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sexta-feira, 3 de junho de 2016

SILAS MALAFAIA CONVOCOU OS EVANGÉLICOS PARA UMA FARSA


Eles

AVISO AOS LEITORES: ANTES DE QUALQUER MANIFESTAÇÃO DE MÍ, MÍ, MÍ, SOLICITAMOS A TODOS QUE LEIAM NOSSO ARTIGO ATÉ O FIM E, SÓ ENTÃO, SE MANIFESTEM.

Agora que o chamado pacto — ou golpe — para a remoção da presidenta Dilma ficou patente aos olhos de todos, a situação dos golpistas é muito frágil e delicada.

Deve ser óbvio para todos que o governo interino não tem apoio popular, seja da parte dos batedores de panelas — que bateram panelas contra Temer durante sua primeira entrevista ao Fantástico da Rede Globo — seja da parte daqueles que vestiram as camisas da CBF sob a alegação que pretendiam combater a corrupção — rir para não chorar.

O que fazer então? Chamem os evangélicos para socorrerem o governo golpista e sem apoio popular. Afinal, os evangélicos já estão acostumados a serem usado como massa de manobra e, para isso, não faltam aproveitadores de plantão. 

Silas Malafaia chegou ao despudor de afirmar, acompanhado do impoluto senador Magno Malta, que Romeiro Jucá é um homem de princípios cristãos. Sério mesmo? Acerca de Jucá, Silas disse o seguinte:

“Romero Jucá é um amigo da comunidade evangélica. É um homem que defende ideais e princípios cristãos. Então, ele tem nosso apoio. Ele tem feito um trabalho gigantesco. Não é um político que chega aqui na quarta de manhã para sair na quarta à noite. É alguém que trabalho firme, duro e forte. Então tem o nosso apoio e como eu sou um pastor desejo que Deus o abençoe, o ilumine e lhe dê sabedoria para continuar essa jornada.”

O pronunciamento poderá ser visto por meio desse link aqui:


Alguém poderia objetar que o vídeo é antigo. Com certeza, mas isso não muda suas afirmações, que tinham a nítida impressão de convencer os incautos da probidade do, agora defenestrado, Romeiro Jucá. Se o Silas quer corrigir esse erro do passado, poderá gravar novo vídeo onde assuma sua culpa pelo que falou.

Mas muito bem. Os evangélicos então foram convocados para participarem de um mega ato profético — ocorrido no dia 1º de Junho de 2016. Primeiro vamos entender o que são tais atos proféticos e depois vamos analisar a proposta hipócrita envolvida no embuste proposto pelo pastor falastrão.  

O que são os chamados atos proféticos? Os “Atos Proféticos” são uma excrescência da chamada Teologia da Prosperidade. A intenção dos mesmos é determinar o futuro, como se meros seres humanos, que não passam de pó, tivessem a prerrogativa de determinar acontecimentos futuros. Trata-se da chamada confissão positiva aplicada ao futuro. Como podemos ver, não se lida nesses atos de seguir a revelação bíblica e sim da mais grossa manifestação de heresia. Como alguém já disse: existe a má-cumba e a boa-cumba que é praticada pelos evangélicos por meio de idiotices como esses tais atos proféticos. Os atos proféticos são heréticos porque assumem que Deus abriu mão de sua Soberania a favor de tolices inventadas pelos seres humanos. Estou enojado.

Segundo os defensores dessa heresia, eles têm autoridade para falar em nome de Deus e determinar o rumo dos acontecimentos futuros. Antes de prosseguir, gostaria de perguntar aos leitores que já participaram de tais atos, quanto efetivamente mudaram o rumo dos acontecimentos futuros? Quantos Atos Proféticos já foram realizados em minha cidade afirmando que ela seria do Senhor Jesus — implicando uma conversão em massa — e nada, absolutamente nada aconteceu. Hoje nem tem mais “crentes” declarando que São João pertence ao Senhor Jesus. O mesmo, eu sei, é verdade com todas as cidades onde se encontram os leitores. Isso deve bastar.

Os atos proféticos não passam, em sua essência, duma manifestação religiosa sincrética onde crenças evangélicas se misturam com práticas mágicas.

Para justificar a farsa, Silas Malafaia utiliza um tema querido dos brasileiros em geral: a luta contra a corrupção. Esse tema dá à convocação, certo ar de seriedade. Vejam o que o Silas afirmou acerca de seu ato profético numa entrevista concedida à BBC Brasil:

BBC Brasil - O que significa o termo profético?

Silas Malafaia - Um ato profético é fazer declarações sobre o futuro de um país. Profecia é coisa que ainda vai se cumprir, correto? É algo que vai acontecer e que se antecipa. Nós vamos declarar que o Brasil vai ser próspero, vai ter paz e vai ficar livre da corrupção, da crise econômica. Isso tudo é profético.

BBC Brasil - Então sua profecia é que crise econômica e corrupção vão terminar junto com o governo.

Silas Malafaia - Isso aí. É isso aí. É isso aí mesmo. O ato profético é para isso, é para declarar que a corrupção vai acabar, que toda a bandalheira vai ser exposta, que não vai ter derramamento de sangue, porque os 'esquerdopatas' têm o DNA da baderna, da desordem.

BBC Brasil - Não parece é difícil bancar uma profecia de fim da crise econômica e da corrupção, pastor?

Silas Malafaia - Não é difícil, não, rapaz. Na Bíblia, em épocas em que Israel vivia períodos de crise e fome, levantava um profeta que dizia que viria um tempo de paz e prosperidade. E aquilo tudo mudava. Então nós conhecemos esta prática. Agora, eu, além de liberar a palavra profética, vou 'sacudir a roseira' sobre o que está acontecendo, não tenha dúvida.

A entrevista de Silas Malafaia para a BBC Brasil poderá ser lida na íntegra por meio desse link:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160326_malafaia_entrevista_rs_if

Silas afirmou que seu ato profético iria determinar o fim da corrupção no Brasil, tão logo a presidenta fosse afastada. Alguém aí acredita nisso? Mas a realidade foi bem mais dura com Silas e seu ato profético: depois da presidenta ter sido afastada, o que vimos foi o governo ser assaltado por uma verdadeira quadrilha de malfeitores acusados das mais graves denúncias, incluindo o planejamento e a execução do golpe parlamentar, midiático e plutocrático.

Enquanto isso, continuamos aguardando pelo cumprimento bombástico do objetivo do tal ato profético. Esperamos, para breve, o início da inexorável derrocada da corrupção no Brasil, a menos que Silas Malafaia tenha pregado outra de suas peças no povo evangélico, que foi prestigiar o governo golpista e o tal ato profético.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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domingo, 21 de junho de 2015

EVANGÉLICOS FINALMENTE SAEM DO ARMÁRIO



O artigo abaixo é de autoria de Rogério Ribeiro e foi publicado no site Gnotícias.

O dia em que os evangélicos “saíram do armário”.

Por Rogério Ribeiro

“Sair do armário” requer coragem, ou, um “empurrãozinho”.

E foi este segundo, o responsável por botar o “verdadeiro mundo evangélico” através de seus vergonhosos representantes, pra fora.

Eles tentaram segurar a tensão de todo jeito, mas não deu outra: Todo mundo viu!

Tentaram sem sucesso, mostrar o “amor”, a “compaixão”, o “exercício Cristão”, mas… nada.

De nada adiantou a investida interesseira e o mundo terminou vendo o que muita gente suspeitava: Eles em sua maioria foram forjados na religiosidade e preconceito (só não se sabe onde começa um e onde termina o outro).

Daí foi só vergonha…

E por mais que líderes ou celebridades gospels tentassem controlar o escândalo, toda a fala ou “confissão positiva” em vídeos de conclamação, e posts “fervorosos” afirmando uma “igreja perseguida”, não adiantou…

Há quem acredite e diga em uma repetição imbecil, que estão convictos de que tudo isso é uma intriga da mídia e de certos setores e que isso, definitivamente não corresponde à “igreja”… Que tudo isso não passa de uma simples perseguição a um grupo que, nas palavras da cantora Aline Barros, “mostrou que não pode ser ignorado!”

Um grupo que, na fala do insano Thalles Roberto, não pode aturar isso (informando inclusive, já ter mandado cair fogo dos céus em o nome do Senhor…).

