Esse
esboço de sermão é parte da série "Exposição da Epístola aos Efésios"
e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das
verdades contidas nessa exposição, com aplicações para os nossos dias. No final
do artigo você encontrará um link para outros estudos dessa série.
EXPOSIÇÃO DA EPÍSTOLA DE PAULO
AOS EFÉSIOS
Introdução.
A.
Na última divisão que estudamos — Efésios 1:15—23 – nós vimos o apóstolo Paulo
orando e pedindo para que seus leitores tivessem seus olhos iluminados pelo
Espírito Santo para que pudessem perceber:
1.
As implicações da esperança do chamamento de Deus que representa o início da
nossa vida cristã.
2.
A riqueza da glória da nossa herança que nos aguarda na presença de Deus e que
representa o fim da nossa carreira cristã.
3.
A suprema grandeza do poder de Deus que está disponível para todos nós hoje.
B.
E Paulo nos disse que o poder de Deus:
1.
Ressuscitou Jesus dentre os mortos para um tipo de vida em que Ele não pode
mais morrer e nisso, Jesus se torna nosso precursor ou irmão primogênito.
2.
Fez Jesus se assentar à destra de Deus acima de todas as coisas.
C.
Jesus possui um nome que está acima de todo nome.
D.
Deus deu Cristo à Igreja e deu a Igreja à Cristo para que o Senhor Jesus possa
preenche-la com seus maravilhosos dons e para que a igreja seja aquele local,
todo especial, onde a plenitude de Jesus sobre todas as coisas pode ser melhor
apreciada.
E.
No texto de hoje, Paulo inicia dizendo: “Ele vos deu vida”. Mas na sequência
Paulo vai descrever, o que é nosso assunto principal nessa mensagem, e que é:
·
A CONDIÇÃO HUMANA SEM DEUS
I. A Verdadeira Condição Humana
ou Aquilo que Somos por Natureza.
A.
Já fizemos referência, muitas vezes, ao fato de que a Bíblia fala muito
francamente acerca da condição humana sem Deus. Nesses versículos não é
diferente. O que temos aqui é uma descrição devastadora e que diz respeito a
todos os seres humanos sem exceção.
B.
O que temos diante de nós é uma descrição dos seres humanos caídos e das
sociedades humanas caídas em todos os lugares. Essa é a condição universal dos
seres humanos sem Deus
C.
Para indicar este estado de absoluta depravação Paulo alista três verdades:
1. Nós Estávamos Mortos.
a.
A morte a que Paulo se refere não é uma metáfora. É sim a descrição exata do
estado em que se encontram todas as pessoas que não estão “em Cristo”.
b.
Mas como podemos dizer que estão mortos os atletas tão cheios de vigor, ou o
professor universitário tão inteligente ou mesmo o artista que possui uma
personalidade tão deslumbrante?
c.
Isso acontece porque a morte a que Paulo está se referindo não mantém relação
nem com o vigor físico, nem com a inteligência nem com a personalidade de
pessoas. Ela tem a ver com a condição espiritual das pessoas diante de Deus.
Nessa condição, os seres humanos:
i.
Andam na vaidade dos seus próprios pensamentos.
ii.
Têm obscurecido o entendimento.
iii.
São alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem pela dureza dos
seus corações.
iv.
Tornaram-se insensíveis.
v.
Entregaram-se à dissolução para com avidez cometerem toda sorte de impurezas —
Efésios 4:17—18
17 Isto, portanto, digo e no
Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade
dos seus próprios pensamentos,
18 obscurecidos de entendimento,
alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu
coração.
d.
Nesta condição, apesar de estarem vivos estão realmente mortos —
1 Timóteo 5:6
Entretanto, a que se entrega aos
prazeres, mesmo viva, está morta.
e.
Este estado de verdadeira morte é atribuído a duas coisas: delitos e pecados.
f.
Essas duas palavras foram cuidadosamente escolhidas pelo apóstolo Paulo porque
nos fornecem uma descrição abrangente do mal que percebemos nas nossas
sociedades.
g.
Vamos analisar estas duas palavras de maneira mais aprofundada:
i.
Em primeiro lugar Paulo usa a expressão παραπτώμα — paraptóma
— traduzida por delito e que quer dizer, literalmente, “um passo em falso”.
Como tal esta expressão descreve:
O
ultrapassar um limite estabelecido como uma linha imaginária.
Desviar-se
do caminho certo.
ii.
Em segundo lugar Paulo usa a expressão ἁμαρτία — amartía
— traduzida por pecado e que, literalmente, quer dizer:
Errar
o alvo.
Não
alcançar determinado padrão estabelecido.
h.
Estas duas palavras juntas cobrem todos os tipos de transgressões que podemos
imaginar. Elas fazem referência tanto aos nossos pecados ativos quanto
passivos; aos nossos pecados de comissão e de omissão.
i.
