Este estudo é parte de uma breve introdução ao
Antigo Testamento. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a
rica herança que temos nas páginas da Antiga Aliança. No final de cada estudo o
leitor encontrará direções para outras partes desse estudo
Capítulo 4 – Introdução ao Pentateuco – Parte 5
O Nascimento do Povo de Deus
שְׁמַע יִשְׂרָאֵל יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה אֶחָד
Ehad Adonai Eloheinu Adonai Israel Shemá
Um é O SENHOR Nosso Deus O SENHOR Israel Ouve
Deuteronômio 6:4
1. Pré-história do
Desenvolvimento da Hipótese Documentária de Graf e Wellhausen.
a. Jean Astruc.
Jean Astruc
A
teoria conhecida como Hipótese Documentária é, como o próprio nome diz, uma
hipótese de que o Pentateuco em vez de ser uma unidade era, na realidade, uma colcha
de retalhos. De acordo com os defensores desta teoria o Pentateuco seria o
resultado de várias tradições distintas, compostas em lugares diferentes em um
período, de pelo menos, 500 anos depois de Moisés.
O
primeiro proponente de que o Pentateuco seria fruto de uma compilação de
diversas tradições foi o médico francês e dublê de teólogo Jean Astruc, que
começou a estudar o livro de Gênesis como obra literária e publicou suas
opiniões de forma anônima em 1753. Astruc ficou muito intrigado pelo fato de
Gênesis 1 usar a expressão אֱלֹהִים —
Elohim — Deus para se referir ao
Criador ao passo que Gênesis 2 usa, por 11 vezes, a expressão יְהוָה — o tetragrama que é o nome
inefável de Deus — o Eterno, em combinação com אֱלֹהִים — Elohim — Deus para se referir ao
criador. A combinação destes dois nomes em Gênesis 2 é traduzida pela expressão
“SENHOR Deus” na versão de Almeida Revista e Atualizada — ARA. Esta situação do
texto no hebraico levou Jean Astruc a especular que Moisés havia usado duas
narrativas distintas da criação. Para Astruc, ao compor os dois primeiros
capítulos do livro do Gênesis, Moisés teria “copiado” — lembre-se estamos nos
dias do Iluminismo e a Revelação Bíblica não pode sequer ser considerada como
pressuposição — de um autor que conhecia apenas o Deus chamado אֱלֹהִים — Elohim, presumivelmente o primeiro,
ao passo que um segundo autor conhecia apenas o Deus chamado de יְהוָה — o Eterno. Mas será que o fato de você
ter uma mesma história — a criação, especialmente do homem e da mulher —
contada de maneiras diferentes em Gênesis 1 e Gênesis 2 indica, necessariamente,
a existência de duas tradições distintas? O
erro fundamental de Jean Astruc, como veremos, foi sua estimativa subjetiva da
natureza e da extensão do material utilizado por Moisés, bem como sua ignorância
dos princípios que eram utilizados na compilação de livros no Antigo Oriente
Próximo.
Mesmo que a teoria de Jean
Astruc não tivesse contado com grande aceitação no início, a mesma serviu para
estabelecer o critério de divisão por fontes — no sentido de origem. A idéia
defendida pelo Dr. Astruc, de que nomes diferentes de Deus, significavam
tradições diferentes, foi utilizada como pressuposição indiscutível pelos criadores
da Hipótese Documentária. Jean Astruc lançou as raízes do que viria a ser
definido como “documento J” e “documento E” acerca dos quais falaremos em
seguida.
b. Johan Gottfried Eichhorn.
