quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O INIMIGO SENTA AO LADO



Um alerta aos pastores e suas ovelhas

O artigo abaixo é de autoria de Aledsey Neander.

Durante meu pouco tempo no ministério pastoral - pouco mais de sete anos – tenho aprendido, na prática de plantação de igrejas, uma importante lição: os maiores inimigos da igreja de Cristo não são externos, — os de fora da redoma do templo — mas, sim, os internos. Não é por acaso que Jesus cita exemplos contrastantes e atípicos para exemplificar isso, como a parábola do trigo e do joio, a parábola da rede — que pega peixes bons e ruins —, não dar aos cães o que é santo, e por aí vai. O problema não está lá fora, está em quem deixamos entrar.

O maior inimigo da igreja não é o cara que se denomina ateu, não é aquele que diz que nunca vai à sua igreja por ter raiva de crente, nem mesmo aquele que diz crer em Deus, mas que não quer assumir compromisso com igreja nenhuma. Essas pessoas querem mais é viver a vida delas, da forma que eles acharem melhor, sem a intromissão religiosa — com isso não quero dizer que não devem ser evangelizados, nem se serão salvos ou não. Essas pessoas não são acusadas de mornidão, de frieza, de sustentar falsos profetas... Essas acusações foram feitas às igrejas. O maior inimigo da igreja de Cristo se assenta nos mesmos bancos que os verdadeiros crentes, canta louvores, fala de Jesus, faz liturgia, se veste à caráter como crente — se é que isso existe —, lhe deseja a paz do Senhor e pode até ser um dizimista fiel e um frequentador assíduo das reuniões. E o maior perigo desse inimigo é que ele é homogêneo, se mistura com facilidade, se torna anjo de luz, se preciso —

2 Coríntios 11:14

E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.

Lembram-se de Balaão? Tentou amaldiçoar o povo de Deus 3 vezes. Vendo ele que não teve sucesso, usou outra tática: a influência interna. Aconselhou o rei a introduzir prostitutas cultuais entre o povo de Deus, fazendo com que eles pecassem.

Números 31:16

Eis que estas, por conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o SENHOR, no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do SENHOR.

Paulo, sendo pastor e conhecedor dessa tática, alerta os irmãos de Corinto quanto a esses inimigos:

1 Coríntios 5.10—11

Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.
A preocupação de Paulo não era com os de fora, nem mesmo essa era a preocupação de Jesus, pois, além de conviver com os "doentes", pediu ao Pai que não nos tirasse do mundo, pelo contrário, nos deu uma missão aqui —

João 17:15—18

15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.

16 Eles não são do mundo, como também eu não sou.

17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

Mas, sendo essa uma realidade, o que fazer? Como pastores temos duas opções: 1. Fingir que nada está acontecendo, ser cego, surdo e mudo para com essas pessoas, ou, crer que sua igreja está livre dessas pessoas. 2. Trabalhar para livrar as verdadeiras ovelhas desses lobos enrustidos, ou, não permitir que eles influenciem o restante. Como? Primeiro é necessário identificá-los e, seguindo os conselhos de Paulo, isso não é difícil. Depois, tratá-los como devem ser tratados.

Quando digo que devemos nos "livrar deles", entendo que temos que ter o cuidado de não julgar erroneamente, nem mesmo sair expulsando gente da Igreja, pois todos devem ter a oportunidade de prestar culto a Deus e ouvir sua Palavra, a fim de serem conduzidos ao arrependimento. Devemos ter muita sabedoria ao identificar e corrigir essas pessoas.

2 Timóteo 2:24—-26

24 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente,

25 disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,

26 mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.

No entanto, seguindo o conselho de Paulo, esses inimigos de Cristo têm uma característica específica: eles professam uma coisa e vivem outra: "... alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador...". Essa é uma típica atitude farisaica — e sabemos como Jesus tratava esses homens. Também essa é uma característica dos falsos profetas —

Mateus 7:15—20

15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.

16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?

17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.

18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.

19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.

20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.

Essas pessoas fizeram profissão de fé, declaram a mesma coisa que um discípulo de
Cristo —

Tiago 2:19

Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.

mas vivem como ímpios; não há sinal de arrependimento nessas vidas — perceba que todas as características dessas pessoas são totalmente explícitas, elas não conseguem esconder o que são. Apesar disso, elas gostam da comunhão, — "dizendo-se irmão" — usam palavreado piedoso, gostam de sentir-se como parte da igreja. Havia um sujeito com esse perfil dentro da igreja de Corinto e Paulo está preocupado com esse tipo de influência na igreja (v. 6).

