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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Gênesis — Estudo 055 — A APROPRIAÇÃO DE GÊNESIS 11 PELO NOVO TESTAMENTO


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Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo. 

O Livro do Gênesis

O Princípio de Todas as Coisas

בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ        
             Eretz   ha ve-et    Hashamaim  et       Elohim        Bará         Bereshit
            Terra  a      e          céus      os             Deus         criou       princípio No
                                                                                                                            Gênesis 1:1
CONTINUAÇÃO

XIII — A Apropriação de Gênesis 11 pelo Novo Testamento.

A. Gênesis 11:1—9 e Lucas 14:28—30.

Existem no Novo Testamento muitos textos que tratam de edificações e dos processos envolvidos nos mais diversos tipos de construções. Mas existe somente um texto em todo o Novo Testamento que trata da construção de uma πύργον púrgon — torre. Esse texto é Lucas 14:28. Creio que todos nós podemos aceitar, de forma pacífica, que um dos propósitos porque Jesus ensinou esta parábola foi indicar a necessidade que aqueles que desejavam ser Seus discípulos, tinham de avaliar o custo exato de tal decisão. Mas existem muitas outras passagens em todo Novo Testamento que desafiam tal interpretação. Essas são as passagens que nos falam acerca de decisões de fé como foi o caso do chamamento dos irmãos Simão e André e Tiago e João — ver Marcos 1:16—20. Note como esses irmãos não pararam para calcular o custo e sim creram nas palavras de Jesus e o seguiram imediatamente.

A história narrada por Jesus em Lucas 14:29—30 dá ênfase no fato de que a torre inacabada chama a atenção de toda uma multidão de curiosos que, ao passar e ver a torre naquele estado, aproveitam para zombar da mesma e de seus construtores. Em Gênesis 11 a construção da torre tem início com a clara intenção de zombar de Deus, pois seus construtores querem fazer notável o próprio nome. Mas os papeis são completamente revertidos naquela história. É Deus, quem em última instância, dá a última risada porque é Ele quem zomba dos patéticos seres humanos ao confundir as línguas e causar a paralisação da construção da torre e da cidade chamadas de Babel.

Mas em Gênesis 11 Deus não apenas confunde as línguas, Ele também dispersa os seres humanos que estavam planejando zombar da ordem de Deus que havia dito aos homens que se espalharem sobre a face da Terra. É possível que Maria no seu cântico registrado em Lucas 1:46—55 estivesse se referindo a este mesmo evento — da torre e da cidade de Babel — ao dizer: “Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos — verso 51”. Como dissemos é possível, mas muito pouco provável. Mas que a frase se encaixa perfeitamente, disso não temos a menor dúvida.
   
2. Gênesis 11:26—32 e Atos 7:4.
                    
A cronologia de Gênesis 11 é como segue:

1. Tera tinha 70 anos quando começou a gerar filhos e ele gerou a Abrão, a Naor e a Harã. Seria Abrão, necessariamente, o mais velho? Ou ele é mencionado em primeiro lugar porque era o mais importante — ver Gênesis 6:10 e comparar com 9:20—24.

2. Tera morre em Harã com a idade de 205 anos — ver Gênesis 11:32.

3. Se Abrão nasceu quando Tera tinha 70 anos então ele tinha 135 quando seu pai veio a falecer.

4. Gênesis 12:4 nos diz que Abrão partiu de Harã quando tinha 75 anos.

Se não levarmos em conta nenhum outro texto, a cronologia acima não apresentaria nenhum tipo de dificuldade. Do que alistamos acima poderíamos concluir que Abrão teria saído de Harã 65 anos antes da morte de seu pai. Todavia, o texto de Atos 7:4 diz de forma explícita o seguinte:

Então, saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.

Existem várias hipóteses visando solucionar essa dificuldade. Não que ela represente alguma mudança fundamental na História da Salvação como contada pela Bíblia, mas como estudiosos da Palavra de Deus, queremos nos empenhar no máximo da nossa capacidade para entender aquilo que está escrito.

