domingo, 23 de fevereiro de 2014

Salmos 119:145—152 — UMA LIÇÃO OBJETIVA ACERCA DO ATO DE ORAR — Estudo 020



Esse artigo é parte da série "Exposição do Salmo 119" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nesse Salmo, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará um link para o estudo posterior


Exposição do Salmo 119 – A Excelência da Palavra de Deus - 020

S. Exposição do Salmo 119:145 – 152 – Uma lição objetiva acerca do ato de orar.

A. Introdução

1. A décima nona divisão de oito versículos do Salmo 119 inicia com a letra q koph que significa “prisão”. Alguns autores também a interpretam como significando “capacete”. Era usada para indicar o numeral 100. Esta letra é transliterada em português pela letra k.

2. Nesta passagem o Salmista descreve o tempo e o modo de suas devoções e insiste com Deus para livrá-lo de suas aflições. Nesta passagem nós iremos ver: Como o Salmista orava — verso 145. Acerca do que ele orava — verso 146. Quando ele orava — verso 147. Por quanto tempo ele orava — verso 148. Baseado em que ele orava — verso 149. O que aconteceu — verso 150. Como ele foi socorrido — verso 151. Que testemunho ele podia dar de todo este processo  — verso 152.

a. Como o Salmista orava – verso 145.

De todo o coração eu te invoco — A expressão hebraica קָרָא kará – invoco traduz a ideia de chamar, clamar, recitar, ler, gritar e proclamar com o objetivo específico de causar um encontro com aquele a quem a pessoa está se dirigindo. O Salmista deseja se encontrar com Deus. Ele invoca o Senhor com todo o seu coração, com toda sua alma, com todo seu entendimento e com todas as suas forças. O Salmo 42:2 expressa bem esta verdade. Quando temos sede verdadeira de Deus, quando o buscamos de todo o nosso coração, então encontramos o caminho para estarmos frente a frente com Ele.

Ouve-me SENHOR — Este é o motivo principal porque oramos. Oramos porque Deus nos ouve. Se Deus não ouve nossas orações então as mesmas são feitas em vão. O exercício repetitivo de rezas sem fim não possui nenhum objetivo prático. A oração sincera e intensa, por outro lado, tem um objetivo e aqueles que se dedicam a orar dessa maneira aguardam um resultado concreto. O termo hebraico עֲנֵנִי yanení — ouve-me expressa o desejo intenso de atenção e consideração. O Salmista busca a resposta de Deus porque todas as suas expectativas estão exclusivamente em Deus. Ele não possui uma segunda fonte de onde aguardar o socorro – ver

Salmos 121:1—2

1 Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?

2   meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.
Observo teus mandamentos – Note que o Salmista sabe que só poderá ser ouvido por Deus se ele mesmo estiver ouvindo a Deus.

b. Acerca do que o Salmista orava a Deus — verso 146.

Neste verso o Salmista insiste que sua oração se destina exclusivamente a Deus de forma contínua e enfática. Sua oração era curta, mas plena: Salva-me! Somente Deus podia verdadeiramente salvá-lo. Mas salvar do que? 1) dos perigos; 2) dos inimigos; 3) das tentações; e 4) dos pecados que o acusavam constantemente. Seu desejo de salvação tinha, todavia, um objetivo específico: ele desejava guardar os mandamentos de Deus. Para o Salmista a vida com Deus só faz sentido se for uma vida de verdadeira santidade. Não existe verdadeira salvação se a pessoa insiste em viver na ignorância e em desobediência aos mandamentos de Deus!

c. Quando o Salmista Orava e por quanto tempo ele orava — versos 147 e 148.

O Salmista levantava cedo, antes de o dia raiar para שַׁוָע shaváclamar e clamar — ver versos 146 e 147. Seu clamor se inspirava nas promessas da Palavra de Deus. Ele sabia que Deus é amoroso, compassivo, longânimo, misericordioso e fiel. E todas estas qualidades de Deus estão claramente refletidas em suas promessas contidas em Sua Palavra — ver

2 Pedro 1:3—4

3 Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude,

4 pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.

No verso 148 nós lemos que o Salmista também usava as horas da noite para orar. Mas ele também aproveitava estes momentos para meditar na Palavra de Deus. Quanto mais meditava mais ânimo tinha para orar. A leitura e meditação da Bíblia alargam os horizontes acerca da pessoa de Deus. Este é o motivo porque Deus insistiu com Josué acerca da necessidade que ele, Josué, tinha de se apegar à Palavra de Deus – ver

Josué 1:7—9

7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares.

8 Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás.

9 Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares.

d. Baseado em que o Salmista fazia seus pedidos — verso 149.

O Salmista descarta completamente a possibilidade de ser ouvido por méritos próprios. Ele confia na bondade de Deus. Quando Deus ouve uma oração baseada em Sua bondade Ele: 1) ignora qualquer imperfeição que possa existir na oração; 2) perdoa os pecados daquele que está orando; 3) garante a satisfação do pedido feito mesmo que o ofertante da oração não mereça absolutamente nada.

