Lucas 1:77 — Para dar
ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados.
Esse
verso traz a primeira referência ao perdão dos pecados no Evangelho de Lucas. É
o Messias que traz a salvação. João Batista não podia perdoar pecados, mas Deus
podia e isso foi feito de forma absoluta por meio de Cristo. Uma antiga
profecia feita pelo profeta Daniel, entre os anos 600—500 a. C. tratava, de
modo específico, da verdade relacionada ao perdão dos pecados com a vinda do
Messias —
Daniel 9:23—26
23 No princípio das
tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado;
considera, pois, a coisa e entende a visão.
24 Setenta semanas
estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar
a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer
a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos
Santos.
25 Sabe e entende:
desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido,
ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 Depois das sessenta
e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe
que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e
até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
Os
versos acima nos apresentam a revelação divina do fato que um período fixo e
pré-determinado de tempo foi estabelecido pelo próprio Deus para realizar tudo
o que é necessário para libertar Seu povo de sua verdadeira escravidão —
escravidão ao pecado — e para reconciliar esse mesmo povo com o Deus Eterno.
Assim temos o seguinte:
Setenta semanas —
No hebraico nos temos a seguinte expressão literal שָׁבֻעִים
שִׁבְעִים — shabu`iym shibe`iym — “setes setenta”. A expressão “setes” é geralmente traduzida por
semanas, e no original a mesma está no início do verso conforme a maneira tradicional
do hebraico, quando deseja indicar a ênfase em uma determinada frase. Esse
número é o grande tema dessa passagem e esse é o motivo porque ele precede o
substantivo no original. Na versão em português a ordem está invertida como
podemos perceber. Isso posto, nós precisamos agora definir se as semanas mencionadas
devem ser entendidas como semanas de dias ou se o autor, ao usar essa
expressão, tinha a intenção de indicar outro período, como semanas de anos, por
exemplo. O próprio Daniel nos mostra que quando deseja falar de dias ele usa
expressões apropriadas como “tardes e
manhãs” em 8:14 e “dias” em
10:2—3. A esse argumento outras considerações podem ser adicionadas. De acordo
com Daniel 9:2, o profeta recebeu entendimento para compreender quanto tempo o
cativeiro na Babilônia devia durar —
1.
Daniel declara que entendeu que, de acordo com o profeta Jeremias, o cativeiro
do povo judeu na Babilônia deveria durar 70 anos —
Jeremias 25:11
Toda esta terra virá a
ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta
anos.
Por
que 70 anos de cativeiro? Porque durante 490 anos o povo de Israel não havia
respeitado o mandamento do SENHOR de deixar a terra descasar um ano a cada sete
anos, conforme a instrução clara contida em —
Êxodo 25:2—4
2 Fala aos filhos de
Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, então, a terra
guardará um sábado ao SENHOR.
3 Seis anos semearás o
teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos.
4 Porém, no sétimo ano,
haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao SENHOR; não
semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha.
Mas
se a terra tinha que descansar 1 ano a cada sete, o que o povo iria comer
durante o ano seguinte ao ano de descanso da terra? A resposta para essa
pergunta envolve uma das mais ricas e preciosas promessas de Deus quando Ele
diz —
Levítico 25:18—21
18 Observai os meus
estatutos, guardai os meus juízos e cumpri-os; assim, habitareis seguros na
terra.
19 A terra dará o seu
fruto, e comereis a fartar e nela habitareis seguros.
20 Se disserdes: Que
comeremos no ano sétimo, visto que não havemos de semear, nem colher a nossa
messe?
21 Então, eu vos darei
a minha bênção no sexto ano, para que dê fruto por três anos.
Mas
Deus, além de fazer essa promessa, também advertiu o povo das graves consequências
que sofreriam se não deixassem a terra descansar conforme o estabelecido acima
—
Levítico 26:33—34
33 Espalhar-vos-ei por
entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será
assolada, e as vossas cidades serão desertas.
