quarta-feira, 12 de outubro de 2016

JESUS E AS CRIANÇAS: UMA EXEGESE DE MARCOS 10:13—16


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O material abaixo tem o propósito de chamar nossa atenção para o verdadeiro sentido do relacionamento de Jesus com as crianças.

MARCOS 10:13—16

13 Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam.

14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.

15 Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.

16 Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.

EXEGESE

Verso 13

De início devemos notar que a narrativa de Jesus abençoando os pequeninos ou as crianças é apropriada, como continuação da narrativa anterior, que tratou da santidade do casamento — Marcos 10:2—12. Em dias quando os próprios pastores estão dando péssimos exemplos divorciando de suas esposas para, geralmente, desposarem outras mulheres mais novas, é importante associarmos a santidade do casamento com o verdadeiro bem estar das crianças.

Apesar da narrativa ser simples ao extremo e elementos quanto ao tempo e o lugar em que mesma se passa estarem completamente ausentes, ainda assim a situação é bastante clara: crianças estavam sendo trazidas para Jesus com o intuito de que Ele proferisse uma bênção sobre suas vidas futuras. O ato subsequente de Jesus de tomar as crianças em seus braços sugere que, até mesmo, crianças bem pequenas lhe foram trazidas. Todavia, o verbo utilizado por Marcos e traduzido por trouxeram, não implica necessariamente que as crianças vieram carregadas. Ainda acerca disso, também devemos notar que a expressão crianças usada aqui é a mesma que utilizada em Marcos 5:39—49 para se referir a uma menina de 12 anos de idade.

Mesmo que seja natural pensarmos que tais crianças fora trazidas por suas mães o uso do pronome masculino na língua original quando se diz que os discípulos os repreendiam parece apontar para os pais ou, até mesmo, para as próprias crianças. Nesse caso último caso, teríamos crianças maiores trazendo as crianças menores. Essa ideia parece ser confirmada pelo verso 14, onde as palavras de Jesus não os embaraceis é uma referência clara às crianças. Marcos não nos informa porque os discípulos interferiram nesse processo e por que os mesmos não consideravam as crianças importantes. A atitude dos discípulos era, na realidade, um verdadeiro abuso da autoridade que tinham. Tal abuso é derivado da mesma atitude que eles tiveram quando interferiram com o trabalho dum exorcista desconhecido, o qual exercia o poder do nome de Jesus de modo eficiente — Marcos 9:38. De modo bastante significativo, também naquela ocasião, Jesus disse para seus discípulos não proibirem aquele homem de realizar a obra —

Marcos 9:39

Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim.

Verso 14

A referência à indignação de Jesus contra a atitude imprópria de repreensão das crianças por parte dos discípulos é algo que aparece apenas na narrativa de Marcos estando, portanto, ausente das narrativas paralelas que encontramos em Mateus 19:16—22 e Lucas 18:18—23. A manifestação da emoção de indignação por parte de Jesus é comum em outras passagens do Evangelho de Marcos, como podemos ver em: Marcos 1:41, 43; 3:5; 7:34 e 9:19. A sugestão da indignação de Jesus manifestada em forma de impaciência e irritação é fortalecida pela forma pausada e contrastante como Ele fala: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis. A atitude dos discípulos em tentar impedir a aproximação das crianças, porque consideravam as mesmas pouco importantes, nos revela a tendência que tinham, em diversas ocasiões, de pensar dos seres humanos apenas em categorias de pessoas caídas, algo que Jesus combateu diversas vezes, conforme: Marcos 8:33; 9:33—37. O Reino de Deus pertence às crianças  ou pequeninos, e também a outros que, como crianças, parecem não ter nenhuma importância. Isso é assim, porque essa é a vontade de Deus. Esse é o motivo porque as crianças precisam ter livre acesso a Jesus, porque é em Jesus que o Reino de Deus se aproxima dos seres humanos — Marcos 1:15. Diferentemente dos adultos que não gostam que nada lhes seja dado, as crianças são humildes e receptivas ao que lhes é oferecido. O Reino pertence a esse tipo de pessoas porque o mesmo é sempre recebido como um dom, um verdadeiro presente. A raiz das palavras de Jesus não deve ser procurada em qualquer valor subjetivo que as crianças possuem e sim, na humildade objetiva das mesmas, além da manifestação surpreendente da graça de Deus, que se dispõe a conceder o Reino, gratuitamente, a todos que não possuem nenhum tipo de reivindicação sobre o mesmo, por méritos próprios.

Verso 15

A afirmação solene que encontramos nesse versículo é dirigida aos discípulos, mas tem implicações para todos os seres humanos confrontados pelo Evangelho, porque a mesma fala da condição para alguém — qualquer um — entrar no Reino de Deus. A exigência que um homem adulto torne-se como uma criança chama a nossa atenção para o fato que, com relação ao Reino de Deus, todos nós nos encontramos numa situação de mais completo desespero. O Reino é aquilo que Deus dá e o ser humano recebe. Essencial para a comparação apresentada no verso 15 é a fraqueza e a total falta de capacidade duma criança, que também são pressupostas no verso 14. Só podem entrar no Reino de Deus aqueles que estão plenamente conscientes de que são pequenos e precisam de ajuda e que, não apresentam nenhum tipo de reivindicação sobre o mesmo baseado em méritos próprios ou boas obras, de qualquer natureza. As palavras que Jesus usa na comparação o dizer como uma criança, encontram sua força na natureza da criança, de aceitar de modo aberto e confiante, o que lhe está sendo oferecido gratuitamente. As palavras de Jesus são enfáticas; todo aquele que não receber o Reino de Deus agora, de forma simples e natural como uma criança, não poderá entrar nele quando o mesmo se tornar plena realidade no final dos tempos. O que está sendo afirmado, de modo claro, é a necessidade que todos têm de receber o Evangelho e o próprio Senhor Jesus, como aquele por meio de quem o Reino foi aproximado de todos — Marcos 8:35, 38; 9:1.

Verso 16

A ação de Jesus descrita nesse verso é tão significativa quanto suas palavras mencionadas antes. Jesus demonstra um amor genuíno e Sua ternura pelas crianças das seguintes maneiras: 1) Jesus toma as crianças em seus braços; 2) Jesus abençoa as crianças por meio duma oração. As atitudes de Jesus só podem ser entendidas quando consideramos a dureza de coração, com relação às crianças, que prevalecia nas sociedades helenísticas do século 1.

A ação de Jesus em honrar as crianças nos apresenta uma ilustração concreta da forma como o Reino de Deus é concedido gratuitamente. Dentro desse contexto fica evidente que, a invocação da bênção por parte de Jesus sobre as cabeças das crianças, constitui uma renovação do chamado para o verdadeiro discipulado e obediência à vontade manifesta de Deus.

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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