Essa é uma série na qual pretendemos,
dentro do possível, discutir alguns dos mais insidiosos pecados que ameaçam
nossas almas. Trata-se de ações ou reações que caracterizam um coração perverso
diante de Deus, algo com o que muitos personagens bíblicos tiveram que lutar,
mas que pela graça de Deus conseguiram vencer. Nós também, como seres humanos
iguais a eles estamos sujeitos a enfrentar esses mesmos pecados e temos que entender
como essas situações funcionam, para poder lançar mão da graça de Deus e vencer
as mesmas. A SÉTIMA questão que devemos analisar é:
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7. A IMPACIÊNCIA — PARTE 004
A questão da impaciência
levanta por fim, um importante aspecto de nossas vidas: se amamos
verdadeiramente a Deus ou ao mundo. O apóstolo João já nos advertiu dos perigos
de amar o mundo, quando disse:
1 João 2:15—17
15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no
mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência
da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
Jesus mesmo nos advertiu que
dividir a atenção que devemos a Deus e ao próprio Senhor Jesus é algo
impossível de ser realizado. Fazemos apenas papel de tolos, todas as vezes que
tentamos agir desse modo:
Mateus 6:24
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Marcos 10:37—38
37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim
não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é
digno de mim;
38 e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é
digno de mim.
A conclusão a que tudo isso nos
leva é a seguinte: NÓS SEMPRE SERVIMOS AQUILO QUE ADORAMOS.
O verdadeiro combate da fé é
travado entre aquilo que mais amamos. É um combate entre a comunhão eterna com
Deus ou as recompensas passageiras do mundo. Na passagem de 1 João mencionada
acima, cada um de nós pode encontrar a forma como Deus deseja que caminhemos.
Vamos então fazer uma análise
mais detalhada de 1 João 2:15—17 —
Nesses versos nós vamos
encontrar uma descrição do mundo e instruções acerca de como a igreja deve se
comportar com relação ao mesmo. O apóstolo João usa a expressão grega κόσμος — kósmos —
mundo, das seguintes maneiras:
1. O
Universo organizado — João 17:5; o Planeta Terra, talvez — João 21:25.
2. Como
metonímia[1],
os habitantes humanos do Planeta Terra, ou seja, a humanidade ou o ambiente
onde a humanidade se movimenta e onde acontecem os eventos históricos relativos
aos humanos, à raça humana e a estrutura social da humanidade — João 16:21.
3. O
público em geral — João 7:4. O mesmo uso ocorre também, talvez, em João 14:22.
4. No sentido ético, o termo
descreve a humanidade alienada da vida de Deus, pecaminosa, sob o severo juízo
de Deus e precisando de salvação — João 3:19! Esta é a definição ou uso mais
importante feito pelo apóstolo João.
5. O
mesmo uso indicado no item 4 acima, com a ideia adicional de que não existe
nenhuma distinção com respeito à raça ou nacionalidade. Assim o termo é usado
para descrever seres humanos de todas as raças, línguas e nações, sejam judeus
sejam gentios — João 4:42. O mesmo uso ocorre, provavelmente, em João 1:29;
3:16—17; 6:33, 51; 8:12; 9:5; 12:46; ver também 1 João 2:2; 4:14—15. Todos
estes versos precisam ser entendidos à luz de
João 12:32 que
diz —
E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.
Para
o apóstolo João como para todos os outros autores do Novo Testamento não havia,
da perspectiva do pecado, nenhuma diferença diante de Deus entre judeus e
gentios.
6. A
jurisdição ou extensão do mal. O sentido é o mesmo no item de #4 com a seguinte
ideia adicional: uma hostilidade aberta contra Deus, Seu Filho Jesus Cristo e o
Povo de Deus — João 7:7; 8:23; 12:31; 14:30; 15:18—19; 17:9, 14.
