Um alerta aos pastores e suas
ovelhas
O artigo abaixo é de autoria de Aledsey
Neander.
Durante meu pouco tempo no
ministério pastoral - pouco mais de sete anos – tenho aprendido, na prática de
plantação de igrejas, uma importante lição: os maiores inimigos da igreja de
Cristo não são externos, — os de fora da redoma do templo — mas, sim, os
internos. Não é por acaso que Jesus cita exemplos contrastantes e atípicos para
exemplificar isso, como a parábola do trigo e do joio, a parábola da rede — que
pega peixes bons e ruins —, não dar aos cães o que é santo, e por aí vai. O
problema não está lá fora, está em quem deixamos entrar.
O maior inimigo da igreja não é o
cara que se denomina ateu, não é aquele que diz que nunca vai à sua igreja por
ter raiva de crente, nem mesmo aquele que diz crer em Deus, mas que não quer
assumir compromisso com igreja nenhuma. Essas pessoas querem mais é viver a
vida delas, da forma que eles acharem melhor, sem a intromissão religiosa — com
isso não quero dizer que não devem ser evangelizados, nem se serão salvos ou
não. Essas pessoas não são acusadas de mornidão, de frieza, de sustentar falsos
profetas... Essas acusações foram feitas às igrejas. O maior inimigo da igreja
de Cristo se assenta nos mesmos bancos que os verdadeiros crentes, canta
louvores, fala de Jesus, faz liturgia, se veste à caráter como crente — se é
que isso existe —, lhe deseja a paz do Senhor e pode até ser um dizimista fiel
e um frequentador assíduo das reuniões. E o maior perigo desse inimigo é que
ele é homogêneo, se mistura com facilidade, se torna anjo de luz, se preciso —
2 Coríntios 11:14
E não é de admirar,
porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.
Lembram-se de Balaão? Tentou
amaldiçoar o povo de Deus 3 vezes. Vendo ele que não teve sucesso, usou outra
tática: a influência interna. Aconselhou o rei a introduzir prostitutas cultuais
entre o povo de Deus, fazendo com que eles pecassem.
Números 31:16
Eis que estas, por
conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o SENHOR, no
caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do SENHOR.
Paulo, sendo pastor e conhecedor
dessa tática, alerta os irmãos de Corinto quanto a esses inimigos:
1 Coríntios 5.10—11
Já em carta vos escrevi
que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente
aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois,
neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos
associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou
idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda
comais.
A preocupação de Paulo não era
com os de fora, nem mesmo essa era a preocupação de Jesus, pois, além de
conviver com os "doentes", pediu ao Pai que não nos tirasse do mundo,
pelo contrário, nos deu uma missão aqui —
João 17:15—18
15 Não peço que os
tires do mundo, e sim que os guardes do mal.
16 Eles não são do
mundo, como também eu não sou.
17 Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Mas, sendo essa uma realidade, o
que fazer? Como pastores temos duas opções: 1. Fingir que nada está
acontecendo, ser cego, surdo e mudo para com essas pessoas, ou, crer que sua
igreja está livre dessas pessoas. 2. Trabalhar para livrar as verdadeiras
ovelhas desses lobos enrustidos, ou, não permitir que eles influenciem o
restante. Como? Primeiro é necessário identificá-los e, seguindo os conselhos
de Paulo, isso não é difícil. Depois, tratá-los como devem ser tratados.
Quando
digo que devemos nos "livrar deles", entendo que temos que ter o
cuidado de não julgar erroneamente, nem mesmo sair expulsando gente da Igreja,
pois todos devem ter a oportunidade de prestar culto a Deus e ouvir sua
Palavra, a fim de serem conduzidos ao arrependimento. Devemos ter muita sabedoria
ao identificar e corrigir essas pessoas.
2 Timóteo 2:24—-26
24 Ora, é necessário
que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com
todos, apto para instruir, paciente,
25 disciplinando com
mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,
26 mas também o retorno
à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por
ele para cumprirem a sua vontade.
No entanto, seguindo o conselho
de Paulo, esses inimigos de Cristo têm uma característica específica: eles
professam uma coisa e vivem outra: "... alguém que, dizendo-se irmão, for
impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou
roubador...". Essa é uma típica atitude farisaica — e sabemos como Jesus
tratava esses homens. Também essa é uma característica dos falsos profetas —
Mateus 7:15—20
15 Acautelai-vos dos
falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro
são lobos roubadores.
16 Pelos seus frutos os
conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda árvore
boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore
boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.
19 Toda árvore que não
produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
20 Assim, pois, pelos
seus frutos os conhecereis.
Essas pessoas fizeram profissão
de fé, declaram a mesma coisa que um discípulo de
Cristo —
Tiago 2:19
Crês, tu, que Deus é um
só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.
mas vivem como ímpios; não há
sinal de arrependimento nessas vidas — perceba que todas as características
dessas pessoas são totalmente explícitas, elas não conseguem esconder o que são.
