domingo, 26 de abril de 2015

A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO E O VERDADEIRO BATISMO


Esse esboço de sermão é parte da série "Exposição da Epístola aos Efésios" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa exposição, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará um link para outros estudos dessa série.

EXPOSIÇÃO DA EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS

Uma exposição adicional ao sermão 0015 de Efésios que poderá ser visto por meio desse link aqui:

http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/04/efesios-21112-sermao-015-nossa-precaria.html

Filipenses 3:3

Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
Porque nós é que somos a circuncisão  

Para entendermos exatamente aquilo que o apóstolo Paulo está dizendo aqui é necessário respondermos às seguintes perguntas: O que era a circuncisão? E qual era propósito da mesma?

A. A circuncisão: o que é? – fisicamente falando.

1. Os termos usados nas línguas originais são:

a. No hebraico = מּוּלֹת  mulot — circuncisão.

b. No grego = περιτομή  peritomí — circuncisão.

2. No português — circuncisão — do latim circumcisione, quer dizer: rito de iniciação, que consiste em cortar o prepúcio. Prepúcio é a pele que cobre a glande ou “cabeça” do órgão sexual masculino. O procedimento cirúrgico que remove esta pele é chamado de postectomia.

3. A circuncisão, portanto, consiste na remoção, através de um corte, da pele que reveste a glande do pênis masculino e é um costume que existe desde a Antiguidade entre povos de todas as raças espalhadas pelas Américas, África e Austrália.

B. A circuncisão na Antiguidade do Crescente Fértil.

1. A circuncisão foi adotada pelos povos semitas que habitavam a Palestina e o Egito — hebreus, árabes, moabitas, amonitas, edomitas e egípcios, mas era desconhecida dos semitas que habitavam na região do rio Eufrates na Mesopotâmia.

2. Na terra de Canaã, os filisteus não usavam praticar a circuncisão, daí receberem o epíteto de “incircuncisos”.

3. A prática da circuncisão antecedia a obtenção de certos privilégios políticos e religiosos —

Êxodo 12:48

Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa do SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se chegará, e a observará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.

Ezequiel 44:9

Assim diz o SENHOR Deus: Nenhum estrangeiro que se encontra no meio dos filhos de Israel, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário.

Apesar de não sabermos exatamente como essa prática da circuncisão começou acreditamos que a mesma tenha íntima relação com as práticas religiosas da Antiguidade.

C. A circuncisão no Antigo Testamento.

No Antigo Testamento quando lemos o livro de Gênesis capítulo 17, que narra o estabelecimento da aliança feita entre Deus e Abraão —

Gênesis 17:2

Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente.

nós podemos notar que a circuncisão foi vista como sendo o “meio” pelo qual o pacto foi ratificado ou confirmado —

Gênesis 17:10—11

10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.

11 Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós.

Por meio daquele acordo ou aliança, o Deus Eterno assumia a responsabilidade de ser o Deus de Abraão e seus descendentes —

Gênesis 17:8

Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.

Abraão viria tornar-se pai de numerosas multidões e o fundador de uma linhagem real —

Gênesis 17:4—6

4 Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações.

5 Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí.

6 Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti.

Para se manter a aliança com o Deus Eterno era necessário que, daquele momento em diante, todo macho, nascido no meio dos descendentes de Abraão e todos os outros que desejassem participar da aliança, fosse circuncidado ao oitavo dia —

Gênesis 17:12—13

12 O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe.

13 Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.

De acordo com as ciências médicas, os dois elementos mais importantes relacionados com a coagulação do sangue humano são, a vitamina K e a proteína chamada de protrombina. Estes dois elementos atingem níveis ideais exatamente no oitavo dia de vida. Com isto, praticamente não existe perda de sangue durante o processo de circuncisão efetuado ao oitavo dia, pois o organismo está mais do que preparado para estancar o sangue. No meio de outros povos e outras culturas a circuncisão não é praticada na infância e sim, durante a puberdade, quando os meninos iniciam o processo de passagem entre a vida infantil e a vida juvenil e adulta. Para os hebreus, todavia, a circuncisão significava a ratificação do pacto ou aliança feita entre Deus e Abraão e seus descendentes. Por este motivo, quanto antes fosse praticada, melhor. Esta foi a mesma lógica utilizada pelos pais da igreja – aqueles que lideraram a igreja do Senhor durante o secundo século a.D. — do ano 100 até o ano 200 — para introduzir o batismo infantil. Se estamos em uma aliança com Deus, e, de fato, estamos em uma Nova Aliança com Deus, porque demorarmos em estender aos nossos filhos e filhas o privilégio de serem alistados como membros desta aliança. Aqueles que se preocupam com a idade dos batizandos — infantes ou pessoas maiores — ou que dão suprema importância ao modo — imersão total, imersão parcial, aspersão ou efusão — bem como à quantidade de água envolvida — muita água ou pouca água — no processo de batismo, valorizam mais o ato em si, dando ao mesmo uma importância imprópria e acabam por não enxergar o verdadeiro propósito do batismo como símbolo da aliança que temos com Deus, aliança esta que está completamente estendida aos nossos filhos e filhas.

