Foto do Dia - 14/05 - Temer participa de ritual em loja maçônica.
Com sua súbita ascensão à condição de presidente interino da República Federativa do Brasil - e não como Estados Unidos do Brasil, como acredita nosso Ministro das Relações Exteriores, José Serra - surgiu uma pergunta intrigante: Quem realmente é Michel Temer - Michel Miguel Elias Temer Lulia?
Para ajudar nosso leitores decidirem da melhor forma possível acerca de quem é Michel Temer, oferecemos abaixo os seguintes materiais:
A. Um vídeo em que Michel Temer aparece discursando numa reunião promovida pelo chamado bispo Manoel Ferreira da AD Madureira. Nesse vídeo, Temer:
1. Se derrete em elogios sobre, sua excelência, o deputado Eduardo Cunha. Isso é algo que não nos surpreende. O Vídeo é anterior à eleição de Dilma Rousseff.
2. O que nos surpreende é a forma como ele também se derrete em elogios com relação à Presidenta Dilma Vana Rousseff, como sendo uma mulher de grande fé. Ele também, de forma única, canta as loas do governo e da pessoa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmando, entre outras coisas o seguinte: a) Que Lula mudou o Brasil com o bolsa família; b) Que Lula tirou 30 milhões de brasileiros da fome e da miséria; c) Que Lula mudou o conceito que o mundo tinha acerca do Brasil e etc. É óbvio que o ex-presidente Lula, não poderia, com essas credenciais, transformar-se no patético "pixuleco" em que tentaram transformá-lo.
Mas o leitor não precisa acreditar em minhas palavras. Poderá checar tudo isso pelo vídeo que pode ser visto por meio desse link aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=GrugVB2h8lY
2. Um artigo escrito pelo professor de Semiótica Wilson Roberto Vieira Ferreira, baseado no vídeo acima, que pode ser lido abaixo:
Vídeo
de Michel Temer exibe canastrice como força da propaganda
Maio 01, 2016 Wilson Roberto Vieira Ferreira
O vice-presidente Michel Temer em
vídeo numa igreja onde tece elogios ao presidente da Câmara Eduardo Cunha
diante de atentos evangélicos.
A performance “videogênica” de Temer é mais um
exemplo da força da canastrice na propaganda política – fenômeno ignorado até
aqui pela Ciência Política. Em uma atuação exagerada, “overacting”, autoconsciente
e fake, Temer parece fazer uma caricatura das caricaturas de personagens como
Silvio Santos ou Raul Gil. Tal como a canastrice estudada de Geraldo Alckmin,
Temer é mais um personagem político cuja força não vem das estratégias de
sedução, persuasão ou da arbitrariedade de golpes militares. Paradoxalmente
surge da banalidade de personagens que enfadonhamente imitam outros personagens
canastrões com os quais estamos habituados em telenovelas, cinema e programas
de auditório. Por que as massas se conformam com essa replicação banal dos
simulacros midiáticos?
Circula nas redes sociais um
vídeo no qual o vice-presidente Michel Temer faz rasgados elogios ao presidente
da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Sem data, o discurso foi realizado em alguma
igreja evangélica durante campanha de apoio a Cunha - veja o vídeo abaixo.
O vídeo é mais um exemplo do
fenômeno da canastrice na propaganda, fenômeno que parece ser ignorado pela
Ciência Política sempre privilegiando explicações sociológicas ou ideológicas
em cada análise de conjuntura.
A canastrice domina a propaganda
política: políticos emitindo discursos em performances exageradas, fakes,
forçadas porque carregadas de clichês que fazem alusões a atores e
personalidades midiáticas igualmente canastrões.
Ironicamente, esses discursos e
performances não espontâneas e caricatas tornam-se críveis porque o tempo
inteiro são alusivos à ficção midiática. Na sua banalidade da imitação dos
simulacros televisivos e cinematográficos com os quais convivemos diariamente,
deixamos de perceber a natureza falsa e "teatral" das performances.
A performance de Temer
As mãos gesticulam nervosamente
em movimentos circulares fazendo, juntamente com a proximidade do microfone na,
gravata lembrar a figura do apresentador Silvio Santos e seu indefectível
microfone pendurado no pescoço.
Peito empolado, metido em um
terno com um corte reto e muito ajustado ao corpo. Cabeça maneia constantemente
tentando enfatizar cada pronome oblíquo, lembrando os clichês de seriedade de
apresentadores de telejornal como William Bonner.
Em outros momentos a mão aberta é
levada à altura da barriga tentando simular formalidade e neutralidade ao
discurso propagandístico – que, em si, como discurso propagandístico, não tem
nada de neutro ou imparcial.
Às vezes a mesma mão aberta é
levada ao plexo num clichê de oratória para tentar enfatizar uma suposta
sinceridade e autenticidade ao discurso. Lábios estalam como recurso para criar
uma pausa enfática. Tudo é um grande
overacting!
Estranhamente há algo que lembra
o personagem criado pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin – a “calma
estoica”: quando sorri, parece sentir alguma dor profunda. Um sorriso vincado,
certamente resultante de alguma intervenção plástica no rosto mas que consegue
um excelente rendimento midiático como um personagem “estoico” – sobre esse
estoicismo na política clique aqui.
Isso o transforma em um
personagem para quem o Destino parece ter lhe confiado alguma missão
sacrificial.
Por isso Alckmin levou a
impagável alcunha de “picolé de chuchu diet” como fosse alguma espécie de asceta
sofredor fake.
