Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No
final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem
o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
Lição 006 – A Revelação
de Deus e o Fim das Religiões — 3.
3. Os Escribas.
Os γραμματέυς – grammatéus –
em geral chamados escribas, esse grupo é normalmente mencionados em conjunto
com os fariseus no Novo Testamento. Isto acontece porque a vasta maioria dos
escribas era também do partido dos fariseus. Estes homens eram pessoas versadas
na lei mosaica e nas Sagradas Escrituras. Por este motivo, os escribas, eram
também chamados de “doutores da Lei”. Os escribas examinavam as questões mais
difíceis e delicadas da lei e acrescentavam à lei mosaica decisões de vários
tipos, com a intenção de elucidar seu significado e extensão, e faziam isto em
detrimento da verdadeira religião. Eles eram os indivíduos que também divisavam
implicações adicionais, derivadas a partir da Lei dada por Deus a Moisés.
Consideravam que os 613 mandamentos da Lei de Deus, outorgados através do
legislador Moisés, não eram suficientes e por este motivo haviam inventado
centenas de outras regras ou tradições. Uma vez estabelecidas, estas regras ou
tradições adicionais, esperava-se que todos os fariseus obedecessem às mesmas,
da maneira mais estrita possível. Mas tudo não passava de uma verdadeira
prática de hipocrisia explícita. Jesus os confronta diretamente com respeito a
esta prática com as palavras que encontramos em Mateus 23:4.
A
presença de escribas era também da maior importância no Sinédrio[1]
judaico, pois como homens experimentados na Lei, eles podiam ajudar na solução
de questões difíceis envolvendo a interpretação da Lei de Deus. Os escribas são
também, muitas vezes, mencionados no Novo Testamento, em conexão com os
sacerdotes e os anciãos do povo.
Alguns
séculos depois dos dias em que Jesus viveu, todo o material produzido pelos
escribas, foi compilado em numa coleção de volumes que ficou conhecido como o
Talmud[2],
também se escreve Talmude e, que consistia, em sua grande maioria, em
comentários de doutrina e jurisprudência feitos à Lei Mosaica. O Talmude foi
antecedido por um outra obra conhecida como Mishná[3],
que também se escreve como Michná – ver descrição na nota de rodapé.
4. Os Essênios.
Este
grupo não é mencionado diretamente no Novo Testamento, mas através de outros
registros históricos, sabemos que eles estavam presentes nos dias em que nosso
Senhor viveu sobre a terra de Israel.
Os
essênios pegaram o conceito de separatismo dos fariseus e o levaram a maiores
extremos. Sua busca por perfeição acabou por levá-los a um total isolamento no
meio da sociedade judaica. Eles entendiam que o todo da saciedade judaica
estava contaminado e para manter-se puro só havia uma forma aceitável:
isolar-se por completo no deserto, vivendo uma vida ascética e celibatária,
esperando a manifestação do Messias. Em outras palavras, não era fácil
pertencer a este grupo por causa dos sacrifícios elevados que eram necessários.
O
motivo principal para o isolamento, mencionado acima, era garantir uma maior
pureza ritual. Achavam que afastando-se do mundo impuro e perverso conseguiriam
manter-se puros. Os Essênios adotaram os rituais de purificação que eram
seguidos pelos sacerdotes judeus quando se preparavam para ministrar,
oferecendo sacrifícios, no Templo em Jerusalém. Eram ritos complexos e seguidos
de forma estrita.
Todos
os que não pertenciam ao seu próprio grupo eram considerados impuros e eram
rejeitados. Mesmo o regime sacerdotal que oficiava no Templo era considerado
impuro e corrupto. Estranhos eram odiados e considerados como pertencendo ao
reino das trevas. Amor, respeito e consideração eram atitudes dedicadas somente
aos membros da própria comunidade. Eles eram os “filhos da Luz” e, somente
eles, constituíam-se no verdadeiro Israel de Deus.
Os
essênios acreditavam que o fim do mundo estava realmente muito próximo. Para
eles o Messias devia surgir em breve. Na realidade eles esperavam por dois
Messias: o primeiro viria para restaurar a verdadeira religião e o segundo para
tornar-se governador político dos povos. Quando o Messias viesse aconteceria
uma grande batalha entre os filhos das trevas e os filhos da luz. Os filhos das
trevas constituíam os exércitos de Satanás e seriam totalmente destruídos pelos
filhos da luz. Os primeiros filhos das trevas a serem completamente destruídos
seriam os romanos.
