O material abaixo é parte de um livro
escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:
Fonte: CCEL.org │ Título
Original: “Christ’s Agony”
As citações bíblicas
desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila
Almeida │ Revisão William Teixeira
facebook.com/oEstandarteDeCristo
Issuu.com/oEstandarteDeCristo
A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards
“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –
CONTINUAÇÃO...
Em Segundo lugar, pelo que foi
que Cristo buscou tão ardentemente de Deus nesta oração.
Eu respondo em uma frase: era que
a vontade de Deus fosse feita, no que se refere aos Seus sofrimentos. Mateus
oferece este relato expresso sobre isso, na própria linguagem da oração que foi
já fora recitada várias vezes: “Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim
sem que eu o beba, seja feita Sua vontade!” Esta é uma entrega, e uma expressão
de submissão; mas não é apenas isso. Tais palavras, “seja feita a Sua vontade”,
como elas são mais comumente usadas, não são entendidas como uma súplica ou
pedido, mas apenas como uma expressão de submissão. Mas as palavras nem sempre
devem sempre ser entendidas neste sentido na Escritura, mas às vezes devem ser
entendidas como um pedido. Assim, elas devem ser entendidas na terceira petição
da Oração do Senhor “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Ali
as palavras são compreendidas tanto como uma expressão de submissão, e também
um pedido, como elas são explicados no Catecismo de Westminster, e assim as
palavras devem ser entendidas aqui. O evangelista Marcos diz que Cristo saiu de
novo e falou as mesmas palavras que Ele havia falado em Sua primeira oração
(Marcos 14:39). Mas, então, nós devemos entender isso como as mesmas palavras da
última parte de Sua primeira oração: “não seja, porém, o que eu quero, mas o
que tu queres”, como mostra o relato mais completo e minucioso de Mateus. Assim
que a coisa mencionada no texto, pelo que Cristo estava lutando com Deus nesta
oração, era que a vontade de Deus fosse feita no que refere aos Seus
sofrimentos.
Mas, então, outro inquérito pode
surgir aqui, a saber: o que está implícito em Cristo orando para que a vontade
de Deus fosse feita no que refere aos Seus sofrimentos? A isto eu respondo,
[1.] Isto implica um pedido para
que Ele fosse fortalecido e apoiado, e habilitado para fazer a vontade de Deus,
passando por esses sofrimentos. O mesmo como quando Ele diz: “Eis aqui venho
(No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade”
[Hebreus 10:7]. Foi da vontade preceptiva de Deus que Ele tomasse esse cálice e
bebesse; foi a ordem do Pai para Ele. O Pai lhe deu o cálice, e como que foi
estabelecido diante dEle com a ordem que Ele deveria beber. Este foi o maior
ato de obediência que Cristo devia executar. Ele ora por força e auxílio, para
que a Sua pobre natureza humana fraca fosse apoiada, para que Ele não falhasse
nessa grande prova, para que Ele não afundasse e fosse engolido, e que Sua
força superasse em muito, que Ele não aguentasse, e terminasse a obediência
indicada. Esta foi a única coisa que Ele temia, do qual o apóstolo fala no
capítulo 5 de Hebreus, quando Ele diz, “ele foi ouvido quanto ao que temia”.
Quando Ele teve um senso tão extraordinário do horror dos Seus sofrimentos
impressos em Sua mente, o medo disso O assombrava. Ele estava com medo de que
Sua pobre fraca força fosse superada, e que Ele falhasse em uma tão grande
provação, que Ele fosse engolido por aquela morte que Ele estava para morrer, e
assim, não fosse salvo da morte; e, portanto, Ele se ofereceu com grande clamor
e lágrimas, Àquele que era capaz de fortalecê-Lo, e aboiá-lo, e salvá-Lo da
morte, para que a morte que devia sofrer não pudesse superar o Seu amor e
obediência, mas que Ele pudesse vencer a morte, e ser salvo dela. Se a coragem
de Cristo falhasse no teste, e Ele não resistisse sob Seus sofrimentos de
morte, Ele nunca teria sido salvo da morte, mas Ele teria afundado no lamaçal
profundo; Ele nunca teria ressuscitado dentre os mortos, pois a Sua ressurreição
dos mortos foi uma recompensa por Sua vitória. Se Sua coragem houvesse falhado,
e Ele tivesse desistido, Ele teria permanecido debaixo do poder da morte, e por
isso todos nós teríamos perecido, teríamos ainda permanecido em nossos pecados.
Se Ele tivesse falhado, tudo teria falhado. Se Ele não tivesse superado esse
conflito doloroso, nem Ele nem nós poderíamos ter sido libertados da morte,
todos nós teríamos morrido juntos. Portanto, esta foi a preservação da morte
que o apóstolo fala, que Cristo temia e orava, com grande clamor e lágrimas.