34 Então, a terra
folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na
terra dos vossos inimigos; nesse tempo, a terra descansará e folgará nos seus
sábados.
Como
sabemos o povo de Israel, na maior parte do tempo, nunca foi chegado à ideia de
ser obediente ao SENHOR. Pelo contrário, sempre primou pela desobediência e o
cronista que registrou a destruição de Jerusalém e o cativeiro babilônico une a
necessidade da terra descansar com o cativeiro babilônico, conforme podemos ler
em —
2 Crônicas 36:16—21
16 Eles, porém,
zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus
profetas, até que subiu a ira do SENHOR contra o seu povo, e não houve remédio
algum.
17 Por isso, o SENHOR
fez subir contra ele o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada,
na casa do seu santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas,
nem dos velhos nem dos mais avançados em idade; a todos os deu nas suas mãos.
18 Todos os utensílios
da Casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da Casa do SENHOR e os
tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou ele para a Babilônia.
19 Queimaram a Casa de
Deus e derribaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram,
destruindo também todos os seus preciosos objetos.
20 Os que escaparam da
espada, a esses levou ele para a Babilônia, onde se tornaram seus servos e de
seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia;
21 para que se
cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, até que a terra se
agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os
setenta anos se cumpriram.
De
tudo o que falamos acima, nós podemos ter certeza que o SENHOR não estava
consolando o profeta Daniel prometendo que, em apenas 490 dias depois de serem
restaurados na terra de Israel, a mesma seria destruída, ainda outra vez. Que
tipo de consolo seria esse? Não, a profecia de Daniel acerca das 70 semanas se
refere a 70 semanas de anos ou 490 anos, período idêntico usado por Deus para
calcular os 70 anos de cativeiro, ou seja, 1 ano para cada 7 nos quais a terra
não descansou — 70 X 7 = 490 anos.
Assim
temos que as SETENTA SEMANAS ou os
SETES SETENTA se referem a um período de 490 anos. Essa revelação foi trazida,
diretamente do céu por um anjo para o profeta Daniel. O anjo prossegue dizendo
—
Setenta semanas estão
determinadas — Tal determinação corresponde a uma decisão
judicial, mas ela não procede dum Juiz qualquer e sim do JUIZ por excelência.
Isto é, procede do próprio Deus ETERNO. Foi o próprio Deus quem determinou esse
período de tempo para concretizar seu propósito redentor.
Sobre —
ou que diz respeito a. Essa expressão
não indica que tal decisão seria colocada sobre o povo como um fardo e sim que
a mesma era pertinente ao povo de Israel. Podemos parafrasear essas palavras da
seguinte forma: No que diz respeito ao teu povo Daniel, setenta semanas estão
determinadas para que a redenção divina seja concretizada.
O teu povo e sobre a
tua santa cidade — Daniel havia acabado de orar pelo seu povo — ver
Daniel 9:1—19 — e anjo reconhece o amor que Daniel tinha em seu coração pelo
seu próprio povo e pela cidade de Jerusalém. Apesar de encontrar-se em ruínas,
Jerusalém, por causa de seu passado e do seu futuro continua sendo a santa
cidade. Muitos intérpretes querem, por causa da menção ao povo judeu e a santa
cidade de Jerusalém, limitarem a abrangência da profecia como se a mesma
dissesse respeito apenas ao povo judeu. Mas não acreditamos nessa restrição uma
vez que, logo em seguida — Daniel 9:25 — encontramos uma menção acerca da vinda
do Messias que, como sabemos, viria ser o salvador tanto de judeus como de não
judeus. Além disso, temos o fato que a obra salvadora de Deus será consumada
dentro desse período de 70 semanas de anos conforme —
Daniel 9:24—25
24 Setenta semanas
estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer
cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para
trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo
dos Santos.
