domingo, 22 de março de 2015

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO - PARTE 001


Concepção artística da agonia Cristo no Getsêmani com os discípulos dormindo ao fundo.

O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).

Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira

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A AGONIA DE CRISTO

Por Jonathan Edwards

Algumas Citações deste Estudo

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –
Citações deste Sermão

“[...] a principal missão de Cristo no mundo foi sofrer, cumprindo assim, agradavelmente essa incumbência. Ele veio com tal natureza e, em tais circunstâncias, como feitas para abrir caminho para o Seu sofrimento; por isso toda a Sua vida foi repleta de sofrimento. Ele começou a sofrer em Sua infância, mas Seu sofrimento aumentou à medida que Ele se aproximava do fim de Sua vida. Seu sofrimento após o início de Seu ministério público era provavelmente muito maior do que antes; e a última parte do tempo de Seu ministério público parece ter sido distinguido pelo sofrimento.”

“[...] no momento de Sua agonia no jardim; que temos um relato nas palavras agora lidas; são as que proponho-me a fazer o tema do presente discurso. A palavra agonia significa propriamente um conflito sério, como é testificado em batalhar, correr ou lutar. E, portanto, em Lucas 13:24. “Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão”. A palavra no original, traduzida como porfiai é Ἀγωνίζεσθε Agonízesthe. “Agonize, para entrar pela porta estreita”. A palavra é usada especialmente para esse tipo de luta, que na época era exibida nos jogos Olímpicos, em que os homens se esforçavam pela maestria na corrida, luta, e outros tipos tais de exercícios; e um prêmio era estabelecido, o qual era concedido ao vencedor. Aqueles que, assim, sustentaram, foram, na linguagem então usada, refereidos como tendo “agonizado”. Assim, o apóstolo em Sua epístola aos Cristãos de Corinto, uma cidade da Grécia, onde tais jogos eram exibidos anualmente, diz em alusão aos esforços dos combatentes: “E todo aquele que luta”, no original, todo aquele que agoniza, “de tudo se abstém”. O local onde foram realizados os jogos foi chamado  Ἀγων Agon, ou o lugar da agonia; e a palavra é particularmente usada nas Escrituras para aquele esforço em fervorosa oração onde as pessoas lutam com Deus; diz-se que elas agonizam, ou estarem em agonia, em oração. Assim, a palavra é usada em Romanos 15:30: “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus”; no origina συναγωνίσασθαί sunagonísasthaí, que vos agonizeis comigo. Assim em Colossenses 4:12: “[...]combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus”. No original ἀγωνιζόμενος agonizómenos, agonizando por vós. De modo que quando é dito no texto que Cristo estava em agonia, o significado é, que a Sua alma estava em uma grande e séria luta e conflito.”

“O que Cristo teve em Sua agonia no jardim, foi o cálice amargo que Ele deveria em breve beber, posteriormente, na Cruz. Os sofrimentos aos quais Cristo se submeteu em Sua agonia no jardim, não foram Seus maiores sofrimentos; embora fossem mui grandes. Mas Seus últimos sofrimentos sobre a Cruz foram os Seus principais sofrimentos; e, portanto, eles são chamados de “o cálice que Ele tinha de beber”. Os sofrimentos da cruz, sob a qual Ele foi morto, estão sempre nas Escrituras representados como os principais sofrimentos de Cristo; especialmente aqueles em que “Ele levou os nossos pecados em Seu próprio corpo”, e fez expiação pelo pecado. Seu suportar a cruz, Seu humilhar-se e tornar-se obediente até à morte e morte de cruz, é dito como a principal coisa pela qual os Seus sofrimentos evidenciaram-se. Este é o cálice que Cristo havia colocado diante de Si em Sua agonia. É manifesto que Cristo tinha isso em vista, neste momento, a partir das orações que Ele então ofereceu. De acordo com Mateus, Cristo fez três orações naquela noite enquanto no jardim do Getsêmani, e todas sobre este assunto, o cálice amargo que Ele devia beber.”

“Alguns têm perguntado, o que ocasionou aquela angústia e agonia, e muitas especulações têm existido sobre isso, mas o relato que a própria Escritura nos dá é suficientemente completo nesta matéria, e não deixa espaço para a especulação ou dúvida. A única coisa pela qual a mente de Cristo estava tão cheia naquela momento era, sem dúvida, o mesmo com que a Sua boca estava tão cheia; era o receio que Sua fraca natureza humana tinha daquele cálice terrível, que era muito mais terrível do que fornalha ardente de Nabucodonosor.”