Johan
Gottfried Eichhorn
Johan Gottfried Eichhorn
publicou o resultado de suas pesquisas e esforços entre 1780—1783 em três
massivos volumes como é tão típico dos estudiosos alemães. Eichhorn dedicou-se
com afinco à atividade de catalogar todo o livro do Gênesis e os dois primeiros
Capítulos do livro do Êxodo, até o ponto que descreve o encontro de Moisés com
o SENHOR no Sinai, entre o que ele mesmo chamou de tradições “Javista — documento J” e “Eloísta — documento E”. Seu
esforço visava conseguir separar as duas aparentes e distintas tradições que
ele acreditava haviam sido utilizadas por Moisés a princípio. Para Eichhorn
Moisés teria funcionado meramente como um redator de um vasto material
produzido antes dele nascer. Em edições posteriores de seu trabalho, Eichhorn
abandonou completamente a crença de que Moisés teria funcionado como um redator
e começou a favorecer a opinião, que prevalecia naqueles dias, de que o
Pentateuco havia sido escrito séculos depois de Moisés. A prática iniciada por
Eichhorn foi depois estendida à totalidade do Pentateuco com os cinco livros de
Moisés sendo loteados e picotados entre as tradições Eloísta e Javista que doravante
chamaremos de “E” e “J”.
c. Wilhelm M. L. De Wette e Alexander Geddes.
Wilhelm
De Wette
Wilhelm De Wette marcou a época
em que publicou seus escritos entre 1805—1806, porque procurou defender, de
maneira apaixonada, que nenhum dos cinco livros do Pentateuco havia sido
escritos antes do período do rei Davi que viveu por volta do ano 1000 a.C. i.e.
cerca de 400 anos depois de Moisés. De acordo com as idéias de De Wette o livro
do Deuteronômio foi exatamente o livro “achado” pelo sumo sacerdote Hilquias no
templo de Jerusalém conforme o que está registrado em 2 Reis 22. De Wette
acreditava que o livro de Deuteronômio era parte de uma conspiração entre o rei
Josias e o sumo sacerdote Hilquias que visava abolir por completo a adoração do
Deus Eterno – representado pelo tetragrama יְהוָה —
de qualquer e todo lugar que não fosse o templo em Jerusalém. O propósito de
tal conspiração era centralizar a adoração visando fortificar a unificação
política das tribos de Israel bem como coletar, de forma central, as ofertas
das pessoas piedosas. Para De Wette, Josias e Hilquias se juntaram para criar
uma farsa e gerar uma situação psicológica entre o povo de Israel que lhes
fosse a mais favorável possível. Desta maneira a data da composição do livro de
Deuteronômio seria por volta do ano 621 a.C. durante o reinado de Josias. A
teoria de De Wette produziu o surgimento de uma terceira fonte ou documento que
foi chamado de “documento “D” advindo de
Deuteronômio”. Assim passamos a ter três documentos ou tradições distintas
dentro do Pentateuco: a primeira era a tradição Eloísta ou “E”, a segunda era a
tradição Javista representada por “J” e a terceira é a tradição representada
pelo Deuteronômio ou “D”. De Wette havia sucumbido a uma invencionice chamada
de Hipótese Fragmentária que era uma nova teoria acerca de como o Pentateuco
havia sido formado e que fora proposta primeiramente por um sacerdote Católico
Romano escocês chamado Alexander Geddes em 1792. De acordo com essa hipótese o
Pentateuco seria realmente o resultado do trabalho de um redator anônimo que
teria juntado numerosos fragmentos surgidos em diferentes círculos Eloístas e
Javistas. Este redator teria vivido e produzido o Pentateuco provavelmente
durante o reinado de Salomão — c. 950 a.C.
Alexander
Geddes
d. Johann Vatter.
Johann
Vater
A teoria de Alexander Geddes
foi adotada, por sua vez, por Johann Vater que analisando o livro de Gênesis
foi capaz de “descobrir” cerca de trinta e nove fragmentos distintos que teriam
sido usados pelos “redatores” para compor o mesmo. Agora não temos somente uma
tradição “E” e sim varias tradições que são chamadas de “E1, E2, E3” e assim
sucessivamente! De acordo com Vater, apesar de alguns fragmentos do Pentateuco
serem da época de Moisés, a forma definitiva do Pentateuco só foi alcançada
durante os anos do Cativeiro Babilônico entre os anos de 587 a 538 a.C.
Como podemos notar existia uma
tendência característica em todos esses críticos —analistas, de estipular a
data da composição como sendo cada vez menos antiga e cada vez mais distante de
Moisés.
e. Heinrich Ewald.
