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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

OS DOIS CAMINHOS


O material abaixo foi escrito pelo irmão Edward Reis Costa Filho e é um comentário acerca do tradicional quadro conhecido como “Os Dois Caminhos”

Esse quadro, tradicional e um tanto bucólico, conquanto curioso, interessante, atraente e, talvez, até bonito, apresenta séria distorção da realidade de


Mateus 7:13—14

13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela),

14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.

Distorção indutiva a uma falsa liberdade de salvação — algo perigoso a quem pretende ser ou se julga já salvo. Mesmo assim, no demais, o considero valioso e útil, pelos princípios bíblicos inerentes na bela montagem da ilustração que pretende comunicar. Teria uma cópia do mesmo em casa, se pudesse adquirir um, sem omitir de fazer a um amigo as observações que entendo devidas.

De início, convém perguntar: Onde está o arrependimento? Onde está a fé nesse quadro? Onde está o perdão de Deus? Você consegue posicioná-los ali? Em favor do esforço do autor da obra, dá para conceber que estejam no perímetro de ação do pregador, posicionado junto a porta menor, enquanto se vê o Evangelho do Senhor Jesus Cristo sendo proclamado aos transeuntes. Então...

A tela fornece a visão de uma área livre — com pessoas —, como átrio a frente dos dois caminhos, dando esses a ideia de bifurcação. Toda bifurcação é derivada de um pátio ou de uma via — intermediária —, que conduz a ela. Porém, na situação registrada pelo texto bíblico não ocorre esse pátio ou essa via. Na vida, ou estamos na senda da esquerda ou na vereda da direita. Entre a perdição e a salvação inexiste uma área de estar, de circulação, de passeio, de lazer ou uma terceira via; nem para se aproximar, nem para se afastar; nem para chegar, nem para ficar, nem para sair.

Por isso, confrontando o quadro com a Bíblia, convém notar:

A. Não se trata de situação de neutralidade, como de um observador diante de dois caminhos, o qual, santo, puro, justo e perfeito; independente, imparcial e isento, analisa tranquilo quando e qual deles, enfim, tomar.

Não nascemos — e não vivemos — numa posição de neutralidade. Viemos ao mundo antecipadamente pertencendo à porta larga e ao caminho espaçoso, habitação plena do pecado que nos comprou para a morte

Romanos 7:14

Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.

De lá não há saída voluntária; de lá jamais alguém sai por si mesmo, seja pelo querer, seja pelo poder fazer  —

Lucas 1:78—79

78 Graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,

79 Para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

2) Não se trata da escolha do mais preferível, pois ao homem natural falta virtude para escolher definitivamente a santidade da salvação em vez da perversão que tenazmente o assedia e o conquista —

Hebreus 12:1

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta

Porque o pecador não faz o bem que prefere, mas o mal que não quer, esse faz —

Romanos 7:19

Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

O homem natural não está unido ao pecado por escolha, mas pela força. E do pecado não se liberta jamais por escolha ou decisão, senão pelo conhecimento da verdade —

João 8:32)

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

em Jesus Cristo

João 14:6

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

E nunca chegará a tal conhecimento se do Pai não lhe for revelado —

Mateus 11:27

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Gálatas 1:15—16

15 Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve

16 revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue.

independentemente de qualquer escolha ou decisão que faça.

Todos — repete-se — somos nascidos dentro da porta larga, já de frente ao caminho espaçoso, e não podemos partir sozinhos para a porta estreita e o caminho apertado, porque nada do ambiente original nos leva para lá ou nos muda de lugar, e assim as nossas escolhas serão sempre, irremediavelmente, prejudicadas e miseráveis, como trapos de imundície —

Isaías 64:6

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.

3) Não se trata de escolha do certo e acerto pelo resultado, como se fosse um jogo bem sucedido para o autor do lance, que então resolveu ir pela porta estreita.

A salvação não é o prêmio do arbítrio; antes, é a segurança de quem nada merece —

Romanos 11:6

E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
e nunca procurou por ela

João 15:16

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.

4) Não se trata de "2 caminhos e 1 escolha", como se dois gêmeos estivessem numa encruzilhada e um deles, fazendo o bem, escolhesse ir para a porta estreita e outro, fazendo o mal, decidisse ir para o portão largo —

Romanos 9:11

E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama).

