sábado, 21 de maio de 2016

A PROFECIA DAS SETENTA SEMANAS DE DANIEL - UMA EXEGESE DE DANIEL 9:23-26



Lucas 1:77 — Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados.

Esse verso traz a primeira referência ao perdão dos pecados no Evangelho de Lucas. É o Messias que traz a salvação. João Batista não podia perdoar pecados, mas Deus podia e isso foi feito de forma absoluta por meio de Cristo. Uma antiga profecia feita pelo profeta Daniel, entre os anos 600—500 a. C. tratava, de modo específico, da verdade relacionada ao perdão dos pecados com a vinda do Messias —

Daniel 9:23—26

23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão.

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.

25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.

Os versos acima nos apresentam a revelação divina do fato que um período fixo e pré-determinado de tempo foi estabelecido pelo próprio Deus para realizar tudo o que é necessário para libertar Seu povo de sua verdadeira escravidão — escravidão ao pecado — e para reconciliar esse mesmo povo com o Deus Eterno. Assim temos o seguinte:

Setenta semanas — No hebraico nos temos a seguinte expressão literal שָׁבֻעִים שִׁבְעִים shabu`iym shibe`iym — “setes setenta”. A expressão “setes” é geralmente traduzida por semanas, e no original a mesma está no início do verso conforme a maneira tradicional do hebraico, quando deseja indicar a ênfase em uma determinada frase. Esse número é o grande tema dessa passagem e esse é o motivo porque ele precede o substantivo no original. Na versão em português a ordem está invertida como podemos perceber. Isso posto, nós precisamos agora definir se as semanas mencionadas devem ser entendidas como semanas de dias ou se o autor, ao usar essa expressão, tinha a intenção de indicar outro período, como semanas de anos, por exemplo. O próprio Daniel nos mostra que quando deseja falar de dias ele usa expressões apropriadas como “tardes e manhãs” em 8:14 e “dias” em 10:2—3. A esse argumento outras considerações podem ser adicionadas. De acordo com Daniel 9:2, o profeta recebeu entendimento para compreender quanto tempo o cativeiro na Babilônia devia durar —

1. Daniel declara que entendeu que, de acordo com o profeta Jeremias, o cativeiro do povo judeu na Babilônia deveria durar 70 anos —

Jeremias 25:11

Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos.

Por que 70 anos de cativeiro? Porque durante 490 anos o povo de Israel não havia respeitado o mandamento do SENHOR de deixar a terra descasar um ano a cada sete anos, conforme a instrução clara contida em —

Êxodo 25:2—4

2 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, então, a terra guardará um sábado ao SENHOR.

3 Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos.

4 Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha.

Mas se a terra tinha que descansar 1 ano a cada sete, o que o povo iria comer durante o ano seguinte ao ano de descanso da terra? A resposta para essa pergunta envolve uma das mais ricas e preciosas promessas de Deus quando Ele diz —

Levítico 25:18—21

18 Observai os meus estatutos, guardai os meus juízos e cumpri-os; assim, habitareis seguros na terra.

19 A terra dará o seu fruto, e comereis a fartar e nela habitareis seguros.

20 Se disserdes: Que comeremos no ano sétimo, visto que não havemos de semear, nem colher a nossa messe?

21 Então, eu vos darei a minha bênção no sexto ano, para que dê fruto por três anos.

Mas Deus, além de fazer essa promessa, também advertiu o povo das graves consequências que sofreriam se não deixassem a terra descansar conforme o estabelecido acima —

Levítico 26:33—34

33 Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas.

34 Então, a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo, a terra descansará e folgará nos seus sábados.

Como sabemos o povo de Israel, na maior parte do tempo, nunca foi chegado à ideia de ser obediente ao SENHOR. Pelo contrário, sempre primou pela desobediência e o cronista que registrou a destruição de Jerusalém e o cativeiro babilônico une a necessidade da terra descansar com o cativeiro babilônico, conforme podemos ler em —

2 Crônicas 36:16—21

16 Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do SENHOR contra o seu povo, e não houve remédio algum.

