sábado, 3 de janeiro de 2015

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO - PARTE 001



Reprodução de Paulo em uma de suas pregações

ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA A IMPORTANTE QUESTÃO RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS E HERMAN RIDDERBOS NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.

ATENÇÃO: O material contido nesses estudos foi, em grande parte, adaptado da notas de aula e da apostila fornecida pelo professor Dr. Richard B. Gaffin em sua aula de teologia que explorou a importância da ressurreição de Jesus para a Teologia Paulina. Todas as vezes que o material mostrou-se insuficiente devido os anos que já se passaram, os lapsos foram preenchidos pelo editor do Grande Diálogo. O Dr. Gaffin, além de professor tornou-se um amigo a quem tivemos a oportunidade de receber em nossa casa, acompanhado de sua esposa, quando morávamos na cidade da Filadélfia nos EUA.

INTRODUÇÃO

Ao contrário do que muitos imaginam e praticam, especialmente no meio chamado evangélico, e até mesmo no meio de muitas igreja históricas e inclusive reformadas, com pastores formados em instituições periféricas e em cursos de 1 ano ou 1 ano e meio de duração, com aulas somente aos sábados, ou aulas exclusivamente à distância, a interpretação das Sagradas Escrituras nunca acontece em uma espécie de vácuo. Existe de fato um conjunto de variáveis de todas as ordens que fazem sentir seu peso apropriado, todas as vezes que nos dedicamos com respeito ao trabalho da hermenêutica e exegese.

De tudo o que podemos mencionar, existem dois fatores fundamentais e muito importantes nesse processo todo.

1. A teologia Reformada sempre foi encarada como sendo distintivamente paulina em sua essência. Como isso, queremos dizer que, no que diz respeito à teologia Reformada e sua relação com os ensinamentos paulinos a mesma é sempre mais sensível ao que o apóstolo Paulo produziu do que outras tradições. Isso é espacialmente verdadeiro quando falamos da profundidade dos motivos e das tendências dos ensinamentos de Paulo bem como de uma maior consistência da expressão desses mesmos ensinamentos.

Um dos aspectos mais profundos do que estamos falando tem a ver com a teologia da ressurreição, cujas principais obras, até o dia de hoje foram e continuam sendo produzidas por indivíduos de fé solidamente reformada. Entre esses nomes podemos citar:  Herman Bavink, Rudolf Bultmann, Kurt Deissner,  N. Q.Hamilton, Johann Wilhelm Hermann, Charles Hodge, Werner Kramer, Abraham Kuyper, John Murray, Herman Ridderbos, Enrich Schäder, Albert Schweitzer, Geerhardus Vos e Benjamin  Warfield.

Talvez alguém se pergunte, por que no meio de tantos teólogos, de tantas denominações, tão pouco está escrito acerca da “Ressurreição de Cristo”? Um dos principais motivos é que a ressurreição de Cristo, quase sempre foi entendida como parte do todo do processo soteriológico — processo de salvação. Ou seja, como parte daquilo se aplica ao indivíduo para sua salvação pessoal. Aspectos forenses, especialmente a doutrina da justificação pela fé, têm sido considerados como centrais em todo o processo envolvendo a ressurreição de Jesus.

Por outro lado, o foco da Cristologia — o ensino acerca da vida e obra da pessoa do Senhor Jesus Cristo — foi sendo entendido, quase que exclusivamente, como fazendo apenas referências ao seu sofrimento e morte como expiação pelos nossos pecados. O interesse acerca da ressurreição de Jesus, em sua maior parte, só pode ser encontrado atrelado a idéias apologéticas — ensinamentos relativos à defesa da fé — e como um estímulo para a fé. Uma vez tendo recebido tão pouco interesse em si mesma, não foi difícil para a ressurreição de Jesus ser vista apenas como um selo que permite aplicar, com maior facilidade, a redenção produzida pela morte de Cristo.

