O artigo abaixo é de autoria de
Dave Harvey e foi publicado no site da Editora FIEL
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distorções que podem destruir seu ministério
Dave Harvey
Há certas coisas que você pode
ter certeza que irão acontecer. O Vasco dificilmente ganha um campeonato. O
filme “Rocky” sempre será ótimo. As pessoas em Fortaleza vão sempre dirigir bem
devagar (descobri esse fenômeno raramente percebido no Nordeste do Brasil,
chamado “dirigir no limite de velocidade”). Paul McCartney sempre será um
grande compositor de músicas.
E, se você é um pastor (ou
planeja ser um), você irá pecar e pecarão contra você. Citando Bruce Hornsby:
“é bem assim que as coisas são”. Jogue um tanto de pecadores junto numa igreja,
nomeie alguém para liderá-los, e tão certo quanto os impostos e a morte, o
pecado acontece.
Então, aí é que está: se você
quer ser frutífero ou efetivo no ministério pastoral, você deve aprender a arte
bíblica do perdão. Ser incapaz de perdoar irá aleijar seriamente você no ministério.
Porque o perdão é um aspecto tão
crucial do ministério pastoral, Satanás e a sua natureza pecaminosa conspirarão
juntos para afastar você dele. Especificamente, eles se valerão de três
distorções, num esforço de conduzir você para fora do caminho do perdão e para
dentro do pântano da amargura.
DISTORÇÃO #1 – EU NÃO
SOU UM PECADOR, SOU UMA VÍTIMA
Em Mateus 18.28,
um servo que acabara de ter sido perdoado de uma dívida imensa (10 mil
talentos) encontrou alguém que lhe devia uma quantia pequena de dinheiro.
Quando ele viu aquele servo, um interruptor foi acionado na cabeça dele, e aí
ele virou o jogo para com esse servo:
“Mas quando aquele mesmo
servo saiu, ele encontrou um de seus conservos, o qual devia a ele 100
denários, e o segurando, começou a segurá-lo pela garanta dizendo: ‘pague o que
me deve’.”
O primeiro servo foi perdoado de
uma grande dívida, mas ele esqueceu de tudo aquilo quando viu o segundo servo,
o qual devia a ele uma quantia relativamente pequena. O primeiro pensamento
dele foi: “ele me machucou, defraudou-me e me vitimou. Portanto, ele me deve!”.
Ele pegou seu status de ofendido, sacou a carta de vítima e saiu de si numa
fúria descontrolada.
Como um aspirante a pastor, você
deve sempre lembrar: o status que nós conferimos a nós mesmos deve começar com
o evangelho e não com nossas experiências, nossa dor, nossa história ou com as
ações ou as omissões dos outros. Essa é uma realidade difícil porque, temos que
reconhecer, o pecado pode ser horrível! Vivemos em um mundo de abusos,
molestações, estupros e assassinatos. Talvez você tenha sido tocado por uma
dessas tragédias, e se eu ouvisse sua história, choraria com você. Essas
tragédias são reais, dolorosas e significativas.
Mas, na Escritura, “pecar contra
você” não é o status primeiro e primário do cristão. Ao invés disso, nosso
status primário é primeiro e principalmente: “amados por Deus, ainda que
pecadores”. É importante afirmar esse status porque nos define na relação com
Deus. Esse status nos traz, particularmente, face a face com uma realidade
teológica que oferece perspectiva enquanto consideramos como pecaram contra
nós. Nós pecamos contra Deus muito mais do que qualquer pessoa tenha pecado
contra nós. Leia isso de novo, mais devagar dessa vez. Isso significa que nosso
problema mais profundo não é que os outros pecaram contra nós, mas que nós
pecamos primeiro contra Deus.
Você já percebeu que quando
pensamos em nossas histórias, estamos sempre de pé no centro do palco, sem
termos cometido pecado? Outras pessoas se juntam ao nosso drama entrando em
nossa história e cometendo pecados ou omitindo coisas que deveriam ter feito.
Mas, e quanto a nós? Nós somos apenas pessoas que têm boas intenções, que
abençoam outros e espalham alegria. Nós somos boas pessoas, e parece que sempre
acontecem coisas ruins conosco. Vivemos como se pecassem contra nós para
sempre!
Mas a Escritura não nos descreve
primariamente como pessoas contra as quais os outros pecam. Em 1Timóteo 1.15, Paulo diz o seguinte sobre ele mesmo: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.
Apesar de muitas pessoas terem
pecado contra Paulo (inclusive o apedrejando quase até a morte, e o agredirem
com varas!), ele não se via primariamente como uma vítima. Ao invés disso, ele
se identificava como um pecador que havia sido salvo por Cristo.
Se você se vê primariamente como
uma vítima e não como um pecador salvo pela graça, você nunca aprenderá como
ajudar pessoas enraizadas na amargura ou presas pelos seus próprios sensos de
vitimização. O evangelho não fluirá através de você até que ele seja aplicado
primeiramente em você.