As três interpretações mais comuns acerca da compreensão que Estevão tinha da vida dos patriarcas são as seguintes:
1. A primeira explicação está baseada na leitura do Pentateuco Samaritano que diz que Tera faleceu com 145 anos contra os 205 registrados pelo Texto Massorético[1]. A LXX diz que Tera teria vivido 205 anos apenas em Harã, sem contar seus anos em Ur dos Caldeus. Argumentam os defensores desta hipótese que Estevão estava fazendo referência ao texto do Pentateuco Samaritano. Com isso a dificuldade desaparece de forma absoluta. Isto se deve ao seguinte cálculo: Tera gerou Abrão quando tinha 70 anos e veio a falecer quando tinha 145 anos. Na morte de Tera Abrão estaria, portanto, com 75 anos que é exatamente a idade que ele tinha quando partiu de Harã para a terra de Canaã. Desta maneira, nos dizem os defensores dessa possibilidade, Estevão tinha uma compreensão da cronologia dos patriarcas que estava baseada na leitura do Pentateuco Samaritano.

2. Uma segunda possibilidade é na realidade uma variação da anterior. De acordo com os proponentes dessa segunda alternativa existiam nos dias de Estevão inúmeras famílias ou tradições de manuscritos. Para esses o Pentateuco Samaritano é apenas um dos muitos documentos que se originaram daquilo que os estudiosos chamam de Texto Palestino e que, além de serem muito abundantes nos dias de Estevão divergiam de forma considerável do Texto Massorético e do texto da Septuaginta. O autor judeu Filo de Alexandria[2] também cita o fato de que Tera teria morrido aos 145 anos. Sendo judeu mesmo e não samaritano, é pouco provável, senão impossível que ele tivesse usado alguma vez uma cópia da Torá — os cinco livros de Moisés — que não estivesse baseada em uma tradição genuinamente judaica. Desta maneira é possível que existissem também cópias judaicas que mencionavam todos os anos de Tera como sendo 145 anos.

3. Uma terceira possibilidade procura harmonizar as informações de Gênesis 11 e Atos 7 sem apelar para o uso de nenhum outro texto que vá além do Texto Massorético. A pressuposição básica desta possibilidade está baseada no fato de que o texto de Gênesis 11:26 não afirma, de forma explícita, que Tera tinha exatos 70 anos quando gerou a Abrão. Pelo contrário, o texto de Gênesis 11 nos diz que Tera tinha 70 anos quando começou a gerar filhos. Teria sido Abrão seu primogênito? Ou será que Abrão é mencionado primeiro porque veio a ser o mais importante dos três irmãos? Como não podemos saber a ordem exata em que os irmãos nasceram, nem quando exatamente eles nasceram, podemos assumir, para efeito da nossa discussão, que Abrão tivesse nascido quando Tera estava com 130 anos. Desta maneira quando Terá morreu aos 205 anos, Abrão teria os 75 anos mencionados em Gênesis 12:4. 

Outros artigos acerca dO LIVRO DE GÊNESIS
001 — Introdução e Esboço
002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação
003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza
004 — Introdução ao Gênesis — Parte 4 — A Preparação para a Vida Na Terra
005 — Introdução ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida
006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR
007 — Introdução ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA
008 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 1
009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 2
010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Segundo e o Terceiro Dia
011 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quarto Dia
012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1
013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas
015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A
016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B
017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A
018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B
019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C
020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19
021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20
022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21
023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22
024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23
025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24
026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25
027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26
028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A
029 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes — Parte 27B
030 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Maldade do Coração Humano— Parte 27C.
031 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Corrupção Humana Sobre a Face da Terra e Deus Pode se Arrepender? — Parte 27D.
032 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28A.
033 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28B.
034 — Estudo de Gênesis — Gênesis 7 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?
035 — Estudo de Gênesis — Gênesis 8 — A promessa que Deus Fez a Noé e seus descendentes — Parte 30 — Nunca Mais Destruirei a Terra Pela Água
036 — Estudo de Gênesis —  O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 001
037 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 002
038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001
039 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 002
040 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 003
041 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 004 — A NATUREZA DA ALIANÇA ENTRE DEUS E NOÉ
042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001

