Essa é série de estudos baseada em João capítulo 17 que é conhecido como: “A ORAÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO” a favor de todos os seus discípulos de todas as épocas. É um estudo bastante aprofundado de João 17 e de todas as suas implicações. É bastante conveniente que o leitor prossiga nesses estudos até o final para poder usufruir melhor do conteúdo dos mesmos. No final de cada estudo o leitor encontrará links para os outros estudos.
Estudo # 8 – João 17 —
CONTINUAÇÃO...
II. A Relação do Crente com o Mundo.
A. A Base da Relação do Crente com o Mundo.
1. O Crente foi escolhido para “fora” deste mundo.
João 15:19
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
João 17:6
Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.
O trabalho cooperativo da Trindade é reconhecido nesses versos. Os crentes foram dados pelo Pai ao Senhor Jesus. Como consequência o Senhor Jesus faz de cada crente o objeto da Sua escolha. O testemunho é claro: não pertencemos ao mundo e sim a Deus.
2. O Crente está Morto para o Mundo.
Gálatas 6:14
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
O relacionamento do crente com o mundo, como uma forma má de vida, está rompido, não somente por causa da eleição divina, mas também por causa da obra do Senhor Jesus. Nós temos sido separados do mundo com seus alvos, prioridades, métodos, aspirações, heróis, divertimentos e falsa segurança. A crucificação de Jesus está entre nós e tudo o que o mundo significa. Uma parte do que significa ser redimido é ser livre dos grilhões do mundo.
B. A Nossa Relação com o Mundo Explicada.
1. O Crente tem sido retirado do mundo – este é o nosso passado.
João 17:6
Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.
Este verso nos lembra de maneira completa que não somos salvos por nossas próprias obras. A base do nosso relacionamento com Deus reside no fato de que Ele nos escolheu. Essa é uma verdade difícil de ser aceita por muitas pessoas. O próprio Senhor Jesus percebeu que esse ensino causava divisão entre seus seguidores —
João 6:65—69
65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.
66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.
67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?
68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna;
69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
Nós podemos imaginar o conforto que essas palavras trouxeram aos discípulos quando foram proferidas pelo Senhor Jesus. Nós temos sido programados pelo mundo de uma maneira muito mais intensa do que nós imaginamos. Nós precisamos nos guardar, principalmente, dos pecados do egoísmo — querer todas as coisas para nós e do egocentrismo — querermos ser o centro de todas as coisas.
2. O Crente não é mais — pertence — deste mundo — este é o nosso caráter.
João 17:14—16
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou.
Pelo fato de pertencermos ao Senhor Jesus Cristo e de termos recebido os benefícios de Sua obra redentora, as motivações, alvos, prioridades, e métodos do mundo, são estranhos aos crentes. Nós podemos escolher viver em flagrante violação a estas verdades, pois isso se constitui em uma grande contradição com relação ao que somos.
3. O Crente é guardado no mundo – esta é a nossa segurança.
João 17:15
Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.
Mesmo que sintamos uma atração forte pelo mundo e seus caminhos e reconheçamos nossas fraquezas no dia a dia, existe algo ainda maior nas nossas vidas — nós somos guardados pelo poder de Deus. Isto não quer dizer que devemos assumir uma posição passiva ou despreocupada no que diz respeito a nosso andar com Deus. Deus tem prometido nos guardar do mal desse mundo e do seu “controlador”, o Diabo. Nossa missão consiste em aprender como cooperar com Deus e viver com toda a liberdade e frutificação como Deus tem nos capacitado.
4. O Crente continua neste mundo — esse é o nosso desafio.
João 17:11
Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
Esse versículo nos lembra que Deus tem um propósito em não nos remover desse mundo, imediatamente, para estarmos em Sua presença. Nós já vimos esse propósito no Estudo 6. Vamos recordar:
a. Deus quer que aprendamos a distinguir entre o bem e mal —
Hebreus 5:14
Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.
b. Deus quer que aprendamos a nos apropriar de Sua graça e sabedoria para enfrentarmos as tentações e provas que encontramos neste mundo —
2 Coríntios 12:7—10
7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.
8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.
c. Ele quer que aprendamos a distinguir entre as coisas que nos são trazidas por Ele mesmo e aquelas que nos são trazidas pelo nosso inimigo —
Tiago 4:7
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
d. Deus quer usar o mundo ao nosso redor para nos fortalecer desde que aprendamos a reagir de maneira correta às circunstâncias.
5. O Crente está diante do mundo — este é o nosso testemunho.
João 17:21
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
João 17:23
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.
A unidade dos crentes, que reflete a unidade espiritual em vida tanto com Deus como uns com os outros exerce um poderoso testemunho sobre os não crentes. Pelo fato de cada crente ser habitado por Deus, possuir a vida eterna e em até certo grau revelar o fruto do Espírito Santo, sua maneira de viver constitui-se em um testemunho da verdade.