Heinrich
Ewald
Heinrich Ewald foi professor
nas universidades de Götttingen e Tübingen na Alemanha. Pessoa extremamente
criativa inovou tanto as teorias acerca da origem do Pentateuco que
praticamente não deixou espaço para outros demonstrarem suas habilidades! Para
Ewald, que publicou suas teorias em 1823 e 1840, a base essencial do Gênesis
era bastante antiga e talvez fosse da época de Moisés. De acordo com Ewald o
Pentateuco devia sua origem primariamente a um extenso documento da tradição
Eloísta que se estendia, de forma rudimentar, da história da criação até a
conquista da terra prometida sob o comando de Josué. Está história da tradição
Eloísta teria sido posteriormente ampliada pela adição da tradição Javista,
cujo redator ou redatores, teriam sido os últimos a compor o Pentateuco.
A repetição das histórias do
Gênesis como as da criação ou do dilúvio que foram usadas por Eichhorn para
justificar a existência das tradições “E” e “J” foram descartadas por Ewald. O
argumento genuinamente histórico utilizado por Ewald é que histórias repetidas
em uma mesma obra são parte dos traços característicos da forma semítica de
escrever. Tal prática pode ser observada em obras antigas escritas em arábico
acerca das quais não existem dúvidas quanto à sua autoria.
Para Ewald, Moisés teria
composto pessoalmente o conteúdo de Êxodo 20 e provavelmente o de Gênesis 14 e
Números 33. A este lote de material mais antigo teria sido agregado um “Livro
da Aliança” por um judeu anônimo do período dos Juízes. Nos dias de Salomão
teria surgido então um livro descrevendo as origens das coisas criadas que
seria da autoria de um levita, também anônimo, que teria se utilizado, em
grande parte, da tradição do documento “E”. Um terceiro suplemento teria sido
adicionado ao material já existente durante os dias de Elias — c. século IX
a.C. — contendo uma biografia de Moisés. Mais tarde ainda um indivíduo chamado
de “narrador profético” da tribo de Judá teria durante o reinado de Uzias — c.
século VIII a.C — introduzido o nome inefável representado pelo tetragrama יְהוָה — o Eterno, em vários pontos do material
então existente. Este mesmo indivíduo seria o editor definitivo do Pentateuco.
A teoria de Ewald foi chamada de Teoria da Cristalização, pois para ele cada novo
editor manipulava e reescrevia a totalidade do texto existente além de
acrescentar seu próprio material. Assim, mediante sucessivas “gotas” de
material um produto final “cristalizado” foi conseguido. Outros defensores
desta teoria foram Augusto Knobel que publicou seu material em 1861 e Eberhard
Schrader que publicou o seu em 1869.
f. Friedrich Bleek.
Friedrich
Bleek
Em 1822 o estudioso Friedrich
Bleek publicou uma extensa análise — crítica — literária do livro de Josué.
Através desse trabalho foi cunhado o termo “Hexateuco” que significa “seis
rolos ou volumes”. Dessa maneira chegamos a um estágio onde a tradição Mosaica,
conforme se apresenta nos dias de hoje, seria encontrada nos seis primeiros
livros do Antigo Testamento, daí o termo Hexateuco, em vez dos cinco primeiros
chamados de Pentateuco. Em 1822 Friedrich Bleek publicou suas observações
acerca do livro do Gênesis onde concedia que algumas passagens eram
genuinamente da autoria de Moisés. A primeira complementação adicionada ao
material produzido por Moisés, de acordo com Bleek, teria acontecido por volta
dos dias da Monarquia Unida i.e. por volta do ano 1000 a. C. quando um
compilador anônimo produziu um material que reproduzia as tradições mais
antigas contidas no livro do Gênesis. Uma segunda e também importante
compilação teria acontecido por volta dos dias do rei Josias i.e. entre 630 e
620 a.C. Este novo redator teria compilado o livro do Deuteronômio bem como o
livro de Josué criando assim o Hexateuco.
g. Franz Delitzsch.