Dentro deste mesmo espírito o Salmista pede para Deus vivificá-lo. Esta é a melhor maneira de evitarmos as confusões desta vida. Quando ouvimos os juízos de Deus e aprendemos com eles evitamos imensos dissabores para nós mesmos e para aqueles ao nosso redor.

e. Os inimigos podem estar perto, mas Deus está mais perto ainda — versos 150 e 151.

Havia um grupo de pessoas que estavam interessados no Salmista. Estavam procurando-o. Agora estavam bem próximos. Mas a intenção destas pessoas não era boa. Queriam apenas maltratá-lo. A conclusão do Salmista é inescapável: quem faz mal a outra pessoa não pode verdadeiramente dizer que está andando com Deus! Aqueles que andam com Deus não fazem o mal nem contra si mesmos nem contra o próximo. O pecado é o pior tipo de maldade que uma pessoa pode cometer contra outros e contra si mesma!

Mas Deus estava mais próximo do que aqueles que procuravam maltratar o Salmista — verso 151. Não existe consolação mais preciosa para o verdadeiro crente do que a certeza da presença próxima de Deus em nossas vidas. Deus está próximo e Deus é verdadeiro. O povo de Deus está seguro.

f.  O testemunho que o Salmista podia dar de todo este processo — verso 152.

O Salmista sabia por experiência que, um Deus imutável só poderia estabelecer prescrições imutáveis. Através do profeta Malaquias Deus disse: Porque eu o SENHOR não mudo! É realmente uma experiência maravilhosa poder manter comunhão com alguém que não sofre variações de humor. Devemos estar sempre satisfeitos em manter comunhão com um Deus que não muda. Não precisamos de novidades, nem dos últimos modismos. Precisamos do Deus Eterno e imutável.

Conclusão:

1. Como está nossa vida de oração? Quanto tempo temos investido em oração? Qual é nossa atitude quando estamos orando? Como estamos diante das palavras de Tiago 4:1—4?

1 Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?

2 Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.

3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.

4 Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
2. Temos que entender que somente Deus é poderoso o suficiente para nos ajudar verdadeiramente. Precisamos colocar de lado todos os nossos planos mirabolantes e aprender a depender exclusivamente de Deus — Isaías 26:3 diz: Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti.

3. Quando oramos a Deus precisamos descansar no fato de que Ele nos ouve baseado exclusivamente em Sua bondade — ver

Romanos 8:26

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

4. Deus está próximo de Seu povo. Devemos ter a mesma coragem e afirmar de forma categórica, como o autor da Epístola aos Hebreus faz: Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem? — Hebreus 13:6.



OUTROS ESTUDOS NA SÉRIE DO SALMO 119

001 — Estudo Introdutório — A Excelência da Palavra de Deus =

002 — Salmos 119:1—8 — Os Bem Aventurados =

003 — Salmos 119:9—16 — A Importância da Palavra de Deus para os Jovens

004 — Salmos 119:17—24 — A Importância da Palavra de Deus para os Seus Servos

005 — Salmos 119:25—32 — A Confiança do Salmista em Deus e em Sua Palavra

006 — Salmos 119:33—40 — Completa Dependência de Deus e Sua palavra

007 — Salmos 119:41—48 — Servindo Deus Nos Termos de Deus

008 — Salmos 119:49—56 — Encontrando Conforto na Palavra de Deus de Deus

009 — Salmos 119:57—64 — Encontrando Plena Satisfação Apenas em Deus

010 — Salmos 119:65—72 — A Bondade de Deus

011 — Salmos 119:73—80 — A Experiência Pessoal do Salmista com a Palavra de Deus

012 — Salmos 119:81—88 — A esperança baseada em Deus e na Palavra de Deus, nas horas de maior angústia

013 — Salmos 119:89—96 — A Fidelidade de Deus Manifestada em Sua Palavra e Por Meio da Criação

014 — Salmos 119:97—104 — Os inúmeros benefícios derivados da leitura e do estudo da Palavra de Deus.

015 — Salmos 119:105—112 — O apego do Salmista a Deus e à Sua Palavra diante das dificuldades da vida.

016 — Salmos 119:113—120 — O Salmista e a Vida íntegra Diante de Deus.

017 — Salmos 119:121—128 — O Salmista e sua Luta por Justiça com o reconhecimento implícito de que Deus é o único, verdadeiro e definitivo Juiz dos seres humanos.

018 — Salmos 119:129—136 — O Salmista reconhece excelência da Palavra de Deus, ao mesmo tempo em que deplora o fato de que “os homens não guardam a Tua Lei”

019 — Salmos 119:137—144 — Deus, Sua Justiça, Sua Palavra e o Salmista

020 — Salmos 119:145—153 — Uma Lição Objetiva Acerca do Ato de Orar

021 — Salmos 119:153—160 — O contraste entre o Salmista que busca a Deus com intensidade cada vez maior e os ímpios que desprezam a Deus

022 — Salmos 119:161—168 — VERDADEIRA PAZ E SEGURANÇA SÓ EXISTEM EM DEUS

023 — Salmos 119:169—176 — A NECESSIDADE DEFINITIVA QUE TEMOS DE CONFIAR EXCLUSIVAMENTE EM DEUS
Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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