Os judeus que saíram do Egito estavam circuncidados, mas toda aquela geração pereceu no deserto devido à incredulidade de seus corações. A geração nascida no deserto não foi circuncidada até que eles entraram na terra prometida —

Josué 5:1—9

1 Sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus que habitavam deste lado do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus que estavam ao pé do mar que o SENHOR tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passamos, desmaiou-se-lhes o coração, e não houve mais alento neles, por causa dos filhos de Israel.

2 Naquele tempo, disse o SENHOR a Josué: Faze facas de pederneira e passa, de novo, a circuncidar os filhos de Israel.

3 Então, Josué fez para si facas de pederneira e circuncidou os filhos de Israel em Gibeate-Haralote.

4 Foi esta a razão por que Josué os circuncidou: todo o povo que tinha saído do Egito, os homens, todos os homens de guerra, eram já mortos no deserto, pelo caminho.

5 Porque todo o povo que saíra estava circuncidado, mas a nem um deles que nascera no deserto, pelo caminho, depois de terem saído do Egito, haviam circuncidado.

6 Porque quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo deserto, até se acabar toda a gente dos homens de guerra que saíram do Egito, que não obedeceram à voz do SENHOR, aos quais o SENHOR tinha jurado que lhes não havia de deixar ver a terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a seus pais, terra que mana leite e mel.

7 Porém em seu lugar pôs a seus filhos; a estes Josué circuncidou, porquanto estavam incircuncisos, porque os não circuncidaram no caminho.

8 Tendo sido circuncidada toda a nação, ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam.

9 Disse mais o SENHOR a Josué: Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal até o dia de hoje.

O dia em que Josué circuncidou os filhos de Israel foi marcado como o dia efetivo, em que Deus removeu – literalmente גִּלְגָּל  gileggal — um a roda, um rolo — ou rolou, de sobre o povo de Israel tudo o que a vida de escravidão no Egito havia significado para eles.

D. O significado Espiritual da Circuncisão.

O significado espiritual da circuncisão pode ser encontrado em versículos como:

Deuteronômio 10:15—16

Tão somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê. Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz.

Deuteronômio 30:6

O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.

Jeremias 9:25—26

Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que castigarei a todos os circuncidados juntamente com os incircuncisos: ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os cabelos nas têmporas e habitam no deserto; porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.

Note que para o profeta Jeremias o povo de Israel não era melhor do que aqueles povos que não eram circuncidados, porque a verdadeira circuncisão, a que realmente conta, é efetuada por Deus e acontece no coração! O profeta Jeremias não dava a mínima importância ao ato externo em si mesmo. Seu interesse estava onde realmente precisava estar: é o coração que importa e não a pele do prepúcio! Tudo isto deve nos ajudar a entender o que o apóstolo Paulo está dizendo aqui em

Filipenses 3:3

Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.

De fato Paulo usa a expressão grega κατατομή katatomí – cortar ou mutilar – para se referir a esta circuncisão da carne que vem desacompanhada de qualquer transformação genuinamente espiritual —

Gálatas 5:12

Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia.