Franz
Delitzsch
O alemão Franz Delitzsch que
juntamente com Karl Friedrich Keil produziu um dos mais excelentes, robustos e
permanentes comentários de todo o Antigo Testamento, teve a tendência de ser
mais conservativo em suas estimativas e afirmações do que Heinrich Ewald e
Friedrich Bleek haviam sido. No seu comentário ao livro do Gênesis antecipou
sua crença de que todo o material contido no Pentateuco e diretamente declarado
como sendo da autoria de Moisés teria mesmo sido produzido pelo próprio Moisés.
Todas as outras leis representavam também a tradição Mosaica, mas não foram
compiladas até depois da conquista de Canaã por um grupo de sacerdotes. As
partes não Mosaicas do documento “E” foram compiladas, provavelmente, pelo
sacerdote Eleazar — terceiro dos filhos de Aarão — o qual teria incorporado o
assim chamado “Livro da Aliança” a este material — ver Êxodo 20:23 — 23:33.
Mais tarde um terceiro par de mãos teria adicionado o livro do Deuteronômio. É
muito importante não confundir Franz Delitzsch com seu filho Friedrich
Delitzsch que veio a se destacar no campo dos estudos acerca da Assíria antiga
que é chamada de Assiriologia.
h. Hermann Hupfeld.
Hermann
Hupfeld
Em 1853 o alemão Hermann
Hupfeld publicou uma obra intitulada Die
Quellen der Genesis — As Fontes do Gênesis. Este livro marcou profundamente
sua época porque deu forma definitiva às teorias modernas acerca da origem do
Pentateuco. Nesta obra Hupfeld procurou consolidar as idéias apresentadas pelas
várias “teorias suplementárias”, que já estudamos até aqui e que insistiam na
idéia que o Pentateuco era na realidade um amálgama de vários outros
documentos. Hupfeld procurou remediar as dificuldades existentes introduzindo a
idéia de que existiam mais e mais documentos. Para ele as passagens do
documento “J” eram contínuas e totalmente independentes do documento “E”. O
documento “E”, por sua vez, era na realidade um documento composto formado por “E1”,
mais antigo, e por “E2” de origem mais recente. De acordo com Hupfeld estes
três documentos, “J, E1 e E2”, foram organizados em sua forma atual por um
redator cujo estilo individualista acabou por ocasionar a grande maioria das
“dificuldades” que encontramos no Pentateuco.
O Documento identificado por
Hupfeld como sendo “E1” e que ele chamou de Grundschrift — Documento Básico —
veio mais tarde a ser chamado de Código Sacerdotal ou Documento P — o nome P surge da expressão inglesa “Priestly” =
Sacerdotal. Este documento recebeu este nome porque sua autoria foi atribuída a
um grupo anônimo de sacerdotes. Assim chegamos à nomenclatura que foi adotada
por todos os teóricos e por todos os que querem acreditar nestas hipóteses.
Na opinião de Hupfeld a ordem
dos documentos produzidos foi a seguinte:
·
Documento
P – Sacerdotal – O mais antigo de todos os documentos distinto do Documento J
em vários pontos única e exclusivamente pelo uso do nome אֱלֹהִים – elohim – Deus.
·
Documento
E – Tradição Eloísta.
·
Documento
J – Tradição Javista – Introduz o nome יְהוָה – o tetragrama que é o nome
inefável de Deus – o Eterno.
·
Documento
D – Tradição Deuteronomista – A mais recente ou menos antiga de todas as
tradições.
2. A Hipótese Documentária de Graf e Wellhausen.
a. Karl Heinrich Graf.
Karl
Heinrich Graf
Um novo e conclusivo passo foi
dado no sentido de consolidar definitivamente a Hipótese Documentária com o
material publicado por Karl Heinrich Graf que era aluno de Eduard Reuss. Estes
dois divergiam frontalmente de Hupfeld quanto à antiguidade do Documento P.
Para eles o Documento Sacerdotal ou P continha legislação que era, na realidade,
mais antiga até do que aquela contida na tradição Deuteronomista! Esta
afirmativa se baseava no fato de parecer que o Documento D não refletia
aspectos legais contidos no Documento P ao passo que refletia esses aspectos
contidos nos Documentos E e J. Partindo desse pressuposto esses autores
acabaram por datar o Documento P ou Código Sacerdotal como tendo sido
produzido, provavelmente, durante o Exílio Babilônico entre 600—520 a.C.