Seu Ser superado pela morte era a única coisa que Ele temia, e por isso Ele foi
ouvido quanto ao que temia. Este Cristo orou, para que a vontade de Deus fosse
realizada em Seus sofrimentos, mesmo para que Ele não deixasse de obedecer a
vontade de Deus em Seus sofrimentos; e, portanto, isso segue no versículo
seguinte naquela passagem de Hebreus: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência,
por aquilo que padeceu”. Que foi a este respeito que Cristo em Sua agonia orou
tão fervorosamente, para que a vontade de Deus fosse feita, ou seja, que Ele
tivesse força para cumprir a Sua vontade, e não afundasse e falhasse em tais
grandes sofrimentos; é confirmado pelas Escrituras do Antigo Testamento, como
particularmente a partir do Salmo 69. O salmista representa a Cristo neste
salmo, como é evidente pelo fato de que as palavras do salmo são representadas
como as palavras de Cristo em muitos lugares do Novo Testamento. Esse salmo é
representado como a oração de Cristo a Deus quando Sua alma estava
profundamente triste e assombrada, como foi em Sua agonia; como você pode ver
no 1º e 2º versículos: “Livra-me, ó Deus, pois as águas
entraram até à minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode
estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva”.
Mas, então, a única coisa que é representada como sendo o que Ele temia, estava
falhando, e sendo oprimido, nesta grande provação: Versículos 14 e 15: “Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me
odeiam, e das profundezas das águas. Não me leve a corrente das águas, e não me
absorva ao profundo, nem o poço cerre a Sua boca sobre mim”. Então,
novamente no Salmo 22, que também é representado como a oração de Cristo sob
Suas terríveis dores e sofrimentos, nos versículos 19, 20 e 21: “Mas tu, Senhor, não te alon-gues de mim. Força minha, apressa-te em
socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e a minha predileta da força do cão.
Salva-me da boca do leão”. Mas foi oportuno e adequado que Cristo,
quando prestes a se envolver em terrível conflito, buscasse, assim,
sinceramente a ajuda de Deus para capacitá-lo a fazer a Sua vontade; pois Ele
precisava da ajuda de Deus – a força de Sua natureza humana, sem a ajuda
Divina, não era suficiente para sustentá-Lo completamente. Isto foi, sem
dúvida, no que o primeiro Adão falhou em Sua primeira provação, de forma que
quando a provação chegou, Ele não estava consciente de Sua própria fraqueza e
dependência. Se Ele tivesse sido, e se inclinado em Deus, e clamado por Ele,
por Sua ajuda e força contra a tentação, muito provavelmente teríamos
permanecido criaturas inocentes e felizes até hoje.
[2.] Isso implica um pedido para
que a vontade e o propósito de Deus fossem obtidos nos efeitos e frutos de Seus
sofrimentos, na glória de Seu nome, que foi o Seu projeto em si; e,
particularmente, na glória de Sua Graça, na salvação eterna e bem-aventurança
de Seus eleitos. Isto é confirmado por João 12:27-28: “Agora a minha alma está
perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta
hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o
tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”. Ali, o primeiro
pedido é o mesmo primeiro pedido de Cristo aqui em semelhante tribulação:
“Agora está a minha alma perturbada; e que direi eu Pai, salva-me desta hora”
Ele ora em primeiro lugar, como Ele faz aqui, para que pudesse ser salvo de
Seus últimos sofrimentos. Em seguida, depois que foi determinado dentro de si
mesmo que a vontade de Deus era de outra forma, que Ele não fosse salvo daquela
hora, “mas para isto”, diz Ele, “vim a esta hora”, e então, Seu segundo pedido
após este é: “Pai, glorifica o teu nome!” Portanto, isto é, sem dúvida, o
significado do segundo pedido em Sua agonia, quando Ele orou para que a vontade
de Deus fosse feita. Isto é, que a vontade de Deus fosse feita naquela glória
de Seu próprio Nome que Ele pretendia nos efeitos e frutos de Seus sofrimentos,
para que, vendo que era Sua vontade que Ele deveria sofrer, Ele sinceramente
ora para que a finalidade de Seu sofrimento, na glória de Deus e salvação dos
eleitos, não pudesse falhar. E estas são as coisas pelo que Cristo tão
sinceramente lutou com Deus em Sua oração, do que temos um relato no texto, e
não temos nenhuma razão para pensar que eles não foram expressos em oração, bem
como indicados. Não é razoável supor que o evangelista em Seu outro relato dos
eventos mencione todas as palavras da oração de Cristo. Ele apenas menciona a
substância.
III. Em que capacidade
Cristo oferece aquelas orações fervorosas a Deus em Sua agonia?
