Essa é uma série estritamente
acadêmica, mas não existe na mesma absolutamente nada que impeça a leitura por
todas as pessoas. De fato queremos incentivar que todos possam ler esses
artigos compartilhar os mesmos com todos os seus contatos, parentes e conhecidos.
ESTUDO 007 — ARQUÉTIPOS
E AUTÓGRAFOS — PARTE 002
O ARQUÉTIPO
O arquétipo é o ancestral direto
do qual um grupo de cópias manuscritas é derivado. Como exemplo, podemos dizer
que: Dabs1 e Dabs2 foram copiado
do manuscrito D/06 — Claromontanus. Sendo assim, o manuscrito maiúsculo D/06 —
Claromontanus é o arquétipo dos grupos D/06, Dabs1 e Dabs2.
Na maioria dos casos, infelizmente, o
arquétipo de um determinado grupo de manuscritos encontra-se perdido. Mas isso
não quer dizer que tal documento não exista, mas apenas, que não temos
conhecimento do mesmo. Como exemplo do que estamos citando, podemos dizer o
seguinte: Nós não temos o arquétipo da chamada Família 1 ou da Família 13, e
muito menos algo tão vago como o chamado Texto Alexandrino — o qual é possível
que nem tenha tido um arquétipo, uma vez que tipos textuais são coleções de
leituras diversas, soltas o suficiente, onde nem todo manuscrito pertencente ao
grupo ou Família guarda qualquer relação de proximidade com um possível
arquétipo.
Por outro lado, quando analisamos
as obras clássicas da Antiguidade é, geralmente possível, identificar o
arquétipo de algumas e até mesmo de todas as cópias sobreviventes. Da obra de Ariano
sobre Alexandre, o Grande da Macedônia, existem 40 manuscritos. Todos eles têm
uma lacuna óbvia, exatamente no mesmo ponto — no livro 8. Por outro lado temos
o seguinte fato: no manuscrito Viena História da Grécia 4 notamos a falta de
uma página quem corresponde, exatamente à lacuna que temos notados nos
manuscritos citados logo acima. Desse modo, podemos dizer que esse manuscrito —
Viena — é o arquétipo de todas as cópias sobreviventes do manuscrito produzido
por Ariano.
Por outro lado temos alguns casos
excepcionalmente raros, onde é possível determinar o arquétipo mesmo diante do
fato do mesmo estar perdido. No caso específico que desejamos discutir, estamos
falando do fato que todas as cópias existentes da Vida dos Doze Césares de Suetônio não têm, por exemplo, as páginas
iniciais da vida de Júlio César. Partindo desse fato e de outras evidências,
incluindo material suprido por editores diversos, citações e dados de
catalogação da obra, é aparentemente possível provar que todas as cópias
mencionadas fazem referência ao perdido Código Fuldensis.
Todas as situações citadas nesse
artigo servem para nos ensinar a diferença que existe entre autógrafos e arquétipos.
Outro exemplo é a obra produzida Geoffrey Chaucer, conhecida como Boece e
baseada na obra de Boetius A Consolação
da Filosofia. Nós temos um bom conhecimento das fontes latinas e também das
versões francesas pelo que Chaucer nos informa. Nós sabemos que Chaucer
traduziu o texto para o latim de forma literal, na maioria das vezes. Com isso,
nós podemos reconstruir seu autógrafo original com bastante precisão. Assim, podemos
provar que o arquétipo existente das cópias sobreviventes foi simplificado em
diversos pontos.
É possível falarmos de arquétipos
para o texto do Novo Testamento. Mas temos que entender que quando falamos de
arquétipos não estamos nos referindo aos autógrafos. Analise a estrutura a
seguir
A
|
B
|
C
|
-------------------
| | | |
D E F G
Levando
em conta que todas as cópias sobreviventes são descendentes de D, E, F e G.
Nesse caso o autógrafo é A, mas o arquétipo é C. Todos os manuscritos
sobreviventes são descendentes diretos de C, com A distante um número impreciso
de gerações. É digno de nota que a crítica textual é capaz de reconstruir o
caminho direto que nos conduz até C. Quanto ao autógrafo A não está disponível
nem ao nosso alcance, e todas as diferenças que podemos encontrar entre A e C
só podem ser reconstruídas por meio de “emendas”.
Falaremos mais acerca disso quando analisarmos a Crítica Textual Clássica.
Diante desse
fato deve ficar claro que não podemos reconstruir todos os ancestrais de
nenhuma parte do Novo Testamento com todos seus pequenos detalhes. Mas já
desenvolvemos o conhecimento necessário para nos aproximar bastante desse alvo. Já no século XIX os estudiosos
do grego do Novo Testamento Westcott e Hort, por exemplo, propuseram a seguinte
estrutura de raiz —
Autógrafo
|
---------------------
| |
D E
|\ /|
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| | |
Texto Texto Texto
Alexandrino Bizantino Ocidental
Todavia,
devemos ter a capacidade de notar que não existe meio de separar o esquema
acima desse outro abaixo —
Autógrafo
|
B
|
C
|
---------------------
| |
D E
|\ /|
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| \ / |
| | |
Texto Texto Texto
Alexandrino Bizantino Ocidental
De
fato, Westcott e Hort suspeitavam da existência de algumas cópias que já
existiam antes de recuperarmos as cópias que hoje temos por mais antigas. Eles
deixaram isso bem claro em várias anotações feitas no Texto Grego do Novo
Testamento que publicaram.
CONTINUA....
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COMO O NOVO TESTAMENTO CHEGOU ATÉ NÓS – PARTE 002 – MATERIAL DE ESCRITA ANTIGO — O PAPIRO
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COMO O NOVO TESTAMENTO CHEGOU ATÉ NÓS – PARTE 011 – OS ESCRIBAS E OS COPISTAS E OS MANUSCRITOS QUE ELES PRODUZIRAM — PARTE 003
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COMO O NOVO TESTAMENTO CHEGOU ATÉ NÓS — PARTE 014 — OS ESCRIBAS E OS COPISTAS E OS MANUSCRITOS QUE ELES PRODUZIRAM — PARTE 006
Alexandros Meimaridis
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