043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?
044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE
045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
046 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 002 — OS DESCENDENTES DE CAM: NEGROS, AMARELOS E VERMELHOS
047 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 003 — OS DESCENDENTES DE SEM E A ORIGEM DOS HEBREUS
048 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 004 — A TÁBUA DAS NAÇÕES É UM DOCUMENTO ÚNICO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
049 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 001
050 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 002
051 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 003
052 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 004
053 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 005

054 — Estudo de Gênesis — A GENEALOGIA DOS SEMITAS

055 — Estudos de Gênesis — A APROPRIAÇÃO DE GÊNESIS 11 PELO NOVO TESTAMENTO

Que Deus abençoe a todos.


Alexandros Meimaridis


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Gênesis, Genealogia, Semitas, Texto Massorético, Pentateuco Samaritano, Septuaginta, Samaritanos, Cativeiro Babilônico, Pelegue, Dilúvio, Alterações Climáticas, Ur dos Caldeus, Noé, Lua, Noé,  


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[1] - Para uma discussão acerca do desenvolvimento do texto do Antigo Testamento o autor sugere a leitura do primeiro capítulo desta série intitulado “O Que é o Antigo Testamento?”.

[2] - Filo Judaeus também chamado de Filo de Alexandria nasceu entre 15—10 a.C na cidade de Alexandria no Egito, onde também faleceu entre 40—50 a.D. Esse indivíduo era um filósofo judeu que falava o grego e que veio tornar-se o maior expoente do Judaísmo Helenístico. Em seus escritos nós podemos encontrar a mais cristalina apresentação de como o judaísmo se desenvolveu na diáspora iniciada com o cativeiro babilônico. Ele foi o primeiro judeu a buscar uma síntese entre a fé baseada na revelação divina com a razão baseada no raciocínio filosófico — é possível que Platão foi o primeiro gentio a tentar o mesmo, mas de forma menos evidente. Por sua coragem e visão Filo ocupa um lugar bastante privilegiado na História da Filosofia. Muitos cristãos, de eras posteriores, chegaram a considerá-lo como o precursor da Teologia Cristã.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 015 —HISTÓRIA — A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — PARTE 005


Jesus

Esse é um estudo especial que irá abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina acerca de tudo o que nos é importante.

INTRODUÇÃO GERAL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA

A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A NOVA ORTODOXIA — PARTE 005

INTRODUÇÃO À NOVA ORTODOXIA

Conforme nossa apresentação da Escola Antiga da Busca pelo Jesus histórico, nós tivemos a oportunidade de ver que os estudiosos envolvidos naquela busca desejavam experimentar uma nova abordagem quanto à historicidade de Jesus lançando mão, alegadamente, da ciência da história. Eles desejavam evitar o que consideravam o tortuoso caminho representado pelos dogmas da Igreja. Todavia, depois de mais de um século de tentativas, eles descobriram que não tinha conseguido chegar em nenhum lugar. O Jesus histórico, simplesmente não podia ser alcançado pelas metodologias adotadas pela escola antiga. Ver estudos anteriores na lista completa abaixo.

Novas abordagens e novos métodos precisavam ser descobertos e estabelecidos. Foi ai que Karl Barth e outros teólogos da Nova Ortodoxia assumiram o papel preponderante na Busca pelo Jesus histórico.