“Ele teve, então, uma visão próxima da fornalha de ira, na qual Ele devia ser lançado; Ele foi levado para a boca da fornalha para que Ele pudesse olhar para ela, e permanecer e ver as chamas furiosas, e ver as brasas de Seu calor, a fim de Ele pudesse conhecer para onde estava indo e o que Ele estava prestes a sofrer. Isto foi o que encheu a Sua alma de tristeza e escuridão, esta visão terrível como a que o dominou.”

“[...] o próprio Cristo diz sobre isso, Ele que não era acostumado a aumentar as coisas para além da verdade. Ele diz: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo” (Mateus 26:38). Que linguagem poderia expressar mais fortemente o mais extremo grau de tristeza? Sua alma não estava apenas “triste”, mas “cheia de tristeza”; e não somente isso, mas porque isso não expressa plenamente o nível de Sua tristeza, Ele acrescenta, “até a morte”; o que parece sugerir que as próprias dores e sofrimentos infernais, da morte eterna, haviam se apossado dEle. Os Hebreus estavam acostumados a expressar o maior nível de tristeza que qualquer criatura pudesse passar pela frase: a sombra da morte. Cristo tinha agora, por assim dizer, a sombra da morte trazida sobre a Sua alma pela visão próxima que Ele tinha do cálice amargo, que agora estava posto diante dEle.”

“A partir do efeito que isso teve sobre Seu corpo, causando aquele suor de sangue que lemos no texto. Em nossa tradução diz-se, que “o Seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão”. A palavra traduzida como “grandes gotas” é no original θρόμβοι thómboi, que significa propriamente caroços ou coágulos; pois podemos supor que o sangue que foi pressionado para fora através dos poros de Sua pele pela violência daquela luta interna e conflito, de forma que quando chegou a ser exposto ao ar fresco da noite, congelou e endureceu, como é a natureza do sangue, e por isso caiu dEle não em gotas, mas em coágulos. Se o sofrimento de Cristo houvesse ocasionado apenas um suor violento, isto teria mostrado que Ele estava em grande agonia; isso deve ser um sofrimento extraordinário e um exercício da mente que faz com que o corpo esteja todo suado e exposto ao ar livre, em uma noite fria, como era aquela, como é evidente em João 18:18: “Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também”. Essa era a noite em que Cristo teve a Sua agonia no jardim. Mas a angústia e tristeza interior de Cristo não foram meramente as causas que o levaram a um suor violento e universal, mas, o que o fez suar sangue. A aflição e a angústia de Seu espírito eram tão indescritivelmente extremas como para forçar o sangue através dos poros de Sua pele, e isto tão abundantemente como a cair em grandes coágulos ou gotas de Seu corpo ao chão.”

“Deus em primeiro lugar, o trouxe e o colocou na boca da fornalha, para que Ele pudesse olhar para dentro, e permanecer e ver as ardentes e furiosas chamas, e pudesse ver para onde estava indo, e pudesse entrar voluntariamente nela e suportá-la pelos pecadores, como alguém que sabe do que se trata. Essa visão Cristo teve em Sua agonia. Em seguida, Deus trouxe o cálice que Ele devia beber, e o colocou diante dEle, para que Ele tivesse uma visão completa do mesmo, e pudesse  contemplar o que o mesmo era antes que Ele tomasse e bebesse. Se Cristo não tivesse totalmente conhecido o que o horror daqueles sofrimentos eram, antes que Ele os levasse sobre Si, Seu tomá-los sobre Si mesmo não poderia ter sido totalmente Seu ato próprio como homem; não poderia ter havido nenhum ato explícito de Sua vontade sobre o que Ele era ignorante; não poderia ter havido nenhum julgamento adequado, se Ele estaria disposto a submeter-se a tais sofrimentos terríveis ou não, a menos que Ele soubesse de antemão quão terrível eles eram; mas quando viu que eles eram, por ter oferecida a Ele uma visão extraordinária deles, e, em seguida, aceitou suportá-los; então, Ele agiu como conhecendo o que Ele fez; assim, tomando esse cálice, e tendo tais sofrimentos terríveis, Cristo tomou uma decisão de uma escolha explícita; e assim o Seu amor para com os pecadores, esta escolha dEle foi maravilhosa, como também a Sua obediência a Deus nela.”