Isso sem falar no desserviço da família “Dó-ré-Mí” Valadão - marqueteira, que só se pronuncia quando interessa, da Nivea Soares em seu discurso “afaga-ego” para a alienada vidinha “cristã” e de muitos outros que contribuem para a vergonha de terem mostrado sua verdadeira índole ao mundo, ao invés de uma postura verdadeiramente, Cristã…

(eu sei, eu sei… é pedir muito desse pessoal…).

E nada… nada foi capaz de tirar dos olhos do mundo a “tarja” que conseguiram estes, ao “saírem do armário”.

Diante do “empurrãozinho” de um mundo que “frustra” a sua vidinha “pré-céu”, eles estão mais sem-vergonha do que qualquer parada gay em um momento de orgia, causando repulsa e nojo ao mundo que não suporta mais a sede de justiça.

Entretanto, absortos na efervescência de sua convicção, se julgam aquecidos e continuam “em paz”, mesmo fora do armário que os escondia…

Mesmo que Jesus os considere “mornos”…

A ponto de vomitá-los.

Rogério Ribeiro.

"As opiniões ditas pelos colunistas são de inteira e única responsabilidade dos mesmos, as mesmas não representam a opinião do Gospel+ e demais colaboradores."

Profile photo of Rogério Ribeiro

Rogério Ribeiro é Teólogo sem "ranços". Cineasta, roteirista e cronista, escreve também no blog "edição de amanhã"; blog secular de sucesso, onde faz da crítica, um alerta para os que o leem, além de outros sites. É autor de "Descansado sobre a Relva", livro que fala do relacionamento pessoal com Jesus Cristo, acima de qualquer coisa ou "impedimento" proposto pelo mundo religioso. Observador atento, Rogério Ribeiro aceitou o dever alertar e, desde então, é um compromissado "atalaia" dos nossos dias, às ordens de um só Senhor: Jesus Cristo.

O artigo original poderá ser visto por meio do link abaixo:


Que Deus abençoe a todos. E que tenha profunda misericórdia dessa turma que pretende ser o que nunca foram: cristãos verdadeiros.

Alexandros Meimaridis

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quarta-feira, 27 de maio de 2015

DESAGRAVO CONTRA BÍBLIAS QUE ESPALHAM HERESIAS




Petição Pública Brasil Logotipo
Desagravo contra as "bíblias" do Thalles Roberto e "apostólica" do Ap. Estevam Hernandes e outras publicações disseminadoras de heresias com o selo da SBB

Para: Orgãos Diretivos da Sociedade Bíblica do Brasil - SBB


Prezados dirigentes, conselheiros e membros da Assembleia Administrativa, da Diretoria e do Conselho Consultivo da Sociedade Bíblica do Brasil.

Nós, cristãos evangélicos abaixo-assinados, recebemos com extrema preocupação notícias referentes a publicações inadequadas produzidas em parceria com a Sociedade Bíblica Brasileira e, por esta conta, levamos às instancias dirigentes desta nobre instituição nossas preocupações a fim de que sejam tomadas as medidas cabíveis a fim de corrigir os erros introduzidos a seguir.

Reconhecemos a excelência dos serviços prestados pela SBB na promoção e difusão da Bíblia e sua mensagem no território nacional e louvamos a Deus por sua missão que reconhece o texto sagrado como instrumento de transformação e desenvolvimento integral do ser humano.

Como cristãos evangélicos, temos esta instituição na mais alta conta e reconhecemos que o selo da SBB em qualquer publicação representa uma chancela de qualidade e excelência, digna de recomendação, sem qualquer restrição.

E, justamente por pensarmos assim, e tendo contribuído para o reforço desta mesma percepção junto aos nossos irmãos em Cristo, assistimos com extrema preocupação a participação da SBB em projetos que consideramos deletérios para o Reino de Deus.

Acreditamos ser uma temeridade a participação desta instituição na consultoria, na co-edição, na promoção, na impressão oficializada e pública e no oferecimento da chancela do selo SBB a projetos de publicações de Bíblias comentadas, anotadas, temáticas e outras em parceria com instituições já dadas por inidôneas pela maioria dos evangélicos, promotoras de heresias e até tidas como seitas por denominações protestantes históricas.

Entre outras publicações deletérias, citamos publicações, tais como, a Bíblia Apostólica comentada por Estevam Hernandes, a IDE, a Bíblia do Thalles Roberto e outras como exemplos de grande inadequação aos propósitos do Reino de Deus.

Apenas para nos ater a alguns exemplos, nas publicações citadas, temos na Bíblia apostólica, um prefácio de Rene Terra Nova, onde o mesmo escreveu:

“Creio que é chegado um tempo de unidade no Reino, um tempo no qual precisamos nos apegar ainda mais à Verdade, Jesus, para vermos o manto apostólico sendo estabelecido sobre nossa nação [...] esta Bíblia será como uma bússola que fará com que você caminhe sempre e sempre em direção à Verdade Maior, Jesus. E nada melhor do que um apóstolo para conduzi-lo por estas linhas de decisão [...] E você será adestrado para este tempo profético e apostólico que estamos vivendo através desta Bíblia que está em suas mãos“.

Em textos de divulgação, o senhor Terra Nova relativiza a importância dos princípios da Reforma Protestante para esses dias e afirma que o tempo e a visão de Deus para este tempo da Igreja é a tal visão apostólica e celular, inomináveis heresias para a maioria dos evangélicos.

E, no mesmo texto, o autor segue com descarada exaltação humana e idolatria à figura do comentador da referida publicação, uma atitude lamentável que não encontra lugar junto às Sagradas Escrituras:

“Estevam é um líder incansável! Tenho visto isso na sua vida e história, que se tornou uma espécie de GPS apostólico, pois muitos não tinham coragem de romper e adotar a nomenclatura (de apóstolo). Depois que ele abriu o caminho, todos estão logrando êxito em muitas áreas dos seus ministérios. Por trás, porém, existe esse estimulador de valores, um homem que treinou muitos generais de guerra no mundo espiritual.”

Será que a SBB concorda que a direção da Igreja de Cristo é agora o GPS apostólico iniciado por Estevam Hernandes; ou ainda estaria Cristo assentado no trono e no governo de Sua Igreja?

Vale lembrar à diretoria da SBB que tudo acima é apenas uma introdução ao conjunto de anotações de Estevam Hernandes ao texto bíblico, as quais, promovem diversas heresias incluindo: a teologia da prosperidade, a confissão positiva, a existência de unções extraordinárias e a sua transferência a discípulos de apóstolos modernos, a autoridade dos apóstolos modernos para liberar bênçãos, amaldiçoar pessoas e para o estabelecimento de novos dogmas para a Igreja e, por fim, o poder de apóstolos para retificar o texto bíblico. Como se isto não fosse absurdo o bastante, as referidas anotações da autoria de Estevam Hernandes pretendem oferecem subsídios bíblicos para a equiparação (e até a superação) de poder dos tais "apóstolos" modernos, àqueles santos instituídos por nosso Senhor Jesus Cristo. Segue ainda, na mesma obra, equívocos grotescos relativos a batalha espiritual e a descabida ênfase na obtenção de ofertas monetárias, sendo que a publicação chancelada pela Sociedade Bíblica do Brasil oferece dezenas de esboços de pregação para este fim arrecadador, alguns destes quase infames na sua ênfase mercantilista no culto ao Senhor.

Já na “Bíblia do Thalles Roberto ”, além dos erros acima apontados, já que se trata de publicação derivada, se encontra junto ao texto sagrado diversas letras e musicas, da autoria do referido "ídolo" gospel, cheias de futilidade, carnalidade e com graves equívocos doutrinários, bem como, a promoção de valores mundanos. Ademais, acha-se inacreditável quantidade de fotografias, testemunhos e textos de exaltação da carreira do artista gospel, coisa que não tem lugar no contexto cristão, tanto mais neste excelso invólucro, a nossa Bíblia.

Para além da eventual participação ativa da SBB no projeto e na edição destes materiais, acreditamos que a simples presença do selo da SBB nestas publicações, a acusação de impressão do material em suas gráficas, do uso da versão traduzida do texto bíblico ou, ainda, a mera divulgação de sua co-produção nas peças promocionais destas obras transferem às mesmas e às instituições a estas associadas o prestígio e a confiança que a SBB goza junto a comunidade cristã evangélica. Neste sentido, a Sociedade Bíblica do Brasil termina por qualificar, testificar e aprovar implicitamente as heresias e inadequações diversas constantes nestas obras, transformando tais publicações em poderosos veículos de disseminação de blasfêmias entre o povo cristão.