Mas, ao identificá-los, qual é o tratamento? Paulo é direto: "Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis..." e "com esse tal, nem ainda comais.". "Associar" significa "misturar-se", "ser íntimo" de tal pessoa. Esses inimigos querem inserir-se no grupo, mas o pastor, como responsável pela saúde de suas ovelhas, não deve deixar que ele se sinta como tal e também deve ensinar a igreja a se prevenir dessas influências.

O verdadeiro cristão não se torna confidente de tais pessoas, não somente porque ele não deve, mas porque não há nenhuma possibilidade. Associar-se com eles é ser cúmplice do pecado. Devo tratá-lo à distância e não alimentar sua impiedade (Provérbios 26:1, 5). Interessante que o conselho de Paulo quanto a não "comer" com essas pessoas, assemelha-se muito ao princípio do Salmo primeiro.

Paulo não recomenda, somente, que não haja nenhum tipo de associação com essas pessoas, mas também recomenda uma disciplina eclesiástica, o afastamento da comunhão:

1 Coríntios 5:3—5, 7

3 Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja,

4 em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,

5 entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.

7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.

(Sobre "disciplina eclesiástica", recomendo o livro "Consultório Bíblico", Rev. Odayr Olivetti, p. 133).

Como responsáveis pelo rebanho de Cristo, não devemos ser omissos nesta tarefa. Muitas vezes deixamos que essas pessoas criem raízes no Corpo, em prol de uma falsa paz. E, com o tempo, mais cedo ou mais tarde, colhemos os frutos dessa omissão, quando não, deixamos esse "barco furado" para um outro sucessor. Não deixemos de disciplinar, se necessário, para que as verdadeiras ovelhas não sofram com esses inimigos. Como diz um ditado popular: "Quem poupa os lobos, sacrifica as ovelhas". Diga-lhes o que deve ser dito... Se necessário, com brandura, se preciso, com rispidez. Dependendo do momento, fale em particular, mas se precisar, admoeste publicamente — 1 Timóteo 5:20. Muitas vezes será preciso se utilizar da autoridade que Deus nos deu como ministros, não para colocar medo nas pessoas, como muitos falsos pastores fazem. Os outros precisam ver em você um homem com a autoridade de Deus sobre a vida delas.

Tito 2:15

Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze.

Lógico que, cabe a nós, demonstrarmos isso com uma vida irrepreensível e não só com palavras, agindo assim com muito temor diante de Deus.

Não gaste tempo, nem tenha dor de cabeça com essas pessoas.

Tito 3:10—11

10 Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,

11 pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.

Quanto sono já perdemos por causa de pessoas com este perfil? Quanta paz deixamos de desfrutar por causa de gente assim? Quanto tempo perdemos em estar trabalhando com os verdadeiros servos de Deus tentando "converter" esses ímpios travestidos de cristãos?

Nós, pastores, devemos aprender, desde cedo, que fomos chamados para pastorear as "ovelhas" do Senhor Jesus e não os cabritos. E, até que o Senhor Jesus volte para separar cabritos e ovelhas, joio e trigo, ímpio e santo, temos que saber administrar a situação.

Que não tenhamos pressa em receber novos membros, a fim de encher o templo a qualquer custo. Mas que utilizemos, bem, o processo de discipulado, ou catecúmenos, para conhecer quem está querendo fazer parte da sua Igreja, ensinando, mas também, confrontando sua fé, seus princípios, sua motivação.

Não estou dizendo, com isso, que ficaremos livres dessa influência maléfica, enquanto neste mundo uma crença assim é utópica — a igreja é chamada a avançar contra as portas do inferno, mas durante esse avanço um "misto de gente" caminha junto.

Êxodo 12:38

Subiu também com eles um misto de gente, ovelhas, gado, muitíssimos animais.

Também não creio que sempre teremos sucesso nessa distinção. No entanto, estaremos cumprindo nossa tarefa como servos bons, responsáveis e fiéis ao ministério e às ovelhas que o Senhor nos confiou.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.       

Nenhum comentário:

Postar um comentário