Em
nosso texto central — 1 João 2:15—17 — João efetua uma mudança no que vinha
falando, de uma “exortação”, para uma advertência acerca do comportamento dos
crentes. O tempo verbal que caracteriza esses versículos não é o indicativo e
sim o imperativo: Não ameis o mundo.
Os cristãos receberam uma grande herança ao receberem o perdão dos seus
pecados, a reconciliação e a comunhão com o próprio Deus e o poder de vencer
tanto o diabo como o próprio pecado em suas vidas. Mas nada disso indica que
estamos livres das tentações. Pelo contrário, as tentações existem e muitas
vezes podem arruinar nossas vidas se nós deixarmos que isso aconteça.
O
mandamento para não amarmos o mundo está baseado em dois argumentos principais:
1) a
incompatibilidade entre o amor ao mundo e o amor ao nosso Pai celestial — 1
João 2:15—16;
2) a
transitoriedade do mundo contrastada com a eternidade daquele que obedece a
Palavra de Deus — 1 João 2:17.
Bem
vamos analisar cada um desses três versos em separadamente.
1
João 2:15 —
Não
ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele.
Muitas
pessoas sentem-se intrigadas acerca de como é possível reconciliar esse verso
como o que está afirmado em –
João 3:16 —
Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Para dirimir esse impasse é
necessário ler nossas definições acerca da palavra grega κόσμος — kósmos — conforme estão acima. Ali nós alistamos
seis maneiras diferentes em que essa expressão é usada, pelo apóstolo João em
seus escritos. Assim falamos do κόσμος — kósmos — como representando os seres humanos que vivem no
planeta terra e sabemos que tais pessoas precisam ser amadas e alcançadas como
compaixão, graça e misericórdia. Por outro lado vimos também que essa mesma
expressão é usada para designar, no sentido ético, a humanidade alienada da
vida de Deus, pecaminosa, sob o severo juízo de Deus e precisando de salvação —
João 3:19! Essa é a definição ou uso mais importante feito pelo apóstolo João.
Mas ainda podemos adicionar o seguinte: A jurisdição ou extensão do mal: uma
hostilidade aberta contra Deus, Seu Filho Jesus Cristo e o Povo de Deus. E é
nesse sentido que João nos ordena a não amar o mundo. João 3:16 tem a ver com a
necessidade de amar o mundo perdido. Já 1 João 2:15 tem a ver com não deixarmos
nos envolver com a pecaminosidade do mesmo.
Nesse
mesmo contexto, o cristão é ordenado a amar tanto a Deus quanto os membros da
comunidade.
1 João 2:5
Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra,
nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que
estamos nele.
1 João 2:10
Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e
nele não há nenhum tropeço.
Mas aqui somos ordenados,
explicitamente a não amar o mundo, ou a não nos identificar com suas práticas
pecaminosas, seus cuidados e suas paixões. A expressão “amar” é bastante
adequada nesse contexto tanto no aspecto positivo quanto no negativo, porque
não se trata de uma emoção incontrolável e sim de uma devoção estável da nossa
vontade. A razão porque somos ordenados a não amar o mundo é porque o amor ao
Pai celestial e o amor ao mundo são completamente incompatíveis, e mutuamente
excludentes. Se uma pessoa se ocupa com o mundo e seus cuidados, que são
acintosamente contrários à pessoa de Cristo, é evidente que tal indivíduo não
tem amor pelo Pai. Tiago nos diz o seguinte:
Tiago 4:4
Infiéis, — Infiéis; no original, adúlteras, isto
é, os que são desleais para com Deus — não compreendeis que a amizade do mundo
é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se
inimigo de Deus.
Jesus também fez claras
referências ao fato que não podemos servir a dois senhores:
Mateus 6:24
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Lucas 16:13
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Dessa forma, temos que: se não
podemos servir a Deus e às riquezas simultaneamente, do mesmo modo não podemos
servir o Pai e o mundo simultaneamente.
1 João 2:16
Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas
procede do mundo.
