Fotografia de uma das mais antigas cidades conhecidas
Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é
ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da
História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará
direções para outras partes desse estudo.
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz ha
ve-et Hashamaim et
Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os
Deus criou princípio No
Gênesis
1:1
CONTINUAÇÃO...
D. Caim como o Primeiro Construtor de uma Cidade e o Primeiro Pseudo
Salvador da Humanidade
A primeira
cidade da história humana, construída por Caim, além de servir como elemento de
segurança para ele mesmo e sua família, era também bastante representativa da
rebelião instaurada em seu coração, pois ia frontalmente contra o mandamento do
Criador para מִלְאוּ — mileu — encher a terra —
Gênesis 1:28
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e
sobre todo animal que rasteja pela terra.
Caim, como o primeiro
construtor de uma cidade imagina seu ato como a resposta mais apropriada a seus
desejos mais profundos de segurança e eternidade. A relação entre estes dois
anseios mais profundos de sua alma pode ser vista através do nome que ele
atribuiu à cidade e a seu filho primogênito:
1. E coabitou
Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque.
2. Caim
edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.
Por que teria
Caim atribuído a seu filho primogênito, bem como à cidade que edificou, um e o
mesmo nome? Comecemos pela cidade que Caim construiu. Aquele era um lugar onde
ele podia, acima de tudo, ser ele mesmo. O lugar onde ele podia se sentir
seguro, onde poderia encontrar descanso e deixar de ser vagabundo no sentido
próprio do termo — alguém que leva uma vida errante; que vagueia. Além disso, a
cidade representava para Caim um sinal visível da sua segurança. De acordo com
a decisão que ele havia tomado de “retirar-se da presença do SENHOR”, sua
segurança dependia agora dele mesmo apenas. A construção da cidade, portanto, é
consequência direta do ato criminoso de Caim e de sua recusa terminante de
aceitar a segurança oferecida por Deus.
O Éden de Deus é substituído pela cidade de Caim, da mesma maneira que o
propósito que o Deus Criador tinha para Caim foi substituído pelos planos que o
próprio Caim fizera para si mesmo. Sua cidade e seu filho são
chamados de Enoque e isto não é mera coincidência. Esse nome é derivado do
verbo que significa: dedicar, inaugurar ou iniciar. Para Caim seus atos possuem
um profundo significado. Eles representam um novo princípio, não como o
“princípio” originado por Deus e mencionado em Gênesis 1:1, e sim algo
completamente diferente. Algo iniciado pelo homem e dependente do ser humano.
“No princípio Deus” nos diz o livro do Gênesis. Para Caim, porém, Deus
não era mais nem apropriado nem pertinente. Um novo início era necessário. Um início
centrado no homem, em sua mente distorcida e seu coração enfermo pelo pecado. É
como se Caim estivesse dizendo: “Vou mostrar a Deus como as coisas devem, de
fato, serem feitas”.
A cidade de
Caim se opõe ao Éden de Deus. A proposta de Caim é grandiosa. Ele deseja
reconstruir o mundo conforme a sua imagem e semelhança. Para alcançar seu
objetivo Caim arrasta a criação para dentro do mesmo abismo em que ele se
encontrava. Abismo de escravidão, de pecado e de uma amargurada revolta que,
tenta a todo custo, se libertar dessa situação. Com isto Caim aumenta ainda
mais a distância que existia entre ele e o Deus Criador. É dessa revolta que
nasce a primeira cidade. Sua maior dificuldade, todavia, é que
a solução para os problemas que ele enfrentava estava concentrada nas mãos de
Deus, e isto era algo que ele não podia tolerar. Caim deseja
encontrar, por si mesmo, a solução para todos os dilemas que seus atos haviam
criado. Mas seus projetos apenas agregam ofensa à injúria. Cada novo ato de sua
parte representa uma ofensa ainda maior a Deus, e o afunda em um abismo cada
vez mais profundo.
A civilização
humana, como a definimos em tempos modernos, começa com o estabelecimento de
uma cidade e com tudo o que essa cidade representa. Para Caim, Deus se
torna apenas uma figura imaginária, uma hipótese. Por modo
semelhante o Paraíso se torna em uma lenda e a própria criação não passa de um
mito. Quando Caim decide chamar seu filho e sua cidade de Enoque — início — ele
estava coberto de razão. Por todos os cantos do planeta Terra nós encontramos
exemplos de como aquele início se desenvolveu e se tornou ubíquo. Ao registrar
a história de Caim como construtor da primeira cidade — Gênesis 4:17 — a Bíblia
nos revela muito mais do que o mero ato ali descrito. Ela nos revela:
1. Qual era a
intenção do ser humano ao decidir construir a cidade — dar o ponta pé inicial
em um novo “princípio”, por completo, independente de Deus.