Antes de prosseguirmos com a história da busca pelo Jesus histórico uma palavra importante acerca, especificamente de Barth, é necessária. A teologia liberal do século XIX havia transformado os seres humanos, certamente influenciada pela chamada Teoria da Evolução, em pessoas boazinhas, evoluindo para um patamar cada vez mais elevado de civilidade e humanidade. E, tudo isso, sem qualquer necessidade de Deus ou de qualquer intervenção divina. Todavia, com o advento da Primeira Guerra Mundial entre os anos 1914-1918, a verdadeira condição dos seres humanos foi exposta de modo incontroverso. Os seres humanos não passam de pecadores depravados prontos a se matarem ao menor pretexto e até mesmo sem nenhum pretexto. Naqueles anos Barth publicou seu pequeno comentário na Epístola de Paulo aos Romanos — Der Römerbrief — no final de 1918 com data de publicação de 1919. O comentário original de cerca de 250 páginas foi depois expandido para as atuais 576 páginas. Barth estava desiludido com a teologia liberal protestante e buscou nas Escrituras a definição para a verdadeira condição dos seres humanos. Isso posto, prossigamos com o desenvolvimento da Nova Ortodoxia e sua busca pelo Jesus histórico.

Não é algo incomum, estudiosos da teologia pensarem que Rudolf Bultmann teria mais prerrogativas sobre a Nova Ortodoxia do que Karl Barth. No entanto, apesar de sua crescente popularidade durante o século XX, Bultmann não é, de fato, tão relevante para as bases da teologia no século passado quanto Karl Barth. Quando o assunto é teologia sistemática é certo que a obra de Karl Barth contida nos quatorze volumes da sua Church Dormatics é insuperável. Em nossa opinião, Karl Barth é ainda mais radical do que o próprio Bultmann quando se trata do relacionamento da história com a mensagem pregada pelos apóstolos, pelo menos em teoria. Bultmann, todavia, terá um papel importante na próxima fase da busca, quando iremos falar da Nova Busca pelo Jesus Histórico que podemos também chamar de Neoliberalismo.
  
CONTINUA...

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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 6

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 007
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 008

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 009

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 010

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 011

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 012

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 013

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 014


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domingo, 26 de março de 2017

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 014 — A HISTÓRIA — A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — PARTE 004


Resultado de imagem para a busca pelo jesus histórico

Esse é um estudo especial que irá abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina acerca de tudo o que nos é importante.

INTRODUÇÃO GERAL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA

A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — O FIM DA VELHA ESCOLA — PARTE 004

c. DIVERSIDADE DENTRO DO MOVIMENTO DA VELHA ESCOLA DA BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO

De acordo com o estudioso Karl Adams em sua obra The Christ of Faith[1] depois dos ensinamentos de Strauss — ver estudo anterior na lista abaixo — nós podemos observar o surgimento de três tipos diferentes de abordagens quanto à busca pelo Jesus Histórico pela velha escola:

1. A abordagem mitológica.

2. A abordagem representada pelas chamadas vidas liberais de Jesus.

3. A abordagem escatológica.

Apesar do próprio Strauss ter abandonando a abordagem mitológica na segunda edição de sua obra em 1864, a mesma ainda continuou como uma abordagem básica para a velha escola da busca pelo Jesus histórico. Isso foi possível devido à continuada influência da ideia representada pelo filósofo Hegel que defendia o conceito que a força criativa seminal da história não estava centrada em qualquer personagem histórico, e sim em ideias. Desse modo, o cristianismo não é o resultado da vida e da obra de Jesus de Nazaré, mas da ideia da união entre Deus e o homem. Todavia, a abordagem mitológica não teve muitos adeptos depois de Strauss. A mesma ficaria aguardando o surgimento do teólogo Rudolf Karl Bultmann — 1884 a 1976 — para ser, novamente, explorada sob a ótica do existencialismo.

