O pergaminho carbonizado de En-Gedi
Pergaminho
revela um dos primeiros textos do Antigo Testamento
Gali Tibbon
DA AFP
Um frágil pergaminho hebraico, que acaba de ser aberto e
digitalizado, revelou a cópia mais antiga de uma escritura bíblica do Antigo
Testamento já encontrada.
Conhecido como o pergaminho En-Gedi, o rolo contém um texto
do Levítico e data pelo menos dos séculos III ou IV, e possivelmente antes,
segundo um artigo da revista "Science Advances", publicado nesta
quarta (2109/2016).
Trata-se do pergaminho mais antigo já encontrado do
Pentateuco, a coleção dos cinco primeiros livros da Bíblia. A publicação
afirmou que decifrar seu conteúdo foi "uma importante descoberta da arqueologia
bíblica".
O pergaminho em si não é o mais antigo já encontrado. Tal
honra pertence ao bíblico Manuscritos do Mar Morto, que data de entre o século
3 antes de Cristo e o século 2 da nossa era.
A datação por radiocarbono mostrou que o pergaminho En-Gedi
data do século 3 ou 4 depois de Cristo, embora alguns especialistas acreditem
que possa ser mais antigo.
As análises sobre o estilo da caligrafia e os traços das
letras sugerem que poderia ser da segunda metade do século 1 ou de princípios
do século 2 depois de Cristo. Por muito tempo se pensou que seu conteúdo havia
sido perdido para sempre porque o rolo foi queimado no século 6 e era
impossível tocá-lo sem que se desfizesse em cinzas.
O pergaminho foi encontrado em 1970 por arqueólogos em
En-Gedi, lugar de uma antiga comunidade judia do fim do século 8. Seus
fragmentos foram preservados por décadas pela Autoridade de Antiguidades de
Israel.
"A estrutura principal de cada fragmento, completamente
queimada e esmagada, tinha se transformado em pedaços de carvão que continuavam
se desintegrando cada vez eram tocados", disse o estudo.
Os pesquisadores utilizaram como ferramenta um avançado
scanner digital para "desenrolá-lo virtualmente" e ver seu conteúdo.
"Ficamos impressionados com a qualidade das imagens", disse Michael
Segal, diretor da Escola de Filosofia e Religião da Universidade Hebraica de
Jerusalém.
Os cientistas também ficaram impactados com "o fato de
que nessas passagens o pergaminho En-Gedi Levítico é idêntico em todos os seus
detalhes, tanto as letras como a divisão em seções, ao que chamamos de texto
massorético, o texto judaico vigente até hoje", disse Segal.
Os pesquisadores esperam que as técnicas utilizadas para
lê-lo sirvam também para outros pergaminhos danificados, incluindo alguns da
coleção do Livro do Mar Morto, que continua sendo indecifrável.
O artigo original poderá ser visto por meio do link abaixo:
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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