O segundo aspecto tem a ver com o fato que nas últimas décadas a abordagem bíblico-teológica no meio dos círculos Reformados foi marcada por uma negação da validade da inspiração e da unidade das Escrituras. Isso também aconteceu com a teologia pentecostal, de modo geral, e assim criou-se o vácuo que mencionamos no início do artigo, mas que não passa apenas de uma grande ilusão. Um engano mortal e destruidor que aos poucos vai se revelando devastador tanto para a teologia pentecostal quanto para a teologia reformada.

São bem poucos os estudiosos ortodoxos que têm reconhecido que a revelação bíblica tem chagado até nós por meio de um processo de desenvolvimento orgânico, como verdadeira história em seus fatos e acompanhada da palavra de revelação de Deus que explica os fatos históricos. O êxodo dos judeus deixando o Egito, talvez seja um dos momentos mais emblemáticos do que estamos afirmando. Temos o evento histórico – o êxodo — e temos a revelação divina que explica o mesmo! Isso nos obriga a tratar tanto os autores bíblicos como o material escrito na Bíblia com a mais profunda reverência, totalmente isenta de afirmações absurdas — geralmente vindas do meio reformado — bem como do besteirol sem fim produzido pelo meio pentecostal e evangélico.

No meio Reformado nós só podemos encontrar dois livros que tratam a obra de Paulo de forma compreensiva. Por favor, não confunda a tradição Reformada com outras tradições que também produziram obras nessa mesma linha. Mas da perspectiva Reformada nós só podemos citar as seguintes obras:

1. The Pauline Eschatology – Twin Brooks Series. Geerhardus Vos, Baker Book House, Grand Rapids, 1979.

2. Paulus: Ontwerp van zinj theologie. Norman Ridderbos, J. H. Kok, Kampen, 1966.

Outras obras produzidas por outras tradições incluem:

1. The Theology of Paul. James d. Dunn, William B. Eerdmans Publishing Company. Grand Rapids, 1998.

2. Life and the Epistles of St. Paul. W. J. Conybeare e J. S. Howson,William B. Eerdmans Publishing Company. Grand Rapids, 1953.

3. Paul: Apostle of the Herat Set Free. F. F. Bruce, William B. Eerdmans Publishing Company. Grand Rapids, 1977.

4. Paulo: Vida e Pensamento. Udo Schnelle, PAULUS e Editora Academia Cristã, São Paulo e Santo André, 2010.

Voltando a Vos e Ridderbos, é importante notarmos que, de forma independente, os dois chegaram a uma mesma conclusão. É óbvio que Ridderbos tinha conhecimento da obra de Vos cuja primeira edição foi publicada em 1930, mas sua dependência do material produzido décadas antes é mínima. A conclusão que eles alcançaram marcou profundamente o entendimento Reformado desde então no que diz respeito ao todo da Teologia Paulina. De acordo com Vos e Ridderbos o centro da mensagem paulina não pode ser encontrado na doutrina da justificação pela fé, nem em qualquer outro aspecto soteriológico que envolva o ser humano. Pelo contrário: o interesse primário de Paulo revolve ao redor da realização escatológica da vida de Cristo, especialmente no que diz respeito à sua morte e, principalmente, à sua ressurreição.

Com Vos essa mudança não é tão evidente, apesar de sua obra chamar-se: Escatologia Paulina. Esse título pode enganar facilmente o leitor, especialmente no Brasil, que está muito acostumado a relacionar o termo “escatologia” com as inúmeras interpretações alucinadas acerca do fim dos tempos. Isso é uma prova de quão estreita é nossa visão acerca da dogmática, de modo geral. Nossa visão da escatologia se resume à segunda vinda de Cristo e todos os eventos que tal acontecimento irá desencadear. Mas para Vos, só podemos entender a “escatologia” de Paulo de entendermos o todo de seu pensamento teológico.