A frase de João omite uma
importante verdade, porque ele não está interessado nela nesse contexto. Essa
verdade tem a ver com o fato de que: se existe algo nesse mundo — no sentido de
mundo criado por Deus — que pertence ao Pai por direito, por ter sido Ele quem
as criou e a Ele devem sua existência, então nós podemos amar essas coisas.
Mas, no sentido que João cita essas coisas como “Porque tudo que há no mundo”, como algo que “procede do mundo”, então não podemos amar absolutamente nada que
esteja nessa categoria. João escolhe fazer algumas menções especiais:
1) A concupiscência da carne.
2) A concupiscência dos olhos.
3) A soberba da vida.
De acordo com C. H. Dodd[2]
essas três escolhas feitas por João, parecem as marcas essenciais da vida pagã,
ou da vida sem o conhecimento do Deus verdadeiro. A primeira
A concupiscência da carne — descreve os desejos da nossa
natureza caída e pecaminosa, vivendo no mundo dominado pelo próprio diabo, onde
a mesma encontra plena liberdade para se manifestar. Deve ser algo notável por
todos que no breve espaço de apenas três versículos — 1 João 2:14—16 — João menciona tanto o Maligno, como o Mundo e
também a carne.
A segunda escolha de João —
A concupiscência dos olhos — parece indicar as muitas
tentações que nos assaltam, não a partir do nosso interior, mas vindas do
exterior, por meio dos nossos olhos. Essa é nossa tendência de nos deixar
cativar pelo show externo, sem questionarmos absolutamente nada acerca do
verdadeiro valor de tais coisas. Como Eva em
Gênesis 3:6
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer,
agradável aos olhos.
nós também deixamos nos seduzir
com facilidade por aquilo que vemos. Outros casos óbvios são os de Acã, acerca
do qual lemos em —
Josué 7:21
Quando vi entre os despojos uma boa capa
babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinquenta
siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da
minha tenda, e a prata, por baixo.
E também o caso do próprio
Davi, conforme a descrição que temos em
2 Samuel 11:2
Uma tarde, levantou-se Davi do seu leito e andava
passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho;
era ela mui formosa.
Os três casos acima — Eva, Acã
e Davi — representam o amor pela beleza desprovido do amor pela bondade. É o
amor maniqueísta — onde os fins justificam os meios — e a manifestação suprema
do egoísmo, que é frontalmente contrária a Deus.
A soberba da vida — Essa é, sem sombra de dúvida
a mais difícil de todas as três expressões. A língua grega tem duas palavras
para expressar o sentido de vida:
ζωὴ — zoì — o estado
de alguém que está cheio de vitalidade ou é animado.
βίοσ — bíos —
vida num sentido amplo. Vida em seu estado presente e concreto de manifestação.
Essa
mesma expressão βίοσ — bíos — vida num sentido amplo aparece novamente em
1 João 3:17
Ora, aquele que possuir recursos — recursos aqui é
βίοσ — bíos — no
original — deste mundo, e vir a seu irmão padecer
necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de
Deus?
Nesse sentido a expressão é
traduzida como “recursos” no sentido que são recursos necessários para o
sustento da vida. A expressão “aquele” no verso acima reflete uma pessoa
presunçosa — no grego é ἀλαζόνας — alazónas — como em Romanos 1:30;
jactanciosa, como em 2 Timóteo 3:2 ou pretensioso, como em Tiago 4:16. Trata-se
de uma pessoa que deseja impressionar os outros com algo vazio, algo que não
tem valor. Os bens dessa terra são necessários para nosso sustento, mas não
possuem valor algum na eternidade, porque não são, absolutamente, necessários.
A soberba da vida é, portanto, uma arrogância ou
vanglória da parte de uma pessoa que tem como base as circunstâncias externas
que tal pessoa experimenta nessa vida. Podemos estar falando de riquezas, de
posição nalgum tipo de hierarquia, ou ricas vestimentas que conduzem a pessoa a
uma “ostentação pretensiosa”. Reflete o desejo de “brilhar” ou de “brilhar
mais” que as outras pessoas.