Compreendemos os desafios impostos pelo mercado e a necessidade de recursos exigidos para manter esta obra. Temos ciência das eventuais tentações de ordem financeira, contudo, a SBB não precisa e não merece esta mácula nos anais de sua história.

A fim de manter a credibilidade desta instituição entre os líderes cristãos que indicam as suas publicações e confirmam a sua seriedade, rogamos que a SBB revise as políticas comerciais que levaram a sua direção executiva a fomentar tais parcerias e a produzir este tipo de material, resguardando esta nobre instituição de associações temerárias.

O mercado editorial está inundado de Bíblias Temáticas, comentadas e anotadas de propósito edificante, mas também com muitas de propósito duvidoso. Neste ritmo que caminha o segmento editorial evangélico, não estamos longe de acharmos nas livrarias a “bíblia da prostituta evangélica", ladeada da "bíblia do gay cristão", da "do bom ladrão" e da "bíblia do cachorro crente". Instituições como a SBB precisam encontrar a boa medida no caso das Bíblias Temáticas e Anotadas e ser a referencia para o segmento, jamais um exemplo de mais imundícia.

Lembramos aos mesmos dirigentes que o propósito da SBB está em conformidade com a diretiva bíblica e que a sua missão de promover a sã doutrina deve estar acompanhada da refutação de heresias, conforme Tito 1:9.

Da mesma forma, cabe a todo o cristão zelar pela sã doutrina herdada, bem como denunciar o pecado da blasfêmia, sob pena de se associar com a iniquidade, conforme Levítico 5:1.

No Amor de Cristo, abaixo assinamos em petição e encaminhamos às instâncias diretivas da Sociedade Bíblica do Brasil.

A petição original poderá ser vista por meio desse link aqui:


E você poderá assinar a petição diretamente por meio desse link aqui:


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

95 TESES PARA A IGREJA DE HOJE — PARTE 003




61 - Nenhuma igreja ou instituição se julgue detentora da salvação. Cristo está acima de toda religião e de toda instituição religiosa. O Espírito é livre e sopra onde quer. Até mesmo fora dos arraiais "cristãos". (At 4.12; Jo 3.8)

62 - Que as livrarias ditas "cristãs" sejam realmente cristãs e não ajudem a proliferar literaturas que deturpam a palavra de Deus e que valorizam mais a experiência de algumas pessoas do que o verdadeiro ensino da Palavra. (Mq 3.11; Gl 1.8-9)

63 - Cremos que "declarações mágicas" como "O Brasil é do Senhor Jesus" e outras equivalentes não surtem efeito algum nas regiões celestiais e servem como fator alienante e fuga das responsabilidades sociais e evangelísticas realmente eficazes na propagação do Evangelho. (Tg 2.15-16)

64 - Consideramos uma afronta ao Evangelho as novas unções como "unção dos 4 seres viventes", "unção do riso", etc., pois além de não possuírem NENHUM respaldo bíblico ainda expõem as pessoas a situações degradantes e constrangedoras. (2 Tm 4.1-4)

65 - Cremos, firmemente, que todo cristão genuíno, nascido de novo, já possui a unção que vem de Deus, não necessitando de "novas unções". (1 Jo 2.20,27)
66 - Lamentamos a transformação do culto público a Deus em momentos de puro entretenimento "gospel", com a presença de animadores de auditório e pastores que, vazios da Palavra, enchem o povo de bobagens e frases de efeito que nada tem a ver com a simplicidade e profundidade do Evangelho de Cristo. (Rm 12.1-2)

67 - É necessário uma leitura equilibrada do livro de Cantares de Salomão. A poesia, muitas vezes erótica e sensual do livro tem sido de forma abusiva e descontextualizada atribuída a Cristo e à igreja. (Ct 1.1)

68 - Não consideramos qualquer instrumento, seja de que origem for, mais santo que outros. Instrumentos judaicos, como o shofar, não têm poderes sobrenaturais e nem são os instrumentos "preferidos" de Deus. Muitas igrejas têm feito do shofar "O" instrumento, dizendo que é ordem de Deus que se toque o shofar para convocar o povo à guerra. Repugnamos essa idéia e reafirmamos a soberania de Deus sobre todos os instrumentos musicais. (Sl 150)

69 - Rejeitamos a idéia de que Deus tem levantado o Brasil como o novo "Israel" para abençoar todos os povos. Essa idéia surge de mentes centralizadoras e corações desejosos de serem o centro da voz de Deus na Terra. O SENHOR reina sobre toda a Terra e ama a todos os povos com Seu grande amor incondicional. (Jo 3.16)

70 - Lamentamos o estímulo e o uso de "amuletos" cristãos como "água do rio Jordão", "areia de Israel" e outros que transformam a fé cristã numa fé animista e necessitada de "catalisadores" do poder de Deus. (Hb 11.1)

71 - Que o profeta que "profetizar" algo e isso não se cumprir, seja reconhecido como falso profeta, segundo as Escrituras. (Ez 13.9; Dt 18.22)

72 - Rejeitamos as músicas que consistem de repetições infindáveis, a fim de levar o povo ao êxtase induzido, fragilizando a mente de receber a Palavra e prestar a Deus culto racional, conforme as Escrituras. (Rm 12.1-2; 1 Co 14.15)

73 - Deixemos de lado a busca desenfreada de títulos e funções do Antigo Testamento, como levitas, gaditas, etc... Tudo se fez novo em Cristo Jesus, onde TODOS nós fomos feitos geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Da mesma forma, rejeitamos a sacralização da cultura judaica, como se esta fosse mais santa que a brasileira ou do que qualquer outra. Que então os ministros e dirigentes de música sejam simplesmente ministros e dirigentes de música, exercendo talentos e dons que Deus livremente distribuiu em Sua igreja, não criando uma "classe superior" de "levitas", até porque os mesmos já não existem entre nós. (Rm 12.3-5; 1 Pe 2.9)

74 - Que se entenda que tijolos são apenas tijolos, paredes são apenas paredes e prédios são apenas prédios. Que os termos "Casa do Senhor" e "Templo" sejam utilizados somente para fazer menção a pessoas, e nunca a lugares. Que nossos palcos não sejam erroneamente chamados de "altares", uma vez que deles não emana nenhum "poder" ou "unção" especial. (At 17:24, I Cor 6-19)

75 - Que haja consciência sobre aquilo que se canta. Que sejamos fiéis à Palavra quando diz "cantarei com o meu espírito, mas também cantarei com meu entendimento". (1 Co 14.15)

76 - Não consideramos que "há poder em nossas palavras" como querem os adeptos dessa teologia da "confissão positiva". Deus não está sujeito ao que falamos e não serão nossas palavras capazes de trazer maldição ou benção sobre quem quer que seja, se essa não for, antes de tudo, a vontade expressa de Deus através de nossas bocas. (Gl 1.6-7)

77 - Rejeitamos a onda de "atos proféticos" que, sem base e autoridade nas Escrituras, confundem e desvirtuam o sentido da Palavra, ainda comprometendo seriamente a sanidade e a coerência das pessoas envolvidas. (Mt 7.22-23)

78 - Apresentar uma noiva pura e gloriosa, adequadamente vestida para o seu noivo, não consiste em "restaurar a adoração" ou apresentar a Deus uma falsa santidade, mas em fazer as obras que Jesus fez — cuidar dos enfermos e quebrantados de coração, pregar o evangelho aos humildes, e viver a cada respirar a vontade de Deus revelada na Sua palavra - deixando para trás o pecado, deixando para trás o velho homem, e nos revestindo no novo (Tg 1.27)

79 - Discordamos dos "restauradores das coisas perdidas" por não perceberem a mão de Deus na história, sempre mantendo um remanescente fiel à Palavra e ao Testemunho. Dizer que Deus está "restaurando a adoração", "restaurando o ministério profético", etc... é desprezar o sangue dos mártires, o testemunho dos fiéis e a adoração prestada a Deus durante todos esses séculos. (Hb 12.1-2)

