sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO PASSADA DO CRENTE — PARTE 001


Resultado de imagem para nova vida em cristo

ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA A IMPORTANTE QUESTÃO RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS E HERMAN RIDDERBOS. NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DO CRENTE

Os versículos que vimos na parte anterior enfatizavam a conexão orgânica entre a ressurreição de Jesus e a ressurreição futura, corporal, dos crentes. Mas concluir que o significado salvífico se resume à ressurreição futura dos crentes, é apreciar apenas parte da verdade ensinada pelo Novo Testamento. Para resolver isso, é necessário apreciarmos as referências, nas quais o apóstolo Paulo menciona o fato que os crentes já foram ressuscitados com Cristo. Essa verdade é apresentada de forma mais incisiva nas seguintes passagens:

Efésios 2:5—6

5  E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,

6  e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.

O problema que temos diante de nós diz respeito à referência temporal do verbo συνηγείρω sunegeíro — cujo significado é ressuscitar com. Também teremos que prestar bastante atenção em outros verbos, especialmente, na forma grega chamada de aoristo.  De modo específico, nossa missão será determinar se o uso desses verbos está restrito à experiência histórica de Jesus, ou se os mesmos se aplicam ao que tem acontecido, de fato, na experiência dos crentes individualmente. Ao lançar mão desses verbos, não estaria Paulo fazendo uma referência direta a fatos específicos que são parte da verdadeira experiência dos crentes?

Quando analisamos as opiniões de exegetas reformado acerca desse tema, podemos perceber que as mesma estão aglutinadas de acordo com a localização geográfica dos mesmos. Os exegetas holandeses enfatizam a presença do aspecto histórico-redentivo excluindo qualquer consideração à experiência dos indivíduos. Herman Ridderboss, por exemplo, faz o seguinte comentário acerca dos versos de Efésios acima: “Pela úkltima palavra, parece que Paulo está fazendo referência à cristologia e a aspectos histótico-redentivos e não a aspectos antropológicos”[1]. Por outro lado, intérpretes britânicos e estadunidenses, ao mesmo tempo em que reconhecem uma alusão à solidariedade entre a obre histórica de Cristo e os crentes, mantêm que o interesse distinto de Paulo nesses versos é a transformação dos indivíduos[2].

Enquanto a linguagem empregada pelo apóstolo Paulo reflete sua perspectiva histórico-redentiva, a conclusão de que ele está também descrevendo o que aconteceu na vida dos crentes, da perspectiva existência, não pode ser nem ignorada nem desprezada. A ressurreição mencionada faz uma referência direta à morte mencionada no verso 5. Deve ser óbvio que a expressão estando nós mortos não se refere ao nosso envolvimento solidário com o Senhor Jesus Cristo, em sua morte, pois nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Paulo está falando, com clareza, da morte existencial, tanto dele como dos seus leitores. Os versos precedentes confirma esse entendimento: Os versos 4 e 5 apresentam um resumo do que foi iniciado com o verso 1 de Efésios 2. Já os versos 2 e 3 funcionam como uma parênteses que expande o conceito de pecado e transgressões mencionado no verso 1, e não podem ser dissociados do verso 5. Os versos anteriores — Efésios 2:1—4 — nos apresentam uma descrição estendida da depravação moral de Paulo e dos seus leitores. Entre outras coisa, eles estavam acostumando a andar de acordo com os padrões estabelecidos pelo príncipe das trevas; com o espírito da desobediência. Andavam segundo os desejos da carne, fazendo a vontade da mesma. Essa linguagem exige que a morte mencionada no verso 5, não apenas envolve, mas se refere, acima de tudo, à depravação moral do indivíduo. Por conseguinte, a ressurreição mencionada nos versos 5 e 6 inclui a experiência inicial de transformação e renovação ética.

Além disso, no verso 10 de Efésios 2 a ressurreição com Cristo mencionada no verso 5 é descrita dessa maneira:

Efésios 2:10

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Isso se alinha, perfeitamente, com as palavras de Paulo em —

2 Coríntios 5:17

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.

O propósito expresso de sermos novas criaturas é para que possamos realizar as boas obras que Deus já preparou para que andemos nelas. O verbo  andar, nesse contexto, é elemento fundamental na integração de todo o texto de Efésios 2:1—10. Tendo iniciado o texto mencionando que andávamos em delitos e pecados, Paulo finaliza o mesmo agora, mencionando a contrapartida que é, andando nas boas obras que Deus preparou de antemão para nós. E qual é o elemento que torna possível essa transformação? A resposta deve ser óbvia: o fato de termos sido ressuscitados por Deus em Cristo Jesus.

Conclusão: Em Efésios 2:6 a ressurreição com Cristo se refere à transição experimentada nessa vida pelos crentes, por meio da qual eles deixam de ser objetos da ira de Deus — verso 3 – para se tornarem recipientes da misericórdia e do amor de Deus — verso 4.



OUTROS ARTIGOS ACERCA DA SOTERIOLOGIA DO APÓSTOLO PAULO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-ressurreicao-de-cristo-dentre-os.html

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 015 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 003

Que Deus Abençoe a Todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.



[1] Ridderbos, Herman. Paul: Na Outlina of His Theology. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1975.

[2] Ver, poo exemplo: 1) Hendriksen, William. New testamente Commentary – Exposition of Ephesians. Banner of Truth Trust, Edimburgh, 1972; 2) Hodge, Charles. A Commentary on the Epistle of Ephesians. CCEL.ORG consultada em 06 de outubro de 2016 às 10:00 horas BSB.; 3) Eadie. J. A Commentary on the Greek Text of the Epistle of Paul to the Ephesians. Forgotten Book, Londres, 2015.


Os comentários não representam a opinião do Blog O Grande Diálogo; a responsabilidade é do autor da mensagem, sujeito à legislação brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário