Concepção Artística da Arca de Noé
Gênesis 7
Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo.
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
No princípio, Deus criou os céus ea terra
Eretz ha ve-et Hashamaim et Elohim Bará Bereshit
Terra a e céus os Deus criou princípio No
Gênesis 1:1
IX. A História de Noé —
Continuação.
2. Poderiam Todos os Animais Caber na Arca?
A primeira coisa que precisamos
deixar bem claro é que Noé não levou “todos
os animais que existiam na terra para dentro da Arca”!
Essa questão tem a ver com dois
aspectos importantes: 1) O tamanho da Arca de Noé — questão discutida no estudo
anterior; 2) O número de animais que foi colocado dentro da arca.
Como já dissemos acima, nem toda
espécie de criatura viva foi levada para dentro da arca. De acordo com
Gênesis 7:15
De toda carne, em que havia fôlego de vida,
entraram de dois em dois para Noé na arca.
O texto hebraico é claro o
suficiente ao dizer בָּשָׂר אֲשֶׁר־בּוֹ רוּחַ חַיִּים — basar
asher bo ruwach chayiym
— carne em que havia fôlego de vida. Outro verso importante aqui é
Gênesis 7:21
Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e tudo Homem .
Daqui queremos apenas destacar
que se tratava de בָּשָׂר הָרֹמֵשׂ עַל־הָאָרֶץ — basar haromes `al haa`ertz — carne
que se movia sobre a terra.
Com essas informações, podemos
com bastante certeza afirmar que nenhum peixe foi levado para dentro da arca,
pois eles não respiram o ar por narizes. Baleias e golfinhos apesar de
respirarem num processo semelhante aos outros seres, também não entraram na
arca, porque não se moviam sobre a
terra. Peixes,
baleias e golfinhos sobreviveram ao dilúvio, em quantidades suficientes, mas
temos que reconhecer que o registro fóssil indica que uma grande quantidade
desses animais pereceu quando sedimentos e outros detritos, provavelmente,
contaminaram a água. Há registro de muitos fósseis marinhos que pereceram
durante o dilúvio.
É bem possível que os insetos
não foram levados para dentro da arca, eles não possuem narinas para respirar,
mas respiram por meio de tubos atrelados às suas carcaças —
Gênesis 7:22
Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas,
tudo o que havia em terra seca, morreu.
Note bem a expressão בֶּחָרָבָה — becharabah — terra seca! Desse modo os
insetos podem sobreviver se abrigando sobre detritos flutuantes, inclusive
aglomerados de galhos e folhas que funcionavam com verdadeiros “tapetes”
flutuantes. Mas como insetos são animais, praticamente incontroláveis, é
provável que alguns deles tenham também embarcado na arca, como “clandestinos”
é claro – risos.
O caso dos cachorros pode ser
bem ilustrativo. Noé não precisou levar um par de cada cachorro existente
naqueles dias, até porque a grande maioria dos cachorros que temos hoje nem
existiam nos dias da Antiguidade. Eu creio, e tenho liberdade para pensar
assim, que Noé precisou levar apenas um par de cachorros, de alguma espécie da
família aparentada com os lobos, que tivesse um material genético bastante
variado dentro de si. Outros podem não acreditar nessa possibilidade, mas ela
não é absurda. Cães mestiços levam dentro de si uma enorme variedade de
material genético. Consulte seu veterinário! Nós sabemos que diferentes tipos
de cães foram gerados a partir de casais de espécies de lobos aparentados com
cachorros durante alguns milênios. É lógico que não estamos falando de evolução
e sim de variações dentro de um mesmo tipo ou espécie conforme podemos ler com
certa frequência — 10 vezes — no primeiro capítulo de Gênesis. O mesmo
aconteceu, por exemplo, com os cavalos.
Dessa forma, nos sabemos que
temos, nos dias de hoje, muitos animais diferentes dos que os que existiam nos
dias de Noé. Desde o dilúvio, alguns milhares de anos se passaram o que
permitiu o desenvolvimento de uma quantidade bastante diversificada de animais.
O número exato — que ninguém sabe, nem pode assumir — depende, por completo do
significado da palavra hebraica מִין — miyn — traduzida, geralmente por
espécie e que tem a seguinte e longa definição no dicionário de Hebraico:
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, publicado em
português por Edições Vida Nova.
sexo miyn
procedente de uma raiz não utilizada
significando repartir
1) gênero, algumas vezes uma espécie (geralmente de animais). 2) Grupos de organismos
vivos pertencentes à mesma “espécie” criada se descendem do mesmo grupo de
genes. Isso não impede a formação de novas espécies porque representa uma
divisão do grupo de genes original. A informação é perdida ou conservada mas
não adicionada. Uma nova espécie pode surgir quando uma população se acha
isolada, ocorrendo, então, a procriação por consanguinidade. Segundo esta
definição, uma nova espécie não é uma nova “espécie” mas uma divisão posterior
de uma “espécie” já existente.
Cópia da Capa do Livro citado abaixo
John Woodmorappe em seu livro Noah´s Ark: A Feasibility Study — ou A
Arca de Noé: Um estudo da Viabilidade da Mesma — estimou que o número total de
animais levados por Deus para dentro da arca foi de 16.000, assumindo que a
expressão bíblica מִין — miyn
— é relativamente equivalente ao grupo de animais que nós identificamos pela
expressão moderna “gênero”. Todavia,
se optarmos por definir a expressão hebraica acima pelo termo moderno “família”, então a quantidade desaba para
2.000 animais apenas. Talvez, podemos contemporizar e aceitar que algo entre
2.000 e 16.000 animais entraram na arca conduzidos por Deus.
3. De que maneira os animais foram “guardados”
dentro da arca?
Os animais poderiam ser
facilmente alojados em pequenas celas, já que o tamanho médio dos animais que
respiram está mais próximo de um coelho do que de um elefante — prestem bem
atenção. Mesmo grandes animais, como até mesmo os dinossauros, nascem pequenos
e é bem provável que Deus tenha conduzido pequenos filhotes, mais saudáveis e
em melhores condições de sobreviverem depois do dilúvio, do que animais adultos
e já com enfermidades — todo mundo sabe que os animais sofrem de enfermidades
como nós. Eles têm problemas cardíacos, circulatórios, sofrem com diabetes, com
insuficiência renal, com inflamações e infecções e etc.
Agora vamos voltar ao tamanho
da Arca. A arca, como vimos no estudo anterior, era realmente gigantesca. Sua
capacidade de carga era equivalente a 522
vagões de trem
como esses que passam próximo de onde moro, várias vezes ao dia, contornando o
rio Jaguari indo em direção à mina de bauxita e depois voltando em direção às
fábricas de alumínio. O maior trem do mundo tem 330 vagões e se estende por
três mil e quinhentos metros e é capaz de deslocar 40.000 mil toneladas de
carga[1].
Cada vagão pode acomodar até
240 ovelhas. A arca tinha espaço para transportar 125.000 ovelhas, não coelhos,
OVELHAS. Portanto, havia espaço de sobra na arca para os animais, para o
alimento, a água (?) e para Noé e sua família — 8 pessoas.
Se Noé acomodou os animais em
pequenas celas com um tamanho médio de 50X50X30 cm, então até mesmo o número de
16.000 animais ocuparia apenas o equivalente 14,4 vagões de trem ou 1200 m3. Se
quisermos colocar os insetos dentro da arca, algo que como já vimos poderia ser
resolvido de outra maneira, todas as espécies conhecidas hoje ocuparia cerca de
1000 m3 ou mais 12 vagões!
Isso deixaria um amplo espaço
disponível dentro da arca. Depois de
acomodar todos os animais pelo maior número possível, sobraria ainda espaço
equivalente 495 vagões que poderia ser usado tanto como espaço adicional de
acomodação, bem como para estocar alimentos e água, se necessário.
4. Teria Noé necessidade de levar qualquer espécie
de planta com ele.
Pela narrativa do Gênesis que
temos acima, Noé não teve que levar nenhuma espécie de planta com ele. Muitas
espécies, certamente, sobreviveram em forma de sementes e também agrupadas em
verdadeiros “tapetes” de material vegetal.
5. Quanto animais
“Limpos” e Aves Noé levou para dentro da Arca.
Existe
muita divisão entre os estudiosos da Bíblia acerca de quantos animais “limpos”
e aves, realmente, Noé levou para dentro da arca. Alguns acham que foram sete
animais limpos de cada. Mas nossa convicção é que Noé levou 7 pares de cada
animal limpo, conforme lemos em:
Gênesis 7:2
De todo animal limpo
levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um
par: o macho e sua fêmea.
Além
disso, o verso seguinte nos informa que Deus também trouxe para Noé sete pares
de todos os pássaros. Aqui precisamos ser lembrados que a capacidade de estocagem
da arca equivalia a quinhentos vagões de carga modernos e também que esses pássaros
estão incluídos na contagem que já apresentamos acima:
Gênesis 7:3
Também das aves dos
céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da
terra.
Todavia
quanto às aves, também existiam aves impuras — ver lista em Levítico 11 e Deuteronômio
14 — e temos motivos de sobra para aceitar que dessas aves impuras, Deus trouxe
apenas um par de cada espécie.
6. E Quanto aos
Alimentos?