A segunda imagem de Cristo que emergiu da escola velha da busca pelo Jesus histórico foi aquela representada pelas vidas liberais de Cristo. Ao contrário da visão mitológica de Strauss e da ênfase hegeliana, esse grupo enfatizava que a história não é feita de ideias, mas de personalidades. Desse modo, para esse pessoal, o fator mais importante para explicar a existência do cristianismo era a personalidade de Jesus. Mas, diziam eles, para que a verdadeira personalidade de Jesus possa vir à tona é necessário que a mesma seja redescoberta pela utilização das ferramentas da moderna ciência da história. Afinal, não podemos nos esquecer que eles ainda representavam a velha escola da busca pelo Jesus histórico. Qualquer elemento sobrenatural ou miraculoso precisava ser descartado. Era necessário que Jesus fosse entendido como um ser humano comum — independentemente de quão extraordinário ou único ele pareça ter sido. Daí, podemos entender o alvo principal da escola liberal de teologia, de provar como não histórico qualquer coisa que seja sobrenatural ou misteriosa na vida de Jesus. Como resultado disso, a imagem de Jesus que surge é típica do liberalismo teológico: Jesus se parece mais com o filósofo grego Sócrates do que consigo mesmo. Os autores de maior destaque dessa bordagem são facilmente identificáveis como sendo: Adolf Von Harnack, Wilhelm Herrmann e Ernst Troeltsch.

A terceira abordagem é representada pela chamada imagem escatológica de Jesus. Essa escola rejeitou tanto a abordagem mitológica quanto a da visão liberal, porque percebia nas mesmas pressuposições dogmáticas, que fazia com seus proponentes enxergassem naquilo que produziam suas próprias pressuposições. Por seu lado, eles defendiam que uma leitura objetiva e factual das fontes conduziria o leitor — mais é uma pressuposição! — a enxergar a Jesus de uma perspectiva escatológica. Apesar da evidente pressuposição, essa escola se considerava como a única verdadeiramente fiel à pesquisa histórica em busca de Jesus. Representantes importantes dessa escola são:Willhelm Bousset, Albert Schweitzer, Julius Wellhausen e outros. Como afirma Karl Adam na obra mencionada acima: “com a ajuda espinhosa de uma crítica textual, eles tentaram descobrir a pedra fundamental livrando-se, com isso, de todo e qualquer extrato secundário ou terciário”. Mas, de forma patética, muito pouco de qualquer pedra fundamental foi descoberta. Não demorou muito para que o valor da abordagem escatológica fosse reconhecido pelo fato de chamar a atenção para um elemento negligenciado, mas à mesma faltava autenticidade em sua exagerada ênfase que pendia rigorosamente para um lado. Alguns elementos da abordagem escatologia, estão reaparecendo nas teologias de Wolfhart Pannenberg e Jürgen Moltmann.

Até aqui vimos como a velha escola da busca pelo Jesus histórico desejava ser objetiva e desprovida de pressuposições com o objetivo de redescobrir o verdadeiro Jesus da história. Para realizar seus intentos, essas pessoa tiveram que romper com a ortodoxia e abandonarem os dogmas das igrejas patrísticas, medievais e da Reforma. Foi o iluminismo que trouxe a mudança radical da perspectiva dogmática para a perspectiva histórica. Mas o resultado obtido foi muito diversificado e bastante contraditório. Os diversos tipos de abordagem foram apresentadas acima, mas, por falta de tempo, não podemos analisar as subdivisões dentro de cada uma dessas abordagens. Como disse Joachim Jeremias: “A imagem racionalista de Jesus como um pregador da moralidade; a visão dos idealista acerca do homem ideal; os estetas exaltaram a Jesus como mestre das palavras e os socialistas como um amigo dos pobres e um reformador social; ao mesmo tempo em que pretensos estudioso o transformaram apenas num personagem de ficção”[2] Jeremias prossegue dizendo que:”Jesus foi modernizado. Essas vida de Jesus são fruto exclusivo da criatividade dos seus autores. ... O dogma foi substituído pela psicologia e pela fantasia”. Além disso, Carl Braaten em sua obra History e Hermeneutics[3], nos apresenta uma análise devastadora da velha escola da busca pelo Jesus histórico. Ele diz:

“Os biógrafos de Jesus do século XIX eram como cirurgiões plásticos reconstruindo a face de seus pacientes às suas imagens e semelhanças, ou como um artista que pinta a si mesmo no quadro que está criando. Existia, em muitos casos, uma semelhança inequívoca entre o que escreviam acerca da religião de Jesus com suas próprias condições religiosas. Também acontecia do autor geralmente conseguir encontrar o que estava procurando. Quer dizer, ele descobria muitas coisas acerca de Jesus, alegadamente em cima da sua pesquisa puramente histórica, na justa medida em que necessitava das informações para fazer avançar sua própria teologia. Não existe nada que possa promover mais o ceticismo de uma pessoa quando considera os estudos do Novo Testamento, do que a comparação, facilmente feita, entre aquilo que o pesquisador alega ter descoberto historicamente, com sua necessidade teológica daquele mesmo momento”.