17 Por isso, o SENHOR fez subir contra ele o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas, nem dos velhos nem dos mais avançados em idade; a todos os deu nas suas mãos.

18 Todos os utensílios da Casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da Casa do SENHOR e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou ele para a Babilônia.

19 Queimaram a Casa de Deus e derribaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram, destruindo também todos os seus preciosos objetos.

20 Os que escaparam da espada, a esses levou ele para a Babilônia, onde se tornaram seus servos e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia;

21 para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.

De tudo o que falamos acima, nós podemos ter certeza que o SENHOR não estava consolando o profeta Daniel prometendo que, em apenas 490 dias depois de serem restaurados na terra de Israel, a mesma seria destruída, ainda outra vez. Que tipo de consolo seria esse? Não, a profecia de Daniel acerca das 70 semanas se refere a 70 semanas de anos ou 490 anos, período idêntico usado por Deus para calcular os 70 anos de cativeiro, ou seja, 1 ano para cada 7 nos quais a terra não descansou — 70 X 7 = 490 anos.

Assim temos que as SETENTA SEMANAS ou os SETES SETENTA se referem a um período de 490 anos. Essa revelação foi trazida, diretamente do céu por um anjo para o profeta Daniel. O anjo prossegue dizendo —

Setenta semanas estão determinadas — Tal determinação corresponde a uma decisão judicial, mas ela não procede dum Juiz qualquer e sim do JUIZ por excelência. Isto é, procede do próprio Deus ETERNO. Foi o próprio Deus quem determinou esse período de tempo para concretizar seu propósito redentor.

Sobre — ou que diz respeito a. Essa expressão não indica que tal decisão seria colocada sobre o povo como um fardo e sim que a mesma era pertinente ao povo de Israel. Podemos parafrasear essas palavras da seguinte forma: No que diz respeito ao teu povo Daniel, setenta semanas estão determinadas para que a redenção divina seja concretizada.

O teu povo e sobre a tua santa cidade — Daniel havia acabado de orar pelo seu povo — ver Daniel 9:1—19 — e anjo reconhece o amor que Daniel tinha em seu coração pelo seu próprio povo e pela cidade de Jerusalém. Apesar de encontrar-se em ruínas, Jerusalém, por causa de seu passado e do seu futuro continua sendo a santa cidade. Muitos intérpretes querem, por causa da menção ao povo judeu e a santa cidade de Jerusalém, limitarem a abrangência da profecia como se a mesma dissesse respeito apenas ao povo judeu. Mas não acreditamos nessa restrição uma vez que, logo em seguida — Daniel 9:25 — encontramos uma menção acerca da vinda do Messias que, como sabemos, viria ser o salvador tanto de judeus como de não judeus. Além disso, temos o fato que a obra salvadora de Deus será consumada dentro desse período de 70 semanas de anos conforme —

Daniel 9:24—25

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.

25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

O propósito dos sete setes terem sido determinados por Deus está estabelecido de forma cristalina em seis curtas frases. As três primeira tratam da forma como o pecado será tratado e as três últimas das consequências do mesmo ter sido tratado. Assim temos:

Primeiro Grupo —

1. Para fazer cessar a transgressão

2. Para dar fim aos pecados

3. Para expiar a iniquidade


Segundo Grupo —

1. Para trazer a justiça eterna

2. Para selar a visão e a profecia

3. Para ungir o Santo dos Santos

Vamos então analisar cada uma dessas promessas individualmente —

1. Para fazer cessar a transgressão — Essa frase se refere aos pecados dos seres humanos que se encontram expostos diante de Deus. O que a mesma diz é que, por um decreto da graça divina, os pecados daqueles que aceitarem o Messias serão removidos de diante de Deus e eternamente cobertos e perdoados pelo sangue redentor do Messias. O perdão de pecados, nesse caso, inclui também todas as ações de rebeldia e traição contra Deus. Daniel já havia confessado esses pecados em sua oração como podemos ver em Daniel 9:5—11. Mas a alusão feita aqui não se refere, exclusivamente, à rebeldia e traição cometida pelo povo de Israel contra Deus, mas a todos os atos de rebeldia e traição cometidos também por nós.