Os
essênios eram, na realidade, tão belicosos quanto os Zelotes, mas aguardavam a
manifestação do Messias para agir. Eles estavam aguardando a manifestação
daquilo que os profetas do Antigo Testamento chamaram de “o dia do Senhor”.
No
ano 66 d.C., com as primeiras vitórias dos zelotes sobre os romanos, os
essênios acabaram por se unir à revolução para a libertação do país acreditando
que o Messias estava às portas. Por esta aliança, acabaram sendo também
destruídos pelos romanos.
5. Os Saduceus.
Partido religioso judaico que
existia nos dias de Cristo e que deriva seu nome da expressão hebraica צדוק – tzadok – justo. Este grupo era
constituído pelos chefes dos sacerdotes, pelos homens importantes de negócios e
pelos proprietários de terras. Eram aristocratas e entre eles estava o grosso
dos chamados “anciãos do povo”. Os chefes dos sacerdotes representavam uma
classe especial de sacerdotes. Eles eram os responsáveis pela organização e
administração do Templo e estas funções eram, como não poderiam deixar de ser,
hereditárias. Como tais, é a eles que Jesus se refere como tendo transformado a
“Casa de Deus” em “covil de salteadores” – ver Marcos 11:15—18. Não é à toa que
odiavam a Jesus e procuravam matá-lo.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:
001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo
002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001
003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.
004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —
005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.
006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.
007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.
008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.
009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.
010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.
011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.
012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.
013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.
014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.
015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12
016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13
017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A
017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B
017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C
017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D
018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A
018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B
019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A
019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B
020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS.
Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde
já agradecemos a todos.
[1] Sinédrio – Palavra derivada do
grego συνέδριον – sinédrio – que é a composição
de συν – sun = com + έδρα – édra = assento. Daí procede a
idéia de “sentar junto” para entrar em conselho. Como usada nos Evangelhos e em
Atos a palavra significa “conselho” e representava o “Conselho dos Anciãos”,
que se reunia em Jerusalém. O Sinédrio era um corpo aristocrático, muito
provavelmente controlado pelos Saduceus, mas que incluía outros anciãos e
homens experientes e no qual, o sumo sacerdote, atuava como espécie de
moderador ou presidente. Era a mais alta corte entre os Judeus e tinha
autonomia para julgar todas as questões pertinentes à Lei de Deus. Jesus e seus
seguidores sofreram ferrenha oposição deste corpo administrativo.
[2] Talmud - consiste de vastas
anotações e comentários feitos ao Mishná – ver definição logo abaixo. Os
estudiosos que produziram estes materiais são chamados de “amoraim”. Existem duas tradições: 1) A primeira produziu
o que ficou conhecido como o Talmud Palestino – Talmud Yerushalami – por volta
do ano 400 d.C.; 2) A segunda tradição produziu o massivo Talmud Babilônico –
Talmud Bavli – por volta do ano 500 d.C. As tradições são completamente
independentes e por ter demorado mais para ser escrito e por ser bem mais
extenso, o Talmud Babilônico é mais estimado, que o Talmud Palestino.
[3] Mishná que também pode ser
escrito como Michná, significa em hebraico “estudo repetido” e cujo plural é
Mishnayot. O Mishná é a mais antiga e autoritativa coleção e codificação da
legislação judaica, pós Antigo Testamento. Esta coleção foi sistematizada por
inúmeros estudiosos, chamados de “tannanim”, durante um período superior
a duzentos anos. Esta codificação assumiu sua forma definitiva no início do
século III d.C., pelas mãos do estudioso conhecido como Judah ha-Nasi. O objetivo
da coleção encontrada no Mishná era suplementar as leis escritas que estão
registradas no Pentateuco. Ou seja, não satisfeitos com os 613 mandamentos
encontrados na lei de Moisés, estes homens inventavam inúmeros outros para,
literalmente, infernizar a vida das pessoas. No Mishná podemos encontrar, na
forma escrita, a interpretação seletiva de inúmeras tradições que haviam sido
preservadas na forma oral, com algumas destas tradições sendo bastante antigas
e datando dos dias de Esdras c. 450 a.C.
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