Nessa parte final da nossa análise acerca da busca pelo Jesus histórico realizada pela velha escola, nós ignoramos intencionalmente o filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard, apesar dele ter vivido naquele período, entre 1813—1855. Assim procedemos porque Kierkegaard não teve sobre a velha escola nenhum impacto que possamos considerar como sendo notável. Sua influência só foi plenamente sentida durante o período chamado de neo-ortodoxia, no qual se sobressai a pessoa do teólogo Karl Barth. Outro importante autor que não foi mencionado é o russo Martin Kähler que escreveu O Jesus Histórico e o Cristo Bíblico Histórico. O título original na língua alemã as duas palavras — historie e geschichte — que se tornaram muito importantes nas fases subsequentes da busca pelo Jesus histórico. Os dois, todavia, serão citados na próxima fase da busca.

A busca pelo Jesus histórico da velha escola demonstrou o verdadeiro espírito do Iluminismo e do início da chamada ciência histórico-crítica aplicada à teologia. Hoje fica evidente — como demonstramos nos artigos dessa série —que a alegação de que eles desejavam ser objetivos e sem desposarem nenhuma pressuposição, era de fato, o único mito nessa história toda. Tudo o que a velha escola da busca pelo Jesus histórico conseguiu fazer foi criar um Cristo ebionita, o que é equivalente a dizer o seguinte: eles criaram um Cristo humano. A divindade de Jesus foi negada com base na PRESSUPOSIÇÃO com a qual o movimento se originou. Jesus foi considerado apenas como um ser humano natural típico, do qual todos os elementos divinos e sobrenaturais foram retirados logo de cara. Desse modo o termo histórico foi substituído na velha escola da busca pelo Jesus histórico por mero historicismo. Ou seja, uma história distorcida sem a presença da pregação.

A velha escola da busca pelo Jesus histórico criou o ambiente necessário para os desenvolvimentos posteriores da busca numa espécie de gangorra teológica. É praticamente impossível entendermos Karl Barth e Rudolf Bultman, se não levarmos em conta o background na velha escola e do liberalismo.Os dois tentaram fugir do impasse representado pelas posições da velha escola e do liberalismo, mas tudo o que conseguiram foi apenas desenvolver uma visão do evangelho que paira sobre a história como um disco voador que nunca aterrissa na História.

Rever a história da velha escola acerca da busca pelo Jesus histórico nos ensina uma importante lição. Existe um relacionamento inevitável entre a Palavra e Cristo, entre a Escritura e o Cristo revelado na Palavra. Não é difícil notarmos como a chamada alta crítica — do Iluminismo — minou a autoridade das Escrituras e influenciou a busca pelo Jesus histórico pela escolha velha. Sempre que alguém perde a fé na Palavra revelada de Deus, o passo seguinte é também a perda do reconhecimento do Cristo da Palavra.

É nossa convicção que nós podemos aprender a lição da história e pela graça de Deus alcançarmos uma convicção ainda maior da estratégica interrelação entre a história e a pregação. Jesus de Nazaré e os eventos acerca da sua pessoa como revelados nas Escrituras têm um significado eterno. O próprio Evangelho, a pregação, está arraigada na história: na própria pessoa de Jesus, o Filho encarnado de Deus que morreu na cruz por nós naquela sexta-feira e que ressuscitou para nossa justificação no domingo da ressurreição.
  
CONTINUA...