Em resposta a este inquérito,
observo que Ele lhes ofereceu não como uma pessoa particular, mas como sumo
sacerdote. O apóstolo fala de grande clamor e lágrimas, como os que Cristo
elevou como sumo sacerdote. Hebreus 5:6-7 “Como também diz, noutro lugar: Tu és
sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. O qual, nos dias da
Sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas [...]” As coisas
pelas quais Cristo orou naqueles fortes clamores, eram coisas que não possuem
um caráter particular, mas de interesse comum a toda a Igreja da qual era o
sumo sacerdote. Que a vontade de Deus fosse feita em Sua obediência até à
morte, que Sua força e coragem não falhassem, mas que Ele suportasse, era de
interesse comum; pois, se Ele tivesse falhado, tudo teria falhado e pereceria
para sempre. E é claro, que o fato de que o nome de Deus fosse glorificado nos
efeitos e frutos de Seus sofrimentos, e na salvação e glória de todos os Seus
eleitos, era algo de interesse comum. Cristo ofereceu aqueles fortes clamores
com a Sua carne, da mesma maneira que os sacerdotes de antigamente tinham o
costume de oferecer orações com os Seus sacrifícios. Cristo misturou grande
clamor e lágrimas, com Seu sangue, e por isso ofereceu o Seu sangue e Suas orações
em conjunto, para que o efeito e o sucesso de Seu sangue fossem obtidos. Tais
intensas orações agonizantes foram oferecidas com o Seu sangue, e Seu sangue
infinitamente precioso e meritório foi oferecido com as Suas orações.
IV. Por que Cristo foi tão
intenso naquelas súplicas? Lucas fala delas como muito intensas; o apóstolo
fala deles como grande clamor; e Sua agonia, em parte, consistiu nesta
intensidade, e o relato que Lucas nos oferece, parece implicar que o Seu suor
sangrento era, em parte, pelo menos, pelo grande trabalho e intenso sentido de
Sua alma em lutar com Deus em oração. Havia três coisas que concorreram naquela
época, especialmente para fazer com que Cristo fosse assim, intenso e
comprometido.
[1.] Ele teve nessa ocasião um
extraordinário senso de quão terrível a consequência seria, se a vontade de
Deus deixasse de ser feita. Ele teve, então, um extraordinário senso de Seu
próprio último sofrimento sob a Ira de Deus, e se Ele tivesse falhado naqueles
sofrimentos, Ele sabia que a consequência seria terrível. Ele tem agora uma
visão tão extraordinária do assombro da Ira de Deus, o Seu amor pelos eleitos
tende a tornar mais do que ordinariamente sério que eles pudessem ser libertos
do sofrimento daquela ira por toda a eternidade, o que não poderia ter sido se
Ele tivesse falhado em fazer a vontade de Deus, ou se a vontade de Deus no
efeito de Seu sofrimento houvesse falhado.
[2.] Não é de admirar que esse
extraordinário senso que Cristo teve nessa ocasião do alto preço dos meios de
salvação de pecadores, fê-lo muito intenso pelo sucesso desses meios, como você
já ouviu.
[3.] Cristo teve um
extraordinário senso de Sua dependência de Deus, e de Sua necessidade de Sua
ajuda para capacitá-Lo a fazer a vontade de Deus nesta grande provação. Embora
Ele fosse inocente, ainda assim Ele precisava de ajuda Divina. Ele era
dependente de Deus, como homem, e, portanto, lemos que Ele confiava em Deus.
Mateus 27:43: “Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque
disse: Sou Filho de Deus”. E quando Ele teve uma visão
extraordinária do pavor daquela Ira que Ele devia sofrer, Ele viu o quanto isso
estava além da força apenas de Sua natureza humana.
V. Qual foi o sucesso
desta oração de Cristo?
A isso respondo, Ele obteve todos
os Seus pedidos. O apóstolo diz: “Ele foi ouvido quanto ao que temia”; em tudo
o que Ele temia. Ele obteve a força e a ajuda de Deus, tudo o que Ele
precisava, e foi realizado. Ele foi capaz de cumprir e de sofrer toda a vontade
de Deus; e obteve todo o fim de Seus sofrimentos – uma plena expiação pelos
pecados de todo o mundo, e para a salvação completa para cada um daqueles que
foram dados a Ele na promessa da Redenção, e tudo o que glorifica o nome de
Deus, que em Sua mediação foi projetada para realizar, nem um jota ou um til
falhou. Aqui Cristo em Sua agonia foi, acima de todos os outros, antítipo de
Jacó, em Sua luta com Deus por uma bênção; em que Jacó o fez, não como uma
pessoa particular, mas como chefe de Sua posteridade, a nação de Israel, e pelo
que Ele obteve aquele louvor de Deus: “como príncipe lutaste com Deus” [Gênesis
32:28], e disso, foi um tipo daquele que era o Príncipe dos príncipes.
CONTINUA...
OUTRAS PARTES DESSE ESTUDO PODERÃO SER VISTAS POR MEIO DOS LINKS ABAIXO
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE
ESTUDO PARTE 001
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 002
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 003
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 004
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 005
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 006 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 007 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/10/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 008 —
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 009 —
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 010 — APLICAÇÃO 001
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002
UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário