O artigo abaixo foi
publicado pela revista Carta Capital.
‘O Clube’ traz visão impiedosa sobre escândalos
católicos
DIEGO OLIVARES
NOSSA OPINIÃO
Nota – 10.0
Em tempos em que o
Papa Francisco parece não medir esforços para exibir uma faceta mais descolada
e próxima das novas gerações, disposto a aparecer em manchetes ‘viralizáveis’
como a gravação de um disco de rock, o cinema não quer deixar esquecer os
aspectos mais sombrios da Igreja Católica.
Dois filmes bastante
elogiados em festivais internacionais deste ano (o norte-americano Spotlight e
o chileno O Clube, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim) tratam dos
escândalos de abuso sexual e pedofilia, que recentemente motivaram inclusive a
criação de um novo tribunal do Vaticano para julgar estes crimes, ação
idealizada por Francisco e exigida há tempos pelas vítimas.
Rodado antes do
anúncio desta espécie de mea-culpa, o filme de Pablo Larraín retrata uma
tentativa da instituição em varrer o problema para debaixo do tapete,
transformando uma pequena casa num vilarejo litorâneo em um barril de pólvora
movido a segredos, culpas e pecados inconfessáveis.
Neste lar de paredes
amarelas mora um grupo formado por quatro padres e uma freira. Afastados da
convivência paroquial, seu isolamento é uma advertência por condutas indevidas,
um tempo que deveria ser dedicado à penitência e arrependimento.
Porém, o clima
amistoso da casa mais se assemelha a um spa, ou a uma colônia de férias. O
álcool corre solto em refeições sempre fartas, e eles até arrumam um jeito de
levantar dinheiro, vindo das corridas de cachorro vencidas por Rayo, seu animal
de estimação. A paz só termina quando surge lá um sacerdote mais jovem, com o
objetivo de investigar um incidente que acaba de acontecer.
Neste momento, O
Clube coloca em choque a velha Igreja, acostumada a adotar uma postura autossuficiente
e acima de qualquer lei terrena, contra a nova, preocupada em controlar crises
e a evitar manchas em sua imagem perante à opinião pública. O embate adiciona
tensão, à medida que a postura incisiva do recém-chegado gera desavenças.
Do lado de fora, a
figura de um sujeito perturbado, molestado quando criança pelos padres de sua
cidade, ronda como ameaça constante. É um esqueleto que saiu do armário, com o
qual nenhum deles consegue lidar.
Larraín envolve tudo
isso numa espécie de neblina. O sol quase nunca dá as caras durante o filme,
afinal de contas, logo como anuncia a citação inicial, trata-se de uma história
de trevas, e não de luz. Para reforçar o impacto de suas imagens, o cineasta
usou lentes anamórficas antigas, modelos preferidos do russo Andrei Tarkovsky.
Neste conto impiedoso
repleto de violência psicológica e física, é o desfecho amargo que dá o golpe
final em uma instituição que entrou para história por, diante das maiores
barbáries da civilização, optar por virar o rosto e lavar as mãos.
O artigo original
poderá ser visto por meio desse link aqui:
http://telatela.cartacapital.com.br/o-clube-traz-visao-impiedosa-sobre-escandalos-catolicos/
O trailer do filme
poderá ser visto por meio desse link aqui:
https://www.youtube.com/watch?t=5&v=7tTs6rTUkZo
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Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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