É
bastante provável que Noé e seus filhos tenham estocado tanto alimentos
prensados, quanto alimentos secos e também concentrados. Os animais podem ter
sido alimentos com grãos e com feno para suprir as fibras necessárias. De
acordo com o livro de John
Woodmorappe todo o alimento teria ocupado apenas 15% do espaço da arca, e a
água, se foi estocada, algo próximo de 9%.
7. Dinossauros na Arca?
Tema controvertido porque
grupos de paleontoligistas defendem que tenham existido 87 tipos diferentes de
saurópodas, mas até hoje, apenas 12 estão firmemente estabelecidos e outros
cinco, razoavelmente estabelecidos.[2]
Uma
questão sempre levantada pelos críticos é: Como colocar todos os “gigantescos”
dinossauros dentro da arca. Bem, vamos trabalhar com os números especulados
pela paleontologia que supõe — não existem provas concretas — que existiam 668
gêneros de dinossauros. Desses todos, apenas 106 pesavam mais do que 10
toneladas quando adultos. Mas como já dissemos essa quantidade de gêneros de
dinossauros é muito exagerada. Como aconteceu com os outros animais, a maioria
dos dinossauros também devem ter sido filhotes, pelas mesmas razões
apresentadas acima.
8.
E os Germes Que Causam Doenças, Como Sobreviveram?
Esse
é outro problema levantado muitas vezes por ateus e também por evolucionistas teístas
(??): de que maneira os germes que causam doenças sobreviveram ao dilúvio? A
primeira coisa que temos que entender é se os germes de então são os mesmos dos
nossos dias. E a resposta mais clara é: NÃO! Outra questão é: os germes de
então eram tão frágeis como os germes modernos que precisam sempre de
diferentes hospedeiros, não conseguindo sobreviver, na maioria dos casos,
independente de algum hospedeiro? Independentemente desse fato, nós sabemos que
em nossos dias muitos germes podem sobreviver como vetores em insetos, alojados
em alguma carcaça de animal morto e até mesmo em estado congelado ou seco.
Germes também podem ser carregados por hospedeiros sem, necessariamente, causar
nenhum dano ao mesmo. A fraqueza humana diante da contaminação por germes é
algo que a ciência comprova como uma situação que tem sido progressiva com a
passagem do tempo. Cada nova geração de seres humanos é mais suscetível a
doenças do que a geração anterior. Certamente nossos hábitos alimentares e o
consumo de centenas de produtos químicos e hormônios, através dos alimentos,
são os maiores responsável pelo aumento da nossa própria fragilidade. Mas nos
dias de Noé tanto seres humanos quanto animais deveriam ser bem mais
resistentes aos germes causadores de enfermidades.
Conclusão
Da Parte B.
1.
Para os crentes: não é necessário temer nenhuma das acusações levantadas contra
algo afirmado pela Bíblia. A Palavra de Deus, apesar de sido escrita para nos
ensinar acerca da História da Redenção, e não para fazer ciência, já passou por
milhares de acusações e em todas, sem exceção, não se conseguiu provar que a
mesma estivesse errada. Nosso problema é que muitas vezes “acreditamos” mais na
mentira de pessoas incrédulas e em suas afirmações, muitas vezes sem provas, do
que naquilo que a Bíblia afirma, apenas porque desconhecemos os fatos e, temos
que admitir, somos preguiçosos demais para nos envolver numa discussão que
demande tempo de estudo e pesquisa. Como diz o apóstolo Pedro:
1
Pedro 3:15
14
Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não
vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados;
15
antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há
em vós.
2.
Para os incrédulos: Saibam que muitas das afirmações que são feitas não passam
de verdadeiras tolices, porque vocês querem ler as Escrituras Sagradas como se
as mesmas tivessem sido escritas ontem, ou antes de ontem e querem entender as
palavras no português pelo valor que as mesmas possuem nos dias de hoje. Mas
não é assim que as coisas funcionam. É necessário conhecer as ciências,
CIÊNCIAS SIM, da interpretação — exegese, hermenêutica e matérias associadas —
além das línguas originais em que esse material foi escrito, para poder ter um
entendimento rudimentar de algo que foi escrito há cerca de 3500 anos. Peço,
portanto, que antes de saírem atirando, tenham um pouco de modéstia e
reconheçam que, na grande maioria das vezes, lhes falta o mínimo de
conhecimento necessário para interpretar os Textos Sagrados.
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012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
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013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
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Alexandros Meimaridis
Alexandros Meimaridis
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[1] Ver detalhes em http://www.autoracing.com.br/forum/index.php?showtopic=48444
em 10/04/2014 às 13:47 horas.
[2] McIntosh. JS, Sauropoda , em Wieshampel, DB etc., The Dinosauria. University of California Press, Berkeley, 1992.
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