25 Sabe e entende:
desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido,
ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
O
propósito dos sete setes terem sido determinados por Deus está estabelecido de
forma cristalina em seis curtas frases. As três primeira tratam da forma como o
pecado será tratado e as três últimas das consequências do mesmo ter sido
tratado. Assim temos:
Primeiro
Grupo —
1. Para fazer cessar a
transgressão
2. Para dar fim aos
pecados
3. Para expiar a iniquidade
Segundo
Grupo —
1. Para trazer a justiça
eterna
2. Para selar a visão e a
profecia
3. Para ungir o Santo dos
Santos
Vamos
então analisar cada uma dessas promessas individualmente —
1. Para fazer cessar a
transgressão — Essa frase se refere aos pecados dos seres
humanos que se encontram expostos diante de Deus. O que a mesma diz é que, por
um decreto da graça divina, os pecados daqueles que aceitarem o Messias serão removidos
de diante de Deus e eternamente cobertos e perdoados pelo sangue redentor do
Messias. O perdão de pecados, nesse caso, inclui também todas as ações de
rebeldia e traição contra Deus. Daniel já havia confessado esses pecados em sua
oração como podemos ver em Daniel 9:5—11. Mas a alusão feita aqui não se
refere, exclusivamente, à rebeldia e traição cometida pelo povo de Israel
contra Deus, mas a todos os atos de rebeldia e traição cometidos também por
nós.
2. Para dar fim aos
pecados — Essa expressão significa que os pecados serão
completamente removidos da presença eterna e gloriosa de Deus, quando o Messias
vier.
3. Para expiar a
iniquidade — Como podemos entender essa frase? Bem, podemos
começar afirmando que a mesma faz referência ao aspecto moral da iniquidade. Expiar
é o ato de oferecer uma satisfação aceitável para um determinado pecado —
qualquer pecado. Então temos: 1) Se
aquele que executa o ato expiatório é um sacerdote, então o significado é o de
oferecer um sacrifício expiatório a favor do pecador com o objetivo de produzir
a reconciliação do mesmo com o Deus Santo e Todo-Poderoso por meio do perdão do
pecado cometido; 2) Quando o sujeito é o próprio Deus, então o significado é
perdoar ou cobrir completamente da vista. Exemplos do que estamos dizendo podem
ser vistos em passagens como essas —
Levítico 19:22
Ali, na presença do
SENHOR, o sacerdote oferecerá o carneiro a Deus e assim conseguirá o perdão do
pecado que o homem cometeu.
2 Samuel 24:10
Mas, depois que Davi
fez a contagem, a sua consciência começou a doer, e ele disse: — Ó SENHOR Deus,
eu cometi um pecado terrível ao mandar contar o povo. Por favor, perdoa-me! O
que fiz foi uma loucura.
Isaías 55:7
Deixe o perverso o seu
caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se
compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
Diante
disso podemos afirmar que a frase — Para expiar a iniquidade — tem tanto o sentido de que o sacrifício
propiciatório será apresentado e, portanto os pecadores terão como “pagar”
pelas transgressões cometidas, como de que o sacrifício propiciatório será
oferecido e, portanto, os pecadores poderão ser perdoados e terem seus pecados
obliterados ou evaporados eternamente.
A
iniquidade aqui mencionada não se refere a nenhum tipo particular de
iniquidade, mas à iniquidade de forma geral.
Um
resumo das três primeiras frases é apresentado a seguir: o pecado é aqui
apresentado como transgressão, pecados e iniquidade. Essas três expressões
representam a plenitude da natureza da maldição que separou os seres humanos do
Deus Criador. O primeiro propósito da decretação dos “sete setentas” ou setenta semanas de anos tem o objetivo de abolir
a maldição que acabamos de mencionar. Os pecados serão devidamente tratados por
Deus de modo que SENHOR possa perdoar e ser reconciliado com Suas criaturas; e,também,
de modo que os mesmos possam ser completamente obliterados e evaporados de tal
forma que não haja lembrança dos mesmos por toda a eternidade. Mas ainda tem
mais: o próprio poder do pecado será quebrado sobre os que aceitarem ou crerem
no Messias, de tal maneira que os crentes não estarão mais sujeitos a cometer
qualquer pecado, senão voluntariamente. Isso está explicitamente declarado em —
Romanos 6:12—14
12 Não reine, portanto,
o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada
um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça.