Ridderbos também mantém que é a história da redenção ou a orientação escatológica que dirige Paulo em seus pensamentos. Essa ideia é repetida inúmeras vezes em seu livro. De fato Ridderbos nos dá a impressão que está apresentando uma nova ênfase com respeito à tradição — Reformada — à qual pertence. Ele usa, de forma deliberada, a expressão heilshistorisch em uma variedade de contextos para sublinhar que o interesse do apóstolo Paulo está no processo de redenção histórica e não na salvação do indivíduo.

Dessa forma, tanto Vos quanto Ridderbos nos oferecem uma apresentação aprofundada da Ressurreição de Cristo como o objeto central da teologia Paulina. Para Ridderbos a ressurreição de Cristo não é apenas o evento central na teologia paulina, mas é o evento central de toda a história da redenção. Sem a ressurreição de Cristo nada que ficou para trás teria qualquer valor, assim como não teríamos nenhuma esperança para o futuro. Esse é o motivo porque Paulo transforma a ressurreição de Cristo no elemento central de sua pregação — ver como ilustração típica sua pregação em Atenas em Atos 17. Para Vos, o todo da teologia de Paulo está sublinhado pela idéia da ressurreição do Senhor.

Diante desses fatos nós só iremos falar de coisas importantes, tais como: a natureza da ressurreição do corpo, o túmulo vazio e do debate acerca do alegado desenvolvimento de seus — Paulo — ensinamentos acerca da ressurreição, apenas na medida em que essas questões tiverem alguma importância para o nosso tema central.

Como afirmamos desde o início nosso interesse estará focado na interpretação Reformada da ressurreição, mas atenção também será dada a outras tradições à medida do possível. Mas como já mencionamos a literatura acerca desse assunto continua escassa. Uma única exceção, que gostaríamos de destacar é o longo estudo escrito pelo estudioso católico romano D. M. Stanley e publicado na revista “Anacleta Bíblica # 13” em Roma pelo Instituto Bíblico Pontifício.
Em nosso próximo estudo daremos início à discussão de como devemos abordar esse assunto que é tão importante para nós.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-ressurreicao-de-cristo-dentre-os.html

OUTROS ARTIGOS ACERCA DA SOTERIOLOGIA DO APÓSTOLO PAULO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002



A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 015 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 003

Que Deus Abençoe a Todos.

Alexandros Meimaridis

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

NOVO RELATÓRIO DA ONU DIZ QUE ISRAEL DESTRUIU O DOBRO DAS MORADIAS ANTES ESTIMADAS NA FAIXA DE GAZA EM 2014


Palestinos olham para prédio destruído por Israel

O material abaixo foi publicado pelo site Yahoo News com notícias fornecidas pela agência AFP.

ONU dobra estimativa de casas destruídas em Gaza

Jerusalém (AFP) — A ONU advertiu quinta-feira que estava ficando sem fundos para ajudar as famílias que perderam suas casas em Gaza, uma vez que a mesma dobrou a estimativa sobre o número de casas danificadas ou destruídas na guerra deste Verão (2014) com Israel.

“A menos que a situação mude com urgência, vamos ficar sem fundos, em janeiro de 2015, o que significa que não será possível fornecer subsídios de aluguel para muitas famílias afetadas, nem fornecer o apoio necessário para realizar os reparos nas casas danificadas", disse Robert Turner, diretor de operações da UNRWA agência de refugiados palestinos.

Ele disse que mais de 96 mil casas foram danificadas ou destruídas na guerra de 50 dias, mais de duas vezes estimativa inicial da ONU.

“Com base em imagens de satélite e o trabalho de campo preliminar, imediatamente após a guerra, "estimamos que cerca de 42.000 residências familiares de palestinos, na Faixa de Gaza, tinham sido afetadas pela guerra", disse ele.

"Agora sabemos que mais de 96.000 casas foram danificadas ou destruídas."