2. Para dar fim aos pecados — Essa expressão significa que os pecados serão completamente removidos da presença eterna e gloriosa de Deus, quando o Messias vier.

3. Para expiar a iniquidade — Como podemos entender essa frase? Bem, podemos começar afirmando que a mesma faz referência ao aspecto moral da iniquidade. Expiar é o ato de oferecer uma satisfação aceitável para um determinado pecado — qualquer pecado.  Então temos: 1) Se aquele que executa o ato expiatório é um sacerdote, então o significado é o de oferecer um sacrifício expiatório a favor do pecador com o objetivo de produzir a reconciliação do mesmo com o Deus Santo e Todo-Poderoso por meio do perdão do pecado cometido; 2) Quando o sujeito é o próprio Deus, então o significado é perdoar ou cobrir completamente da vista. Exemplos do que estamos dizendo podem ser vistos em passagens como essas —

Levítico 19:22

Ali, na presença do SENHOR, o sacerdote oferecerá o carneiro a Deus e assim conseguirá o perdão do pecado que o homem cometeu.

2 Samuel 24:10

Mas, depois que Davi fez a contagem, a sua consciência começou a doer, e ele disse: — Ó SENHOR Deus, eu cometi um pecado terrível ao mandar contar o povo. Por favor, perdoa-me! O que fiz foi uma loucura.

Isaías 55:7

Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.

Diante disso podemos afirmar que a frase — Para expiar a iniquidade — tem tanto o sentido de que o sacrifício propiciatório será apresentado e, portanto os pecadores terão como “pagar” pelas transgressões cometidas, como de que o sacrifício propiciatório será oferecido e, portanto, os pecadores poderão ser perdoados e terem seus pecados obliterados ou evaporados eternamente.

A iniquidade aqui mencionada não se refere a nenhum tipo particular de iniquidade, mas à iniquidade de forma geral.

Um resumo das três primeiras frases é apresentado a seguir: o pecado é aqui apresentado como transgressão, pecados e iniquidade. Essas três expressões representam a plenitude da natureza da maldição que separou os seres humanos do Deus Criador. O primeiro propósito da decretação dos “sete setentas” ou setenta semanas de anos tem o objetivo de abolir a maldição que acabamos de mencionar. Os pecados serão devidamente tratados por Deus de modo que SENHOR possa perdoar e ser reconciliado com Suas criaturas; e,também, de modo que os mesmos possam ser completamente obliterados e evaporados de tal forma que não haja lembrança dos mesmos por toda a eternidade. Mas ainda tem mais: o próprio poder do pecado será quebrado sobre os que aceitarem ou crerem no Messias, de tal maneira que os crentes não estarão mais sujeitos a cometer qualquer pecado, senão voluntariamente. Isso está explicitamente declarado em —

Romanos 6:12—14

12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;

13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.

14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.

Mas tem mais: Deus promete nos ajudar na hora da tentação de modo que possamos suportar e vencer a mesma —

1 Coríntios 10:15

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.

Mas ainda tem mais: o autor da Epístola aos Hebreus usa a pessoa de Jesus como nosso modelo na luta contra o pecado e nos fala palavras de grande sobriedade —

Hebreus 12:1—4

1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,

2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.

4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue

Diante disso tudo, deve ser óbvio para todos nós que lemos o Novo Testamento que essa profecia encontrou seu pleno cumprimento na pessoa e na obra do Senhor Jesus Cristo, como afirma de forma clara —

Hebreus 9:26

Agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.

Tendo analisado as primeiras três frases relativas à profecia dos setes setenta que trataram daquilo que o Messias viria realizar, nós vamos agora analisar as três últimas frases, que tratam das consequências da obra que seria realizada pelo Messias —

1. Para trazer a justiça eterna — Juntamente com a remoção definitiva e eterna dos pecados — algo que iria nos garantir apenas não sermos enviados para o inferno — nós temos o estabelecimento da Justiça Eterna. Tal estabelecimento é algo também produzido pelo próprio Deus e não depende, absolutamente de nada, de qualquer coisa que possa ser realizada pelos seres humanos. Algumas outras passagens do Antigo Testamento já haviam anunciado a manifestação dessa justiça. Exemplos disso são —

Salmos 85:11—13

11 Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar.