Porque o do pecado nunca deixa de ser escolhido, quando a decisão é por escolha ou a escolha é por decisão —

Gênesis 25:32—33

32 Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?

33 Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.

Não começamos a viver entre dois caminhos, como se nossas escolhas ou decisões nos pudessem posicionar nesse ou naquele bom ou mau caminho, conforme algum arbítrio, porque o arbítrio é do coração e só é totalmente livre e folgadamente frouxo no pecado, eis que sempre contrário a abandoná-lo e reincidente em praticá-lo, até o fim —

Jeremias 17:9

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?

Quando o Evangelho é pregado, sua voz é dirigida para dentro da avenida ampla e ouvida por pessoas em estado de maldição. O arrependimento, a fé e o perdão de Deus ocorrem onde todos somos encontrados, dentro do território de perdição —

Mateus 18:11

Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido.

não fora, nalguma ala apartada e reservada na qual o homem possa livremente exercer seu arbítrio.

Para aqueles que escolhessem ou decidissem e conseguissem ir à porta estreita e ao caminho apertado não haveria necessidade da cruz de Cristo; afinal, eles teriam chegado a alguma perfeição pela liberdade de optar. Assim, estariam no caminho da salvação por sua própria boa escolha ou ótima decisão. E aqui há um obstáculo: a porta. Exatamente, a porta do caminho estreito é Jesus —

João 10:9

Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.

Por esta porta, intrusos da escolha livre e estranhos da decisão autônoma não entram, só beneficiários do arrependimento e da fé, ambos soberanamente concedidos por Deus —

Romanos 2:4

Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?

aqueles que foram lavados no sangue da cruz, limpos inclusive da presunção de irem como querem, quando querem e, se querem.

Você pode perguntar: Eu pensei que havia feito uma escolha, tomado uma "decisão" por Jesus Cristo..., como fico? A Bíblia responde: O Pai fez a escolha, antes da fundação do mundo, antes de você existir, elegendo-o soberanamente — Efésios 1:4 — para receber o arrependimento — Romanos 2:4—, a fé — Efésios 2:8— o perdão — Colossenses 1:13—14—, a salvação. Não aguardou sua boa decisão e excelente escolha — pensando com isso ter dado a Deus uma razão para amá-lo e salvá-lo. E Jesus tomou a única decisão de ser tomada com relação à sua salvação: de ir à cruz por você. A mim, a você, a qualquer um cabe apenas negarmo-nos a nós mesmos, renunciar, morrer dia a dia, assumir nossa nova vida gerada em Jesus pelo Espírito Santo, tomar a nossa cruz e segui-lo — Mateus 16:24. Isso é tudo o que podemos fazer por nossa salvação, e ainda assim não sozinhos, pois sem Cristo nada podemos fazer — João 15:5. E aqueles que julgam estar no caminho estreito porque uma vez em Cristo, em Cristo para sempre, a certeza que podem ter é mediante a prova visível: frutos vivos, apreciáveis e não sazonais da salvação, dignos de arrependimento, como a respeito deles bradou João Batista

Mateus 3:8

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.

para só então sentirem-se fora da ninhada das víboras. Do contrário, estarão no lugar comum dos infortunados, de onde só resta de última hora suplicar — Lucas 18:11 —, clamar — Mateus 20:30, Lucas 19:40 — ou invocar o nome do Senhor — Joel 2:32.

Que Deus abençoe a todos,

Alexandros Meimaridis
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ENCONTROS DE PODER — 037 — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005 - O PERIGO DOS FALSOS ENSINAMENTOS



Atenção esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros estudos.
Continuação...

As duas últimas referências a στοιχεῖαstoicheîa — ocorrem em —

Colossenses 2:8—10

8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;

9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.

10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.

Colossenses 2:20—22

20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças:

21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,

22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.

Uma vez que a interpretação correta de στοιχεῖαstoicheîa — depende de modo completo do contexto em que a mesma é utilizada, a primeira coisa que precisamos fazer é entender, com muita clareza, a ocasião em que Paulo escreveu essa carta destinada aos colossenses.

