religião e a espiritualidade”, diz Alvarez. “As pessoas procuram
respostas à vida difícil que levam nas grandes cidades.” Aparecida talvez não
tenha exatamente essa resposta. Mas ajuda a entender o Brasil e a fé dos
brasileiros. Além de ser uma tremenda leitura.
O artigo original publicado no
site da ÉPOCA poderá ser visto por meio do seguinte link:
OUTROS ARTIGOS ACERCA
DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
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Desde já agradecemos a todos.
Paz do SENHOR irmão Alex.
ResponderExcluirAparecida, o que dizer?
Com todo o respeito ao trabalho literário e a fé do autor Rodrigo Alvarez (pois temos que respeitar o trabalho e a crença de cada um), não posso deixar de expressar meu nojo, repulsa á tal ídolo.Como pode uma estátua ser chamada de padroeira do Brasil?Pois os padres conhecem muito bem a Bíblia e os seguintes versículos: Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança. Salmos 33:12 e Bem-aventurado o povo ao qual assim acontece; bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor. Salmos 144:15.E mesmo assim os padres colocam esse ídolo (entre outros) lá ''em cima'', Chamando de padroeira do Brasil, o que já me fez pensar que até essa classificação de padroeira está errada, pois padroeira parece derivar da palavra padre que seria pai em latim "patre" se referindo ao masculino ao invés de madre.Enfim, já quebrei e joguei mutas dessas nos primeiros anos quando me converti (só as dos meus pais, pois sei que é crime se quebrar de outros lugares), mas notei que só piorava a situação de adoração e veneração deles e parei com isso, pois aprendi que só o Espírito Santo pode mudar alguém.A minha relação com meus pais (católicos fervorosos) melhorou depois que parei de jogar e quebrar imagem, mas sempre que eles vem falar sobre "santos" já sabem qual é a minha opinião e mostro para eles o que dizem as Sagradas Escrituras, principalmente para meu pai que já leu a Bíblia quatro vezes.Por fim, gostaria de comentar os dois livros do padre Marcelo. O Ágape parei de ler logo no começo, pois ele defende logo no início a teoria da evolução, que o homem veio do macaco (risos), já o livro Kairós, achei bem interessante, tirando o fato da adoração a Maria.Pelo tamanho do comentário deu para notar que gostei da matéria.Abraço fraterno.
Caro Cleiton,
ExcluirVamos orar pelos teus pais, pois o Senhor é capaz de transformar o mais empedernido idólatra, no mais gentil dos cordeirinhos.
Abraço fraterno,
Irmão Alex.
Amém irmão Alex.
ExcluirTambém creio dessa maneira.
Agradeço pelas orações.
Que o SENHOR DEUS continue a te usar em nome de Jesus com intrepidez para continuar a escrever as matérias e as mensagens sempre bem explicadas.É uma alegria para mim ter mais uma fonte que é o seu blog para ler matérias e mensagens com base somente na verdade.
Abraço fraterno,
Irmão Cleiton
Olá meu irmão sou Católico gostaria de dizer que ão adoramos a Virgem Maria e sim a Amamos porque DEUS a AMOU primeiro,Ele que quis nascer de seu ventre Santo e a saudou pela boca do anjo AVE MARIA CHEIA DE GRAÇA
ExcluirCaro Leandro,
ExcluirObrigado por escrever.
Por favor, procure se informar acerca do verdadeiro significado da expressão católica romana "hiperdulia".
Grande abraço,
irmão Alex