O Documento P ou Sacerdotal que
era na opinião de Hupfeld o mais antigo de todos e aquele a quem chamou de
Grundschrift — Documento Básico — passou a ser o menos antigo de todos na
opinião de Karl Heinrich Graf. Para esse último o Documento P foi realmente
editado em sua forma presente pelo próprio Esdras depois de ter retornado para
Jerusalém c. 475 a.C., a ponto de poder ser lido na história descrita em
Neemias 8. Assim a nova ordem dos documentos passou a ser “J, E, D e P”. Para
Graf o Documento J era o mais básico ou antigo porque se referia a Deus em
termos antropomórficos o que representava, na opinião dele, o estágio mais
elementar na religião de Israel. Mais adiante o Documento E foi incorporado ao
Documento J durante a monarquia. O Documento D teria sido incorporado mais
tarde ainda, durante o reinado de Josias, perto da dissolução da monarquia em
Israel. Durante os dias do profeta Ezequiel um documento chamado de Código de
Santidade — Código H derivado do inglês Holiness = Santidade — e que consistia
basicamente dos capítulos 17—26 do livro de Levítico foi elaborado como a parte
fundamental do Documento P. O restante do Documento P foi formulado no final do
V século a.C. ou até mesmo na primeira metade do século IV a.C. Dessa maneira,
o Documento P foi colocado por Graf distante cerca de 1000 anos depois da morte
de Moisés!
Abraham Kuenen
Outro estudioso que chegou, de
forma independente, às mesma conclusões de Graf concernentes ao Documento P foi
o teólogo holandês Abraham Kuenen em sua obra De Godsdienst van Israel — A Religião de Israel publicada em 1869.
b. Julius Wellhausen.
Julius
Wellhausen
A formulação definitiva da Hipótese
Documentária veio através das obras de Julius Wellhausen intituladas Die Komposition des Hexateuchs — A
Composição do Hexateuco que foi publicada em 1876 e Prolegomena zur Geschichte Israelis — Introdução à História de
Israel — publicado em 1878. Apesar do fato de Wellhausen não ter feito nenhuma
contribuição inovadora à discussão já existente seu mérito reside na maneira
como ele formulou a teoria documentária, argumentando de maneira persuasiva,
sustentando a ordem de aparecimento dos documentos que compõe o Pentateuco como
sendo “J, E, D e P” de uma maneira coerente com o Iluminismo prevalecente e a
Teoria da Evolução de Charles Darwin. A obra de Charles Darwin — A Origem das
Espécies — estava causando verdadeiro furor nos meios acadêmicos e científicos
daqueles dias. Desta maneira a formulação da história religiosa do povo de
Israel evoluindo do animismo para um sofisticado monoteísmo, como apresentada
por Wellhausen e seus seguidores, se encaixava perfeitamente dentro da
Dialética Hegeliana e do Evolucionismo Darwiniano.
c. A Hipótese Documentária
Em suas obras Julius Wellhausen
sustentava que as porções mais antigas do Pentateuco vieram de dois documentos
que eram originalmente independentes e que compunham as tradições Javista e
Eloísta. A primeira e mais antiga tradição — Javista — representada pelo
Documento J havia surgido por volta do ano 850 a.C entre círculos religiosos do
Reino de Judá. A outra tradição — Eloísta — representada pelo documento E teria
emanado no Reino de Israel por volta do ano 750 a.C. Essas duas tradições
teriam então sido combinadas em uma única tradição por um redator —
representado pela letra R. Esta compilação foi tecnicamente chamada de RJE e foi produzida por
volta do ano 650 a.C. Para Wellhausen o livro de Deuteronômio havia sido
produzido nos dias do rei Josias, i. e., por volta de 621 a.C. Este material
chamado de tradição D teria alcançado sua forma final através do trabalho de um
outro redator por volta de 550 a.C e foi tecnicamente chamada de RD. Essas três tradições
formaram o material do Pentateuco conhecido como “JED”. O Código Sacerdotal –
representado por “P” — teria então sido compilado entre 500—450 a.C., por um
grupo anônimo de sacerdotes e teria sido acrescentado ao material já existente
por um outro redator também anônimo por volta de 400 a.C., e foi chamado
tecnicamente de RP. O
Pentateuco, como o conhecemos atualmente, teria então emergido definitivamente
através das hábeis mãos de vários redatores por volta do ano 200 a.C., contendo
todo o material das quatro tradições representadas pelos Documentos “J, E, D e
P”.