Os versículos de Colossenses 2:8—10 estão intimamente relacionados com os que encontramos em —

Colossenses 2:6—7

6  Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,

7  nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças.

Aquilo que se afirma de modo positivo nos versos 6—7 é contraposto à afirmação que encontramos nos versos 8—10. A linguagem é clara. Os membros da igreja em Colossos estavam seguindo a Cristo e as palavras de advertência não devem ser interpretadas como sendo de correção e sim de cautela, contra o que poderia vir acontecer quando falsos mestres se infiltrassem entre eles, algo que parece que já tinha ocorrido, de acordo com Colossenses 2:10 que veremos mais adiante.

Paulo estava profundamente preocupado com a possível manifestação desses falsos mestres com suas teorias especulativas, apresentadas de forma astuciosa, que bem poderiam minar a confiança que aqueles irmãos tinham em Cristo como o único e completo Salvador, de que temos necessidade. Note bem as palavras usadas por Paulo para descrever a ação desses falsos mestres —

Filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens.

Mas Paulo também menciona o seguinte —

Os rudimentos do mundo.

E nesse caso ele está fazendo uma referência específica a todos os poderes humanos, que podem ou não estar sob a influência malévola e destruidora dos poderes espirituais constituídos por Deus e que se encontram espalhados pelo universo até que sejam completamente submetidos, pelo próprio Deus, à soberania do Senhor Jesus Cristo.

Já em Colossenses 2:20—22 nós encontramos Paulo, da mesma forma, não condenando os colossenses pela adoção de práticas inconvenientes, mas advertindo-os contra a adoção de práticas ascéticas, as quais o próprio Paulo considerava como inúteis.

Nesse parágrafo, Paulo condena o programa de asceticismo proposto pelos falsos mestres em outros lugares, e que não passava dum ensinamento errado, o qual poderia, a qualquer instante, chegar a Colossos. Essas práticas ascéticas também envolviam certa pretensa adoração a anjos, apesar de ser muito difícil para nós entendermos o que, exatamente, Paulo pretendia dizer com as palavras que encontramos em —

Colossenses 2:18—19

18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,

19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.

È possível que esses falsos mestres usassem pretensos contatos com anjos — como muitos falsos mestres usam alegadas revelações da parte de Jesus ou até de Deus mesmo — para impor restrições ascéticas sobre suas próprias vidas e a vida dos outros? O argumento deles bem poderia ser semelhante aos que ouvimos hoje, que “se vocês seguirem minhas instruções, de acordo com o que o anjo me mostrou, vocês alcançarão o que estão procurando e certamente obterão a vitória”. Não podemos ter certeza acerca do que essas pessoas estavam ensinando. Mas duma coisa temos certeza, como acontece nos dias de hoje, todo falso ensinamento causa mais mal do que bem, apesar da miríade de idiotas proclamando o contrário.

Paulo deseja preparar os Colossenses contra o surgimento abrupto de grupos judaizantes de toda ordem — como os muitos que temos hoje no chamado meio evangélico — como havia acontecido já em meio a igrejas localizadas na região da Galácia. Esses indivíduos são caracterizados como lançando mão de πιθανολογίᾳ pithanología — cujo significado é:
1) Discurso adaptado para persuadir, discurso no qual os argumentos prováveis são fornecidos.
2) Num mal sentido, persuasão da fala, discurso ilusório que leva outros ao erro.[1]

Nesse contexto tal termo é usado de modo técico de retórica que faz referência, provavelmente, ao uso argumentos plausíveis, a apresentação de demonstrações e o falar persuasivo. Na retórica esses elementos são apenas parte de um jogo. Foi isso que levou o historiador grego Ariano — viveu durante o segundo século d.C. — a manifestar uma repugnância geral contra a degeneração da retórica como sendo apenas um show, enquanto ele e bem assim, também o apóstolo Paulo usam a expressão com a intenção de descrever “argumentos ilusórios ou enganadores”. Paulo sentia-se inferiorizado diante desses indivíduos, mas ele ainda não percebia que, por meio da ação do Espírito Santo em sua vida e modo de falar e escrever, eles estava criando uma forma “livre de frescuras”, e honesta de falar e escrever que iria alterar, de modo irreversível, a história das cartas escritas.