“A própria visão desses últimos sofrimentos foi tão terrível quanto a afundar Sua alma dentro da escura sombra da morte; sim, tão terrível foi isso, que no doloroso conflito que a Sua natureza teve com eles, Ele esteve todo em suor sangrento, Seu corpo foi todo coberto de sangue coagulado, e não apenas o Seu corpo, mas o próprio chão debaixo dEle com o sangue que dEle caíra, que havia sido forçado através de Seus poros pela violência de Sua agonia. E se apenas a visão do cálice era tão assombrosa, quão terrível foi o próprio cálice, como muito além de tudo o que pode ser pronunciado ou concebido! Muitos dos mártires sofreram torturas extremas, mas a partir do que foi dito, há todas as razões para pensar que todos aqueles foram um mero nada comparados aos últimos sofrimentos de Cristo na cruz. E o que foi dito oferece um argumento convincente de que os sofrimentos que Cristo suportou em Seu corpo na cruz, embora eles fossem mui terríveis, ainda foram a menor parte de Seus últimos sofrimentos; e que, ao lado desses, Ele suportou sofrimentos em Sua alma, que foram muito maiores. Pois se fossem apenas os sofrimentos que Ele suportou em Seu corpo, apesar de serem muito terríveis, não podemos conceber que a mera antecipação deles teria tal efeito sobre Cristo. Muitos dos mártires, pelo que sabemos, têm sofrido torturas tão graves em Seus corpos, como Cristo fez. Muitos dos mártires foram crucificados, como Cristo foi; e ainda assim as Suas almas não foram tão oprimidas. Não houve evidência dessa incrível tristeza e aflição de espírito, nem na antecipação de Seus sofrimentos, ou na real duração deles.”

“O sofrimento a que Ele, então, foi realmente sujeito, foi terrível e assombroso, como foi demonstrado; e quão maravilhoso foi o Seu amor, que ainda permaneceu e foi confirmado! O amor de qualquer mero homem ou anjo sem dúvida teria afundado sob tal peso, e nunca teria sofrido um conflito em um suor tão sangrento como o de Jesus Cristo. A angústia da alma de Cristo naquele tempo foi tão forte a ponto de causar esse efeito maravilhoso em Seu corpo. Mas o Seu amor aos seus inimigos, miseráveis e indignos como eram, foi ainda mais forte. O coração de Cristo, nesse momento estava cheio de angústia, todavia era mais cheio de amor por vermes desprezíveis: Suas tristezas abundavam, mas o Seu amor superabundou. A alma de Cristo foi esmagada com um dilúvio de sofrimento, mas isto ocorreu a partir de um dilúvio de amor por pecadores em Seu coração, suficiente para transbordar o mundo, e sobrepujar as mais altas montanhas de Seus pecados. Essas grandes gotas de sangue que corriam ao chão foram uma manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo.”

“Isso foi com a última consideração do que Cristo faria; como se então, fosse dito a Ele: “Aqui está o cálice que você deve beber, a menos que você desista de Seu compromisso pelos pecadores, e deixe-os perecer como eles merecem. Você tomará esse cálice, e o beberá por eles, ou não? Há uma fornalha na qual você está para ser lançado, para que eles possam ser salvos; ou eles devem perecer, ou você tem que suportar isso por eles. Ali você vê quão terrível é o calor do forno; você vê qual a dor e angústia que você deve suportar no dia seguinte, a menos que você desista da causa dos pecadores. O que você fará? É tanto o Seu amor que você prosseguirá? Você lançar-se-á nesta terrível fornalha de ira?”A alma de Cristo foi esmagada com o pensamento; Sua frágil natureza humana afundou diante da triste visão. Isto o colocou nessa terrível agonia que ouviste descrita; mas Seu amor pelos pecadores resistiu. Cristo não passaria por esses sofrimentos desnecessariamente, se os pecadores pudessem ser salvos sem [eles]. Se não houvesse uma necessidade absoluta de sofrê-los para a salvação deles, Ele desejaria que o cálice passasse dEle. Mas, se os pecadores, em quem Ele havia fixado o Seu amor, não pudessem, de acordo com a vontade de Deus, ser salvos sem que Ele o bebesse, Ele escolheu que a vontade de Deus fosse feita. Ele optou por seguir em frente e suportar o sofrimento, terrível como Ele apareceu para Ele.”

CONTINUA...


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UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.htmlDeus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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