Diante de Deus nós somos tanto pessoas fracassadas quanto rebeldes. O resultado
direto desta condição é que nós estamos mortos ou “alheios à vida de Deus” —
Efésios
4:18
Obscurecidos de entendimento,
alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu
coração.
J.
Quando nós, que somos reformados, falamos acerca da “depravação total”
dos seres humanos não estamos nos referindo a orgias e bebedeiras sem fim ou
práticas pecaminosas perversas de qualquer natureza. Estamos nos referido ao
pecado, seja ele de comissão ou de omissão. E isto porque não existe nada pior que um ser
humano possa fazer contra Deus, o próximo, a natureza e contra si mesmo do que
pecar!
2. Nós Éramos Escravos.
a.
Neste texto Paulo nos diz que apesar de uma aparente liberdade, os seres
humanos são realmente escravos do mundo, do diabo e da carne.
i.
Do mundo — Paulo usa a expressão “curso deste mundo”. Essa expressão descreve
um rio caudaloso que vai arrastando as pessoas, apesar de as pessoas terem
bastante “liberdade”, elas estão sendo arrastadas. No sentido ético o termo descreve a humanidade
alienada da vida de Deus, pecaminosa, sob o severo juízo de Deus e precisando
de salvação.
ii. Do diabo — Aqui chamado de príncipe da
potestade do ar e do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. A
Bíblia diz que o diabo é o “pai da mentira” – ver João 8:44. Seu controle se manifesta sobre os centros políticos e financeiros e
sobre os centros culturais. Praticamente tudo que produzido, culturalmente
falando, todas as decisões políticas e financeiras deste mundo estão envoltas, na
maioria das vezes, em grossas mentiras e outras vezes em mentiras sutis, mas é
tudo sempre mentira.
iii. Da carne — Paulo diz: segundo
as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos. Nossa condição de seres humanos caídos e
possuidores de uma natureza pecaminosa representa, realmente, uma enorme
escravidão.
b.
Somos chamados de “filhos
da desobediência” porque nos rebelamos contra Deus.
Nossa rebeldia contra Deus é consciente e voluntária. Porque nos rebelamos
contra Deus somos presas fáceis do diabo e suas hostes.
c.
A conseqüência disto tudo e...
3. Nós Estávamos Condenados.
a. Não estávamos somente mortos e escravizados, mas
estávamos também sob a terrível condenação de Deus. Literalmente Paulo diz que
éramos “filhos da ira”.
b. A ira acerca da qual Paulo se refere é a santa
ira de Deus que se manifesta contra toda impiedade e perversão —
Romanos
1:18—32
18 A
ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que
detêm a verdade pela injustiça;
19
porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus
lhes manifestou.
20
Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a
sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo,
sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por
isso, indesculpáveis;
21 porquanto,
tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças;
antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o
coração insensato.
22
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos
23 e
mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.
24 Por
isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu
próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
25 pois
eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em
lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
26 Por
causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram
o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
27 semelhantemente,
os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram
mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e
recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
28 E,
por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,
29
cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja,
homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores,
30 caluniadores,
aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males,
desobedientes aos pais,
31
insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.
32 Ora,
conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais
coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim
procedem.
c. Sim, existe um Deus pessoal que manifesta tanto
Sua ira quanto sua graça. Certos ramos do ateísmo bem como as religiões
orientais, principalmente aqueles originárias da Índia, negam a existência de
um Deus pessoal. Preferem pensar na existência de uma força impessoal e
desinteressada no que se passa entre os seres humanos. Para os adeptos do
hinduísmo e do budismo os seres humanos estão presos em um ciclo cármico — A
expressão carma tem sua origem na expressão “karman” do idioma sânscrito e nas
filosofias da Índia, e representa o conjunto das ações dos homens e suas consequências. Liga-se o carma às diversas teorias de
transmigração das almas, e por meio dele se definem as noções de destino, do
desejo como força geradora do destino, e do encadeamento necessário, por força
desses dois fatores, entre os diversos momentos da vida dos homens.
d. Mas o Deus da Bíblia é um Deus pessoal e que
está muito interessado com a sorte das suas criaturas. É um Deus que se sente pessoalmente
ofendido pelos pecados cometidos pelos seres humanos, porque ele é um Deus
santo!
i. Nossos pecados são terríveis porque ofendem o
Deus Eterno. Como tal ofendem a Deus também eternamente. Sua Santa ira é
plenamente justificada.
ii. Deus derramou Sua ira sobre o Senhor Jesus na cruz do Calvário.
Quando o ser humano recusa aceitar o que Deus fez através de Jesus a nosso
favor, nada mais resta ao pecador, senão encarar a “ira de Deus” —
João 3:16 e 36
16 Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém
rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
Conclusão:
A. Já no Antigo Testamento o Senhor havia nos
revelado através do profeta Isaías, o fato de que:
Isaías
59:2
Mas as
vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.