A grande maioria das
introduções ao Antigo Testamento existentes, normalmente suprem uma enorme
quantidade de informações acerca deste supostos documentos. Como não é nossa
intenção discutir estes documentos em seus mínimos detalhes o autor deste
trabalho apresenta, de forma resumida, os principais elementos de cada alegado
documento no Apêndice A junto com o último artigo dessa série.
001
– O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
002
– A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
003
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético
— TM
004
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o
Pentateuco Samaritano
005
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os
Fragmentos da Guenizá do Cairo
006
- A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX
007
- A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a
Bíblia
B. A Geografia do Antigo Testamento
001
– INTRODUÇÃO E MESOPOTÂMIA
002
– O EGITO
003
– A SÍRIA—PALESTINA
C. A História do Antigo Testamento
001
— OS PATRIARCAS DA NAÇÃO DE ISRAEL
002
— NASCE A NAÇÃO DE ISRAEL
003
— A NAÇÃO DE ISRAEL: O REINO UNIDO
004
— O REINO DIVIDIDO E O CATIVEIRO BABILÔNICO
D. A Introdução ao Pentateuco
001 — O PENTATEUCO — PARTE 1 — O QUE É E DO QUE
TRATA O PENTATEUCO
002 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS
DO PENTATEUCO — PARTE 1
003 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS
DO PENTATEUCO — PARTE 2
004 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — QUEM ESCREVEU O
PENTATEUCO — PARTE 1
005 — O PENTATEUCO — PARTE 3 — QUEM ESCREVEU O
PENTATEUCO — PARTE 2
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
O
material contido neste estudo foi, em parte, adaptado e editado das seguintes
obras, que o autor recomenda para todos os interessados em aprofundar os
conhecimentos acerca do Antigo Testamento:
Bibliografia
Arnold,
Bill T. e Beyer, Bryan E. Descobrindo o
Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.
Archer,
Gleason L. Jr. A Survey of the Old
Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1980.
Bohmbach,
Karla G., Gravett, Sandra L., Greifenhagen, F. V., Polaski, Donald C. Na Introduction to the Hebrew Bible – A
Thematic Approach. Westminster John Knox Press, Louisville, 2008.
Champlin,
Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia,
Teologia, e Filosofia. Editora Hagnos, São Paulo, 6ª Edição, 2002.
De
Vaux, Roland. Ancient Israel Social and
Religious Institutuions in Two Volumes. McGraw Hill Paperbacks, New York, 1965.
Francisco,
Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica
– Introdução ao Texto Massorético. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova,
São Paulo, 1ª Edição, 2003.
Gottwald,
Norman K. Introdução Sicioliterária à Bíblia
Hebraica. Edições Paulus, São Paulo, 1988.
Harrison,
Roland Kenneth. Introduction to the Old
Testament. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1979.
The Fundamentals. Edição Eletrônica
disponível na Internet, 2006.
Walton,
John H. Chronological Charts of The Old
Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1978.
Wolff,
Hans Walter. Anthropology of the Old
Testament. Fortress Press, Philadelphia, 1973.
Würthwein,
Ernst. The Text of the Old Testament.
William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Reprinted, 1992.
Enciclopédias e Softwares
__________Biblioteca Digital da Bíblia. Sociedade
Bíblica do Brasil, Barueri, 2006.
__________The Lion Handbook to the Bible. Lion
Publishing, Herts, 1978.
__________The New Encyclopaedia Brtannica.
Encyclopaedia Britannica Inc., Chicago, 15th Edition, 1995.
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