CONTINUA....

LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER

001 — Introdução =

002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas

003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.

004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.

005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.

006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.

007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.

008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.

009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.

010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônioπνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito malignoἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.

011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.

012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.

013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.

014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução

015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1

016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2

017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3

018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39

019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1

020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2

021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1

022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2

023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1

024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2

025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3

026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4

027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5

028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6

029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS

030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO

031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES

032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002

033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001

034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002

035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003

036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004

037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005

038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006

039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007

040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008

041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009

042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010

043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html



044 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 28 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 012 — AS FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL — PARTE 001

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis.

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Desde já agradecemos a todos.       



[1] Strong, J., & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, (2002; 2005). Edição Eletrônica

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O TEMOR DO SENHOR E A SOBERANIA DE DEUS

 

O artigo abaixo foi publicado pelo site da Editora Fiel.

Temor e a Soberania de Deus
Kim Riddlebarger

"Deus está no controle". Essas palavras podem ser um conforto maravilhoso para pessoas que lutam contra fobias, medos naturais comuns ou mesmo terrores profundos. O lembrete de que Deus está no controle muitas vezes traz grande alívio.

Mas há momentos em que as palavras "Deus está no controle" podem piorar a situação. Um cristão aterrorizado pode já ter lutado com o fato de que Deus é soberano e chegado à conclusão equivocada de que Deus o está punindo, ou pior, que Deus o abandonou. Na raiz de tanto medo e ansiedade não está tanto a questão de saber se Deus está no controle (uma doutrina que a maioria dos cristãos aceita prontamente), mas de por que Deus permitiria que os cristãos sintam incerteza e temor. A consciência da soberania de Deus pode não ser uma fonte de alívio em todo caso, mas somente outra fonte de dúvida, frustração e medo. O medo pode fazer isso com as pessoas, até mesmo com cristãos.

Há dois pontos a considerar sobre confrontar nossos medos à luz da soberania de Deus. O primeiro é considerar aquelas passagens bíblicas (há muitas) que nos dizem o que significa Deus estar "no controle". Quando temos uma boa (ou melhor) compreensão do controle de Deus sobre todas as coisas, descobrimos que nada que venha a acontecer é aleatório ou fora da vontade de Deus. O salmista nos lembra: "Com efeito, eu sei que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses. Tudo quanto aprouve ao Senhor, ele o fez, nos céus e na terra" (Sl 135.5-6). Em Provérbios, lemos que a soberania de Deus se estende até mesmo a coisas aparentemente acidentais: "A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão" (Pv 16.33). Esta informação é dada para nos lembrar que nada fora da vontade de Deus pode nos acontecer.

Deus sabe quando um pardal cai do céu, e se ele se importa com eles, quanto mais ele se importa conosco? (Mt 6.26). Paulo nos diz que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8.28), e Tiago diz: "ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta" (Tg 1.13). Tiago acrescenta: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança" (1.17). Deus não nos tenta (ou nos faz ter medo), ele nos dá todas as coisas boas, e promete tornar tudo (até mesmo os nossos medos) para o nosso bem.

Esta breve lista de passagens bíblicas nos lembra que qualquer medo que estivermos enfrentando pode trazer glória a Deus, ser transformado por Deus para nosso bem maior e conceder-nos a necessária segurança quando estamos com medo. A Escritura acalma nossos medos lembrando-nos que Deus é nosso Pai Celestial que nos ama e cuida de nós, mesmo quando o tememos, ou receamos seus propósitos soberanos. Ele ainda nos ama, mesmo quando tememos que não.

A segunda coisa a considerar é que, se alguém acreditava na soberania absoluta de Deus, esse alguém era Jesus. Os Evangelhos revelam que, apesar de Jesus saber o propósito de Deus com antecedência, e que o resultado de seu sofrimento seria um triunfo glorioso sobre a morte e a sepultura, ainda assim sentiu muito temor como ansiedade antes da provação da cruz. Na resolução do temor e ansiedade de Jesus podemos encontrar grande alívio para os nossos temores e ansiedades.