Para reforçar essa imagem, Temer
parece sempre se deixar mostrar de perfil criando uma estranha analogia física
com Robespierre, a importante personalidade da Revolução Francesa. Conhecido
como “o incorruptível” e impor o regime sanguinário do Terror, terminou
tragicamente na guilhotina. O que confere ainda mais um ar de drama à
performance canastrona.
Temer também parece seguir o
mesmo script do governador de São Paulo (será que estamos diante de uma escola
paulista de canastrice na política?) – o bom mocismo com sua esposa “bela,
recatada e do lar”, a calma estoica dos sofredores e a sinceridade
excessivamente autoconsciente das mãos. Porém, com uma esposa quarenta e três
anos mais jovem, o que dá a necessária pitada de virilidade e sexualidade,
necessária para dar alguma vida a um simulacro que copia outros simulacros
midiáticos.
O ar professoral (constantemente
o queixo se levanta enquanto os lábios se apertam em um movimento circunflexo)
é exageradamente estudado e autoconsciente. Mas, paradoxalmente, o ritmo e
ênfases no discurso de Temer são quase idênticos às falas de Silvio Santos
repetidas há décadas em cada domingo – definitivamente, existe uma escola
paulista de canastrice!
Alguns internautas tentaram
comparar a performance de Temer ao demoníaco personagem de Al Pacino no filme O
Advogado do Diabo (1997). Temer é exageradamente canastrão (desculpem o
pleonasmo!) para se equiparar à atuação necessariamente satânica que Pacino
teve que performar. Talvez o overacting de Eduardo Cunha, com seus olhos que
jamais piscam, se aproxime mais do cheiro de enxofre daquele infernal advogado.
A canastrice na
propaganda política
A canastrice de Michel Temer está
dentro dessa verdadeira zona cinza da Política – não é mais um fenômeno
estritamente ideológico-político. Sua força não vem do terror, da ditadura, da
persuasão, manipulação ou sedução.
Paradoxalmente, vem da banalidade
da imitação quando vemos um político que repete a atuação de atores canastrões
e de apresentadores de programas de auditório como Silvio Santos (a principal
referência), mas também de Raul Gil ou dos falecidos Flávio Cavalcanti e Blota
Júnior.
Assim como também no passado
Hitler e Mussolini, amantes do cinema, inspiraram suas performances caricatas
em astros da época como Chaplin e nos galãs canastrões hollywoodianos como um
Rodolfo Valentino vestido de sheik das arábias másculo e romântico.
Michel Temer: entre o "Advogado do Diabo" e Robespierre
Essa banalidade que
definitivamente estetizou a política desde os tempos do nazi-fascismo
aproveita-se de uma inversão do nosso aparelho perceptivo com a massificação
das imagens desde o cinema – começamos a tomar o real não por ele mesmo, mas a
partir de imagens anteriormente feitas sobre a realidade. Vemos a realidade a
partir dos simulacros que precedem o próprio real.
Julgamos o que vemos, como algo
real ou ficcional, falso ou verdadeiro, ironicamente a partir do simulacro – o
banal, aquilo que está para além da realidade e da ficção.
A canastrice é filha da
Hiper-realidade da Disneylândia e do seu verdadeiro pai, Walt Disney – aquele
que normatizou as conexões dos simulacros com o mundo real no século XX.
A força de personagens políticos
como Alckmin e Temer não vem mais da ideologia ou da força política de
revoluções sangrentas, golpes militares ou do terror. Mas da banalidade onde
personagens do mundo político já não possuem mais auras idealistas, heroicas,
messiânicas ou revolucionárias: apenas replicam enfadonhamente os personagens
canastrões com os quais convivemos diariamente em telenovelas, filmes e
programas de auditório.
Cada vez mais vemos exemplos de
políticos à direita do espectro político que não mais seguem o figurino do
moralismo histérico de um Carlos Lacerda ou de um Jânio Quadros. Sem arroubos
proféticos ou messiânicos, limitam-se à banalidade da imitação - a canastrice
que imita outra canastrice, que, por sua vez, foi uma caricatura exagerada de
outro personagem e assim por diante.
Parece que o ar enfadonho e
canastrão destas figuras ajudam a nos conformar com o sabor amargo de futuro. O
futuro como mais uma cena de algum melodrama qualquer.
O artigo original do professor Wilson poder ser visto por meio do seguinte link:
http://cinegnose.blogspot.com.br/2016/05/video-de-michel-temer-exibe-canastrice.html
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que
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Desde já agradecemos a todos.
O vice-presidente Michel Temer em vídeo numa igreja onde tece elogios ao presidente da Câmara Eduardo Cunha diante de atentos evangélicos.
A performance “videogênica” de Temer é mais um exemplo da força da canastrice na propaganda política – fenômeno ignorado até aqui pela Ciência Política. Em uma atuação exagerada, “overacting”, autoconsciente e fake, Temer parece fazer uma caricatura das caricaturas de personagens como Silvio Santos ou Raul Gil. Tal como a canastrice estudada de Geraldo Alckmin, Temer é mais um personagem político cuja força não vem das estratégias de sedução, persuasão ou da arbitrariedade de golpes militares. Paradoxalmente surge da banalidade de personagens que enfadonhamente imitam outros personagens canastrões com os quais estamos habituados em telenovelas, cinema e programas de auditório. Por que as massas se conformam com essa replicação banal dos simulacros midiáticos?
Alexandros Meimaridis
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