80 - Lamentamos a transformação da fé cristã em shows e mega-eventos que somos obrigados a assistir nas TVs, onde a figura humana e as ênfases nos "milagres" e produtos da fé sobrepujam as Escrituras e a pregação sadia da Palavra de Deus. (Jo 3.30)

81 - Deus não nos chamou para sermos "leões que rugem", mas fomos considerados como ovelhas levadas ao matadouro, por amor a Deus. Mas ainda assim, somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. (Lc 10.3; Rm 8.36)

82 - Entendemos como abusivas as cobranças de "cachês" para "testemunhos". Que fique bem claro que aquilo que é recebido de graça, deve ser dado de graça, pois nos cabe a obrigação de pregar o evangelho. (Mt 10.8)

83 - Que movimentos como "dança profética", "louvor profético" e outros "moveres proféticos" sejam analisados sinceramente segundo as Escrituras e, por consequência, deixados de lado pelo povo que se chama pelo nome do Senhor. (2 Tm 4.3-4)

84 - Que a cruz de Cristo, e não o seu trono, seja o centro de nossa pregação! (1 Co 2.2)

85 - Reafirmamos que, quaisquer que sejam as ofertas e dízimos, que sejam entregues por pura gratidão, e com alegria. Que nunca sejam dados por obrigação e nem entregues como troca de bênçãos para com Deus. Muito menos sejam dados como fruto do medo do castigo de Deus ou de seus líderes. Deus ama ao que dá com alegria! (2 Co 9.7)

86 - Que a igreja volte-se para os problemas sociais à sua volta, reconheça sua passividade e volte à prática das boas obras, não como fator para a salvação, mas como reflexo da graça que se manifesta de forma visível e encarnada. "Pois tive fome... e me destes de comer..." (Mt 25.31-46; Tg 2.14-18; Tg 1.27)

87 - Cremos, conforme a Palavra que há UM SÓ MEDIADOR entre Deus e os homens - Jesus Cristo. Nenhuma igreja local, ou seu líder, podem arrogar para si o direito de mediar a comunhão dos homens e Deus. (1 Tm 2.5)

88 - Lamentamos o comércio que em que se transformou a música evangélica brasileira. Infelizmente impera, por exemplo, a "máfia" das rádios evangélicas, que só tocam os artistas de suas respectivas gravadoras, alienam o nosso povo através da massificação dos "louvores" comerciais, e não dão espaço para tanta gente boa que há em nosso meio, com compromisso de qualidade musical e conteúdo poético, linguístico e, principalmente, bíblico. (Mc 11.15-17)

89 - Que os pastores ajudem a diminuir a indústria de testemunhos e a "máfia" das gravadoras evangélicas. Que valorizem a simples pregação da Palavra ao invés do espetáculo "gospel" a fim de terem igrejas "lotadas" para ouvirem as "atrações" da fé. Da mesma forma, rejeitamos o triunfalismo e o ufanismo no qual se transformou a música evangélica atual, que só fala em 'vitória', 'poder' e 'unção' mas se esqueceu de coisas muito mais fundamentais como 'graça', 'misericórdia' e 'perdão'. (1 Pe 5.2)

90 - Que sejamos livres para "examinarmos tudo e retermos o que é bom" , sem que líderes manipuladores tentem impor seus preconceitos, principalmente na forma de intimidações. Que nenhum líder use o jargão "Deus me falou" como forma de amedrontar qualquer um que ousar questionar suas idéias. (1 Ts 5.21)

91 - Somente as Escrituras. (Jo 14.21;17.17)

92 - Somente a Graça. (Ef 2.8-9)

93 - Somente a Fé. (Rm 1.17)

94 - Somente Cristo. (At 17.28)

95 - Glória somente a Deus (Jd 24-25)

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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sexta-feira, 4 de julho de 2014

PARA ENTENDER A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE — PARTE 003


Símbolo Adotado Pelos Adeptos da "FÉ NA FÉ".

O material abaixo foi escrito por Leonardo Dâmaso e publicado originalmente no site “Bereianos”. Nós acrescentamos algumas fotos com o objetivo de mostrar as faces e os lugares envolvidos no desenvolvimento dessa falsa doutrina e suas implicações.

O ato de profetizar e determinar: uma análise histórica, teológica e apologética - 3/3




3. Análise apologética

Profetizar, conforme vimos na análise teológica, não significa fazer predições. Não é adivinhar fatos que estão ocorrendo no presente e nem pressupor o que ocorrerá no futuro na vida das pessoas. Não é somente transmitir inspiradamente de modo verbal ou pela escrita a revelação direta de Deus como fizeram os profetas no Antigo Testamento e os apóstolos no Novo Testamento. Apesar da profecia no Antigo e no Novo Testamento envolver predições, haja vista que o cânon sagrado estava sendo composto, todavia, profetizar é, sobretudo, interpretar e expor com fidelidade a Palavra de Deus. Assim, o profeta é tanto aquele que recebeu a revelação divina, como os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos quanto o que comunica a revelação divina, como os profetas do tempo presente. Heber Carlos de Campos ratifica que os profetas das igrejas locais já possuíam a Palavra de Deus autorizada que lhes vinha por meio dos escritos do Antigo Testamento e da mensagem apostólica que ainda estava sendo oralmente transmitida, e, pouco a pouco, sendo registrada. A função dos profetas das igrejas locais do Novo Testamento era a de interpretar corretamente o que Deus já havia anteriormente revelado.16

Não obstante, determinar, que está relacionado com profetizar, significa “ordenar” alguma coisa; “decretar” que algo aconteça. O bispo e líder da IURD, Edir Macedo, afirmou durante seu sermão baseado em Ezequiel 37, no evento “Dia da Profecia da Bênção”, no mês de maio, que a profecia não é uma mera previsão do futuro, mas sim, um ato de ordenar com palavras que fatos aconteçam. Macedo disse: “A profecia nada tem a ver com adivinhação do futuro. Nada disso! Esquece isso de que profecia é uma adivinhação do que vai acontecer amanhã. Profecia significa falar, pronunciar, promulgar, determinar”.                  

Dias antes da realização do evento, Macedo destacou em um programa de rádio: “Profetizar é diferente de orar”. “Uma coisa é orar, falar com Deus, rogar, pedir, suplicar. Mas nesse dia [no Dia da Profecia da Benção] nós estaremos especificamente profetizando. Quer dizer, determinando aquilo que Deus quer que seja realizado”.17 Desse modo, como adepto da confissão positiva ou movimento da palavra de fé, Macedo ensina que a palavra dos crentes tem poder para movimentar o mundo espiritual, e que isso resulta em uma cadeia de eventos no mundo físico, ou seja, em bênçãos e outras conquistas.

O ato de profetizar e determinar são simplesmente a manifestação verbal da confissão positiva, a qual distorce perfidamente o real sentido de profetizar e da petição que as Escrituras demonstram, o que veremos mais adiante. Por ser uma criação de Deus, o homem não possui autoridade para determinar ou decretar que coisas aconteçam no mundo espiritual e físico. É somente Deus, o criador e soberano que têm esta prerrogativa para determinar ou decretar eventos sobre o mundo espiritual e físico. A realização dos decretos de Deus na história é chamada na teologia de providência.

Kenneth Hagin, o maior divulgador da teologia da prosperidade e da confissão positiva ensinava que o crente, através da sua posição em Cristo Jesus possui autoridade sobre a esfera física e espiritual. Pela fé o crente pode determinar verbalmente o milagre, a cura, a “porta aberta”, anular a atuação dos demônios em sua vida e na vida dos outros (2Cor 4.13). Para ele, não há “impossível” para Deus (Mc 11.22-24; Lc 1.37). Deus “tem promessa para responder a oração da fé e o exercício da fé,”18 que implica não no pedido da benção em oração como Jesus e os demais autores do Novo Testamento ensinaram, mas no ato de determiná-la e a crença de “tomar posse” dela antes mesmo de recebê-la na esfera física.