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[1] Adam, Katl. The Christ of Faith. Pantheon, New York, 1957.
[2] Jeremias, Joachim. The Problem of the Historical Jesus. Fortress Press, Philadelphia, 1972.
[3] Braaten, Carl. New Directions in Theology Today: Volume II History and Hermeneutics. Westminster Press, Philadelphia, 1974.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 013 — A HISTÓRIA — A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — PARTE 003


1-S6840-C1837 David F.Strauss / Holzstich Strauss, David Friedrich evang. Theologe (Leben-Jesu-Forschung) ...
David F. Strauss tentou explicar o Jesus histórico associando-o a mitos variados. 

Esse é um estudo especial que irá abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina acerca de tudo o que nos é importante.

INTRODUÇÃO GERAL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA

A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A VELHA ESCOLA — PARTE 003

b. A VISÃO MÍTICA DE DAVID FRIEDRICH STRAUSS

David Friedrich Strauss representa a abordagem acerca do Jesus histórico da perspectiva mítica — Jesus como mito — ainda na velha escola. Por meio duma interpretação mítica, Strauss procurou romper a barreira representada pelos naturalistas, por um lado e, pelos supernaturalistas, pelo outro. Em certo sentido, Strauss foi o precursor das ideias de Rudolph Bultmann conhecidas como a “demitologização” do Novo Testamento. Strauss viveu entre os anos 1808 — 1874 e morreu um século depois da publicação dos chamados Fragmentos de Reimarus. Seu trabalho mais importante intitulado Leben Jesu — Vida de Jesus — foi publicado originalmente entre os anos 1835—36, e recebeu sucessivas edições posteriores. Entre Reimarus e Strauss muitos livros intitulados ”Vida de Jesus” tinham sido publicados, pois a antiga escola da busca pelo Jesus histórico se via na obrigação de explicar os acontecimentos narrados nos evangelhos que tinham sido desfigurados pelo iluminismo e pelo naturalismo. Tal explicação era devida, para o período que cobria, principalmente, os primeiros trinta anos da vida de Jesus, numa tentativa de justifica o modo pelo qual o menino tinha se tornado o pai do homem Jesus. Strauss estudou sob a direção de F. C. Baur e foi influenciado pela teologia liberal e evolutiva de Schleiermacher e acabou abraçando a filosofia de Hegel.

No prefácio de seu livro Leben Jesu, Strauss fez questão de frisar que a ortodoxia supernaturalista sustentava duas pressuposições básicas: 1) os evangelhos relatam a história; e 2) tal história é uma história sobrenatural. No primeiro movimento da busca pelo Jesus Histórico da velha escola, Reimarus defendeu a ideia que o Cristianismo não tinha se originado a partir duma série de eventos sobrenaturais e sim dum conjunto de circunstâncias naturais. Para Reimarus, isso “provava” que a fé cristã era uma fraude. Strauss concordava com Reimarus acerca do fato do Cristianismo ser uma religião natural, mas discordava quanto ao caráter fraudulento da mesma. Strauss também discordava dos racionalista de sua época os quais, a um só tempo, rejeitavam o caráter da história sobrenatural dos evangelhos, mas mantinha a ideia que os mesmos registravam a história do ponto de vista natural. Segundo Strauss a ciência dos seus dias não podia sentir-se satisfeita com essas medidas paliativa e de acomodação. As perguntas precisavam continuar com o propósito de identificar se os evangelhos eram históricos e, exatamente em que medida, eram históricos. Strauss admitia que não se sentia adequadamente qualificado para oferecer as respostas necessárias, mas sabia que não existia ninguém tão qualificado quanto ele para essa missão. Diante dessa afirmação de autoexaltação, Strauss sentiu-se confortável com a ideia e a autoridade para abolir, por completo, a pressuposição de número 1 mencionada acima! De acordo com Strauss os racionalistas e os naturalistas não tinham sido críticos o suficiente nessa questão. A abordagem histórica, segundo Strauss, exigia — como pressuposto???? — que os evangelhos fossem vistos como literatura mitológica em vez de história natural. Dessa forma, Strauss entendia que sua própria abordagem sacrificava a realidade histórica dos evangelhos — considerados mitológicos —, mas preserva a verdade religiosa contida nos mesmos.