Turner disse que mais de 7.000 casas foram completamente destruídas, afetando cerca de 10.000 famílias. Um adicional de 89 mil casas foram danificadas, cerca de 10.000 delas seriamente.

UNRWA estimou que 720 milhões dólares ou 585 milhões de euros serão necessários para fornecer subsídios de aluguel para as famílias sem abrigo alternativo, e para reconstruir casas destruídas e realizar os reparos requeridos.

No entanto, apenas cerca de US$ 100 milhões foram prometidos.

“Sem recursos adicionais, dezenas de milhares de famílias de refugiados vão encontrar-se com abrigos inadequados e sem apoio durante os meses mais difíceis de inverno", disse Turner.

O conflito entre Israel e militantes de Gaza, liderado pelo Hamas, que terminou em 26 de agosto, matou cerca de 2.200 palestinos, a maioria civis, e 73 pessoas do lado israelense, a maioria soldados.

O artigo original do Yahoo poderá ser visto por meio do seguinte link:


Diante dos números logo acima não aceitamos, em nenhuma hipótese, a mentira do Estado de Israel de que é a “verdadeira” vítima nesse genocídio praticado contra o povo palestino por suas Forças de Destruição — IDF.

OUTROS ARTIGOS SOBRE ISRAEL










































Que Deus nos encha de compaixão e que como cristãos possamos nos envolver ajudando a população carente da Faixa de Gaza. Como leitura complementar recomendamos nosso artigo acerca “De quem é o meu próximo”, baseado na parábola do Samaritano que poderá ser acessado por meio desse link aqui:


Alexandros Meimaridis

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PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 10:25—37 — A PARÁBOLA DO SAMARITANO — SERMÃO 027H — PARTE 008 — O DIÁLOGO FINAL ENTRE JESUS E O DOUTOR DA LEI


Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

As partes anteriores da Parábola do Samaritano poderão ser encontradas por meio dos links abaixo:

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O Transporte Até a Hospedaria


027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
Sermão 027H

A PARÁBOLA DO SAMARITANO — PARTE 8 — O DIÁLOGO FINAL ENTRE JESUS E O DOUTOR DA LEI

lUCAS 10:25—37

25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

27 E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

32 E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.

33 Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.

34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

35 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

Final

8. O DIÁLOGO FINAL ENTRE JESUS E O DOUTOR DA LEI

29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

No centro desse diálogo nós vemos como Jesus, sabiamente, redireciona a pergunta do doutor da Lei de tal  maneira que obriga o mesmo a fornecer a resposta certa para, a pergunta que havia feito no início — verso 29 —, e cujo intuito era evitar assumir qualquer responsabilidade pelo próximo. Note que Jesus não está disposto a fornecer ao doutor da Lei uma lista de coisas para fazer. Cristo também se recusa a afirmar quem é e quem não é o verdadeiro próximo de qualquer um de nós. Pelo contrário: a pergunta original — que é o meu próximo? — torna-se agora: De quem eu devo me tornar próximo. É a essa pergunta que, talvez até sem perceber, que o doutor da Lei supre sua tão preciosa resposta — verso 37a.

Agora nós não podemos nos deixar enganar nesse ponto crucial. A última afirmação de Jesus — verso 37b — não é uma admoestação geral para se fazer boas obras e sim, a única resposta adequada à pergunta feita pelo doutor da Lei, que dizia respeito, originalmente, à questão da autojustificação. 

O diálogo inicial — versos 25—28 — termina com um mandamento para fazer algo. Da mesma forma, assim também termina o segundo diálogo — verso 37. No primeiro diálogo o doutor da Lei está interessado em saber QUANTAS pessoas ele precisa amar para alcançar a justificação diante de Deus por seus próprio méritos. Mas a resposta de Jesus deixa bem claro que se não considerarmos qualquer pessoa ao alcance das nossas mãos como nosso próximo, jamais poderemos herdar a vida eterna. Esse é o verdadeiro significado do amor ao próximo: estar disponível para ajudar qualquer pessoa em necessidade que esteja ao alcance das nossas mãos. Sem essa disposição pode esquecer qualquer esperança de ir para o céu.