12 Também o SENHOR dará o que é bom, e a nossa terra produzirá o seu fruto.

13 A justiça irá adiante dele, cujas pegadas ela transforma em caminhos.

Isaías 51:5—8

5 Perto está a minha justiça, aparece a minha salvação, e os meus braços dominarão os povos; as terras do mar me aguardam e no meu braço esperam.

6 Levantai os olhos para os céus e olhai para a terra embaixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão como mosquitos, mas a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada.

7 Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis por causa das suas injúrias.

8 Porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação, para todas as gerações.

Ou como diz o profeta Malaquias, trata-se de fazer surgir o sol sobre todos os que temem a Deus —

Malaquias 4:2

Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.

A salvação que é oferecida por Deus, como Sua justiça, também é eterna —

Isaías 45:17

Israel, porém, será salvo pelo SENHOR com salvação eterna; não sereis envergonhados, nem confundidos em toda a eternidade.

Tal salvação é referida como uma herança eterna —

Isaías 60:21

Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado

Todas essas ideias acerca da eternidade da salvação estão, intimamente, relacionadas com o caráter eterno do reino do Messias, conforme —

Daniel 2:44

Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre.

Daniel 7:18, 27

18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.

27 O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.

Desse modo, a justiça eterna se aplica tanto a fatores internos como externos quando se relaciona a nós, os seres humanos. Como mencionamos antes é uma justiça que procede de Deus e assim é de Deus e não tem nenhuma relação com nossos atos de justiça que são comparados a trapos de imundícia —

Isaías 64:6

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.

A justiça eterna possui a bendita capacidade de mudar nossa condição diante de Deus. Não somos apenas perdoados, mas somos declarados justos — absolutamente sem pecado — pelo próprio Deus, por meio da fé no Salvador.

2. Para selar a visão e a profecia — Essa expressão está relacionada às profecias e os profetas do Antigo Testamento, conforme —

Isaías 1:1

Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá.

Amós 1:1

Palavras que, em visão, vieram a Amós, que era entre os pastores de Tecoa, a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto.

Os profetas eram os instrumentos de Deus para revelar, por meio de visões, Sua vontade ao povo de Israel.
Sendo assim essas duas palavras — visão e profecia — designam o período profético representado pelo Antigo Testamento. A revelação contida no Antigo Testamento era temporária, preparatória e de natureza bem definida. Todo o Antigo Testamento apontava para Aquele que é mencionado com o Grande Profeta, o Messias, o Filho do Homem e etc.

Deuteronômio 18:15

O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás.

Daniel 7:13—14

13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.

14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.

João 5:39

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.

Quando Cristo se manifestou, a revelação profética no sentido como o Antigo Testamento entendia a mesma — revelar a pessoa e a obra de Cristo — deixou de ser necessária.

Como aconteceu com a primeira e a quarta afirmação — ver acima — assim também existe uma relação entre a segunda e a quinta. Depois que os pecados foram completamente e devidamente tratados — ver cima — quando o Messias veio a esse mundo, as profecias contidas no Antigo Testamento que faziam referência direta ao mesmo não são mais necessárias. As profecias do Antigo Testamento cumpriram seu propósito e, por isso, podem ser seladas e dispostas de modo adequado.

3. Para ungir o Santo dos Santos — Essa expressão não diz respeito à dedicação do segundo templo construído sob Zorobabel, nem a consagração do altar de bronze que havia sido profanado pelo rei Antíoco IV Epifânio, conforme —

1 Macabeus 4:54 na Bíblia de Jerusalém.

Exatamente no mês e no dia em que os gentios profanado, foi o altar novamente consagrado com cânticos e ao som de cítaras, harpas e címbalos.