Em Mateus 26.36-38, lemos: "Foi Jesus... a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo". Jesus também disse: "o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca". Então ele orou: "Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (v. 41-42). No relato de Lucas, a dimensão do medo de Jesus é revelada: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra" (Lc 22.44).

Temor e ansiedade não são necessariamente pecado; que Jesus estava ansioso antes de seu sofrimento na cruz é a prova disso. O medo da dor ou do perigo é bastante natural. No entanto, em meio à ansiedade de Jesus no Getsêmani, ele ainda assim confiou que seu Pai o faria suportar a terrível provação por vir. Jesus pôde suar gotas de sangue, mas bebe o cálice da ira para nos salvar dos nossos pecados. Notavelmente, Jesus é um exemplo para nós quando estamos com medo, e seu sofrimento e morte removem qualquer culpa que podemos ter por duvidar das promessas de Deus ou por temer sua abordagem ou propósitos. Jesus morreu por nossos pecados todos, incluindo todo o medo pecaminoso.

Melhor ainda, nós temos um grande sumo sacerdote, que nunca dorme nem cochila, e que sabe como é para nós experimentar temor e ansiedade. É a Jesus que oramos quando estamos com medo, e é Jesus que intercede por nós, ainda enquanto oramos a ele (Hb 4.14-16). É isso que significa dizermos que "Deus está no controle".

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel

Autor

O Dr. Kim Riddlebarger é o pastor presidente da Christ Reformed Church em Anaheim, Califórnia, e um dos apresentadores de um programa de rádio.

O artigo original poderá ser visto pó meio do link abaixo.


Que deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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sábado, 31 de outubro de 2015

LEMBRANDO OS 498 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE – PARTE 002


OS REFORMADORES E A LEI – VALOR, SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Alderi Souza de Matos

3. Calvino e a Lei

Quando Calvino fala em “lei”, ele geralmente dá a esse termo um sentido diferente daquele dado por Lutero. Para ele, a lei não significa o correlativo do evangelho, mas a revelação de Deus ao antigo Israel, tanto nos “livros de Moisés” como em todo o Antigo Testamento. Assim, a relação existente entre lei e evangelho, antes que dialética, torna-se praticamente contínua. Existem diferenças entre os dois testamentos, mas o seu conteúdo é essencialmente o mesmo: Jesus Cristo. Isso é de importância fundamental, pois o conhecimento da vontade de Deus seria inútil sem a graça de Cristo.

A lei cerimonial tinha em Cristo o seu conteúdo e fim, pois sem ele todas as cerimônias são vazias. A única razão pela qual os sacrifícios dos sacerdotes antigos eram aceitáveis a Deus era a prometida redenção em Jesus Cristo. Em si mesmos, dada a nossa corrupção, quaisquer sacrifícios que pudéssemos oferecer a Deus seriam inaceitáveis. Mas é na lei moral que se pode ver mais claramente a continuidade que existe entre o antigo e o novo. De fato, a lei moral tem um tríplice propósito.

O primeiro propósito da lei – e aqui Calvino concorda com Lutero – é mostrar-se o nosso pecado, miséria e depravação (usus theologicus). Rm 3.20; 5.20. Quando vemos na lei o que Deus requer de nós, ficamos face a face com as nossas próprias deficiências. Isso não nos capacita a fazer a vontade de Deus, mas nos força a deixar de confiar em nós mesmos e a buscar o socorro e a graça de Deus (Institutas 2.7.6-9). A lei é um espelho que mostra aos homens a sua verdadeira aparência aos olhos de Deus, para que “despidos e vazios eles possam correr para a sua misericórdia, repousar inteiramente nela, ocultar-se nela e apegar-se somente a ela para obter a justiça e os méritos disponíveis em Cristo para todos os que anelam e buscam essa misericórdia com verdadeira fé. Nos preceitos da lei, Deus é galardoador somente da perfeita justiça, e disso todos nós carecemos. Por outro lado, ele é o Juiz severo de todos os pecados. Mas, em Cristo, a sua face brilha plena de graça e suavidade mesmo para com pecadores miseráveis e indignos” (Institutas 2.7.8).