Esta questão, que envolvia o aspecto se os cristão entre os gentios, deveriam ou não ser circuncidados, fisicamente falando, causou enorme pressão entre os primeiros discípulos ou seguidores de Jesus, que haviam se convertido entre aqueles que não eram judeus. Pessoas que eram judeus e que haviam se convertido à fé em Jesus argumentavam que era necessário circuncidar os convertidos vindos do mundo gentílico. Para estes judeus, a circuncisão obrigatória dos gentios convertidos funcionava como uma espécie de “vingança” pelo que os judeus haviam sofrido nas mãos dos gregos e dos romanos, particularmente no que diz respeito à própria circuncisão, já que em determinadas épocas, os dominadores estrangeiros, proibiram tal prática. Para os judeus a salvação vinha dos judeus e era para os judeus somente — isto se chama exclusivismo e é puro racismo. Por este motivo, para os judeus, era necessário tornar-se judeu primeiro — via circuncisão — para então, tornar-se cristão — via batismo. Paulo permitiu que Timóteo fosse circuncidado “por causa dos judeus” – ver Atos 16:3. Esta foi uma única exceção!

O motivo porque Paulo afirma que nós, os cristãos, somos a circuncisão é porque enquanto os judeus são fisicamente circuncidados a nós, cristãos, nos foi concedido o privilégio de experimentar a verdadeira circuncisão, a que conta para valer, aquela que é do coração. A verdadeira circuncisão é aquela que acontece com todos os que experimentam uma real convicção relacionada à pecaminosidade humana. Ela acontece somente com aqueles que possuem uma verdadeira compreensão acerca da realidade daquilo que somos como pecadores diante de Deus. Esses são aqueles cuja dureza de coração foi removida e que se aperceberam de sua própria iniquidade, quando foram completamente expostos à mesma. São os que experimentam a dor e tristeza acompanhadas da contrição e do arrependimento, diante não apenas daquilo que fazem, mas diante daquilo que são. Somente quando renunciamos, de maneira completa e absoluta, a qualquer prerrogativa representada por nossa própria justiça e nos reconhecemos por aquilo que realmente somos diante de Deus, pecadores inveterados, é que a circuncisão do coração acontece. Temos que experimentar o que o profeta Isaías experimentou quando disse:

Isaías 64:6

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.

Isaías 6:1—5

1 No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.

2  Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.

3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.

4 As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.

5 Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!

Quando chegamos a nos reconhecer desta maneira, então Deus opera a circuncisão feita por mãos não humanas, a circuncisão do coração, a verdadeira circuncisão. Deus é o autor de tal circuncisão. O louvor devido por essa circuncisão pertence exclusivamente a Deus! E essa circuncisão acontece no coração e não tem nada a ver com a remoção física do prepúcio. Todo aquele que experimenta a verdadeira circuncisão ama o Senhor e o teme. E esse amor e temor é manifestado, de forma prática, em um viver que é coerente com a vontade revelada de Deus. Estes são aqueles a quem o apóstolo Paulo se refere como...

Nós que adoramos a Deus no Espírito — O “objeto” supremo da nossa adoração deve ser sempre Deus e somente Deus. Não podemos, nunca, adorar nenhuma criatura seja viva ou inanimada. Não podemos adorar imagens de pedra, de barro, de metal fundido ou de gesso, nem animais, nem pássaros, nem homens, nem anjos. Somente Deus deve ser adorado. Deus é o único criador e, por esse motivo, o único que deve ser adorado. Orações devem ser elevadas somente a Deus, da mesma maneira que o batismo deve ser administrado em Seu glorioso nome: Pai, Filho e Espírito Santo. De modo semelhante, nossa confiança deve ser depositada exclusivamente em Deus. A adoração que devemos a Deus é tanto interna como externa, tanto pública como privada. Independente destes aspectos, nossa adoração a Deus deve ser sempre em espírito e em verdade —

João 4:23—24

23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.

24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.

Isto quer dizer que quando vamos adorar a Deus temos que fazê-lo, com a totalidade daquilo que somos —

Marcos 12:30

Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.

Além disso, é necessário que nossa adoração seja coerente com as nossas vidas i.e., com o tipo de vida que estamos vivendo. É realmente uma grande tolice pensar que podemos viver de qualquer modo, ignorando as verdades reveladas pela Palavra de Deus, e comparecermos diante de Deus para Lhe prestarmos culto. O povo de Israel tentou fazer exatamente isso, mas foi duramente condenado por Deus nos dias de Isaías, o profeta —

Isaías 1:11—18

11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? —diz o SENHOR. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.

12 Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios?

13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene.

14 As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.

15 Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.

16 Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal.

17 Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.

18 Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.