Mas a pergunta que precisamos fazer agora é: Quem é suficiente para essas coisas? Quem pode, realmente, viver de acordo com esse padrão? Nossa reação pode ser muito semelhante àquela da multidão que se perguntava: “Quem, então, pode ser salvo”? — conforme Lucas 18:26. Nessa parábola, cada metade dos dois diálogos caminha nessa direção e dessa forma os dois terminam, exatamente, com a mesma conclusão. O que posso fazer para herdar a vida eterna? O que posso fazer para me autojustificar? A única e honesta conclusão a que podemos chegar é: Tudo isso está muito além da minha capacidade. Em não tenho como me justificar a mim mesmo, MAS todas as coisas são possíveis para Deus — conforme Lucas 18:27.

Conclusão:

A que conclusão o doutor da Lei pode chegar? O que Jesus deseja, exatamente, ensinar a ele e a todos nós ao contar essa história? Somos todos pressionados a entender o seguinte:

1. A parábola deixa claro que toda e qualquer tentativa de autojustificação está fadada ao mais completo fracasso. O padrão é elevado demais. A vida eterna não pode ser conquistada ou adquirida.

2. Por outro lado, a parábola nos mostra um padrão ético que devemos procurar alcançar e manter, mesmo que não seja possível concretizá-lo por inteiro. È como o mandamento “Sê perfeito”. É um padrão, mas que não pode ser manifestado em toda sua plenitude, por ser excessivamente alto.

3. Um livro contendo um código de ética como os fariseus estavam desenvolvendo é completamente inadequado.

4. O samaritano, um odiado estrangeiro, demonstra o amor compassivo que a situação requeria; Dessa forma a parábola transforma-se em um agudo ataque contra todo tipo de preconceito seja de uma comunidade ou racial. É esse tipo de preconceito que está guiando o atual primeiro ministro do Estado de Israel a propor a transformação de Israel de uma “democracia” — que não é de fato — num estado puramente racial judeu.

5. Para Jesus, o amor se manifesta em ações práticas acompanhadas ou não de profundos sentimentos de compaixão.

6. A parábola nos supre com uma definição dinâmica de “próximo”. A pergunta “Quem é meu próximo”?,  é transformada em: “ De quem eu preciso me tornar próximo”? A resposta, por sua vez é: de qualquer um que esteja precisando de minha ajuda, mesmo que seja meu inimigo.

7. A soberania de Deus não está limitada pela liderança espiritual da comunidade, seja qual for a mesma. Quando tal liderança fracassa, como aconteceu com o sacerdote e o levita, Deus ainda é soberano para levantar outros agentes para satisfazer seus propósitos.
8. Dois tipos de pecado e dois tipos de pecadores são apresentados na narrativa de Jesus — os ladrões e os líderes religiosos. Os ladrões ferem o homem pelo uso da violência. Os líderes religiosos o machucam pela negligência. A história deixa clara a culpa de todos eles. A oportunidade desperdiçada para se fazer o bem torna-se num mal inominável e terrível.

9. Essa passagem de Lucas também faz uma afirmação acerca da salvação. A salvação alcança o homem ferido por meio de uma custosa e inesperada manifestação de amor compassivo. Nesse meio, parece fazer uma referência ao próprio Salvador. Conforme João 1:11 Jesus veio para os seus, mas foi considerado como um estranho e endemoninhado! Jesus é a própria personificação do estrangeiro rejeitado, e ele não se envergonha de assumir esse papel, que lhe permite surgir, de forma dramática e inesperada na cena, cuidar do homem ferido como o enviado EXCLUSIVO de Deus, com uma custosa demonstração do amor de Deu.



