Concepção artística do Cristo Pantocrator ou Todo Poderoso
Esse é um estudo especial que irá
abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o
mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A
vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar
todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina
acerca de tudo o que nos é importante.
INTRODUÇÃO GERAL
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA
A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A VELHA ESCOLA — PARTE 002
b. A VISÃO NATURALISTA DE
Hermann Samuel Reimarus
A velha escola da busca pelo
Jesus histórico teve seu início com Hermann Samuel Reimarus, que viveu entre os
anos de 1694 e 1768. Seus escritos mais importantes acerca do Jesus histórico
circularam durante sua vida entre seus conhecidos como manuscritos anônimos.
Fragmentos desses materiais começaram a ser publicados entre 1774 e 1778. Existe
uma versão moderna disponível em língua inglesa[1].
Reimarus era filho de um
estudioso de teologia e neto de um clérigo. Durante certo tempo Reimarus
ensinou na faculdade de filosofia da Universidade de Wittenberg, mas a maior
parte de sua vida acadêmica foi dedicada ao ensino de línguas orientais no
Hamburg Acadeic Gymnasium entre de 1727 até 1768. Reimarus foi contemporâneo de
grandes luminares da filosofia, tais como: Leibniz, Wolff, Locke, Berkeley e
Hume. As influências desses homens podem ser percebidas com facilidade em seus
escritos, principalmente a do deísmo inglês e do racionalismo de Wollf. Quando
o material original atribuído a Wollf foi publicado — Wolfenbüttel Frangments — pela primeira vez, o mesmo causou certa
agitação nos meios acadêmicos, pois havia um forte antagonismo e grande
oposição quanto à publicação do mesmo. Em seguida, quando descobriu-se que o
verdadeiro autor daquele material era o próprio Reimarus, sua família
desaprovou a continuidade da publicação do mesmo, para salvaguardar a reputação
da própria família, a salvaguarda dos bens familiares e pelo bem estar geral de
todos seu parentes. Estudantes que estavam se preparando para o ministério
viram-se perplexos e acabaram desistindo de seus estudos voltando-se para
outras profissões.
O que Reimarus fez em seus
escritos foi causar uma divisão entre a Cristandade e Jesus deixando apenas um
pequeno quadro deísta da pessoa de Jesus. Esse Jesus, como não poderia ser
diferente, era um Jesus conforme a religião natural. Ver
o artigo anterior onde falamos acerca dos conceitos de religião natural e
sobrenatural. Para ajudar o leitor a entender melhor a posição de
Reimarus, segue um resumo de suas posições: Seu ponto de partida foi o conteúdo
das pregações feitas por Jesus. Ele, então, chegou à conclusão que uma
distinção profunda precisava ser feita entre a intenção e mensagem, ou seja,
entre os ensinamentos de Jesus e os ensinamentos de seus apóstolos. A mensagem
de Jesus foi reduzida a apenas duas frase: 1) Arrependei-vos e crede no Evangelho;
e 2) Arrependei-vos porque o Reino de Deus está próximo. Partindo do
pressuposto que Jesus não ofereceu nenhuma explicação acerca do que ele queria
dizer ao utilizar essas duas frases, então as mesmas devem ser,
obrigatoriamente, entendidas de acordo com os termos aceitos pelo judaísmo da
época. Isso se deve ao fato de Jesus ter sido um judeu religioso na plenitude
dessa expressão. Não era sua intenção criar uma nova religião. Seu único
objetivo em vida era restabelecer a independência da nação judaica. Nesse
sentido ele era o Messias. Um Messias judeu e político. Jesus desejava
despertar os judeus para um levante político que o conduzisse à posição de
líder supremo do povo de Israel. Uma vez que a nação de Israel era vista como o
Filho de Deus, a reivindicação de Jesus de ser o Messias era algo, restrito aos
limites da humanidade. Um entendimento histórico dos ensinamentos de Jesus
requer que abandonemos todos os dogmas referentes à metafísica filiação divina
de Jesus, bem como acerca da trindade e outros conceitos dogmáticos similares.
Entretanto, a intenção de Jesus
de Jesus de despertar os judeus para que o declarassem como seu Messias
terrestre e, com isso, alcançar uma completa e definitiva libertação do jugo
romano, não se materializou. Jesus esperou em vão pelo levante popular.
Jerusalém recusou revoltar-se. Dessa forma a vida de Jesus terminou numa enorme
tragédia. Antes de sua prisão Jesus foi tomado de pavor e seu grito de
desespero na cruz — “Deus meu, Deus Meu! Porque me Desamparaste?” — indicam o
completo fracasso de sua missão. Como os judeus não corresponderam, Deus abandonou
a Jesus.