As palavras ditas pelo anjo a Daniel dizem respeito à unção do Senhor Jesus Cristo. A expressão Santo dos Santos no original não tem um artigo como acontece em português. É isso que leva muitos intérpretes a entenderem a mesma como uma referência à pessoa do Messias. Os argumentos usados para sustentar essa interpretação são como seguem:

1. No Antigo Testamento a unção com óleo era vista como símbolo da unção pelo Espírito Santo conforme —

1 Samuel 10:1

Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?

1 Samuel 10:6

O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem.

Outra passagem bem conhecida é —

Isaías 61:1

O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados.

Não existe nenhuma dúvida que as palavras do profeta Isaías acima se referiam ao Senhor Jesus Cristo, uma vez que foi o próprio Senhor que fez tal afirmação conforme Lucas 4:17—21.

Desse modo, nossa conclusão só pode ser uma: a unção do Santo dos Santos à qual o anjo referiu a Daniel indica, expressamente, a comunicação do Espírito Santo feita a favor de Jesus, além de diversas outras passagens do Antigo Testamento que também fizeram menções diretas ao Messias e Salvador que viária no tempo designado por Deus —

Efésios 1:10

De fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra.

Concluindo podemos dizer que os seis itens apresentados em Daniel 9:24 estão diretamente relacionados com o Messias e Salvador em sua primeira vinda. Assim, podemos afirmar que as 70 semanas se cumprem, em sua totalidade, nos eventos relacionados ao primeiro advento do Senhor Jesus. Dizemos isso porque quando o Senhor Jesus subiu de volta para o céu e, em seguida, derramou o Espírito Santo sobre a igreja em Jerusalém, cada um dos seis itens citados no livro de Daniel foi plenamente cumprido.

Assim, retornando para o texto de Lucas 1, o precursor do Messias vem para guiar o povo de Israel a esse conhecimento que conduz não a uma libertação do jugo romano, mas a uma libertação do poder do pecado. Tal conhecimento ficou perdido e esquecido por conveniências políticas da parte daqueles que tinham a responsabilidade de ensinar o povo de Deus Sua Santa Palavra — a casta sacerdotal, especialmente os maiorais ou principais dos sacerdotes encastelados em Jerusalém — e manter acesa a esperança na vinda do Messias.

O perdão dos pecados é um dos temas centrais do Evangelho de Lucas e parte integral dos conceitos da Nova Aliança já indicados no Antigo testamento em passagens tais como —

Jeremias 31:31—34

31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.

32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.

33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.

A referência acima é a ÚNICA que encontramos no Antigo Testamento que faz uma menção literal ao estabelecimento duma Nova Aliança entre Deus e o povo de Israel. E, de fato, quando do estabelecimento da Nova Aliança todos os que estavam presentes eram descendentes de Israel conforme Marcos 14:12—24.

No contexto da Nova Aliança em Jeremias nós também encontramos referências diretas à purificação e ao perdão completo das iniquidades do povo —

Jeremias 33:6—8

6 Eis que eu farei vir sobre ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de verdade.

7 E removerei o cativeiro de Judá e o cativeiro de Israel e os edificarei como no princípio;

8 e os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim e perdoarei todas as suas iniquidades com que pecaram contra mim e com que transgrediram contra mim.

A promessa de Deus é inequívoca. O ETERNO promete que irá trazer — por intermédio do Messias — a cura, a paz, a segurança, a restauração, a purificação e o perdão.

Quanto à purificação dos pecados — nosso interesse maior — ver também Ezequiel 36:25—26.

Jeremias 50:20

Naqueles dias e naquele tempo, diz o SENHOR, buscar-se-á a iniquidade de Israel, e já não haverá; os pecados de Judá, mas não se acharão; porque perdoarei aos remanescentes que eu deixar.

Nos dias da restauração, promovidos pela vinda do Messias e Salvador, uma das características mais importantes será o perdão de todos os pecados. O perdão dos pecados do remanescente será tal que toda a iniquidade e todos os pecados serão completamente perdoados. Ver referências acima e também Jeremias 36:3; Salmos 103.12; Ezequiel 33:10—20; Ezequiel 36:27—28; Miquéias 7:18—19. Deus é mesmo maravilhoso.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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