O segundo propósito da lei é refrear os ímpios (usus civilis; Institutas 2.7.10-11). 1 Tm 1.9-10. Embora, isso não leve à regeneração, é todavia necessário para a ordem social. Como muitas pessoas obedecem à lei movidas pelo temor, as ameaças que ela contém servem para fortalecer essa função. Sob essa rubrica, a lei também serve àqueles que, embora predestinados para a salvação, ainda não se converteram. Ao forçá-los a atentar para a vontade de Deus, ela os prepara para a graça à qual eles foram predestinados. Assim, muitos que chegaram a conhecer a graça de Deus testificam que antes da sua conversão sentiram-se compelidos a obedecer a lei movidos pelo temor.

Finalmente, o terceiro uso da lei – tertium usus legis – é revelar a vontade de Deus àqueles que crêem (Institutas 2.7.12). Sl 19.7-8; 119.105. Essa é uma ênfase que haveria de tornar-se típica da tradição reformada e que lhe daria grande parte da sua austeridade em matéria de ética. O próprio Calvino, com base nesse terceiro uso da lei, dedica uma extensa seção das Institutas à exposição da lei moral (Livro II, Cap. VIII). A sua afirmação básica é que Cristo aboliu a maldição da lei, mas não a sua validade. O erro do antinomianismo está em afirmar que, uma vez que Deus aboliu em Cristo a maldição da lei, os cristãos não mais estão obrigados pela lei. Na verdade, a lei não pode ser abolida, pois ela expressa a vontade de Deus, que nunca muda. O que foi abolido, além da maldição da lei moral, foi a lei cerimonial. A razão para isso é clara: o propósito das antigas cerimônias foi apontar para Cristo e isso não é mais necessário um vez que a realidade plena já foi revelada.

O “terceiro uso da lei” significa que os cristãos devem estudar a lei de modo cuidadoso, não somente como uma palavra de condenação que continuamente os impele para a graça de Deus, mas também como o fundamento para determinarem como devem ser as suas ações. Nesse estudo e interpretação da lei, três princípios fundamentais devem ser conservados em mente: (1) Deus é espírito e por isso os seus mandamentos dizem respeito tanto às ações externas quanto aos sentimentos íntimos do coração. Isso é verdade quanto a toda a lei e, portanto, o que Cristo faz no Sermão da Montanha é simplesmente explicitar o que já estava implícito, e não promulgar uma nova lei. A lei de Cristo não é outra senão a lei de Moisés (Institutas 2.8.6-7). (2) Todo preceito é ao mesmo tempo positivo e negativo, pois toda proibição implica em uma ordem e vice-versa (Institutas 2.8.8-10). Assim, nada é deixado de fora da lei de Deus. (3) O fato de que o Decálogo foi escrito em duas tábuas mostra que a devoção e a justiça devem caminhar de mãos dadas (Institutas 2.8.11). A primeira tábua trata dos deveres para com Deus; a segunda diz respeito às relações com o próximo. Assim, o fundamento da justiça é o serviço a Deus e este é impossível sem um relacionamento justo com as outras pessoas.

Portanto, existe uma continuidade fundamental entre o Antigo Testamento e o Novo (Institutas 2.10; 3.17). Essencialmente, essa continuidade tem a ver com o fato de que a vontade de Deus revelada no Antigo Testamento permanece eternamente a mesma, com o fato adicional de que o âmago do Antigo Testamento foi a promessa de Cristo, do qual o Novo Testamento fala como um fato consumado. Não obstante, existem algumas diferenças significativas entre os dois testamentos. Essas diferenças são cinco (Institutas 2.11): (a) O Novo Testamento fala claramente da vida futura, ao passo que o Antigo somente a promete por meio de sinais terrenos. (b) O Antigo Testamento apresenta apenas a sombra daquilo que está substancialmente presente no Novo, a saber, Cristo. (c) O Antigo Testamento foi temporário, enquanto que o Novo é eterno. (d) A essência do Antigo Testamento é lei e, portanto, servidão, ao passo que a essência do Novo é o evangelho da liberdade. Cumpre observar, todavia, que tudo o que é prometido no Antigo Testamento não é lei, mas evangelho. (e) O Antigo Testamento foi dirigido a um único povo, enquanto que a mensagem do Novo é universal. Porém, apesar dessas diferenças, a ênfase básica da reflexão de Calvino sobre lei e evangelho é de continuidade, e a diferença entre ambos é uma diferença entre promessa e cumprimento. Nisso, Calvino diferiu substancialmente de Lutero. E foi isso em parte que permitiu ao calvinismo articular programas éticos mais detalhados do que o fizeram os luteranos.