Contudo, não existe em todo o Novo Testamento – nos Evangelhos e no livro de Atos um relato sequer de alguém profetizando ou determinando bênçãos para si mesmo ou para outras pessoas. Nos Evangelhos, os doentes não profetizaram ou determinaram a sua própria cura. Antes, Jesus, em sua primeira vinda, como Deus que é, curou-os por decisão soberana sem a necessidade da fé (veja Mt 12.9; 15; 14.14; 15.29-31; 22.51; Mc 1.34; Lc 7.21), e, em outros casos, exigiu a fé dos doentes para serem curados (veja Mt 9.19-22; Mc 6.5; Mc 10.46-52; Lc 8.43-48; Lc 17.11-19), onde os mesmos o pediram ou rogaram que ele os curasse (Mt 8.1-3; Mt 17.14-20; Mc 5.21-24, 35-42; Lc 7.1-10; 9.37-43). Este mesmo princípio de cura pela soberania de Deus sem a necessidade da fé do doente é visto também no livro de Atos, no período apostólico (veja At 3.1-8; 9.32-42; 20.7-10).

Todavia, Jesus, além de ser completamente homem e completamente Deus não ousou profetizar ou determinar bênçãos para si mesmo e para outras pessoas. Jesus veio não para fazer a sua própria vontade, mas para fazer a vontade de Deus Pai (Jo 6.38; Jo 4.34). Ele também não profetizou ou determinou como fazem os muitos adeptos da confissão positiva ou movimento da palavra de fé que não aceitaria passar pelo sofrimento, no caso de Jesus, o sofrimento de ser punido por Deus Pai e receber a manifestação de sua justiça pelos pecados dos pecadores eleitos, uma vez que foi o substituto deles. Jesus sofreu a ira de Deus em nosso lugar! Ele entendia que tudo o que haveria de passar fazia parte da execução do plano de Deus Pai, que seria a redenção dos pecadores eleitos (Mc 14.36).     

Via de regra, Paulo também não profetizou ou determinou a sua cura, isto é, que o espinho em sua carne, que, em minha opinião, acredito ter sido algum tipo de doença fosse removido. Pelo contrário, ele orou e entendeu que não era a vontade de Deus curar-lhe, pois aquela doença tinha como propósito torná-lo humilde, o que glorificaria a Deus (para mais detalhes, veja 2Co 12.2-10). Paulo também não profetizou e determinou que Timóteo fosse curado da doença que possuía no estômago, mas o aconselhou a manter o hábito de tomar um pouco de vinho (1Tm 5.23).

No mundo antigo, a água com frequência estava contaminada e transmitia muitas doenças. Por essa razão, Paulo recomendou a Timóteo que não se arriscasse a contrair alguma doença, nem mesmo por causa de um compromisso assumido de se abster do vinho. Ao que parece, Timóteo evitava o vinho para não comprometer o seu testemunho. Paulo queria que Timóteo usasse o vinho que, por causa da fermentação, agia como um desinfetante para proteger a saúde dos efeitos prejudiciais da água impura.19 O vinho era considerado por muitos médicos como um excelente remédio, indicado especialmente para pessoas com problemas de indigestão. Desse modo, os adeptos do ato de profetizar e determinar parecem não entender que o sofrimento, por muitas vezes, é pedagógico. Deus constantemente utiliza-o para disciplinar, ensinar e aperfeiçoar o crente (Hb 12.4-11).

Augustus Nicodemus Lopes corrobora:

Não há qualquer exemplo no Novo Testamento de um crente dizendo: “Eu determino que isso aconteça desta maneira em nome de Jesus”. Até onde sei, não há nenhum exemplo ou ordem para que os crentes enfrentem as dificuldades e oposições desta vida determinando vitória, sucesso, libertação, meramente pronunciando palavras de maneira fervorosa. O conceito de que Deus deu aos crentes autoridade para determinar acontecimentos em termos espirituais, cósmicos e mesmo terrenos é estranho ao ensino das Escrituras.20   

No Novo Testamento – nos Evangelhos e nas demais cartas, Jesus e os autores sacros não ensinam sobre o ato de profetizar e determinar bênçãos ou eventos como namoro, casamento, emprego ou salário melhor, casa própria, um carro, a libertação do filho viciado em drogas, a conversão do marido ou da esposa para si e para os outros. Porém, vemos ensinamentos a despeito do ato de pedir em oração as bênçãos desejadas e que os eventos supramencionados aconteçam, uma vez, é claro, que seja da vontade de Deus (veja Mt 7.7-8; 26.53; Cl 1.9-14; Tg 4.13-15; 5.13-18; 1Jo 5.14-15). Portanto, é deveras importante apresentarmos alguns (dentre tantos) textos da Escritura que os defensores da confissão positiva ou movimento da palavra de fé utilizam para apoiar tal prática e, em seguida, interpretarmos de modo fiel cada um deles. Senão vejamos:                 

Provérbios 18.21 – A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto. (ARA)

Segundo os adeptos do ato de profetizar e determinar, este texto faz alusão ao poder que existe na palavra, ou seja, na declaração verbal. Se alguém profere palavras negativas para si mesmo e para os outros, ambos irão obter efeitos negativos na vida. Da mesma forma, se alguém profere palavras positivas para si mesmo e para os outros, ambos irão obter efeitos positivos na vida. Contudo, esta não é a interpretação adequada. Este segundo provérbio do bloco maior (18.12-21) que, além de fazer par com o primeiro (18.20), o complementa. Os dois provérbios ressaltam a cautela no falar e os efeitos saudáveis e prejudiciais de cada palavra proferida. “O discurso benéfico produz resultados que favorecem quem fala; o discurso nocivo produz resultados que prejudicam quem fala”.21

Nessa mesma linha de pensamento, Antônio Pereira da Costa Junior escreve:

Este versículo explica que devemos ter o cuidado de que nossas palavras não venham a nos trazer situações embaraçosas. Temos que saber como dizer as coisas, pois certamente colheremos situações que são causadas por nós mesmos. No entanto, este versículo não dá margem para dizer que são as palavras em si que nos dão o controle das circunstâncias da nossa vida. São situações específicas e não o destino do ser humano que é traçado pela verbalização dos nossos desejos interiores.22                                    

Marcos 11.23-24 – Em verdade vos digo que se alguém disser a este monte: Erga-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que já o recebestes, e o tereis. (Almeida Século 21)

Por ter interpretado de maneira equivocada este ensinamento de Jesus, Kenneth Hagin acabou influenciando os muitos adeptos da confissão positiva ou movimento da palavra de fé a incorrerem na mesma interpretação. A expressão se alguém disser a este monte: Erga-te e lança-te no mar é uma metáfora bem comum na época de Jesus, e significa “aquele que levanta montanhas”. Esta descrição “era usada na literatura judaica a respeito dos grandes rabinos e líderes espirituais que podiam resolver problemas difíceis e aparentemente fazer o impossível”23 O monte que Jesus se refere aqui é o Monte das Oliveiras, e o mar é o Mar Morto.

Jesus, em seu ministério terreno, e nem os apóstolos ergueram e lançaram literalmente um monte no mar. A lição que ele queria ensinar aqui é de cunho espiritual e não literal – o que é evidente. Jesus alega que nada é impossível para Deus; assim, o que o crente pedir em oração, não profetizar ou determinar, e crer que aquilo que foi pedido estiver em consonância com a vontade de Deus certamente receberá (veja Mc 14.36b; Mt 6.10b; Mt 26.39). Hendriksen diz que a figura dramática, diante do seu contexto, que fala de fé e oração, deve significar, portanto, que nada que esteja em harmonia com a vontade de Deus é impossível de ser realizado por aqueles que creem e não duvidam (Mt 17.20; 21.21; Lc 17.6).24        

2 Coríntios 4.13 – Todavia, uma vez que temos o mesmo espírito de fé, conforme está escrito: Cri, por isso falei; também nós cremos, por isso também falamos. (Almeida Século 21)

Segundo a interpretação dos defensores da confissão positiva ou movimento da palavra de fé, Paulo, aqui, ensina como o crente deve fazer para “tomar posse da benção”. O primeiro passo é crer que “já” recebeu a benção e, em seguida, manifestar a fé determinando verbalmente a mesma. Porém, o apóstolo não tinha a intenção de ensinar esta suposta “doutrina da fé triunfalista e antropocêntrica”, a qual coloca o homem no “trono”, na posição de “soberano”, e Deus na condição de servo do homem obrigado a proporcionar pela fé do mesmo todas as bênçãos. Simon Kistemaker explica: 

Paulo declara que nós temos um bem duradouro: a fé. Mas qual é a mensagem que ele transmite com a expressão o mesmo espírito de fé? Paulo não dissera nada sobre fé nos capítulos anteriores. Ele não está olhando para trás, mas para frente, e tem em mente um texto de um dos salmos (Sl 116.10, LXX: Sl 115.1), em que o salmista observa que, por causa da fé, ele falou. O santo do Antigo Testamento tem mais a dizer do que aquilo que Paulo cita aqui. O texto da Septuaginta, que Paulo segue, diz: “Eu cri, por isso falei ‘estou extremamente afligido’”. O salmista reconheceu sua dependência completa de Deus para livrá-lo da morte. Canta louvores de gratidão por ter sido livrado e estar andando na terra dos viventes. Enfrentando a morte, ele deu voz a uma oração por livramento e Deus, em resposta à fé do salmista, respondeu de modo favorável.

