segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

UM ESTUDO SOBRE O PECADO — PARTE 013B — PECADO E CASTIGO — PARTE B - JESUS NO GETSÊMANI - PARTE 001



Representação de Jesus no Getsêmani

Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse estudo.  

13B. Pecado e Castigo — PARTE B

CONTINUAÇÃO...

Começando com a oração de Jesus no Getsêmani, vamos nos deixar imergir no imaginário — o conjunto de símbolos e atributos de um povo, ou de determinado grupo social — do que foi aquela noite em que o Senhor foi preso e o dia seguinte quando Ele foi crucificado e morto. A Oração de Cristo no Jardim do Getsêmani — Marcos 14:32—42 e passagens paralelas — ver Mateus 26:36—46 e Lucas 22:39—46 — é a maior demonstração de quanto Jesus dependia da oração, além de ser o testemunho mais explícito do fato de que Jesus dependia de Deus como uma criança depende do Pai — Abba em aramaico.

Verso 32 - Então, foram a um lugar chamado Getsêmani; ali chegados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou orar.

Onde ficava o Jardim do Getsêmani? Certamente ficava para os lados do riacho de Cedron — ver João 18:1 — e em algum lugar no Monte das Oliveiras — ver Lucas 22:39. Mas onde exatamente? Getsêmani quer dizer “lugar onde se espreme — extrai — óleo”. Hoje em dia existem três grupos religiosos que reivindicam o direito de controlar o que teria sido, no passado, o Jardim do Getsêmani. O Jardim dos Franciscanos, próximo à base do monte de oliveiras, é o primeiro acerca do qual se alega ser o lugar. Um pouco mais acima vamos encontrar o jardim dos Ortodoxos Russos que também alegam ser o lugar. Por último temos o Jardim controlado pelos Armênios, que fica no topo do Monte das Oliveiras. Independente de onde o Jardim do Getsêmani se encontrava nos dias de Jesus, certamente era um lugar ideal para se retirar, descansar, dormir e ensinar. Neste local Cristo acomoda oito dos discípulos...

Verso 33 — E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.

Através de outras passagens como Marcos 5:37 — a ressurreição da filha de Jairo — e Marcos 9:2 — a transfiguração — nós sabemos que Jesus tinha um grupo seleto de discípulos, que podemos chamar de grupo íntimo, que era composto por Pedro e pelos irmãos Tiago e João. Por que esse grupo existia e por que era composto desses três, pode apenas ser especulado. Certamente a idéia de que é pela boca de duas ou três testemunhas que se estabelece a verdade — ver Deuteronômio 19:15 e 1 Timóteo 5:19 — deve ser parte do todo. Pedro talvez fizesse parte dele devido à revelação que havia recebido de ser Jesus o Messias “o filho do Deus vivo” ver — Mateus 16:16; 19. João, como sabemos, era o “discípulo amado” — ver João 13:23; 19:26; 20:2; 21:7 e 10. E Tiago talvez fizesse parte deste grupo porque seria o primeiro entre os apóstolos a perder a vida por acreditar em Jesus — ver Atos 12:2. Mas como dissemos, estamos apenas especulando. Mas por que teria Jesus levado esses três junto com ele para um lugar ainda mais afastado para orar? Jesus era humano — ver Hebreus 4:15 — e como tal tinha necessidade de comer, beber, vestir-se, abrigar-se, dormir, bem como de comunhão fraterna. Jesus era 100% Divino e 100% humano, e podia escolher livremente, momento a momento, com qual das naturezas responderia aos desafios que tinha que enfrentar. Para o nosso conforto, nessa hora de extrema angústia, Jesus decide agir exclusivamente como homem. É por este motivo que lemos que Jesus é tomado então, por ἐκθαμβεῖσθαι ekthambeîsthai — sentir terror e ἀδημονεῖν ademoneîn — estar duramente perturbado, estar fragmentado — literalmente horrorizado. Além disso, Jesus se refere ao Seu estado emocional como sendo de Περίλυπός perílupós — estar cercado de tristeza ou dominado com pesar a ponto de a tristeza poder causar sua própria morte — ver verso 34.

Por este motivo, os tradutores sempre lutaram com esta passagem e a traduzem de diversas formas:

Almeida Revista e Atualizada: pavor e angustia

Bíblia na Linguagem de Hoje: tristeza e aflição*

Almeida Edição Contemporânea: pavor e angustia

Nova Versão Internacional: aflito e angustiado*

Almeida Corrigida e Revisada: pavor e angústia

A Bíblia de Jerusalém: pavor e angústia**

Nova Versão Fácil de Ler: angustiado e aflito*

Tradução Ecumênica: pavor e angústia**

Versão do Padre Antônio Pereira de Figueiredo: pavor e angustiar-se em extremo

A Bíblia Viva: profunda aflição e angústia*

Bíblia Alfalit: temor e angústia*

Tradução do Novo Mundo: atônito e muito aflito*

Versão de Cipriano de Valera em espanhol: “atemorizarse e angustiarse”

Versão de David Martin em francês: “effrayé et fort agite”

As traduções marcadas com asterisco são mais recentes. Note a tentativa de atenuar o sentido de pavor e horror substituindo-o por termos mais amenos! Mas nem todas as versões modernas atenuam o original. Estas estão marcadas com **.