6. O Crente tem sido enviado ao mundo — esta é a nossa responsabilidade.
João 17:18
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Dessa declaração do Senhor Jesus nós deduzimos que estamos compartilhando com o Ele a comissão que Lhe foi dada pelo Pai. Ele nos tem enviado ao mundo para levarmos a mensagem que Ele nos deu quando estava em nosso meio. Esse verso contém muitas instruções e conforto para nós. Reconhecemos que este trabalho de sermos “boas testemunhas” é essencialmente o trabalho do próprio Senhor Jesus através de nós —
2 Coríntios 5:20
De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
2 Coríntios 6:11
Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração.
Colossenses 1:29.
Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.
Nós temos a responsabilidade solene de falar e viver a verdade, mas isto é também nosso grande privilégio.
III. A Advertência Bíblica Concernente ao Mundo.
A. A Promessa de Jesus Acerca do Mundo.
João 16:33
Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
O mundo nos oferece muitas coisas mas a verdade está na palavra de Deus. Através do nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo, nós temos a sabedoria e a capacidade de enxergar através das ilusões da cultura de um mundo pecaminoso que nos cerca e encontrar no nosso relacionamento com Deus a satisfação que pode ser achada somente naquilo que é real.
B. O Conselho Acerca do Mundo.
Romanos 12:2
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
A mensagem aqui é clara. Nós não podemos aceitar os valores, as prioridades, as motivações, alvos e métodos do mundo. É muito simples acabar aceitando lentamente uma “forma” de vida que parece tão aceitável e bem sucedida, mas que em última instância, conduz a uma vida fora da vontade de Deus. Cada um de nós precisa aplicar os ensinamentos desse verso diariamente às nossas vidas.
C. Os Efeitos do Mundanismo.
1. O Mundanismo Irá Sufocar a Palavra de Deus.
Mateus 13:33
O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.
Quando o crente aceita as prioridades e alvos do mundo inicia-se um processo de limitação na sua vida cristã. A área afetada pelo mundanismo diminui a capacidade de obedecer a Deus, de exercitar a fé e o amor e torna o crente infrutífero. Antes que ele mesmo perceba sua vida devocional — leitura da Bíblia e oração — bem como seu testemunho são prejudicados. Tudo aquilo que Deus tinha para sua vida, família, trabalho e igreja fica prejudicado. Nós não enxergamos imediatamente as consequências do mundanismo, mas se tivermos que passar pelo mesmo, no final teremos que admitir que “não valeu à pena”.
2. O Mundanismo Tem a Capacidade de nos Transformar em Pessoas Egoístas.
1 João 2:15—17
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
Estes versículos põem o dedo na ferida daquela que é a característica básica do pecado — egocentrismo. Todas as vezes que um crente toma decisões onde ele mesmo é a motivação, a autoridade e o alvo da sua vida diária — isto é o que chamamos de mundanismo — mesmo que sua atitudes sejam religiosas. É o pecado que nos faz sermos tão importantes para nós. É por este motivo que nós estamos sempre buscando uma forma especializada de satisfação instantânea.
3. Mundanismo transforma os indivíduos em inimigos de Deus.
Tiago 4:4
Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Um amigo é alguém que conseguiu nossa aprovação, em certa medida, e com que nós gostamos de ter comunhão. Ser amigo do mundo significa aprovar seus valores, motivações, soluções, alvos, prazeres e encontrar satisfação nesse tipo de vida. Para um crente agir desta maneira tão desastrada significa não somente agir fora da vontade revelada de Deus, mas uma agressão brutal ao que significa ser nascido de novo. Cada um de nós precisa responder até que medida nós temos sido “amigos do mundo”.
4. Uma Ilustração de Como o Amor do Mundo Funciona.
2 Timóteo 4:10
Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.
Paulo precisava de todo o auxílio que Demas poderia lhe dar. Mesmo tendo a oportunidade de se envolver diretamente com um apóstolo a quem Deus havia dado tantas coisas de maneira tão evidente, Demas não considerou essas coisas importantes. Havia muitas coisas lá fora no mundo que exerceram uma pressão maior. As Escrituras não nos dizem o que, de forma específica, tentou Demas. Todavia a palavra que Paulo usa “amou” é muito forte. Fosse o que fosse sabemos que era uma força poderosa que atraiu Demas para fora da vontade de Deus, abandonando o apóstolo Paulo. Que isso sirva de advertência a cada um de nós.
Conclusão:
A. Nesta oração o Senhor deixa claro que o crente não deve viver como o mundo.
B. Deus nos dá uma mensagem de liberdade. Mesmo como crentes nós podemos escolher viver fora da vontade de Deus. Viver fora da vontade de Deus por ignorância é uma coisa, mas desobedecer a Deus abertamente é outra coisa.
C. Cada um de nós precisa fazer uma aplicação cuidadosa destas verdades em sua própria vida.
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