Apesar disso, elas gostam da comunhão, — "dizendo-se irmão" — usam
palavreado piedoso, gostam de sentir-se como parte da igreja. Havia um sujeito
com esse perfil dentro da igreja de Corinto e Paulo está preocupado com esse
tipo de influência na igreja (v. 6).
Mas, ao identificá-los, qual é o
tratamento? Paulo é direto: "Mas, agora, vos escrevo que não vos
associeis..." e "com esse tal, nem ainda comais.".
"Associar" significa "misturar-se", "ser íntimo"
de tal pessoa. Esses inimigos querem inserir-se no grupo, mas o pastor, como
responsável pela saúde de suas ovelhas, não deve deixar que ele se sinta como
tal e também deve ensinar a igreja a se prevenir dessas influências.
O verdadeiro cristão não se torna
confidente de tais pessoas, não somente porque ele não deve, mas porque não há
nenhuma possibilidade. Associar-se com eles é ser cúmplice do pecado. Devo
tratá-lo à distância e não alimentar sua impiedade (Provérbios 26:1, 5).
Interessante que o conselho de Paulo quanto a não "comer" com essas
pessoas, assemelha-se muito ao princípio do Salmo primeiro.
Paulo não recomenda, somente, que
não haja nenhum tipo de associação com essas pessoas, mas também recomenda uma
disciplina eclesiástica, o afastamento da comunhão:
1 Coríntios 5:3—5, 7
3 Eu, na verdade, ainda
que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se
estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja,
4 em nome do Senhor
Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,
5 entregue a Satanás
para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor
Jesus.
7 Lançai fora o velho
fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois
também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.
(Sobre "disciplina
eclesiástica", recomendo o livro "Consultório Bíblico", Rev.
Odayr Olivetti, p. 133).
Como responsáveis pelo rebanho de
Cristo, não devemos ser omissos nesta tarefa. Muitas vezes deixamos que essas
pessoas criem raízes no Corpo, em prol de uma falsa paz. E, com o tempo, mais
cedo ou mais tarde, colhemos os frutos dessa omissão, quando não, deixamos esse
"barco furado" para um outro sucessor. Não deixemos de disciplinar,
se necessário, para que as verdadeiras ovelhas não sofram com esses inimigos.
Como diz um ditado popular: "Quem poupa os lobos, sacrifica as
ovelhas". Diga-lhes o que deve ser dito... Se necessário, com brandura, se
preciso, com rispidez. Dependendo do momento, fale em particular, mas se
precisar, admoeste publicamente — 1 Timóteo 5:20. Muitas vezes será preciso se utilizar
da autoridade que Deus nos deu como ministros, não para colocar medo nas
pessoas, como muitos falsos pastores fazem. Os outros precisam ver em você um
homem com a autoridade de Deus sobre a vida delas.
Tito 2:15
Dize estas coisas;
exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze.
Lógico que, cabe a nós,
demonstrarmos isso com uma vida irrepreensível e não só com palavras, agindo
assim com muito temor diante de Deus.
Não gaste tempo, nem tenha dor de
cabeça com essas pessoas.
Tito 3:10—11
10 Evita o homem
faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,
11 pois sabes que tal
pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.
Quanto sono já perdemos por causa
de pessoas com este perfil? Quanta paz deixamos de desfrutar por causa de gente
assim? Quanto tempo perdemos em estar trabalhando com os verdadeiros servos de Deus
tentando "converter" esses ímpios travestidos de cristãos?
Nós, pastores, devemos aprender,
desde cedo, que fomos chamados para pastorear as "ovelhas" do Senhor
Jesus e não os cabritos. E, até que o Senhor Jesus volte para separar cabritos
e ovelhas, joio e trigo, ímpio e santo, temos que saber administrar a situação.
Que não tenhamos pressa em
receber novos membros, a fim de encher o templo a qualquer custo. Mas que
utilizemos, bem, o processo de discipulado, ou catecúmenos, para conhecer quem
está querendo fazer parte da sua Igreja, ensinando, mas também, confrontando
sua fé, seus princípios, sua motivação.
Não estou dizendo, com isso, que
ficaremos livres dessa influência maléfica, enquanto neste mundo uma crença
assim é utópica — a igreja é chamada a avançar contra as portas do inferno, mas
durante esse avanço um "misto de gente" caminha junto.
Êxodo 12:38
Subiu também com eles
um misto de gente, ovelhas, gado, muitíssimos animais.
Também não creio que sempre
teremos sucesso nessa distinção. No entanto, estaremos cumprindo nossa tarefa como
servos bons, responsáveis e fiéis ao ministério e às ovelhas que o Senhor nos
confiou.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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