Nossa adoração precisa ser coerente e consistente com o padrão de vida de santidade com que Deus nos capacitou e que realmente espera que vivamos no dia-a-dia. Nos dias de hoje, a vasta maioria dos chamados “crentes evangélicos”, sentem-se livres para viver como bem entenderem. São estes que se dão ao direito de ignorar os mandamentos de Deus conforme suas conveniências. Eles realmente não entendem que precisam ter o coração circuncidado. Não há nenhuma evidência externa de que uma obra da graça de Deus foi realmente feita em seus corações. Eles agem exatamente como agem àqueles que não creem. Ora, se alguém pensa como um incrédulo, fala como um incrédulo e age como um incrédulo, ele é um incrédulo e não um crente.

Essas pessoas conhecem as rotinas dos crentes. Cantam os cânticos, fazem orações, contribuem financeiramente, mas não existe verdadeira obra da graça em seus corações. São mentirosos, pretensiosos, falsos irmãos, politiqueiros e estão nas comunidades apenas pelos privilégios que podem derivar dela. Seus corações, incircuncisos, diga-se de passagem, não estão no serviço cristão e sim no poder e no orgulho. O profeta Isaías nos deu uma perfeita descrição destas pessoas —

Isaías 28:9—19

9 A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender o que se ouviu? Acaso, aos desmamados e aos que foram afastados dos seios maternos?

10 Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali.

11 Pelo que por lábios gaguejantes e por língua estranha falará o SENHOR a este povo,

12 ao qual ele disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir.

13 Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem, se enlacem, e sejam presos.

14 Ouvi, pois, a palavra do SENHOR, homens escarnecedores, que dominais este povo que está em Jerusalém.

15 Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a morte e com o além fizemos acordo; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque, por nosso refúgio, temos a mentira e debaixo da falsidade nos temos escondido.

16 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge.

17 Farei do juízo a régua e da justiça, o prumo; a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas arrastarão o esconderijo.

18 A vossa aliança com a morte será anulada, e o vosso acordo com o além não subsistirá; e, quando o dilúvio do açoite passar, sereis esmagados por ele.

19 Todas as vezes que passar, vos arrebatará, porque passará manhã após manhã, e todos os dias, e todas as noites; e será puro terror o só ouvir tal notícia.

Isaías 29:13—16

13 O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,

14 continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.

15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?

16 Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe.

Deus os conhece. Deus sabe o que vai em seus corações. Deus fará justiça! Precisamos urgentemente dar ouvidos às palavras de Tiago quando diz que precisamos nos achegar, com humildade, a Deus; que precisamos purificar nossas mãos e limpar nossos corações; precisamos também afligir-nos, lamentar e chorar ao ponto de nosso riso se converter em copioso choro e nossa alegria em genuína tristeza —

Tiago 4:8—10

8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.

9 Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza.

10 Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará. 

Jesus nos advertiu que, juntamente com os verdadeiros cristãos, que são comparados ao trigo, uma verdadeira multidão de incrédulos, que são comparados ao joio, crescem lado a lado durante a era da igreja.  Somente no juízo final é que o falso será definitivamente separado do verdadeiro — ver Mateus 13:24—30 e 36—43.

E nos gloriamos em Cristo Jesus — Esta expressão indica que nós renunciamos a toda e qualquer confiança que pudéssemos ter em nós mesmos ou em nossas obras pessoais. Essa é uma condição realmente “sine qua non”, quando queremos nos aproximar do Deus verdadeiro. Temos que nos reconhecer por aquilo que somos: pecadores, que precisam desesperadamente da graça do Senhor Jesus. Quando chegamos nesse ponto, estamos prontos para iniciar a nos “gloriar em Cristo”. E, os que se gloriam em Cristo são os únicos verdadeiros adoradores de Deus, são os que verdadeiramente adoram a Deus em Espírito e em verdade. São esses que alcançaram, de fato, aquilo que é apenas contemplado tanto pela circuncisão quanto por outros atos religiosos. Porque nos gloriamos em Cristo, i.e., porque confiamos totalmente em Jesus, em Sua sabedoria, em Sua riqueza em Sua justiça, em Sua pessoa e em Sua graça é que podemos no colocar na posição de...

E não confiamos na carne — A palavra carne, neste versículo, representa tudo aquilo, à parte de Jesus Cristo, em que uma pessoa pode colocar sua esperança, no que diz respeito à salvação eterna da sua alma. Paulo usa o seu próprio exemplo para ilustrar a absoluta falta de valor destas coisas – rituais, cerimônias, hereditariedade, moralismo e legalismo —
Filipenses 3:4—9

4 Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:

5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,

6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.