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos. 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O RELÓGIO MUNDIAL — JANEIRO 2015 -DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS



O Relógio Mundial é uma fermenta poderosa contendo informações importantes para todos os crentes verdadeiros que estão interessados em promover e defender a vida humana.
Um dos aspectos do Relógio Mundial tem a ver com a própria vida e morte /ou aspectos de vida ou morte.

Alguns números coletados em 01 de Janeiro de 2015. Apenas nas primeiras horas do ano 2105: das 00 horas até às 11:15 horas no horário de Brasília, o Relógio Mundial mostra os seguintes números no item MORTE POR DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS.

POPULAÇÃO TOTAL DA TERRA: 7.183.381.000

MORTES POR DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

1. DOENÇAS CARDIOVASCULARES = 21.300

2. CÂNCER = 9.235  

3. DOENÇAS RESPIRATÓRIAS = 4.170

4. DOENÇAS DIGESTIVAS = 2.512

5. DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS = 1.415

6. DIABETES = 1.250

7. ALTERAÇÕES ENDOCRINOLÓGICAS = 307

8. OUTRAS ENFERMIDADES NÃO TRANSMISSÍVEIS = 1.038

Veja números sempre atualizados sobre esse tema em:


Para eu, que escolhi a vida e procuro promover a vida e vida em abundância, as informações do relógio mundial são uma excelente ferramenta como pregador e escritor.
O RELÓGIO MUNDIAL pode ser acessado através desse link:


Grande Abraço e que Deus possa abençoar a todos.

Alexandros Meimaridis

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OS EUA E ISRAEL SÃO MESMO PROTEGIDOS DE DEUS?


 

A entrevista abaixo foi publicada pela Revista Carta Capital.

EUA e Israel: protegidos por Deus?

O elo bíblico entre EUA e Israel explica a ligação entre Washington e Tel-Aviv. A previsível vitória da direita nas próximas eleições americanas reforça a perspectiva

Por Gianni Carta  

Bush Jr.
Bush Jr. remou no sentido oposto de Jimmy Carter, que desejava o fim do massacre entre Israel e Palestina

Inspirados pelo livro do Êxodo, os protestantes americanos cimentaram paralelos entre a fuga dos judeus do Egito e a dos puritanos da Inglaterra. Na origem, a fundação da Igreja Anglicana por Henrique VIII: pretendia casar-se com Ana Bolena, mas o divórcio lhe era negado pela religião católica. Somente um século depois os puritanos ingleses, inconformados com a criação forçada de uma igreja que entendiam herética, partiram para a América do Norte. Em Le Protestantisme Évangélique Nord-Américain en Mutation (Publisud, 2014, 277 págs., 24 euros), o professor de história e civilização americana Mokhtar ben Barka, da Universidade de Valenciennes, contrapõe, talvez pela primeira vez de forma detalhada, a diferença entre os evangélicos conservadores, eleitores de Jimmy Carter, Ronald Reagan e George W. Bush, e os evangélicos de esquerda, eleitores de Barack Obama em 2008. Os primeiros são conservadores teológica e politicamente. Por sua vez, os evangélicos de esquerda são progressistas do ponto de vista político, mas conservadores no que toca à teologia. Obama foi o candidato ideal em 2008, após o fracasso total de W. Bush. Resta saber, porém, se os evangélicos de esquerda terão algum peso na próxima eleição presidencial nos EUA. O balanço dos dois mandatos de Obama, deixa claro Ben Barka, é bastante fraco.

CartaCapital: Por que os Estados Unidos cultivam esse mito de ser um país abençoado por Deus e, portanto, têm uma ligação com Israel? Além do Brasil, que também é abençoado por Deus...

Mokhtar ben Barka: Essa ligação com Israel tem uma explicação teológica, política e estratégica. Para a direita evangélica, Israel sempre foi considerado como parte do cenário do fim do mundo.

CC: O Apocalipse?