DISTORÇÃO #2 – CLARO
QUE SOU UM PECADOR, MAS OS SEUS PECADOS SÃO PIORES QUE OS MEUS
No coração do ressentimento, está
um status que determinamos a nós mesmos (pecaram contra mim!) e uma dívida que
negamos (claro que pequei contra Deus, mas você viu como pecaram contra mim?).
Essa distorção faz com que os pecados das outras pessoas pareçam grandes e os
seus, pequenos. Mais significativamente, isso rega as sementes da
autojustificação em nossa alma.
O homem que se autojustifica diz:
“Claro que sou um pecador, mas sou melhor que você. De fato, minha
superioridade moral providencia um ponto de vantagem para diagnosticar e
avaliar o seu coração autoritativamente”. Na verdade, pode ficar muito feio.
Autojustificação converte cristãos em fariseus. Ou, a autojustificação se
infiltra na arena do discernimento. Essa é a área na qual eu mais
frequentemente sou culpado. Minha autojustificação pecaminosa faz com que eu
eleve minha própria interpretação de uma situação e dispense a opinião de outra
pessoa.
Autojustificação cria uma troca
na qual nós nos tornamos os juízes, ao invés de Deus. Nossas opiniões se
transformam de caridosas em um padrão “objetivo” pelo qual outras pessoas são
medidas.
É o patrão que só verá um
empregado como preguiçoso porque o empregado se atrasou uma vez, e o patrão
nunca se atrasa. É a mãe que acredita que todos os filhos dela deveriam
concordar com as opiniões dela, e se não o fizerem, sentem a sua desaprovação.
É o homem que se recusa a perdoar alguém mesmo depois que a pessoa confessou o
pecado dela porque a confissão não lhe pareceu “sincera o suficiente”.
Autojustificação distorce nossa
perspectiva. Ao invés de vivermos como “eu fui perdoado de uma grande dívida”,
nós vivemos como “claro que pequei, mas olhe para você!”. Poucas coisas
afundarão um pastor mais rápido do que autojustificação. Se você está querendo
ser frutífero no ministério pastoral, deve aprender a ver as pessoas mais
através da graça de Deus do que através dos pecados dela. E você deve aprender
a concordar com Paulo: “que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os
pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Timóteo 1.15).
DISTORÇÃO #3 – NÃO SOU
UM PECADOR, SOU UM CUMPRIDOR DA LEI
No coração da falta de perdão
está a suposição que nós temos o direito de conferir falta e então exigir uma
penalidade. Assumimos que nosso status de ofendidos nos dá o direito de exigir
vingança. É exatamente o que o servo que não perdoou fez em Mateus 18.28. O
referido servo acabara de ser perdoado de uma enorme dívida, mas quando
encontrou um conservo que devia a ele uma quantia menor, exigiu a penalidade
para a menor dívida. O servo que não perdoou assumiu que ele tinha o direito de
se vingar.
O que devemos entender é que a
cruz nos alivia de nossa escravidão de exigir punição para dívidas pequenas.
Como ela faz isso? Nivelando o campo de jogo. A cruz nos lembra que Deus nos
perdoou de um débito incompreensível. Por causa do seu amor espantoso, Deus
agora nos envia para passar adiante a mesma bênção, não a punição, que
recebemos.
Nós não somos árbitros de
penalidades, mas devedores que foram perdoados de uma grande dívida. É por
sermos pecadores perdoados que perdoamos.
A única forma de afastar as
distorções de nossas vidas é pelo poder purificador do evangelho. Ser lembrado
constantemente de que você foi perdoado da maior dívida irá libertar você de se
sentir como se tivesse que exigir vingança pelos pecados que foram cometidos
contra você.
No coração do evangelho está uma
grande injustiça. Aquele que verdadeiramente era o cumpridor da lei escolheu
não exigir a pena pelos nossos pecados, mas ao invés disso escolheu
suportá-los, penalizando a ele mesmo na cruz.
2 Coríntios 5.21 coloca
dessa forma:
Aquele que não conheceu
pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus.
AFASTANDO AS DISTORÇÕES
A cruz não ignora ou nega o
pecado. Ao contrário, ela encara corajosamente nossos piores momentos e diz:
“sua história não acaba aqui”. Para seguir adiante das distorções que podem
afligir seu ministério, você deve vir a enfrentá-las com a grande dívida que
você tinha, a qual Deus perdoou.
Se você entrar no ministério pastoral,
as pessoas pecarão contra você, mas aqueles momentos não precisam definir você.
Por quê? Porque eles são parte da obra de Deus em sua alma e recorrem à sua
vida. Pecadores perdoados perdoam o pecado. E pastores perdoados os amam e os
ajudam, enquanto eles fazem isso.
O leitor tem permissão para
divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e
/ ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e
copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
Autor
Dave Harvey
Dave Harvey é pastor na Convenant
Fellowship Church, Pennsylvania (EUA), que faz parte da família de igrejas do
ministério Sovereign Grace.
O artigo original poderá ser
visto por meio do link abaixo:
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
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