Por que Paulo toma essa passagem da Escritura e a aplica a seu discurso? Os rabis judeus nunca destacavam esse texto. A razão para a citação é que Paulo se identifica completamente com o salmista. Ele medita nas ideias sobre a vida e a morte expressas nesse salmo. Tanto ele como o salmista tem o mesmo espírito de fé em Deus. Muito embora Paulo seja repetidamente entregue à morte, sua fé em Deus é forte e lhe permite comunicar o evangelho de Cristo (1Ts 2.2). Ele pode dizer com o salmista: “Cri, por isso falei”, porque as aflições de Paulo são semelhantes. A prédica de Paulo abrangia a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, como o contexto geral indica.

Assim, Paulo escreve, “nós também cremos e, portanto, falamos”. Em outro lugar ele vai fundo com a observação de que cremos com nosso coração e confessamos com nossa boca que “Jesus é o Senhor” que Deus ressuscitou dos mortos (Rm 10.9, 10). Nossa fé interior se expressa mediante nosso testemunho exterior. Quando confessamos o evangelho de Cristo de forma obediente (9.13), damos evidência de nossa fé e testificamos que pertencemos à família de Deus. 

No Novo Testamento grego, os versículos 13 e 14 formam um só texto. Isso significa que o ato de crer e falar se baseia no conhecimento tanto da ressurreição de Jesus como de nossa ressurreição futura.25          

Tiago 3.10 – Da mesma boca procedem benção e maldição... (Almeida Século 21)

O apóstolo não está dizendo que as palavras que saem da nossa boca têm um poder mágico imantado de abençoar e amaldiçoar as pessoas as quais nos dirigimos. A preocupação de Tiago com seus leitores era a despeito do controle da língua. Com ela bendizemos a Deus e maldizemos as pessoas. Quando um crente fala mal do seu próximo, que foi feito a imagem e semelhança de Deus, isso equivale a falar mal do próprio Deus (3.9). “Havia, de fato, nas igrejas de seus leitores pessoas que causavam problemas com suas palavras – e eram provavelmente os mestres os quais Tiago se dirigiu no início desse capítulo e na parte final (3.13-18). O apóstolo Paulo exorta os crentes a serem coerentes no uso da língua: devem parar de falar palavras torpes, e dizer apenas o que edifica (Ef 4.29; cf Rm 12.14; 1Pe 3.9)”.26 Isso, portanto, não deve ocorrer entre os crentes, exorta também Tiago. Douglas Moo observa que os cristãos que foram transformados pelo Espírito de Deus devem manifestar integridade e pureza de coração através de palavras puras e coerentes.27  

Por outro lado, a palavra amaldiçoar também aparece no Antigo Testamento, em Genesis 9.25, Números 22.4-6, 1 Samuel 17.43, 2 Reis 2.23-24, Juízes 9.27, 2 Samuel 16.5 e Eclesiastes 7.22. Amaldiçoar, no contexto de cada passagem supramencionada, indica apenas um desejo proferido que poderes sobrenaturais causem algum tipo de mal a alguém, mas não que este desejo tenha algum poder de ser transmitido ou que “pegue”, conforme declaram os evangélicos místicos.

Conclusão

A confissão positiva ou movimento da palavra de fé, conforme foi apresentado na análise histórica, é um dos pilares da teologia da prosperidade. Todavia, é necessário observar que a confissão positiva não nega diretamente nenhuma das doutrinas fundamentais da fé cristã. Antes, a questão subjacente é a ênfase da confissão positiva; ou seja, não é o que ela ensina, mas sim o que ela não ensina. Senão vejamos:

1) A confissão positiva não ensina que o ato de profetizar e determinar não têm poder algum para fazer com que Deus abençoe.

2) A confissão positiva não ensina que as bênçãos provêm da graça de Deus, e que não é um direito que o crente pode reivindicar.

3) A confissão positiva não ensina que o crente, ao pedir por uma benção, pode não recebê-la por não ser da vontade de Deus abençoar. Isto não significa falta de fé ou infidelidade da parte do crente, uma vez que Deus não é obrigado a responder todas as orações.

4) A confissão positiva não ensina que o critério final para que Deus abençoe não reside na fé do crente, mas em sua vontade soberana.

5) A confissão positiva não ensina que mesmo que o crente contribua financeiramente, Deus não é obrigado a recompensá-lo com bênçãos materiais.

6) A confissão positiva não ensina que Deus nem sempre irá abençoar o crente e suprir suas necessidades de modo sobrenatural, porém, na maioria das vezes irá abençoá-lo materialmente através do próprio trabalho.

7) A confissão positiva não ensina que a corrupção e a injustiça que imperam no mundo não são espíritos demoníacos que podem ser repreendidos, mas que são combatidos pela a honestidade e com ações benéficas no âmbito social, político econômico. 

8) A confissão positiva não ensina que Deus, por muitas vezes, permite que os crentes, mesmo sendo fieis sofram duramente neste mundo.

9) A confissão positiva não ensina que, quando Deus não abençoa o crente, isto não significa que ele está irado.

10) A confissão positiva não ensina que, pelo fato de muitos crentes serem pobres, isso não denota infidelidade da parte deles e nem que a riqueza é sinal da benção de Deus.

Diante das informações que foram esboçadas neste ensaio, concluímos então que, o ato de profetizar e determinar são um ensino forâneo às Escrituras e, sobretudo, herético!            
__________
Notas:

16. Ibid, pág 90.

17. Edir Macedo. A profecia não é adivinhação/O dia para profetizar. Vídeos acessados no you tube, em 12/06/2014.

18. Kenneth Hagin. I Believe in Visions. What Faith Is, Bible Faith. A Study Guide.

19. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1662-1663.   

20. Augustus Nicodemus Lopes. O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual, pág 97-98.

21. Bíblia de Estudo Genebra. Notas de Rodapé, pág 836.

22. Antônio Pereira da Costa Junior. Artigo: Há realmente poder em nossas palavras?

23. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1298. 

24. William Hendriksen. Marcus, pág 581.

25. Simon Kistemaker. 2 Coríntios, pág 216-218.

26. Augustus Nicodemus Lopes. Tiago, pág 107.

27. Douglas J. Moo. Tiago, pág 128.

***
Por Leonardo Dâmaso

O artigo original do site Bereianos poderá ser visto por meio desse link aqui:


PARA ENTENDER A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE – PARTE 001

PARA ENTENDER A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE – PARTE 002

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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quarta-feira, 2 de julho de 2014

PARA ENTENDER A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE — PARTE 002



O material abaixo foi escrito por Leonardo Dâmaso e publicado originalmente no site “Bereianos”. Nós acrescentamos algumas fotos com o objetivo de mostrar as faces e os lugares envolvidos no desenvolvimento dessa falsa doutrina e suas implicações.

O ato de profetizar e determinar: uma análise histórica, teológica e apologética - [02/03]

2. Análise teológica

Conforme esboçamos na introdução, as palavras “profetizar e determinar (ou decretar)” não são sinônimos, isto é, não possuem o mesmo significado, porém estão ligadas entre si. Analisarei o ato de “determinar ou decretar bênçãos” na parte apologética deste ensaio. Desse modo, vejamos, a seguir, as implicações do ato de profetizar no contexto do Antigo, do Novo Testamento e no tempo presente.    


a) O ato de Profetizar no Antigo Testamento

A profecia no Antigo Testamento era dada aos profetas através de palavras inspiradas vindas diretamente de Deus (Nm 22.35; Is 51.16; 59.21; Ez 2.6-7; 3.4, 10), de teofanias (Êx 3; Nm 20.16, Js 5.13-15, Jz 6.11-24; 13), sonhos (Gn 37.5-11; 1Rs 3.5) e visões (Gn 15.1; Nm 12.6; 1 Sm 3.1-21; Mq 1.1). Um homem não era profeta necessariamente porque recebia sonhos, visões, por ter realizado algum milagre, por ter feito predições e as mesmas se cumprirem, nem tampouco por se auto-intitular profeta. Antes, um homem era profeta porque recebeu o chamado direto de Deus para esta vocação, como Moisés (Êx 4.10-13), Jeremias (Jr 1.1-2), Amós (Am 7.14-15), Ezequiel (Ez 2.6-7; 3.26-27), dentre outros.                    