MBB: Sim. Jesus vai voltar a Jerusalém. As batalhas do fim dos tempos, e o combate final entre o bem e o mal, Armagedom, acontecerão lá. A vitória será de Cristo. O que os evangélicos conservadores não dizem aos judeus é que terão de se converter ao cristianismo, ou perecerão. No entanto, a própria esquerda israelense se incumbe de colocar os crentes judeus a par desse importante detalhe. A esquerda israelense, diga-se, é contra o partido de direita Likud. Ao contrário do Likud e da direita evangélica, a esquerda evangélica é favorável à paz entre israelenses e palestinos. Portanto, posiciona-se contra os evangélicos conservadores. A esquerda israelense tem ligações com a esquerda evangélica.

CC: E qual é o aspecto estratégico dessa visão de que os Estados Unidos são um país abençoado por Deus?

MBB: O acesso ao petróleo no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Arábia Saudita. Após a queda do Império Otomano no fim da Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha e a França eram as duas potências dominantes. No entanto, esses países já não tinham os meios para cuidar da região. Não fossem os EUA, a União Soviética os substituiria. Os Estados Unidos preencheram o vazio. E o argumento político dos EUA para apoiar Israel é de que é a única democracia na região.

CC: Mas quando Benjamin Netanyahu declara Israel Estado Judeu, nos perguntamos se o premier não quer relegar árabes israelenses, um quarto da população, a cidadãos de segunda classe.

MBB: Isso é evidente. Segundo essa lógica, o cidadão árabe israelense se torna de segunda classe. Essa é uma equação irrefutável e implacável. Árabes israelenses são de fato excluídos.

CC: Essa medida parece tão arrogante quanto a crença de que os Estados Unidos são um país escolhido por Deus?

MBB: É pretensão. Por que Deus deve abençoar os EUA? Dois: é arrogante dizer “somos abençoados por Deus e, sendo assim, podemos impor nossos valores”. Isso é chamado de “excepcionalismo americano”. É errado, é estúpido. O problema dessa crença nos EUA é sua forte convicção. Remonta ao século XVII, com a chegada dos primeiros puritanos. Tratava-se de cristãos, perseguidos na Inglaterra, após o nascimento da Igreja Anglicana. Assim, esses cristãos ao fugir da Inglaterra, comparavam-se aos hebreus do Êxodo. Por isso os EUA são chamados de “a nação escolhida”. Assim, os puritanos ingleses estabeleceram paralelos entre eles e os hebreus, que, em busca da Terra Prometida, atravessaram o Deserto do Sinai quando expulsos do Egito.

CC: A Bíblia é muito importante para compreender os Estados Unidos.

MBB: A Bíblia e a religião têm importância essencial na compreensão e leitura da história dos EUA. E, desse fundo puritano, nasce a ideia de que a América, por ser uma nação escolhida, tem o dever de ser modelo para os outros. Ler os discursos de George W. Bush é como ler os sermões dos primeiros puritanos. Há uma semelhança extraordinária.

CC: De que forma os acontecimentos do século XX marcam o país?

MBB: Os EUA são a única superpotência, após o colapso do comunismo. Eles são a primeira potência militar, política e econômica. E a história lhes dá razão, porque é preciso não esquecer: os EUA salvaram o mundo nas duas guerras mundiais. Se eles não marcassem presença, não sei onde estaríamos. Tudo isso reforçou essa noção de superioridade, de povo excepcional. Mas será que a China em breve não assumirá a posição dos EUA?

CC: No seu livro, o senhor diz que os evangélicos se aproximaram de Israel somente após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Motivo: foi o ano em que Israel conquistou Jerusalém. Mas por que apenas em 1967, se levarmos em conta que Israel e a Palestina são lugares bíblicos?