7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.

8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo

9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.

Isso quer dizer que não confiamos naquilo que nossa natureza, que é tão corrompida, pode produzir. Quer dizer também que não confiamos, para a nossa salvação, em nenhum tipo de ordenança ou ritual externo e diretamente relacionado ao nosso corpo físico, tal como, a circuncisão e o batismo. Também não confiamos em relacionamentos de sangue. Os judeus costumavam pensar que, por serem descendentes de Abraão, estavam seguros no seu relacionamento com Deus. Assim, a confiança na carne, a que Paulo está se referindo, tem a ver com vantagens obtidas ou advindas do berço em que alguém nasceu, como se, descender de Abraão, apenas, fosse suficiente para salvar alguém. É óbvio que confiar a salvação eterna a algum tipo de relacionamento de sangue ou parentesco é uma grande tolice, pois o próprio João Batista confrontou os líderes religiosos de seus dias exatamente por este motivo —

Mateus 3:7—9

7 Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?

8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;

9 e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.

O que João Batista disse àqueles homens, em outras palavras, era o seguinte: Deus tinha o poder de destruir Israel e criar um novo povo para si, novos filhos de Abraão, e de fato é isto mesmo que Deus fará se Israel não se arrepender. O mesmo é verdadeiro com relação àqueles que confiam ou derivam sua salvação, da obediência externa aos mandamentos da Lei, bem como a tudo aquilo que o ser humano é capaz de fazer, por si mesmo, sem o auxílio de nada ou de ninguém. Nenhuma destas coisas pode produzir verdadeira esperança de salvação. Todos o que querem depositar qualquer confiança, mesmo por menor que seja, em qualquer coisa que vá além de, em Jesus somente, estão enquadrados juntamente com aqueles que confiam na carne. E os que confiam na carne não podem se gloriar em Cristo, não podem adorar a Deus em Espírito e em verdade. O verdadeiro crente confia completa e exclusivamente somente em Jesus, quando o assunto é a salvação eterna da sua alma.

OUTRAS MENSAGENS DA SÉRIE NA EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS

ALGUNS ASPECTOS DAS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO COMO APRESENTADAS EM EFÉSIOS

EFÉSIOS 1:1—2 — SERMÃO 001 — INTRODUÇÃO À EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS

EFÉSIOS 1:3—14 — SERMÃO 002 — TODA SORTE DE BÊNÇÃO ESPIRITUAL

EFÉSIOS 1:4—6 — SERMÃO 003 —A BÊNÇÃO DA NOSSA ELEIÇÃO POR DEUS

EFÉSIOS 1:7—8 — SERMÃO 004 —A BÊNÇÃO DA NOSSA REDENÇÃO

EFÉSIOS 1:9—10 — SERMÃO 005 —A BÊNÇÃO DA UNIFICAÇÃODE TODAS AS COISAS EM CRISTO

EFÉSIOS 1:11—14 — SERMÃO 006 — A BÊNÇÃO DE DEUS EM PERSPECTIVA

EFÉSIOS 1:15—16— SERMÃO OO7 — A IMPORTÂNCIA DA FÉ E DO AMOR

EFÉSIOS 1:16—17 — SERMÃO OO8 — A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSAS VIDAS

EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO OO9 — A ESPERANÇA DO SEU CHAMAMENTO EM NOSSAS VIDAS

EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO O10 — A RIQUEZA DA GLÓRIA DA SUA HERANÇA NOS SANTOS

EFÉSIOS 1:18—21 — SERMÃO O11 — A SUPREMA RIQUEZA DO SEU PODER

EFÉSIOS 1:22—23 — SERMÃO O12 — A IGREJA E CRISTO COMO PLENITUDE

EFÉSIOS 2:1—3 — SERMÃO O13 — A CONDIÇÃO DO SER HUMANO SEM DEUS

EFÉSIOS 2:4—10 — SERMÃO 014 —  A CONDIÇÃO HUMANA  PELA GRAÇA DE DEUS

O QUE DEUS FEZ POR NÓS — SALVAÇÃO

PARA O QUE DEUS NOS SALVOU?

EFÉSIOS 2:11—12 — SERMÃO 015 — MOSSA PRECÁRIA CONDIÇÃO ANTES DE CRISTO VIR AO MUNDO

A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO E O VERDADEIRO BATISMO

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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