4. As Confissões Reformadas e a Lei

A ênfase de Calvino ao terceiro uso da lei fez com que os documentos confessionais reformados dessem grande destaque a esse ensino, especialmente através da exposição detalhada do Decálogo. Já no Livro II das Institutas, ao tratar da lei (capítulos 6-11), Calvino faz uma exposição detalhada dos Dez Mandamentos (8.11-50); o mesmo no seu primeiro catecismo, Instrução na Fé (1537).

A 2ª pergunta e resposta do Catecismo de Heidelberg (1563) diz o seguinte: “Quantas coisas deves conhecer para que possas viver e morrer na bem-aventurança desse consolo?  Três. Primeiro, a enormidade do meu pecado e miséria. Segundo, como sou liberto de todos os meus pecados e suas terríveis conseqüências. Terceiro, que gratidão devo a Deus por tal redenção.” Isso antecipa as três partes em que se divide o Catecismo: (1) O Pecado e a Culpa do Homem – A Lei de Deus (pp. 3-11): os dois primeiros usos da lei. (2) A Redenção e Liberdade do Homem – A Graça de Deus em Jesus Cristo (pp. 12-85): o evangelho. (3) A Gratidão e Obediência do Homem – A Nova Vida Através do Espírito Santo (pp. 86-129): a lei moral, especialmente o Decálogo (pp. 92-115).

A Confissão de Fé de Westminster (1643-1646) dedica um capítulo à “Lei de Deus”, na parte que trata da vida cristã. Esse capítulo aborda em sete parágrafos os três usos da lei e os seus diferentes aspectos (cerimonial, civil e moral). Já o Catecismo Maior dá um destaque muito mais enfático à lei. A sua terceira parte (pp. 91-196) aborda o dever do homem em relação a Deus. Nessa seção, mais da metade das perguntas tratam da lei e do Decálogo (pp. 91-148). O mesmo se pode dizer do Breve Catecismo (pp. 39-84, de um total de 107 perguntas).

5. Antinomismo e Legalismo

Calvino e Lutero foram unânimes no seu entendimento dos primeiros dois usos da lei (elênctico, de élenchos = repreensão [ver 2 Tm 3.16], e civil ou político). Todavia, Lutero não ensinou formalmente um terceiro uso da lei. Os dois reformadores concordaram em suas noções sobre a graça, a justificação e a liberdade cristã, bem como em sua oposição contra qualquer forma de justiça pelas obras, por um lado, ou de antinomianismo, por outro lado. A diferença básica entre Lutero e Calvino no tocante à lei é que, para Lutero, a lei geralmente representa algo negativo e hostil; daí o fato de mencioná-la ao lado do pecado, da morte e do diabo. Calvino via a lei primariamente como uma expressão positiva da vontade de Deus, por meio da qual Deus restaura a sua imagem na humanidade e a ordem na criação decaída. Lutero estava consciente do terceiro uso da lei, mas ele não diz que a lei é principalmente um guia e um incentivo para os fiéis. Ele estava pronto a dizer, especialmente no início da década de 1520, que o crente de fato não precisava da lei. Isso explica em parte o fato de que o luteranismo tem tido de resguardar-se contra tentações antinomianas, ao passo que os círculos reformados têm revelado maior tendência de cair no legalismo.

Historicamente, tantos os luteranos como os reformados têm tido dificuldade de manter o correto equilíbrio entre lei e evangelho, o que tem levado ao antinomismo, de um lado, e ao legalismo e moralismo, do outro. O antinomismo acentua de tal modo o fato de o cristão estar livre da condenação da lei a ponto de subestimar a necessidade da confissão diária dos pecados e da busca sincera da santificação. Os católicos romanos com efeito acusaram a Reforma de antinomismo ao afirmarem que a doutrina da justificação pela fé conduziria à frouxidão moral. Já na década de 1530, Lutero expressou a sua preocupação pelo fato de um dos seus seguidores, João Agrícola (c. 1494-1566), ter se tornado antinomista. Lutero o criticou por não acentuar adequadamente a responsabilidade moral dos cristãos.