Profetizar, no Antigo Testamento, enfatizava dizer antecipadamente, por inspiração divina, o que há de suceder no futuro e abarca também expor verbalmente ou pela escrita eventos profetizados que já haviam se cumprido historicamente (veja, como exemplo, Dt 9.25-29; 1Cr 16.15-22; Ne 1.8-10; Sl 105.5-45; Jr 32.20-24; Dn 9.13-15). Palmer Robertson diz que profecia não deveria ser definida principalmente como a predição do futuro. Ao contrário, ela é a transmissão da revelação de Deus que ocasionalmente pode envolver eventos futuros.9

Entretanto, hoje não existem mais profetas do calibre dos profetas do Antigo Testamento, isto é, que recebem, falam e registram palavras inspiradas vindas diretamente de Deus, que recebem sonhos, visões e que fazem predições (este assunto será expandido a seguir, no ato de profetizar no Novo Testamento). É importante destacar que o papel do profeta no Antigo Testamento não consistia em adivinhar a vida das pessoas. Nenhum profeta do Antigo Testamento manifestou este tipo de atitude como vemos os “profetas modernos” das igrejas de cunho pentecostal e neopentecostal fazerem. Pelo contrário, a adivinhação é uma prática comum de religiões e seitas pagãs como o montanismo, xamanismo, esoterismo, religiões afro que envolvem o candomblé, umbanda e quimbanda, espiritismo, dentre outras.   

Contudo, mais do que teofanias, sonhos e visões, profetizar no Antigo Testamento era comunicar a vontade de Deus ao povo. Os profetas eram os porta-vozes de Deus que anunciavam “o que Ele haveria de fazer e o comportamento que requeria do seu povo. Essas coisas foram primeiramente anunciadas verbalmente pelos profetas e, posteriormente registradas por eles”10, que não eram apenas prognosticadores no sentido de prever eventos futuros, por exemplo, como o anúncio do cativeiro babilônico descrito em Jeremias 25.1-13; 29.10, mas, sobretudo, homens capacitados por Deus para falar a sua Palavra exortando e convocando o povo a se arrepender de seus pecados e a se voltar para Deus (Jr 1.1-10; Jn 1.1-2; 3.1-10; Ag 1; 2; Zc 1.1-6).

Quando o profeta transmitia a mensagem inspirada da parte de Deus verbalmente ou pela escrita, ele não o fazia como alguém que simplesmente reproduzia palavra por palavra que Deus havia lhe dito nem, tampouco, num estado de êxtase frenético (pulando, rodopiando, gritando), que é o comportamento usual que pessoas adeptas das seitas e religiões sincréticas, como o Neo Pentecostalismo manifestam em seus cultos. O profeta era um agente de Deus que falava as suas palavras, porém suas características pessoais não eram suprimidas. Ele transparecia sua formação acadêmica, social e, até, econômica na transmissão verbal ou pela escrita. Assim, Deus usava o profeta de acordo com a sua capacidade e estilo. Ele transmitia a mensagem divinamente inspirada sem, contudo, anular suas próprias características e sem deixar de ser infiel às palavras que ouviu. 

b) O ato de profetizar no Novo Testamento

A profecia no Novo Testamento foi tão importante e necessária quanto à profecia no Antigo Testamento. Ainda estavam presentes no começo do período do Novo Testamento profetas com as características dos profetas do Antigo Testamento. Alguns falavam da parte de Deus mais no anonimato, haja vista que a ênfase no Novo Testamento não era mais revelatória como no Antigo Testamento, pois o Novo Testamento complementa e elucida o Antigo; ou seja, o Antigo Testamento é a promessa; o Novo Testamento é o cumprimento”11, especialmente o cumprimento das promessas e profecias da redenção.

Um profeta que esteve interposto entre o período do Antigo e do Novo Testamento foi João Batista. Ele saia pelas ruas e lugares ermos proclamando a plenos pulmões a vontade de Deus. Anunciou a vinda do reino de Deus (Mt 3.1-2), profetizou a vinda de Jesus Cristo e o pentecostes (Mt 3.3, 11-12), pregou sobre a redenção (Jo 1.29) e, também, uma mensagem ética instando o povo a se arrepender de seus pecados (Mt 3.5-10). Por outro lado, no Novo Testamento, ainda houve profetas como Ágabo, por exemplo, que fez predições ou profetizou acerca da fome que haveria de acontecer em Jerusalém no tempo do governo de Cláudio (At 11.28) e que Paulo seria preso (At 21.10-11).

No Novo Testamento, profetizar se refere mais especificamente a descrever verbalmente através da pregação do evangelho ou pela escrita fatos profetizados que já haviam ocorrido historicamente (veja, como exemplo, as pregações de Pedro em At 2.14-36; 3.12-26; 4.8-12, a pregação de Estevão em At 7.1-50 e a pregação de Paulo em Atenas, na Grécia, em At 17.22-34).

Com tudo isso, não estou dizendo que não havia um número significativo de profecias de natureza escatológica no Novo Testamento. Pelo contrário, Mateus, Pedro, João, Lucas, Paulo, dentre outros, falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo acerca de eventos que se cumpriram historicamente no passado (veja Mt 24.19-20; At 2.16-18; Jo 21.15-23; Lc 21.20-23; At 20.29-32) e sobre eventos que ainda vão se cumprir historicamente no futuro (veja Mt 24.29-31; At 2.19-21; Ap 8; 9; 11.3-19; 18; 20.11-15; 21; Lc 21.25-27; 1Ts 5.1-3; 2Ts 2.1-12). Feita esta observação, entendemos a importância que o mistério profético teve no período apostólico, uma vez que o cânon das Escrituras do Novo Testamento estava sendo composto.

Heber Carlos de Campos afirma que o dom de profecia era absolutamente importante para a vida da igreja neotestamentária. Sem a manifestação deste dom a igreja haveria de padecer, pois os profetas eram a vida da igreja, as molas mestras que empurravam a igreja para frente, fazendo com que ela seguisse os caminhos indicados pelo Senhor.12 Devido a sua importância, Paulo fez questão de mencionar o dom de profecia nas quatro listas de dons apresentadas por ele em Romanos 12; 1 Coríntios 12; 14 e Efésios 4). Augustus Nicodemus Lopes corrobora que a profecia neotestamentária não é o descobrimento e revelação, em público, de pecados ocultos de pessoas presentes, mas mensagens exortativas na forma de instrução bíblica, baseadas em interpretações ex-tempore das Escrituras.13

Assim como o profeta no Antigo Testamento, o profeta no Novo Testamento também não adivinhava fatos que estavam ocorrendo no presente na vida das pessoas, como doenças, problemas conjugais, financeiros e nem pressupunha fatos futuros incertos de acontecer como os “profetas pentecostais e neopentecostais” fazem. A atitude que estes “profetas modernos” demonstram para com os crentes a fim de terem credibilidade é, indubitavelmente, manipulação psicológica, hipnose e manifestações espetaculares (Jr 14.14). A Adivinhação é um pecado condenado por Deus nas Escrituras (Lv 19.26c; Dt 18.10-14). Desse modo, profetizar não é adivinhar, antes, é edificar, exortar e consolar as pessoas [a igreja] através da pregação do evangelho (1Cor 14.3).                          

c) Distinção dos profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas locais    

Para que possamos compreender plenamente a questão do ato de profetizar no contexto do Antigo e Novo Testamento, é necessário delinearmos a diferença que existe entre os profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas locais. Portanto, uma das melhores formas de compreender os apóstolos e os profetas do Novo Testamento é compará-los com os profetas do Antigo. Senão vejamos:

i. Os profetas do Antigo Testamento

1. Eles foram chamados

Neste período, homens como Moisés, Jeremias, Isaías, Ezequiel, Amós, dentre outros, foram chamados diretamente por Deus para exercerem o ofício profético. O profeta do Antigo Testamento era uma autoridade oficial, isto é, um representante de Deus entre o povo. Sua autoridade adivinha da vocação divina, que também era passada publicamente a ele pelo ministério de outro profeta, como no caso de Eliseu, que foi o substituto do profeta Elias (veja 1Rs 19.6).