Certamente essas palavras ecoam o —

Salmo 42:6—7

6  Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar.

7  Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim.


Seis dias antes Ele já havia sentido uma angústia semelhante como descrito em —

João 12:27

Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.

Mas àquela angústia Ele adiciona, agora, o pavor. O profeta Isaías nos diz que Jesus era —

Isaías 53:3

Desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer.

Então temos que perguntar: Por que todo este pavor e angústia? Seria porque Jesus sabia que naquele mesmo instante Judas o estava traindo e que em breve chegaria trazendo os soldados para prendê-lo? Ou seria por que Cristo sabia que Pedro iria negá-lo e traí-lo, que o Sinédrio iria condená-lo, que Pilatos iria sentenciá-lo, que seus inimigos iriam ridicularizá-lo e que, por fim, os soldados iriam torturá-lo e crucificá-lo? Certamente todas estas coisas devem ser consideradas como parte do cenário total. Mas como veremos, à medida que formos continuando, o fato que apavorava e angustiava Jesus era que, sendo ele o mais sensível dos homens, se via sendo direcionado para um isolamento cada vez maior. Muitos já haviam desistido de segui-lo — João 6:66. Em breve, seus próprios discípulos iriam abandoná-lo — Marcos 14:50. Mas pior de tudo mesmo, era a compreensão que, começando naquele momento, Ele estava caminhando de modo inexorável — que não se move a rogos; não exorável; implacável, inabalável — para ser abandonado pelo próprio Pai — Αββα Abba. Na Cruz, na sua hora de maior angústia, Jesus nos revela o motivo do Seu pavor e da sua angústia ao clamar אֵלִי אֵלִי לָמָה עֲזַבְתָּנִי  Eloíy, Eloíy, lamáh `azabettâniy — Deus meu, Deus meu! Porque me desamparaste? — ou abandonaste? — Marcos 15:34. Novamente temos ecos do —
Salmo 42:9

Digo a Deus, minha rocha: por que te olvidaste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?

Jesus percebia claramente a intensidade da onda da “ira de Deus” que em breve se abateria sobre ele. E essa onda era provocada pelos nossos pecados! A compreensão da satisfação requerida pelas ofensas feitas à majestade eterna de Deus que implicaria, em última instância, ser completamente abandonado pelo Pai, é o motivo principal para Jesus se expressar de maneira tão veemente, usando termos duros como “pavor e angústia”; ou tendo necessidade de ser diretamente auxiliado por um anjo —

Lucas 22:43

Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava.

ou suando gotas de sangue —

Lucas 22:44

E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.

ou orando fervorosamente ao Pai —

Marcos 14:35—36

35 E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora.

36 E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.

Os Salmos estão cheios de passagens que descrevem estes momentos. Vejamos algumas delas:

Salmos 18:4—5
Laços de morte me cercaram, torrentes de impiedade me impuseram terror. Cadeias infernais me cingiram, e tramas de morte me surpreenderam.

Salmos 42:7

Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim.

Salmos 55:4—5

Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim.

Salmos 69:1—3

Salva-me, ó Deus, porque as águas me sobem até à alma. Estou atolado em profundo lamaçal, que não dá pé; estou nas profundezas das águas, e a corrente me submerge. Estou cansado de clamar, secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de tanto esperar por meu Deus.

Salmos 88:3

Pois a minha alma está farta de males, e a minha vida já se abeira da morte.

Salmos 116:3

Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza.

Certamente nosso Senhor foi muito bem descrito pelo profeta Isaías quando disse:
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso - Isaías 53:3”.

CONTINUA...

OUTROS ESTUDOS SOBRE O PECADO

O PECADO — ESTUDO —001 — TERMOS GREGOS E HEBRAICOS E PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1

O PECADO — ESTUDO —003 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 2

O PECADO — ESTUDO —004 — A QUEDA PROPRIAMENTE DITA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 3 — FINAL

O PECADO — ESTUDO 005 — A VERDADEIRA LIBERDADE

O PECADO — ESTUDO 006 — PECADO E LIVRE ARBÍTRIO

O PECADO — ESTUDO 007 — A BÍBLIA E O PELAGIANISMO

O PECADO — ESTUDO 008 — O PECADO E A SOBERANIA DE DEUS

O PECADO — ESTUDO 009 — HISTÓRIA E QUEDA

O PECADO — ESTUDOS 010 E 011 — O PECADO ORGINAL E A DEPRAVAÇÃO TOTAL

O PECADO — ESTUDOS 012 — PECADO E A GRAÇA DE DEUS

O PECADO — ESTUDOS 013ª — PECADO E  O CASTIGO PARTE A

O PECADO — ESTUDOS 013B — PECADO E O CASTIGO PARTE B — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 001

O PECADO — ESTUDOS 013C — PECADO E O CASTIGO PARTE C — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 002

O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003

O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004

O PECADO — ESTUDOS 013F — PECADO E O CASTIGO PARTE F — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 005

O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS

O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL

O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O  PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html

Grande Abraço e que Deus possa abençoar a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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