MBB: Para os evangélicos americanos, a vitória era sinônimo de cumprir a profecia bíblica sobre a vinda do Messias. Profecia presente no livro do Apocalipse, no de Daniel, no de Ezequiel, onde jaz Gog e Magog, a batalha entre as forças do bem e do mal, e a vitória do bem. Voltamos sempre à Bíblia para dizer que essa vitória confirma a tendência e o movimento rumo à vitória de Israel contra os árabes. Há sempre essa transposição bíblica na prática. Trata-se de passos rumo ao fim dos tempos, um cenário escatológico. A direita conservadora evangélica é pessimista. Vamos para o fim do mundo, rumo à guerra, à morte. É um cenário sombrio.

CC: A esquerda evangélica não é sombria.

MBB: De fato, a perspectiva da esquerda evangélica é otimista. Falam em progresso. Progressistas devem lutar, é preciso encontrar melhores situações, temos de ajudar, curar. Jimmy Carter, em seu livro Palestine: Peace Not Apartheid, quer colocar um fim a esse massacre: israelenses e palestinos precisam chegar a um acordo. Para os conservadores, o conflito precisa piorar. O fogo deve devorar tudo. Os conservadores evangélicos detestavam até o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon. Disseram que Deus o havia punido com um AVC porque ele retirou colonos israelenses da Faixa de Gaza. Para eles, qualquer resolução vai contra o cenário do fim do mundo.

CC: Barak Obama parece acreditar na solução de dois Estados, mas não faz nada contra a colonização da Cisjordânia. Foi diplomaticamente cauteloso por ocasião do recente massacre de palestinos em Gaza. Por que não reagiu durante as provocadoras visitas de políticos da legenda direitista Likud na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém?

MBB: O conflito israelo-palestino é um dos pontos negros da presidência de Obama. No início, queria agir. Conseguiu fazer Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, e Ehud Olmert, então premier israelense, dialogarem. No entanto, um grande problema para Obama foi a eleição logo após a dele, de Netanyahu, este determinado a enfrentá-lo. O ódio entre os dois homens causou o fracasso de Obama. Obama não pode fazer nada, porque o Partido Republicano domina o Senado e o Congresso. Em termos de política externa, o presidente americano tem mais poder. Mesmo assim, suas iniciativas são bloqueadas pelos republicanos. A meu ver, Obama é uma decepção. A política dele para o Oriente Médio é um fracasso total. E fiquei surpreso após a absolvição de um policial branco em novembro que matou Michael Brown, um adolescente afro-americano desarmado, em Ferguson, no Missouri. Obama esteve completamente ausente. Há quem diga: “Não é o papel do presidente estar presente em cada morte”. Mas existe uma visibilidade mínima, um mínimo de testemunho.

CC: Por que essa ausência de Obama?

MBB: Outro ponto fraco dele é não ser afro-americano ou branco. Isso lhe custou caro. Ele não quis cair na armadilha de afro-americano de “movimento dos direitos civis”, da década de 1960. Mas Obama também não é branco. Quando se apresentou candidato presidencial, os afro-americanos não deram a mínima para ele. Motivo? Não tinha antepassados escravos. Não pertencia à comunidade negra. É um mestiço. Os afro-americanos o apoiaram mais tarde. O fato de que ele não fez nada durante o evento Ferguson e outros mostram que a sua posição é muito frágil.

CC: Mas o senhor diz que Obama tem as mãos amarradas.

MBB: Além da oposição dos republicanos, do Tea Party, e de assuntos estratégicos, econômicos e financeiros, ele lida com o lobby judaico. Nenhum candidato pode fazer campanha sem um discurso ao Aipac. O Aipac é muito forte financeiramente porque mobiliza o eleitorado judaico: 80% deles vão às urnas. Além de ter se beneficiado do dinheiro do lobby judeu, recebeu apoio de Wall Street. Por isso, Obama não foi capaz de regular Wall Street. O fracasso do Partido Democrata na próxima eleição presidencial é garantido.

*Reportagem publicada originalmente na edição 830 de CartaCapital, com o título "Protegidos por Deus?" A mesma poderá ser lida no original por meio desse link aqui:


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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