2. O que o
ser humano esperava alcançar por meio daquela construção — uma segurança que
fosse independente de Deus.
3. O que os
pensamentos do ser humano desejavam estabelecer — um nome para si mesmo que se
estendesse por toda a eternidade.
A palavra
hebraica עִיר — ‘iyr —
traduzida por cidade possui, na realidade, outros significados. Estes são: agitação, angústia e terror. Uma contração provinda da mesma raiz ‘ar — é traduzida pela palavra “inimigo”.
1 Samuel 28:16
Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o
SENHOR te desamparou e se fez teu inimigo?
Esses
significados denotam que as cidades não são apenas ajuntamentos de moradias,
ruas, palácios, muralhas e etc. As cidades são forças espirituais. A primeira
cidade foi fruto da revolta do ser humano e certamente “outras forças” estavam
também presentes auxiliando o homem em sua empreitada. Como tal, as cidades
possuem a capacidade de influenciar as pessoas. Elas podem direcionar e alterar
o curso da vida espiritual dos seres humanos. As cidades não representam apenas
o “urbano” em oposição ao “rural ou campestre”. Elas são poderosas na força de
atração que exercem sobre as pessoas e compõe um mistério que chega ser, até
mesmo, assustador. Se considerarmos, de forma desapaixonada, o significado da
palavra עִיר — ‘iyr —
agitação, angústia e terror, bem como da sua contração ‘ar – inimigo, nós
podemos concluir que elas descrevem, de modo preciso, o que as cidades
representam em pleno século XXI.
Por outro lado, a cidade como concebida por Caim, também não passava de
um ídolo. Estava, portanto, destinada a ser destruída. Ao mesmo
tempo, ela representava um poder cujo propósito era o de se elevar acima do
próprio Deus. A cidade de Caim deveria representar para ele mesmo, muito
daquilo que só podemos encontrar, de forma verdadeira, na pessoa do próprio
Deus. Ao construir sua cidade Caim colocou toda sua revolta em cada parte. Se
pudéssemos ver tal construção a partir do seu espectro espiritual, nós
ficaríamos muito chocados com a terrível aparência da mesma. Todas as vezes que
podemos presenciar este tipo de manifestação, nós estamos diante de uma força
que só pode ser definida de uma maneira: demoníaca.
As atitudes
de Caim são representativas daquelas que são comuns a todos os seres humanos.
Caim foi pronunciado אָרוּר — arur — maldito pelo
Senhor —
Gênesis 4:11
És agora, pois, maldito por sobre a terra,
cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão.
De modo
semelhante todos os seres humanos, como descendentes de Adão, estão sobre a
maldição da condenação do pecado. É somente em Cristo que nós podemos nos
livrar desta maldição —
Gálatas 3:13
Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado em madeiro)
E é por causa
de Cristo que temos a promessa de que na eternidade “nunca mais haverá qualquer maldição” – ver Apocalipse 22:3. Mas, em
vez de aceitar a provisão de Deus, tanto Caim, como outros seres humanos,
buscam solucionar seus problemas por si mesmos. A posição de arrogância é
refletida na imaginação que diz: “eu posso resolver meus problemas
sozinho e sem o auxílio ou a bênção de Deus”. É por causa da
maldição de Deus que pesa sobre os seres humanos que eles fazem de tudo para
tornarem-se poderosos — poder manifesto em forma de riquezas, desenvolvimento,
domínio, etc. Eles acreditam, em suas mentes doentias, que ao se tornarem
poderosos poderão manter em cheque e impedir os efeitos da maldição proferida
sobre suas cabeças. Esse é o verdadeiro motivo porque o homem desenvolve as
artes e as ciências; porque ele organiza exércitos e constrói armamentos cada
vez mais sofisticados; porque constrói cidades. A manifestação desse “espírito
de poder” não passa de uma tentativa desesperada, do ser humano, de tentar
paralisar ou até reverter as consequências de ser pronunciado אָרוּר — arur — maldito pelo
Senhor.
CONTINUA...
OUTROS ARTIGOS ACERCA DO LIVRO DE GÊNESIS
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002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação
003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza
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006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR
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012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1
013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas
015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A
016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B
017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A
018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B
019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C
020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19
021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20
022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21
023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22
024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23
025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24
026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25
027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26
028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A
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http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html
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