2. Eles foram revestidos de autoridade

Na lei de Moisés há um preceito estabelecido por Deus onde os profetas que se levantassem de modo repentino entre o povo deveriam ser julgados. Suas palavras deveriam ser examinadas para ver se, de fato, procedia de Deus ou não. Entretanto, também foi estabelecido por Deus na lei de Moisés que as palavras dos profetas reconhecidos como o próprio Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós e Ageu, por exemplo, fosse recebida pelo povo sem questionamento algum como sendo a Palavra de Deus falada e escrita por eles. Era como se fosse o próprio Deus falando pessoalmente por meio deles! Se houvesse questionamento por parte de alguém acerca da autoridade do profeta e de sua palavra, tal pessoa era punida por Deus, como foi o caso da sedição de Miriã e Arão contra Moisés (Nm 12.1-15), e a rebelião de Corá, Datã e Abirão, que resultou na morte deles e de seus seguidores (Nm 16.1-40).

3. Eles foram infalíveis na transmissão da profecia
A mensagem que os profetas do Antigo Testamento transmitiram era impassível de qualquer erro. Eles foram os receptores, transmissores e registradores da revelação inspirada por Deus ao seu povo.

4. Eles atuaram num âmbito universal
O ministério dos profetas do Antigo Testamento teve uma ampla extensão. Eles não falaram e escreveram somente para o povo de Israel, mas para toda a igreja de todas as épocas. A mensagem dos profetas abrange todos.

ii. Os apóstolos

1. Eles também foram chamados       

A semelhança dos profetas do Antigo Testamento, os apóstolos também foram chamados, porém, de forma pessoal por Jesus Cristo. Diferente do modo de Deus se revelar aos profetas, que era por meio de palavras diretas, sonhos e visões, a revelação de Deus aos apóstolos foi através da pessoa de Jesus Cristo. Os doze apóstolos, e de modo igual Paulo, foram comissionados como os profetas do Antigo Testamento para este ofício singular na história. 

2. Eles também foram revestidos de autoridade

O preceito estabelecido por Deus na lei de Moisés de que o profeta e sua palavra não poderiam ser questionados se aplica também as palavras faladas ou escritas dos apóstolos. Até mesmo o conselho ou a opinião pessoal de um apóstolo que não recorria as palavras do próprio Jesus, como no caso de Paulo e suas respostas em 1 Coríntios 7.6, 8, 10, 12, 25, 32, 35, 40 às perguntas feitas pela a igreja acerca do casamento, não podiam ser questionadas. As palavras dos apóstolos tinham a mesma autoridade que as palavras de Jesus.

3. Eles também foram infalíveis na transmissão da profecia

A mensagem que os apóstolos ou pessoas associadas a eles [como Marcos e Lucas] transmitiram no Novo Testamento era impassível de qualquer erro, pois também foram receptores, transmissores e registradores da revelação inspirada por Deus à igreja.

4. Eles também atuaram num âmbito universal

De modo similar ao ministério dos profetas do Antigo Testamento, o ministério dos apóstolos alcançou não somente o povo de Israel, mas também os gentios e cristãos de todas as épocas.
Feitas as distinções entre os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos, fica claro que eles foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento. Mesmo assim, é importante observar que existem algumas pequenas distinções de caráter funcional entre o ministério dos profetas e o ministério dos apóstolos que não vejo a necessidade de esboçá-las aqui.

Abraham Kuyper assevera que o apostolado é portador do caráter de uma manifestação extraordinária, não vista nem antes nem depois, na qual nós descobrimos uma obra própria do Espírito Santo. Os apóstolos foram embaixadores especiais – diferentes dos profetas e dos atuais ministros da Palavra. Na história da Igreja e do mundo, eles ocupam uma posição única e têm uma importância peculiar.14 Por outro lado, torna-se necessário compreender, agora, o caráter do ministério dos profetas nas igrejas locais no Novo Testamento.

iii. Os profetas das igrejas locais no Novo Testamento

Estes homens não foram vocacionados por Deus como os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos. Eles não possuíam a mesma autoridade e não eram reconhecidos como homens que falavam inspirados como os profetas, os apóstolos e também não recebiam revelações através de palavras proferidas diretamente por Deus, sonhos e visões como eles. Antes, os profetas das igrejas locais no Novo Testamento recebiam o dom da profecia no momento que eram inseridos na igreja de Cristo pela conversão. Este dom era e é uma capacitação que Deus concede aos profetas para que estes exponham oralmente a Palavra de Deus já revelada às pessoas. Desse modo, a função deles não era comunicar novas revelações, mas simplesmente interpretar corretamente as profecias já estabelecidas pelos antigos profetas e pelos apóstolos; ou seja, profetizar não é decretar que algo aconteça, como uma benção, por exemplo, mas pronunciar uma mensagem que esteja em consonância com o escopo da revelação divina registrada.   

A mensagem dos profetas [profecia], que é a exposição da Palavra de Deus revelada, não deveria ser desprezada pela igreja (1Ts 5.20), porém julgada e, se não fosse fiel, deveria ser rejeitada (1Cor 14.29). A igreja só deveria obedecer a mensagem de um profeta se a mesma estivesse em conformidade com os escritos dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos. Essa regra vale para os profetas e a igreja de todas as épocas.

Tudo o que os profetas e os apóstolos fizeram está terminado. Já não há mais fundamento a ser lançado. Não há mais o ofício profético do Antigo Testamento nem o apostólico do Novo Testamento. O que Deus continua a fazer nos dias de hoje é iluminar os que são membros do seu povo para que entendam a revelação registrada na Escritura. Deus ainda opera sinais e milagres como nos tempos bíblicos, como obra de sua providência ["através da oração", ênfase minha], mas não pode ser dito que ele faz essas coisas “pelas mãos dos ministros, pastores e missionários da sua igreja hoje”, como foi dito em Atos que ele fazia os prodígios e sinais “pelas mãos dos apóstolos”. O ofício profético do Antigo Testamento e o ofício apostólico do Novo Testamento não existe mais porque já acabou a sua função dentro do plano da redenção histórica de Deus.15    

d) A necessidade do ato de profetizar no tempo presente

Estamos vivendo uma época em que o equívoco teológico e as heresias prevalecem no cenário evangélico brasileiro. As Escrituras nos alertam que nos últimos 
dias haveria muitos falsos profetas (Mt 24.11, 24, 2Pe 2.1; 1Jo 4.1); de fato, estamos vivendo os últimos dias. Todavia, além das antigas heresias estarem patentes hoje, porém com uma nova roupagem contextualizada, existem também novas heresias que estão sendo disseminadas. Por essa razão, a profecia é oportuna e, sobretudo, urgente. Acredito, pessoalmente, que a igreja evangélica brasileira nunca precisou tanto de profetas comprometidos e submetidos às Escrituras como nos dias atuais. A função primordial do profeta, além de ensinar, é manter a ética, ou seja, ele é responsável por apontar o erro moral, espiritual e teológico existente no meio do povo de Deus e convocá-los ao arrependimento e a se voltarem para Deus. Os profetas são o norte da igreja que, sem eles, fenece. Sendo assim, os profetas são indispensáveis para esta magna função de profetizar [pregar, ensinar, exortar] o caminho certo a igreja de Cristo em meio a uma geração religiosa que impera a corrupção, a perversão moral, espiritual e teológica (1Cor 14.22b-25, 39a).

Continua nos próximos dias...                                            
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Por Leonardo Dâmaso

Notas:

[09] Palmer Robertson. The Final World, Edimburgo: The Banner of Truth Trust, pág 4.

[10] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 95.

[11] John MacArthur. Hebrews (Chicago: Moody Press, 1983), pág 4.

[12] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 96.

[13] Augustus Nicodemus Lopes. O Culto Espiritual, pág 188.

[14] Abraham kuyper. A obra do Espírito Santo, pág 168.

[15] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 83-84.

O artigo original do site Bereianos poderá ser visto por meio desse link aqui:


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