Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase
especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa
série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse
estudo.
12. Pecado e a Graça de Deus
Pecado, como falamos no primeiro
estudo dessa séria, o pecado é a transgressão da lei, mas nunca fica só nisso.
Como o propósito da lei era nos conduzir à graça de Deus e por consequência a
Jesus, o pecado é sempre um ato contra a bondade e a graça de Deus.
Gálatas 3:16—25
16 Ora, as promessas
foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como
se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.
17 E digo isto: uma
aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e
trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a
promessa.
18 Porque, se a herança
provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a
concedeu gratuitamente a Abraão.
19 Qual, pois, a razão
de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o
descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela
mão de um mediador.
20 Ora, o mediador não
é de um, mas Deus é um.
21 É, porventura, a lei
contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma
lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei.
22 Mas a Escritura
encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a
promessa concedida aos que creem.
23 Mas, antes que
viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que,
de futuro, haveria de revelar-se.
24 De maneira que a lei
nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados
por fé.
25 Mas, tendo vindo a
fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
Essa qualidade do pecado como um
ato contra a graça de Deus, nos mostra que o pecado não é nunca algo individual
e sim algo coletivo e social. A graça de Deus é uma expressão da vontade de
Deus onde Ele deseja estar em comunhão com o homem, fazendo com que este mesmo
homem seja a favor tanto de Deus como do próximo —os dois grandes mandamentos —
Mateus 22:36—40
36 Mestre, qual é o
grande mandamento na Lei?
37 Respondeu-lhe Jesus:
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo
o teu entendimento.
38 Este é o grande e
primeiro mandamento.
39 O segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40 Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
O aspecto social da graça de Deus
pode ser visto exatamente na demanda que devemos obedecer aos dois grandes
mandamentos —
1 João 4:7—8
7 Amados, amemo-nos uns
aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de
Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama
não conhece a Deus, pois Deus é amor.
Aquele que ama a Deus não pode
odiar a seu próximo. E todo aquele que odeia a seu próximo não pode amar a
Deus.
O pecado, como a rejeição do
desejo gracioso de Deus para a vida em comunidade, é, portanto, algo coletivo.
É um ato social mesmo na sua forma negativa como um ato anti-social. Por esse
motivo, por ser o pecado um ato social, é que ele não é cometido somente
individualmente, mas é também cometido por grupos sociais e pode ser
personificado em estruturas sociais. Um país pode e, geralmente, peca tanto
quanto o indivíduo. Existem pecados nacionais e países inteiros são chamados ao
arrependimento e mudança de vida nas páginas da Bíblia, como encontramos, por
exemplo, no livro de Jonas, onde Deus envia o profeta para anunciar um desastre
(Jonas 3:4), mas em função do arrependimento dos Ninivitas Deus decide não
levar adiante a destruição anunciada. De maneira semelhante a igreja pode pecar
e ser ordenada a se arrepender e mudar de atitude, mas temos que admitir que
muito raramente as igrejas fazem aquilo que exigem de seus membros. Existe
muito abuso espiritual cometido pelas lideranças da igreja chamadas cristãs.
Esse caráter comunitário do pecado
que reflete o aspecto comunitário da graça de Deus nos ajuda a entender porque
a justiça não é um conceito individual, mas é sempre um conceito social. De
fato não existe justiça individual separada da justiça social ou coletiva. Toda
justiça é justiça social, porque a mesma é a expressão da santidade divina à
medida que mantêm o propósito gracioso de Deus para o homem contra os assaltos
do homem pecaminoso contra aquele mesmo proposto divino.
Ainda porque o pecado possui esta
dimensão social e coletiva a distinção ética entre o “pessoal” e o “social”
está arraigada em uma compreensão equivocada do pecado. Toda ética “pessoal”
acaba sempre se tornando a ética do indivíduo versus a ética coletiva. Todo
pecado é de fato pessoal, seja ele cometido por um indivíduo ou por uma
coletividade, seja uma nação ou uma igreja. O mesmo é verdadeiro acerca do amor
e do fazer aquilo que é certo. Mas não existe nada que possamos chamar de ética
pessoal individual (que diz respeito ou é peculiar a uma só pessoa) da mesma
maneira que não existe graça de Deus individual nem justiça individual. As ideias
Bíblicas de graça, amor e justiça, bem como os ensinos Bíblicos de que o pecado
original de Adão é o pecado de todas as pessoas e o ato de justiça praticado
por Jesus que podem se transformar em um ato de justiça de todas as pessoas são
completamente destruídos quando o pecado é definido individualmente com
referência a uma compreensão legalista da lei, sem se fazer referência ao
caráter social da graça de Deus.
Esse aspecto corporativo do
pecado pode ser visto claramente nas páginas do Novo Testamento. Tomemos como
exemplo a chamada “oração do Pai Nosso”. Note as palavras de Jesus
especialmente no que diz respeito à “pessoa” dos verbos:
Portanto, vós orareis
assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino;
faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia
dá-nos hoje;
e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
e não nos deixes cair
em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para
sempre. Amém! – Mateus 6:9—13.
A mesma verdade foi expressa em
outra passagem do sermão do monte em —
Mateus 5:23 – 24 onde
lemos:
Se, pois, ao trazeres
ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com
teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.
Nós só podemos orar a Deus como
Pai, pedir pelo pão diário, pedir perdão por nossos pecados e livramento do
maligno se usarmos pronomes plurais como vós e nós. Só podemos trazer nossas
ofertas a Deus se estivermos em paz com nosso próximo. Só podemos adorar a Deus
se fizermos justiça ao nosso próximo. É bobagem pensar que Deus vai nos aceitar
quando temos ciência de que ofendemos alguém. Este é o maior motivo porque nossas
orações não são ouvidas e nem nossa adoração é aceita por Deus. É nossa
responsabilidade buscarmos viver em paz com todas as pessoas —
Romanos 12:18
Se possível, quanto depender de
vós, tende paz com todos os homens.
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O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS
O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL
O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html
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Grande Abraço e que Deus possa
abençoar a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos
leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte
link:
Desde já agradecemos a todos.
Que estudo enriquecedor!
ResponderExcluirQue o Eterno continue te abençoando.
Desejo-te um feliz Natal e um 2015 repleto de realizações e felicidades com os teus.
"A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós!" 2 Coríntios 13:14.
Obrigado Joel,
ExcluirDesejo a você e toda tua família um natal reverente e repleto de meditação acerca da seriedade do que representou o Deus Todo poderoso tornar-se num ser humano.
Abraço fraterno,
Irmão Alex