O perigo maior enfrentado pela Reforma foi o do moralismo e legalismo. Os moralistas ou neonomistas acentuam de tal modo a responsabilidade cristã que a obediência torna-se mais que o fruto ou evidência da fé; antes, ela passa a ser vista como um elemento constitutivo da fé justificadora. O legalismo inevitavelmente ataca a certeza e a alegria cristãs e tende a criar uma piedade egocêntrica, excessivamente introspectiva.

Era Calvino um legalista? Nos seus escritos, em geral não. Como vimos, ele estabeleceu normas para a interpretação da lei. Primeiro, a lei visa não somente a probidade externa, mas a justiça interior e espiritual (Institutas 2.8.6). Segundo, os mandamentos e proibições sempre implicam mais do que as palavras expressam, isto é, a mera obediência formal à lei não é suficiente (Institutas 2.8.8). Deve-se buscar a intenção do legislador; o melhor intérprete da lei é Cristo (Institutas 2.8.7). Terceiro, a dupla divisão da lei em deveres de piedade e deveres de caridade mostra que o temor a Deus é o fundamento da justiça (Institutas 2.8.11). Na sua teologia, a forte insistência de Calvino na justificação somente pela fé contrasta com o espírito legalista. Além disso, ele recusou-se a fazer da disciplina uma prova decisiva da existência da Igreja. Outro ponto significativo é o fato de ele ter colocado a exposição da lei no Livro II das Institutas (soteriologia), e não no Livro III, como parte da seção sobre o arrependimento e a vida cristã. Na discussão da vida cristã ele apela mais à vida e exemplo de Jesus e ao conjunto da teologia cristã como a fonte e o guia dessa vida.

Por outro lado, as Ordenanças Eclesiásticas (1541) criaram um consistório para regular a conduta da comunidade cristã e abriram as portas para o legalismo. Os oficiais de Genebra não hesitaram em forçar as pessoas a irem à igreja. Eles também investigavam e regulavam muitos detalhes da vida diária. Calvino tinha um desejo profundo de que a Igreja abrangesse toda a comunidade. Pelo menos no que diz respeito a Genebra, ele nunca abandonou o ideal medieval do corpus christianum, mas buscou fazer da comunidade de Genebra o verdadeiro corpo de Cristo. Porém, essa preocupação em obter a comunidade ideal pode ter levado o reformador a apelar para métodos legalísticos.

O desafio que se coloca diante de nós é duplo: dar um testemunho persuasivo da autoridade pessoal do Deus vivo sobre cada vida humana, mas ao mesmo tempo não substituir o reino pessoal de Deus por regras meticulosamente formuladas.

A primeira parte desse artigo poderá ser lida por meio desse link aqui:


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Referências

Justo L. González, A History of Christian Thought, III:53-55 (Lutero), 78-79 (Zuínglio), 146-49 (Calvino).

T.H.L. Parker, Calvin: An Introduction to his Thought (Louisville: Westminster/John Knox, 1995).

John H. Leith, John Calvin’s Doctrine of the Christian Life (Louisville: Westminster/John Knox, 1989), 45-54.

W.R.G, “Law and Gospel”, em S. B. Ferguson, D.F. Wright e J.I. Packer, eds., New Dictionary of Theology (InterVarsity, 1988), 379s.

I. John Hesselink, “Law”, em Donald K. McKim, ed., Encyclopedia of the Reformed Faith (Westminster/John Knox, 1992), 215-217.

Mauro F. Meister, “Lei e Graça: Uma Visão Reformada”. Fides Reformata IV:2 (Jul-Dez 1999), 45-58.

Timothy George, Theology of the Reformers (Nashville: Broadman, 1988). Um livro que aborda várias dessas questões é A Lei Moral, de Ernest Kevan, da Editora Os Puritanos. Por exemplo, o cap. 12 trata da importante relação entre a lei e o evangelho.