14 Porque o pecado não
terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
Mas
tem mais: Deus promete nos ajudar na hora da tentação de modo que possamos
suportar e vencer a mesma —
1 Coríntios 10:15
Não vos sobreveio
tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
Mas
ainda tem mais: o autor da Epístola aos Hebreus usa a pessoa de Jesus como
nosso modelo na luta contra o pecado e nos fala palavras de grande sobriedade —
Hebreus 12:1—4
1 Portanto, também nós,
visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia,
corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente
para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe
estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus.
3 Considerai, pois,
atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si
mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.
4 Ora, na vossa luta
contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue
Diante
disso tudo, deve ser óbvio para todos nós que lemos o Novo Testamento que essa
profecia encontrou seu pleno cumprimento na pessoa e na obra do Senhor Jesus
Cristo, como afirma de forma clara —
Hebreus 9:26
Agora, porém, ao se
cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo
sacrifício de si mesmo, o pecado.
Tendo
analisado as primeiras três frases relativas à profecia dos setes setenta que trataram daquilo que o
Messias viria realizar, nós vamos agora analisar as três últimas frases, que
tratam das consequências da obra que seria realizada pelo Messias —
1. Para trazer a
justiça eterna — Juntamente com a remoção definitiva e eterna dos
pecados — algo que iria nos garantir apenas não sermos enviados para o inferno
— nós temos o estabelecimento da Justiça
Eterna. Tal estabelecimento é algo também produzido pelo próprio Deus e não
depende, absolutamente de nada, de qualquer coisa que possa ser realizada pelos
seres humanos. Algumas outras passagens do Antigo Testamento já haviam
anunciado a manifestação dessa justiça. Exemplos disso são —
Salmos 85:11—13
11 Da terra brota a
verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar.
12 Também o SENHOR dará
o que é bom, e a nossa terra produzirá o seu fruto.
13 A justiça irá
adiante dele, cujas pegadas ela transforma em caminhos.
Isaías 51:5—8
5 Perto está a minha
justiça, aparece a minha salvação, e os meus braços dominarão os povos; as
terras do mar me aguardam e no meu braço esperam.
6 Levantai os olhos
para os céus e olhai para a terra embaixo, porque os céus desaparecerão como a
fumaça, e a terra envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão
como mosquitos, mas a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não
será anulada.
7 Ouvi-me, vós que
conheceis a justiça, vós, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o
opróbrio dos homens, nem vos turbeis por causa das suas injúrias.
8 Porque a traça os
roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça
durará para sempre, e a minha salvação, para todas as gerações.
Ou
como diz o profeta Malaquias, trata-se de fazer surgir o sol sobre todos os que
temem a Deus —
Malaquias 4:2
Mas para vós outros que
temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas;
saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.
A
salvação que é oferecida por Deus, como Sua justiça, também é eterna —
Isaías 45:17
Israel, porém, será
salvo pelo SENHOR com salvação eterna; não sereis envergonhados, nem
confundidos em toda a eternidade.
Tal
salvação é referida como uma herança eterna —
Isaías 60:21
Todos os do teu povo
serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados,
obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado
Todas
essas ideias acerca da eternidade da salvação estão, intimamente, relacionadas
com o caráter eterno do reino do Messias, conforme —
Daniel 2:44
Mas, nos dias destes
reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino
não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele
mesmo subsistirá para sempre.
Daniel 7:18, 27
18 Mas os santos do
Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em
eternidade.