Não são poucos os comentaristas
que enxergam essa trindade da perversidade manifestada nas tentações sofridas
por Cristo no deserto e mais ainda, na tentação sofrida por Eva no Éden —
conforme Gênesis 3:6. Mas devemos afirmar que nenhum paralelo é próximo o
bastante para supormos uma alusão deliberada e intencional da parte de João.
Também não percebemos nenhuma correspondência óbvia entre esses aspectos do
mundo e os três principais vícios que ocupam lugar proeminente na ética do
mundo antigo e medieval. Esse vícios eram: Voluptia,
Avaritia e Superbia ou Prazer, Cobiça e Orgulho.
Em resumo, podemos afirmar que
esses três vícios apontados por João, incluem duas cobiças e uma vanglória. Tratam
de duas formas de depravação que surgem de dentro de nós mesmos e da nossa
própria vontade e uma resulta das nossas posses, independentemente da sua
natureza. Assim temos: desejos
pecaminosos por coisas que não temos, mas desejamos ter e arrogância por causa
das coisas que temos, mesmo que elas sejam vazias! Podemos finalizar dizendo que
esses três vícios têm a ver com: desejos baixos, egoísmo e valores falsos. Daí
a ordem de Deus de evitar os mesmos.
1 João 2:17
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
A segunda razão para não
amarmos o mundo — a primeira foi que se amarmos o mundo o amor do Pai não
poderá estar em nós — é que Jesus inaugurou um novo tempo — o tempo do Reino de
Deus, do Espírito Santo vindo para habitar nos crentes e etc. — o que indica
que esse tempo presente está destinado a um fim catastrófico. O mundo, como as
trevas que existem nele já estão se desintegrando. No grego a mesma expressão παράγεται — parágetai — é usada tanto nesse verso,
traduzida por “passa”, quanto em 1 João 2:8 onde é traduzida por “dissipando”
conforme podemos ler em —
1 João 2:8
Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é
verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira
luz já brilha.
É nesse mesmo sentido, de algo
passageiro ou que está já passando, que Paulo cita o mundo em —
1 Coríntios 7:31
E os que se utilizam do mundo, como se dele não
usassem; porque a aparência deste mundo passa.
E todos os seres humanos que,
por meio das mais diversas cobiças se identificam com esse mundo, terminarão
exatamente, como o próprio mundo: ou seja, passarão junto com o mundo. Somente
uma classe de pessoas irá permanecer. Essa classe é descrita como a: “que faz a
vontade de Deus permanece eternamente”. Jesus deixou bem clara a
seguinte verdade —
Marcos 3:35
Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus,
esse é meu irmão, irmã e mãe.
A conclusão de João, portanto, é apenas lógica: os crentes em Cristo têm o direito de habitar no mesmo local onde Cristo habita —
João 8:35
O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim,
para sempre.
João 13:1—3
1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim.
2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim
não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.
3 E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei
e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.
Portanto, nós temos uma escolha
final para fazer, que está diante de nós, e que é entre Deus e o mundo ou as
cobiças do mundo e a vontade de Deus. Nós teremos uma vontade maior de obedecer
a vontade de Deus, se nos conscientizarmos que o mundo e suas cobiças são
transitórias e estão próximas do fim — 2 Coríntios 4:18.
Conclusão para o pecado da impaciência relacionada
com o que vimos em 1 João 2:15—17—
A passagem de 1 João que
acabamos de estudar é muito importante, porque é ela que nos fornece a chave
para que cada pessoa encontre a forma, exata, como Deus que quer que ela
caminhe.