E mais:
Isaías
64:6
Mas todos nós somos como o imundo, e todas as
nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e
as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.
B. Essa é a tragédia mais básica ou fundamental do
ser humano: Pessoas que foram criadas por Deus e para Deus, vivem agora suas
vidas sem Deus.
C. O apóstolo João deixa bem clara a opção feita
pela humanidade:
João
3:19
O
julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas
do que a luz; porque as suas obras eram más.
D. Fora de Cristo o ser humano está morto em seus
delitos e pecados, escravizado pelo mundo, pelo diabo e pela sua própria
natureza caída e, completamente, condenado sob a ira de Deus.
E. Deus em sua misericórdia nos tem confiado a
mensagem das boas novas que oferece, gratuitamente: vida para aqueles que estão
mortos, libertação para aqueles que estão escravizados e perdão para aqueles
que estão condenados no corredor da morte.
OUTRAS MENSAGENS DA SÉRIE NA EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
ALGUNS ASPECTOS DAS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO COMO APRESENTADAS EM EFÉSIOS
EFÉSIOS 1:1—2 — SERMÃO 001 — INTRODUÇÃO À EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
EFÉSIOS 1:3—14 — SERMÃO 002 — TODA SORTE DE BÊNÇÃO ESPIRITUAL
EFÉSIOS 1:4—6 — SERMÃO 003 —A BÊNÇÃO DA NOSSA ELEIÇÃO POR DEUS
EFÉSIOS 1:7—8 — SERMÃO 004 —A BÊNÇÃO DA NOSSA REDENÇÃO
EFÉSIOS 1:9—10 — SERMÃO 005 —A BÊNÇÃO DA UNIFICAÇÃO DE TODAS AS COISAS EM CRISTO
EFÉSIOS 1:11—14 — SERMÃO 006 — A BÊNÇÃO DE DEUS EM PERSPECTIVA
EFÉSIOS 1:15—16— SERMÃO OO7 — A IMPORTÂNCIA DA FÉ E DO AMOR
EFÉSIOS 1:16—17 — SERMÃO OO8 — A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSAS VIDAS
EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO OO9 — A ESPERANÇA DO SEU CHAMAMENTO EM NOSSAS VIDAS
EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO O10 — A RIQUEZA DA GLÓRIA DA SUA HERANÇA NOS SANTOS
EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO O11 — A SUPREMA RIQUEZA DO SEU PODER
EFÉSIOS 1:22—23 — SERMÃO O12 — A IGREJA E CRISTO COMO PLENITUDE
EFÉSIOS 2:1—3 — SERMÃO O13 — A CONDIÇÃO DO SER HUMANO SEM DEUS
EFÉSIOS 2:4—10 — SERMÃO 014 — A CONDIÇÃO HUMANA PELA GRAÇA DE DEUS
O QUE DEUS FEZ POR NÓS — SALVAÇÃO
PARA O QUE DEUS NOS SALVOU?
EFÉSIOS 2:11—12 — SERMÃO 015 — NOSSA PRECÁRIA CONDIÇÃO ANTES DE CRISTO VIR AO MUNDO
A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO E O VERDADEIRO BATISMO
EFÉSIOS 2:13—18 — SERMÃO 016 — NOSSA NOVA CONDIÇÃO “EM CRISTO”
EFÉSIOS 2:19—22 — SERMÃO 017 — A IGREJA COMO CIDADÃOS, FAMÍLIA E TEMPLO
EFÉSIOS 3:1—7 — SERMÃO 018 — A REVELAÇÃO DO MISTÉRIO DE DEUS
EFÉSIOS 3:8—13 — SERMÃO 019 — PAULO COMO INSTRUMENTO DE DEUS
EFÉSIOS 3:1—13 — SERMÃO 020 — A RELEVÂNCIA DA IGREJA
EFÉSIOS 3:14—21 — SERMÃO 021 — A PATERNIDADE DE DEUS AO QUAL ORAMOS
EFÉSIOS 3:14—21 — SERMÃO 022 — A ORAÇÃO DE PAULO A FAVOR DOS EFÉSIOS
EFÉSIOS 3:14—21 — SERMÃO 023 — A GLÓRIA DEVIDA A DEUS
EFÉSIOS 4:1—3 — SERMÃO 024 — A UNIDADE DA IGREJA
EFÉSIOS 4:4—6 — SERMÃO 025 — A IGREJA É UNA PORQUE DEUS É UM
EFÉSIOS 4:7—10 — SERMÃO 026 — UNIDADE EM MEIO A DIVERSIDADE
EFÉSIOS 4:11 — SERMÃO 027 — OS DONS DE EDIFICAÇÃO DA IGREJA
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
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