27 O reino, e o
domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos
santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o
servirão e lhe obedecerão.
Desse
modo, a justiça eterna se aplica tanto a fatores internos como externos quando
se relaciona a nós, os seres humanos. Como mencionamos antes é uma justiça que
procede de Deus e assim é de Deus e não tem nenhuma relação com nossos atos de
justiça que são comparados a trapos de imundícia —
Isaías 64:6
Mas todos nós somos como
o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.
A
justiça eterna possui a bendita capacidade de mudar nossa condição diante de
Deus. Não somos apenas perdoados, mas somos declarados justos — absolutamente
sem pecado — pelo próprio Deus, por meio da fé no Salvador.
2. Para selar a visão e
a profecia — Essa expressão está relacionada às profecias e
os profetas do Antigo Testamento, conforme —
Isaías 1:1
Visão de Isaías, filho
de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão,
Acaz e Ezequias, reis de Judá.
Amós 1:1
Palavras que, em visão,
vieram a Amós, que era entre os pastores de Tecoa, a respeito de Israel, nos
dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de
Israel, dois anos antes do terremoto.
Os
profetas eram os instrumentos de Deus para revelar, por meio de visões, Sua
vontade ao povo de Israel.
Sendo
assim essas duas palavras — visão e profecia — designam o período profético
representado pelo Antigo Testamento. A revelação contida no Antigo Testamento
era temporária, preparatória e de natureza bem definida. Todo o Antigo
Testamento apontava para Aquele que é mencionado com o Grande Profeta, o
Messias, o Filho do Homem e etc.
Deuteronômio 18:15
O SENHOR, teu Deus, te
suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele
ouvirás.
Daniel 7:13—14
13 Eu estava olhando
nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o
Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
14 Foi-lhe dado
domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu
reino jamais será destruído.
João 5:39
Examinais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim.
Quando
Cristo se manifestou, a revelação profética no sentido como o Antigo Testamento
entendia a mesma — revelar a pessoa e a obra de Cristo — deixou de ser
necessária.
Como
aconteceu com a primeira e a quarta afirmação — ver acima — assim também existe
uma relação entre a segunda e a quinta. Depois que os pecados foram
completamente e devidamente tratados — ver cima — quando o Messias veio a esse
mundo, as profecias contidas no Antigo Testamento que faziam referência direta
ao mesmo não são mais necessárias. As profecias do Antigo Testamento cumpriram
seu propósito e, por isso, podem ser seladas e dispostas de modo adequado.
3. Para ungir o Santo
dos Santos — Essa expressão não diz respeito à dedicação do
segundo templo construído sob Zorobabel, nem a consagração do altar de bronze
que havia sido profanado pelo rei Antíoco IV Epifânio, conforme —
1 Macabeus 4:54 na
Bíblia de Jerusalém.
Exatamente no mês e no
dia em que os gentios profanado, foi o altar novamente consagrado com cânticos
e ao som de cítaras, harpas e címbalos.
As
palavras ditas pelo anjo a Daniel dizem respeito à unção do Senhor Jesus Cristo.
A expressão Santo dos Santos no
original não tem um artigo como acontece em português. É isso que leva muitos
intérpretes a entenderem a mesma como uma referência à pessoa do Messias. Os
argumentos usados para sustentar essa interpretação são como seguem:
1.
No Antigo Testamento a unção com óleo era vista como símbolo da unção pelo
Espírito Santo conforme —
1 Samuel 10:1
Tomou Samuel um vaso de
azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu,
porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?
1 Samuel 10:6
O Espírito do SENHOR se
apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem.
Outra
passagem bem conhecida é —
Isaías 61:1
O Espírito do SENHOR
Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados.
Não
existe nenhuma dúvida que as palavras do profeta Isaías acima se referiam ao
Senhor Jesus Cristo, uma vez que foi o próprio Senhor que fez tal afirmação
conforme Lucas 4:17—21.