Ainda de acordo com Reimarus,
depois desses acontecimentos, os alvos e as intenções dos discípulos assumiram
um papel preponderante. Primeiro os discípulos enfrentaram um período de
melancolia. Eles não dispunham de nenhum tipo de recursos. Durante os três anos
seguindo a Jesus, eles havia se esquecido como era ter que trabalhar. Eles não
gostariam de voltar aos velhos e conhecidos caminhos de antes. De que maneira
eles iriam se sustenta daqui para frente? A única forma que eles conheciam era
por meio da pregação. Reimarus considerava as narrativas da ressurreição
contraditórias. Além disso, Reimarus defendia a ideia que Jesus nunca falou
nenhuma palavra aos discípulos acerca de sua morte e ressurreição. Desse modo,
Reimarus sugeriu uma versão naturalista da ressurreição: os discípulos teriam
roubado o corpo morto do Senhor Jesus. Eles então esperaram por um longo
período de tempo — 50 dias — que pudesse lhes servir de cobertura para o que
tinham feito. A seguir eles inventaram a
mensagem da ressurreição e começaram a proclamar o iminente retorno de Jesus
como o Messias. Mas os fatos da história contradizem uma volta rápida de Jesus e,
por isso, tal volta não pode ser verdadeira. Desse modo, o cristianismo repousa
sobre uma fraude.
Essa foi a primeira tentativa de
se descobrir quem, exatamente, foi Jesus, por meio duma alegada abordagem
histórica objetiva e isenta de pressupostos. Foi assim que teve início a
chamada “velha escola” da busca pelo Jesus histórico.
Em nossos dias, apesar dos
postulados de Reimarus continuarem sendo repetidos por falsos mestres — alguns
são verdadeiros sabichões — os mesmos são considerados absurdo e muito, mas
muito amadores mesmo. Jesus nunca foi um revolucionário político, apesar dessa
história ser periodicamente reciclada quando surge uma nova oportunidade de
faturar com esse tema. A vasta maioria dos teólogos dos nossos dias, reconhecem
que Reimarus não fez justiça ao texto do Novo Testamento. Suas PRESSUPOSIÇÕES
deístas e naturalistas criaram uma nova imagem do Senhor Jesus. A velha escola
da busca pelo Jesus histórico teve seu início com Reimarus. O grito de batalha
do movimento era: vamos voltar para Jesus, o homem de Nazaré. O completo
abandono dos dogmas cristãos e a procura da personalidade e da religião de
Jesus seriam decisivas. O PRESSUPOSTO básico — da tentativa sem pressupostos —
era que o Jesus da história e o Cristo das pregações feitas pela igreja eram
pessoas distintas. História e dogma são duas coisas diferentes. E foi assim que
o problema acerca da busca pelo Jesus histórico teve seu início.
Muitos outros, naqueles dias, se
empenharam em descobrir quem era Jesus. Inúmeros livros com o título de ”Vida de Jesus” fora escritos e
publicados. Uma excelente abordagem histórica do que de mais importante foi escrito
e produzido naqueles dias pode ser encontrada na monumental obra de Albert
Schweitzer, A Busca do Jesus Histórico — Um Estudo Crítico de Seu Progresso de
Reimarus até Wrede. Esse material está disponível em português. Por ora, nos
basta analisar a posição do teólogo e crítico da Bíblia Heinrich Eberhard
Gottlob Paulus que viveu entre 1761 e 1851. Paulus, que veio a falecer em
Heidelberg aos noventa anos de idade, apresentou Jesus como um homem exemplar
do ponto de vista moral e que ensinou as eternas verdades da religião racional.
Ele deu uma interpretação completamente naturalista para os milagres de Jesus.
Tais interpretações são comuns em todos os comentários escritos por liberais
até os nossos dias. A alimentação dos cinco mil, por exemplo, começou com Jesus
compartilhando sua própria refeição dando, desse modo, início a uma reação em
cadeia. Dessa forma descobriu-se que havia mais comida do que era realmente
necessária. É óbvio que estamos diante de, ainda outra, interpretação
superficial e ingênua apresentada em nome da ciência histórica e acompanhada
duma genuína objetividade.
CONTINUA...
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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 015
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores
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Desde já agradecemos a todos.
[1] Reimarus, Hermann Samuel. Reimarus: Fragments. Wipf & Stock
Publishers, Eugene, 2009.
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