Strauss também enfatizava o objetivo básico do Iluminismo de praticar a mais pura ciência, sem adotar nenhum tipo de pressuposto. Strauss pretendia que não desejava evitar a seriedade da verdadeira busca científica, caracterizada por ser uma busca objetiva e sem pressuposições. Ele afirmava que havia aprendido cedo em seus estudos filosóficos a libertar seus sentimentos e seu intelecto dos dogmas e das pressuposições religiosas. Para os teólogos que consideravam algo absurdo alguém declara-se cristão enquanto abria mão das pressuposições mais básicas da fé, Strauss dizia que aquelas pessoas defendiam pressuposições que não eram científicas.   

A introdução de considerações mitológicas na discussão acerca do Jesus histórico na velha escola é a contribuição singular de Strauss na mesma. Como discípulo de Hegel, Strauss procurava enfatizar ideias em vez de eventos ou personalidades como a verdadeira chave para se entender a história. De acordo com essa abordagem, uma pessoa é importante para introduzir uma ideia na história, mas uma veze que uma ideia foi introduzida na mesma, a pessoa já não mais importante. A ilustração que podemos usar para explicar como essa ideia de Strauss funciona na prática está relacionada com a ideia mitológica relacionada ao chamado Papai Noel. Mesmo que nunca tenha existido um verdadeiro Papai Noel, o fato é que a ideia por trás do mito tem vida própria, independentemente de quem pretende fingir ser o próprio velhinho. Para Strauss, a fé cristã deveria ser entendida, exatamente dessa maneira. É uma ideia baseada em mitos e não história verdadeira.

Para Strauss a existia de Jesus se explica apenas como o elemento que surgiu para introduzir as ideias acerca do cristianismo na história da humanidade. Desse modo, são as ideias e não a pessoa de Jesus que deve ocupar o lugar central na chamada fé cristã. Uma vez que as ideias de Jesus foram projetadas para dentro da história, o próprio Jesus já não é mais relevante nem para mensagem e nem mesmo para as ideias em si. Na abordagem mitológica da velha escola na busca pelo Jesus histórico, a fé cristã pode ser explicada sem necessitar de nenhuma referência à pessoa de Jesus. De repente, como num passe de mágica, a fé cristã torna-se anônima!  

Como discípulo de Hegel, Strauss também concebeu a essência do Cristianismo como a união entre Deus e o ser humano. Uma vez que essa ideia acerca da união entre Deus e o ser humano entrou na história, torna dispensável o evento que deu origem à mesma. O conceito da união entre Deus e o ser humano entrou no consciente da humanidade por meio de Jesus de Nazaré. Mas agora que a mesma está projetada na história, Jesus e sua história não são mais necessários.  

E foi desse modo que a interpretação mitológica de Jesus e do Cristianismo foi oferecida por Strauss como a solução para a investigação histórica acerca de Jesus. Para Strauss, a capacidade de acessarmos a verdadeira história acerca da pessoa de Jesus encontra-se muito prejudicada porque a mesma está coberta de mitos. Strauss duvidava da confiabilidade dos quatro evangelhos. Dessa forma ele apelava para que os estudos à busca do Jesus histórico prosseguissem. Ele admitia que sua resposta não era definitiva. O surgimento da chamado hipótese do documento “Q” — do alemão quelle que significa fonte — alimentou a busca da escola antiga na busca pelo Jesus histórico como Strauss desejava.

Apesar de tudo, Strauss ainda acreditava que os evangelhos, apesar de estarem imersos em diversas camadas de mitos, ainda continham conceitos religiosos e ideias aproveitáveis. Sendo assim, apesar dos evangelhos serem considerados como documentos não históricos, ainda assim e, apesar da mitologia que envolve os mesmos, possuem um significado religioso por causa das ideias que encontramos nos mesmos. E, o Cristianismo não passa da ideia da união de Deus com a raça humana. Com isso Strauss desejava destruir o valor da pregação derivada da história.  

CONTINUA...

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