Desse
modo, nossa conclusão só pode ser uma: a unção do Santo dos Santos à qual o
anjo referiu a Daniel indica, expressamente, a comunicação do Espírito Santo
feita a favor de Jesus, além de diversas outras passagens do Antigo Testamento
que também fizeram menções diretas ao Messias e Salvador que viária no tempo
designado por Deus —
Efésios 1:10
De fazer convergir
nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu,
como as da terra.
Concluindo
podemos dizer que os seis itens apresentados em Daniel 9:24 estão diretamente
relacionados com o Messias e Salvador em sua primeira vinda. Assim, podemos
afirmar que as 70 semanas se cumprem, em sua totalidade, nos eventos
relacionados ao primeiro advento do Senhor Jesus. Dizemos isso porque quando o
Senhor Jesus subiu de volta para o céu e, em seguida, derramou o Espírito Santo
sobre a igreja em Jerusalém, cada um dos seis itens citados no livro de Daniel foi
plenamente cumprido.
Assim,
retornando para o texto de Lucas 1, o precursor do Messias vem para guiar o
povo de Israel a esse conhecimento que conduz não a uma libertação do jugo
romano, mas a uma libertação do poder do pecado. Tal conhecimento ficou perdido
e esquecido por conveniências políticas da parte daqueles que tinham a
responsabilidade de ensinar o povo de Deus Sua Santa Palavra — a casta
sacerdotal, especialmente os maiorais ou principais dos sacerdotes encastelados
em Jerusalém — e manter acesa a esperança na vinda do Messias.
O
perdão dos pecados é um dos temas centrais do Evangelho de Lucas e parte
integral dos conceitos da Nova Aliança já indicados no Antigo testamento em
passagens tais como —
Jeremias 31:31—34
31 Eis aí vêm dias, diz
o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá.
32 Não conforme a
aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar
da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os
haver desposado, diz o SENHOR.
33 Porque esta é a
aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR:
Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei;
eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não ensinará jamais
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR,
porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR.
Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.
A
referência acima é a ÚNICA que encontramos no Antigo Testamento que faz uma
menção literal ao estabelecimento duma Nova Aliança entre Deus e o povo de
Israel. E, de fato, quando do estabelecimento da Nova Aliança todos os que estavam
presentes eram descendentes de Israel conforme Marcos 14:12—24.
No
contexto da Nova Aliança em Jeremias nós também encontramos referências diretas
à purificação e ao perdão completo das iniquidades do povo —
Jeremias 33:6—8
6 Eis que eu farei vir
sobre ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e
de verdade.
7 E removerei o
cativeiro de Judá e o cativeiro de Israel e os edificarei como no princípio;
8 e os purificarei de
toda a sua maldade com que pecaram contra mim e perdoarei todas as suas iniquidades
com que pecaram contra mim e com que transgrediram contra mim.
A
promessa de Deus é inequívoca. O ETERNO promete que irá trazer — por intermédio
do Messias — a cura, a paz, a segurança, a restauração, a purificação e o perdão.
Quanto
à purificação dos pecados — nosso interesse maior — ver também Ezequiel
36:25—26.
Jeremias 50:20
Naqueles dias e naquele
tempo, diz o SENHOR, buscar-se-á a iniquidade de Israel, e já não haverá; os
pecados de Judá, mas não se acharão; porque perdoarei aos remanescentes que eu
deixar.
Nos
dias da restauração, promovidos pela vinda do Messias e Salvador, uma das
características mais importantes será o perdão de todos os pecados. O perdão
dos pecados do remanescente será tal que toda a iniquidade e todos os pecados
serão completamente perdoados. Ver referências acima e também Jeremias 36:3;
Salmos 103.12; Ezequiel 33:10—20; Ezequiel 36:27—28; Miquéias 7:18—19. Deus é
mesmo maravilhoso.
Que Deus
abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
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