Para que possa conhecer a
vontade de Deus o crente deve optar entre e Deus e o mundo e, claro, deve
preferir Deus ao mundo. Caso contrário não irá experimentar o amor do Pai em si
mesmo e acabará perecendo junto com o próprio mundo. Se o crente agir assim, quando
seu coração estiver triste, ele deverá esperar em oração que Deus mostre o
próximo passo a ser dado ou próximo curso de ação a ser seguido, para que
possa, desse modo, manter o amor do Pai em seu próprio coração. Todos as
pessoas que agem dessa maneira seja nas pequenas, como nas grandes decisões
demonstram que amam e confiam em Deus. A esse respeito é bom lembrar-nos das
palavras do Senhor Jesus Cristo, quando disse —
Mateus 7:21
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Nesse verso o Senhor está
falando acerca de falsos seguidores seus. E esses são mais numerosos do que
podemos imaginar. Esses são
aqueles que gostam muito de falar da vontade de Deus, mas não gostam de fazer
essa mesma vontade. É possível que alguns dos falsos seguidores tenham se
tornado em tais, porque ouviram e seguiram os falsos mestre citados em Mateus
7:15—20. Isso
é muito fácil de acontecer, porque muitas vezes o discurso dos falsos mestres é
coerente, bíblico até, mas a vida diária é outra história. O clamor desses
falsos seguidores — Senhor, Senhor — reflete certa veemência, mas o mesmo não
tem o sentido de soberano Senhor, e sim apenas de um mestre ou um tratamento
respeitoso. Depois da ressurreição de Jesus, a Igreja adotou esse termo grego Κύριε — Kúrie — Senhor como símbolo de
adoração e confissão da divindade do Senhor Jesus Cristo. Mas esses mencionados
aqui pretendem usar na eternidade o termo Senhor, quando em suas vidas diárias,
eles foram os senhores e senhoras absolutos de suas próprias vidas.
Assim, o que temos nesse verso é uma afirmação
clara que o fator determinante com relação a quem entra ou não no Reino de Deus
é a obediência à vontade de Deus, o Pai no sentido prático e não apenas na
forma de uma concordância mental ou até mesmo verbal —
Malaquias 1:6—8
6 O filho
honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra?
E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? —diz o SENHOR dos
Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em
que desprezamos nós o teu nome?
7 Ofereceis
sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado?
Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.
8 Quando
trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o
coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso,
terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos.
Lucas 6:46
Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o
que vos mando?
Examinemos, pois, não somente a
vida dos outros, mas especialmente nossas próprias vidas, para conferir se o
que pensamos e falamos é coerente com a forma como agimos. O fruto que
produzimos não está relacionado apenas ao que ensinamos, mas também como
vivemos. Desse modo, Jesus direciona essa verdade com toda força diretamente
para os nossos corações. Jesus condena a todos cujas palavras e atitudes não
casam de modo harmonioso. Mateus 7:21 nos mostra a primeira vez em que o termo πατρός — patrós — Pai é usado por Jesus nesse
evangelho, e desse modo, tal uso pode servir para sustentar a verdade ensinada
por toda a extensão do Sermão do Monte, de que Jesus afirma ser o único
Revelador verdadeiro da vontade do Pai. Desse modo, a vontade do Pai não pode
ficar restrita ao Antigo Testamento, mas inclui os novos aspectos ensinados
pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Devemos obedecer ao todo da revelação de
Deus.
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Que Deus nos abençoe a
todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
http://www.facebook.com/pages/O-Grande-Diálogo/193483684110775
Desde já agradecemos a todos.
[1]
Metonímia: Figura de linguagem que consiste em designar um objeto por palavra
designativa de outro objeto que tem com o primeiro uma relação de causa e
efeito - trabalho, por obra - de continente e conteúdo - copo, por bebida -
lugar e produto - porto, por vinho do Porto - matéria e objeto - bronze, por
estatueta de bronze - abstrato e concreto - bandeira, por pátria - autor e obra
- um Camões, por um livro de Camões - a parte pelo todo - asa, por avião etc.
[2] Dodd, C. H. Commentary on the
Johannine Epistles in The Moffat New
Testament Commentary. Hodder
& Stoughton, London,1946.
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